A Garota Mais Feliz do Mundo 2
A Garota Mais Feliz do Mundo II
- Não, eu acho que a gente nunca devia ter parado. – Me surpreendeu com mais um beijo.
Mais um dos seus beijos que toda menina sonha. Mas agora, estava apimentado, estava sabendo muito bem o que fazer com sua língua e dentes. Suas mãos passaram da minha cintura, pernas, coxas, cabelos e tudo mais que podia alcançar. Cadê toda aquela história de 'Eu tenho namorada e eu amo muito ela'?
Mesmo que eu tenha falado aquela baboseira que até na cama com a melhor amiga, ele não consegue esquecer da idolatrada namorada, ele ainda continua me beijando. Abriu meus botões um por um, já sabia o caminho.
Minhas mãos fora na sua calça, peguei o seu cinto e o abri. Harry passou suas mãos quentes pelas minhas costas e depois desceu até o fecho da saia. Harry Potter conseguia deixar qualquer pessoa sem ar, literalmente. A porta ainda trancada, com uma cômoda impedindo que nem um rinoceronte entrasse, deixou aquele quarto pequeno, aquele quarto abafado.
Beijava meu pescoço, conhecia o sabor da minha pele. Como eu ia adivinhar que aquela festa me renderia tantas coisas maravilhosas?! E eu pensei que ia ser uma pensa de fracassados e ficaríamos discutindo a paz mundial.
Deixei marcas com minhas unhas compridas em suas costas. Kim me ensinou que os homens têm arrepio em arranhões da nuca para o meio das costas e do meio das costas para o abdômen. Mordeu meu lábio e abriu um mero sorriso malicioso, estava gostando, Harry Potter estava na minha mão. O joguei na cama, subi em cima de seu corpo terminando de tirar aquela camisa naquele sorriso que só conseguia sair quanto estava realmente feliz.
Avise-me se vai ser você
Boy, you've got some things to prove
Garoto, você tem algumas coisas para provar
Let me know that you'll keep me safe
Deixe-me saber que você vai me manter segura
I don't want you to run away so
Eu não quero que você fuja, então
Let me know that you'll call on time
Avise-me que você ligará na hora certa
Let me know that you won't be shy
Deixe-me saber que você não será tímido
Will you wipe my tears away?
Você enxugará as minhas lágrimas?
Will you hold me closer?
Você me abraçará apertado?
- O que você vai usar como argumento na sua defesa, senhor Potter? – Perguntei colocando as pernas em volta de sua cintura.
Ele riu enquanto passava a mão pela minha nuca e pela minha coxa.
- Insanidade? – Agora, eu ri.
- Nunca deve ter passado que chegaríamos a esse ponto, não? – Negou com cabeça colocando seu corpo sobre o meu.
- Sabe que já...? – Mordeu meus lábios e passou a beijar o pé do meu pescoço.
- Hm, e foi desse jeito? – Peguei nos seus cabelos e o trouxe para um beijo desesperado e quente.
- Não. – Respondeu entre meus beijos.
Toc-Toc. Sabe quando você pensa: as coisas estão perfeitas de mais, as coisas estão indo como você imagina, está muito bom pra ser verdade? Joguei um olhar assustado para Harry e tornaram a bater na porta. Levantou-se de mim naquela mesma expressão de quando tínhamos começado, que tinha feito a coisa errada.
- Entra no banheiro. – Pedi rapidamente pegando suas coisas e jogando lá dentro. Vesti meu sobretudo tentando fechá-lo ao máximo; Peguei a sua varinha e afastei a cômoda da frente da porta. Mais uma batida e abri a porta xingando quem estava do outro lado.
- Princesa! – Se pos a entrar no quarto.
- Tony, eu não estou numa boa hora. – Ele olhou a mera bagunça que estava o quarto, o fato de eu estar de sobretudo sobre uma saia sem uma camisa e o incrível cheiro de colônia masculina no ar.
- Hã, tô sabendo... – Olhou pelo quarto e viu alguma coisa que lhe chamou muita atenção. – Hermione, você sabe que o cara tem namorada.
- Tony, quem disse que eu estou com cara aqui? – Alegue em minha defesa. – Eu acabei de acordar, estou morrendo de sono e de dor de cabeça.
- Mas – abaixou-se entre o lençol caído no chão e pegou a prova do crime. – isso aqui é o símbolo e a necessidade de Harry Potter. – Ergueu, na ponta da armação, o óculos.
- Ma-mas lógico que isso não é dele! – Peguei da sua mão e engoli seco.
- Gaguejou, perdeu. – Foi até a porta. – Tudo bem, Hermione, faça o que você bem entender. – Parecia um pouco nervoso.
- Tony, relaxa, eu não estou fazendo nada de mais.
- Eu tô relaxado. – Parecia enciumado. – Mas imagina se fosse Gina Weasley que tivesse batido a essa porta? – Negou com a cabeça dando umas piscadas. – Bom, melhoras. – Saiu do quarto fechando a porta.
Fui até o banheiro e abri a porta de supetão. Harry estava apoiado na pia, com os pés e os braços cruzados e uma cara aborrecida, pegou os óculos da minha mão e passou para dentro do quarto.
- Harry, você se esqueceu da sinopse? Nessa história, Hermione Granger só se ferra!– Pela segunda vez, peguei minha camisa do chão e voltei a colocá-la.
- Ele disse uma coisa certa: e se fosse a Gina que batesse nessa porta?! – Quase gritou.
- Essa masmorra dá um eco terrível, então, vamos evitar ficar gritando, OK? – Terminei de colocar minha camisa e fechei a minha saia.
Harry caçou sua roupa pelo quarto e a colocou se mais nenhuma palavra. Pegou sua varinha de cima da cama e parou a minha frente, já estava com o uniforme completo, segurando o sobretudo numa das mãos e a outra segurando minha bolsa em cima do ombro.
- Não vai dizer nada? – Perguntei num mero sorriso no rosto.
- Tenha um bom dia. – Foi até a porta. – Acho melhor eu descer primeiro e depois-
- Você não entende, não é? – Virou-se para mim confuso. – O que você acha que aconteceu nesse quarto? – Estava num tom que poderia muito bem demonstrar toda a minha raiva aqui dentro.
- Eu-
Quando não estiver ok,
Will you try to make me feel better?
Você vai tentar me fazer me sentir melhor?
Will you say alright? (say alright)
Você vai dizer tudo bem? (dizer tudo bem)
Will you say ok? (Say ok)
Você vai dizer ok? (dizer ok)
Will you stick with me through whatever?
Você vai ficar comigo aconteça o que acontecer?
Or run away?
Ou fugir?
(Say that it's gonna be alright. That it's gonna be ok)
(Diga que ficará tudo bem. Que ficará ok)
Say Ok.
Diga Ok.
- Faz assim, não responde. É melhor. – Abriu a boca novamente para dizer mas o interrompi. – Toda vez que você diz alguma coisa, eu fico noite sem dormir pensando se é realmente verdade o que disse. Quando me chamou de monstro, você não sabe quanto tempo eu fiquei pensando se era isso mesmo que você enxergava quando me via.
- Hermione, me es-
- Olha, Harry, se eu parar pra te escutar, eu só confirmarei os meus pensamentos, então, não diga nada e encare tudo isso que aconteceu aqui como uma aventura com a sua melhor amiga. – Dei uma piscadela e um sorriso largo.
- Aventura com uma amiga? – Perguntou e deu uma pequena risada. – Isso não foi uma aventura. – Parecia que, agora, estava falando a minha língua. – Pra mim foi mais do que isso, Hermione. Foi a prova do que você consegue fazer comigo. – Agora quem ria, era eu. – Por mais que você seja linda, seja a garota mais complicada que eu já conheci e a que consegue tirar meu sono, você, pelo menos agora, é minha amiga.
- Apenas a sua amiga. – Completei num mero sorriso. – Dane-se. Eu ganhei o dia: ouvi da sua boca o que eu esperei por esses anos.
- Tudo que eu disse é verdade, nada mudará isso. – Me olhava com olhos banhados em ternura. Esquecemos, completamente, de tudo que tinha acontecido naquele quarto e nos encaramos como antes, como naqueles primórdios dos outros anos. – Se um dia, talvez, eu termine com a-
- Não! Nem pense em concluir essa frase! – O empurrei para a porta num largo sorriso no rosto. – Eu não quero saber de 'se um dia', quando acontecer, que me pegue totalmente de surpresa como hoje, OK? – Harry sorriu para mim enquanto era empurrado para fora do quarto por mim. Fechei a porta e larguei minha bolsa no chão, estava num sorriso tão largo que nem cabia mais no meu rosto.
Minha vida tinha mudado do totalmente inesperado para o nunca previsível. Era até cômico. Harry – aquele Harry que suspiro e tenho meus tropeços – acabou de dizer que me acha linda, complicada e que lhe tiro o sono. Isso é o que qualquer garota da minha idade queria escutar. Principalmente depois de tantos beijos, caricias e tudo mais.
Que noite mais perfeita. Podia ter sofrido como um cão naquela festa, mas hoje é um novo dia.
Peguei livros, bolsa e desci as escadas naquele mesmo sorriso. Não estava mais ligando para ninguém, não estava ligando para a minha pequena e insuportável dor de cabeça. Não estava ligando para os olhares tortos de pessoas que estavam e não estavam na festa ontem, e principalmente, não estava ligando para o fato que daqui a alguns minutos, terei que me explicar com Snape e saber a minha nota.
A sagrada nota que decidirá meu futuro nessa escola.
Estou jogando tudo em cima dessa nota, como se fosse a última esperança. Nem chegamos no Natal, mas se fosse mau, todos os professores fariam de tudo para tornar minha vida ainda mais um inferno.
Virei nos corredores rapidamente, subi as escadas e logo parei em frente à sala de Snape. Aquele sorriso tinha minguado aos poucos. Vamos viver cada minuto intensamente, Hermione, antes você ria, agora tente chorar e implorar perdão caso o mal aconteça. Estiquei minha mão e dei três batidas fortes. Depois de dez segundos, a porta se abriu. Meu coração estava quase pulando pela boca. Estava indo direto ao ninho da cobra, estava apenas dando meu pescoço para que dê o devido bote.
Uma música invadiu minha cabeça. Dedilhada num piano sombrio e bem afinado, uma melodia melancólica por um lado, pelo outro, macabra de dar arrepios.
Snape estava sentado em sua mesa observando todas as suas anotações. Mirou seu olhar sobre mim e largou tudo que estava fazendo, abriu a boca para já me xingar mas eu fui mais rápida me colocando a frente dele.
- Professor, eu preciso saber a minha nota. – Ele olhou nos papéis a sua frente e meneou com a cabeça.
- Onde esteve essa manhã toda?
- Passando mal numa cama. – Menti.
- Fosse a enfermaria.
- Eu nem conseguia levantar direito, como poso ir até a enfermaria?! – Ironias não são a melhor escolha.
- Não quero saber. Você perdeu as seis aulas matinas, Granger, você acha pouco? – Juntou as mãos em cima de todos os papeis. – Tenta fazer o proibido e depois coloca seu uniforme e paga de boa moça, como aquela lá que você era no ano passado. Não foram apenas seus amigos que perceberam o quanto você está mudada. – Pegou um papel. – Aqui, são ordens de McGonagall para não deixá-la fora das aulas vespertinas, porque ela acha que não está atingindo todos os objetivos propostos numa escola. – Apenas bati os olhos naquele papel. – E parece que quer saber sua nota?
- Sim, senhor. – Soltei fracamente.
- E você acha que essa nota te livrará de tudo? – Ironias a parte, estava entrando em desespero. Snape abaixou seu olhar para os seus pergaminhos e procurou dentre muitos, a minha prova. Cada folha que passava o dedo, uma batida do meu coração maior. Queria sair da caixa torácica. – Hermione Granger. – Pegou a prova e entregou para mim. Juntou as pontas dos dedos e me analisou num mero sorriso malicioso nos lábios. Tinha conseguido o numero base de questões acertadas para passar com um "satisfatório" em poções. Não entendia seu sorriso. – Foi uma das piores notas.
- Piores notas? – Repeti.
- Uma matéria ridícula como essa, eram para todos tiraram a nota máxima. Não é incompetência do professor e sim dos alunos que não estudam nos seus tempos livres.
- Mas essa nota me tira das aulas vespertinas? – Perguntei com receio da resposta. Arrancou a prova da minha mão, analisou minha expressão quase implorativa e soltou o ar que prendia.
- Quem decide isso, é McGonagall. – Abri um leve sorriso e me senti três vezes mais aliviada. Virei-me agradecendo e sai da sala contendo meus gritos de histeria. Ao fechar a porta atrás de mim, fechei os olhos e dei alguns pulos gritando palavras de incentivo. McGonagall irá entender, ela irá me dispensar de todas essas aulas.
Ela tem coração! Eu sei disso, ela tem coração.
Podia até ser brincadeira, mas tudo estava dando certo. Voltei para meu dormitório, coloquei outra roupa que não fosse o uniforme e desci as escadas sussurrando uma música qualquer. Coloquei minha varinha no cós da calça e parei em frente há uma velha armadura que segurava um escudo, olhei meu cabelo, passei meu brilho nos lábios quando ouvi meu nome.
- Me dê algum motivo para ainda te deixar viva. – Era Gina. Estava mais vermelha do que nunca, furiosa que só vendo. Olhei dos lados e apontei para meu peito. – É, você mesma, Granger. – Sua voz denunciava tudo. – O que você fez com o Harry? – Soltei uma risada gostosa, me olhei novamente no escudo e parei a sua frente.
- Se você quer mesmo saber, prego enferrujado, pergunte a ele. – Saí colidindo com seu ombro.
- Ele está todo mudado comigo. – Soltou num tom um pouco fraco, ainda de costas para mim. Nem dei muita importância, até que ela continuou. – Disse que te ajudou ontem à noite, e ninguém sabe onde ele se enfiou a noite inteira. – Ainda estava naquele tom fraco, decepcionado. Parei de andar e continuei de costas para ela. – O que você fez com ele?! – Quase gritou com os olhos banhados em lágrimas. Pude ver sua cara de tristeza e raiva quando me virei e vi que seus olhos estavam mirados em mim.
- Eu não fiz absolutamente nada com o Harry. – Negar até a morte, uma das saídas mais usadas nessas circunstâncias. – Ele me deixou no quarto e não sei onde ele passou a noite.
- OK, agora você pode contar a verdade! – Ainda estava gritando.
- É a verdade. – Soltei calmamente cruzando os braços. – Eu estava completamente drogada, a última coisa que eu pensaria era em alguma coisa com o Harry. Eu queria um banho e uma cama, entendeu? – Virei os olhos e voltei a andar.
- Tá, Granger, se você prefere ficar levando essa mentira até onde der, o problema é teu. – Passou por mim e parou a minha frente. – Mas se eu descobrir qualquer coisa além dessa historinha idiota que você me contou, se prepare porque eu vou te caçar como um cão por essa escola. – Passou por mim esbarrando no me ombro com força.
- OK, cenoura, ameaça anotada. – Ri sem me virar.
Nada conseguiria estragar meu dia. Bom, isso não poderia estragar meu dia de jeito nenhum: Ela caiu na desculpa mais velha do mundo. Nem precisei ficar pensando em diversas saídas, a original funcionou.
Continuei a andar, talvez eu ainda pegue o final do almoço, afinal, eram quase uma hora da tarde. Mas, como eu sabia que tudo tava bom de mais pra ser verdade, acabei encontrando com Antonio nos corredores, passou por mim fingindo que não conhecia. Idiota, se pensará que ficar agindo como uma criança irá resolver todos os problemas, está muito enganado. Virei os olhos e corri atrás dele.
- Hey, dá pra esperar? – Parou na minha frente e cruzou os braços.
- Bom dia, Hermione, tudo bem? – Estava num tom de voz diferente.
- Tony, por que você está falando comigo? Até parece que eu fiz alguma coisa de errada e-
- E você acha que não fez? – Continuou a andar aborrecido.
- Se você me deixar explicar, eu posso muito bem te mostrar que-
- Eu acho que aquela prova – Passou a mão na região nos olhos. - já foi o suficiente. – Pode falar o que quiser, mas não me interrompa. Interrompeu, pediu para morrer.
- Olha aqui: eu não sou absolutamente nada sua! Eu não me importo se você um dia começar a tirar conclusões precipitadas e ficar inventando histórias doidas na sua cabeça! – Soltei para a sua surpresa, alguma coisa não conseguiu brecar minhas lágrimas e acabei deixando uma cair. Vai, idiota, chora mesmo. – Satisfeito? – Cruzei os braços. Antonio abaixou seu olhar e se pôs a rir. – Eu não acho a mínima graça. – Mais uma lágrima derramada e mais risos vindo de outro lado.
- Eu também não. Mas é engraçado ver você nervosa. – Não me contive e dei uma pequena risada dando um tapa em seu ombro. – Então, temos que conversar?
- Sei lá, você quer ouvir? – Passou a mão em volta do meu ombro e me guiou para fora do jardim.
- Lógico que sim. Quero saber das coisas antes que qualquer outro.
O dia quase nos cegou quando passamos a da pequena escuridão dos corredores, para o fraco sol que brilhava.
Era sábado. Tudo que não tinha dormido na noite anterior, tinha dormido aquela noite. Fui dar meu primeiro suspiro de acordada quase uma da tarde. Hoje era dia de visita lá no hospital. Todas as meninas resolveram ir fazer nossa última visita a Parvati. Daqui uma semana, ela sairia de lá. Ainda duvidamos que Snape irá conceder nossa "liberação", mas Minerva deixou tudo escrito.
Por pouco, não perco a hora. Estava fazendo um frio fora de questão e olha que o Inverno ainda nem tinha chegado. Tirei meu sobretudo preto do armário e meu cachecol. Vesti uma blusa de lã bem confortável e coloquei a minha calça jeans preferida. Quando estava quase pronta, resolvi não ir de tênis e sim de bota. Tomei a poção para ajeitar meus cachos e sorri para meu reflexo no espelho. Peguei meu cachecol o enrolando, sem delongas, no pescoço e saí do quarto mandando um beijo para Bichento.
Ao descer as escadas, quase tropecei em Draco que subia um pouco longe daquele mundo que mantinha os pés. Ao me ver, olhou para os lados como um costume idiota e sorriu.
- Se arrumou apenas para me encontrar subindo as escadas? – Fazia alguns dias que não tinha uma conversa digna com Draco.
- Também. – Passei a mão pelo seu queixo gelado e depois pelo seu nariz, descendo os degraus que faltavam. Draco me olhava de cima, ainda naquele sorriso sarcástico nos lábios.
- Depois eu tenho que falar com você, tudo bem? – Fiquei um pouco séria e consenti com a cabeça. – Bom final de sábado.
- Pra você também. – Soltei fracamente enfiando as mãos nos bolsos do grande casaco preto e pegando o caminho pro Salão comunal.
O assunto que Draco, supostamente, queria tratar comigo, foi à única coisa que ocupou minha mente até chegarmos ao Hospital St. Mungus. Hagrid nos acompanhava, mesmo que às vezes nos deixava soltas para fazer o que bem entendemos.
Leves lembranças daquele manequim quebrado.
Depois de duas semanas que eu soube da morte dos meus pais, Tonks e Moody me levaram ao um dos medibruxos que examinaram meus pais após a policia trouxa. Ele me contou, em vocabulário médico, tudo que poderia ter acontecido. Ouvi até uma vidente tentando fazer uma regressão em mim, coisas banais.
Ao passarmos pelo vidro, vimos que parecia que quase metade de Londres resolveu se ferrar um pouco. Havia um tumulto maior do que as outras vezes na recepção, todas as cadeiras de espera ocupadas, pessoas sentadas no chão, outras nas suas cadeiras invisíveis outras até sentadas nas suas vassouras a poucos centímetros do chão.
Sabíamos que era do terceiro andar então pulamos todo o tumulto e passamos para dentro do elevador. Tinham umas duas pessoas, e uma enfermeira com uma planta que se mexia dentro de uma cúpula de vidro que poderia caber uma cabeça.
Era engraçado como Hagrid se divertia com pouco, ficou lá em baixo, junto com outras pessoas.
Ao apito do terceiro andar, saímos de lá de dentro e passamos para o grande corredor dos quartos. Deena trazia uma caixa de bombons e Kim trazia um caderno que nós todas tínhamos perdido, pelo menos, duas semanas para fazê-lo. Tinha frases profundas, fotos de nós todas e muitas outras coisas. O tom rosa e branco tomava toda a capa que, devido a um feitiço de verônica, soltava purpurina ao abri-lo.
- Será que ela vai gostar? – Perguntou Kim insegura.
- Ai dela se não gostar, demoramos pra caramba pra fazer isso! – Disse Verônica quase gritando. Uma enfermeira que passava, pediu silêncio.
Quarto 159. Demos duas batidas e logo a porta se abriu. Estava sozinha, lendo algumas revistas trouxas. Abriu um largo sorriso ao nos ver.
Tinha melhorado quase que por inteira. Ainda tomava poções, antes doze, agora apenas três. Tinha emagrecido pelo menos cinco quilos e a falta de sol tinha lhe deixado ainda mais com a aparência de doente.
- Cara, me tirem daqui! – Soltou ela rindo, jogando a revista no chão. Fomos até ela e demos um abraço coletivo.
Entregamos os 'presentes' e nos acomodamos no quarto para passar pelo menos uma hora ali. Contamos tudo que tinha acontecido nos últimos dez dias. Aí, eu também aproveitei para contar sobre aquela festinha desgraçada. Todas estavam realmente surpresas e Kim ficou se perguntando porque de não foi convidada.
- Mas Pó de Dragão é totalmente proibido! – Soltou Kim.
- Sério...? – Ironizei. – Tinha uns moleques lá se drogando feito loucos. Perfeitos idiotas.
- Mas você não experimentou, não é?
- Lógico que não, Deena! Eu não sou idiota. Mas, mesmo não tendo nem chegado perto, deu no que deu.
- E o McLaggen com tudo isso?
- Não sei, não o vejo desde a festa.
Mais assuntos apareceu, alguns totalmente idiotas, até a enfermeira, já aborrecida, nos tocar de lá dizendo que a paciente tem que descansar. Voltamos para Hogwarts. Ao chegarmos, parecia que tinha caído uma bomba. Todos estavam tensos, comentando pelos cantos. Quase ninguém dizia nada e tudo mais.
Como aquele jantar de 'inauguração' de Snape no trono. Mas agora, havia pessoas chorando algumas quase discutindo e partindo pra agressão.
- A gente sai e parece que alguém morreu nessa escola? – Brincou Verônica tirando seu cachecol ao entrar na Sala Comunal da Grifinória. Não havia ninguém lá dentro.
- Alguém pode me dizer o que está acontecendo por aqui? – Perguntou Kim.
- E você acha que a gente sabe? – Deena se sentou numa das poltronas e apoiou a cabeça no encosto, mirando seu olhar para fora. – O que- – Soltou lentamente ficando novamente ereta, seus olhos estavam totalmente arregalados.
- Disse alguma coisa? – Perguntei mirando meu olhar nela. Correu até a janela e abriu, colocou a cabeça para fora com aquele forte vento chamando a atenção de todas nós. – O que você viu, Deena?! – Perguntei mais uma vez.
- Não estão vendo?!
- Não estamos vendo o que?! – Tinha um vento desgraçado.
- Testrálios! – Apontou para frente. – Um monte deles! – Não conseguíamos ver nada.
- Alguém pode me dizer o que está acontecendo?!! – Novamente, a pergunta que todas nós queríamos saber. O vento estava fora do comum, fechamos as janelas arrumando os cabelos e os cachecóis.
- Deena, como você consegue ver essas criaturas?! – Perguntei pegando em seus ombros; Ela parecia estar apavorada.
- Eu – gaguejou algumas vezes. – é que eu vi a morte da minha irmã. – Lamentou. - Tinha um monte! Tinha uns cinqüentas! – Olhei em advertência para todas elas.
- Eu já volto! – Corri até o quadro da mulher gorda.
- Aonde você vai?! – Perguntou Verônica.
- Saber o que está acontecendo. – Voltei a correr atravessando o quadro. Todos os monitores estavam gritando palavras de ordem para todos os alunos irem para seus dormitórios naquele momento. Ron me parou e pediu que lhe ajudasse. – O que está acontecendo?!
- Você não soube? – Estava pálido como nunca.
- Não. – Seu tom parecia não ser uma coisa muito boa. – não me assusta, Ron.
- David Scott, - Pediu que os alunos andassem mais rápido. - ele morreu.
Levei as duas mãos a boca, estava aterrorizada. Para associar as informações, demorou alguns segundos, afinal, não é todo dia que isso acontece e ainda assim, de uma hora para outra, e também com alguém próximo e querido.
- O que-- COMO?! – Meus olhos se banharam de lágrimas.
- Depois eu explico! – Gritou acompanhando o primeiro ano. – VAMOS, PRIMEIRO ANO! – Desci as escadas indo contra todo o fluxo.
Parecia ser uma ordem vindo de Snape. Aqueles Testrálios, todos os alunos indo pra suas casas. A minha cabeça tinha dado um nó, deixei algumas lágrimas caírem descendo o resto das escadas e encontrando uma Hogwarts totalmente deserta.
Apenas o barulho do meu salto invadia o silêncio. Nenhuma voz, nenhum burburinho, nenhuma respirada a não ser a minha. Nem sabia para onde estava indo, minha cabeça estava tão alienada que nem os passos que eu mesma dava faziam sentido. Num dos corredores, deparei com Tonks. Ela me segurava para não prosseguir, mas eu tinha que vê-lo.
- Hermione, é melhor não. – Me segurava.
- Me deixa, Tonks!! – Me soltei e logo vi, David ali, esticado no chão.
Sangue saindo de sua boca e nariz, os olhos arregalados. Tinha vários aurores em volta, Snape estava ali e já se manifestou me tirando de lá de perto. Ao lado da mão de David, aquele Pingente Aimer. Aquele maldito pingente. Deixei uma lágrima soltar quando Snape me pegou pelos cotovelos e me tirou dali quase me xingando.
- Minhas ordens foram de não deixar ninguém sair, Granger. Volte agora. – Ordenou nas palavras mais duras que eu podia ouvir.
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