Aimer
Aimer
O mundo pode estar caindo da porta do meu quarto para fora, mas eu não ia sair de lá sem descobrir sobre aquele treco. Uma promessa que tomou proporções pessoais.
Estava sentada em minha cama, rodeada de livros sobre aquele pingente. Eram mais de oito da noite. Desde que me despedi de David daquela forma maravilhosa, me enfiei lá dentro e não sai, nem para o jantar. Minha mão já estava doendo, quando terminasse tudo isso, ia tirar os curativos como Madame Pomfrey mandou. Já tinha anotado mais de três páginas de pergaminhos, praticamente em tópicos. Alguns tão importantes que me deixou de queixo caído.
"1. IMPORTANTE POR: Foi criado na França no século XVII e seu nome verdadeiro seria é Aimer; Rubi com diamantes; *Obs: vale uma fortuna. Amier, em francês, quer dizer amar, mas de amor isso não tem nada."
Basicamente, aquela primeira informação me tirou da forca dos meus pensamentos arbitrários.
"5. MUITO IMPORTANTE POR: Usado por bruxos das trevas que viviam nas localidades. Trás sorte, nunca será pego em suas ações e sempre te ajudará nas dificuldades. Esquenta quando está 'ativado' e resfria quando está 'desativado'."
Por isso que quase me queimou quando McGonagall pegou aquela folha de minhas mãos.
"16. TAMBÉM MUITO IMPORTANTE POR: Seu uso constante pode lhe causar uma dependência crônica, onde sempre acreditará que sempre se salvará em suas ações."
Lendo as tragédias que esse Aimer causou, prometi a mim mesma nunca mais colocá-lo no pescoço. Agora, a pergunta era o que um artefato desses estaria fazendo na mão da minha mãe e o porque Tonks está tão interessada nisso.
Ouvi a porta bater. Joguei os livros para debaixo da cama, peguei o colar e o coloquei dentro da primeira gaveta que vi, abri um pequeno livro de Herbologia e mandei que entrasse. Era Deena.
- Hermione? Está ocupada? – Me ajeitei na cama cruzando as pernas.
- Não, Deena. – Fechou a porta e caminhou até a cama.
Estava muito mais pálida do que de costume, tinha a ponta do nariz vermelho e segurava um lencinho retorcido em suas mãos.
– Aconteceu alguma coisa? – Se pos a chorar na minha frente, se sentando na beirada da cama e caindo sobre os braços. – O que deu em você?! – Perguntei colocando a mão sobre seu ombro.
- EU SABIA QUE NÃO DEVIA PARTICIPAR DAQUILO! – Voltou a chorar. Tirou os óculos e enxugou as lágrimas brutalmente se culpando mais vezes.
- Calma! Calma! – Fui até ela e segurei em seus ombros, queria sacudi-la para acordá-la para a vida. – Se acalma e me conta o que aconteceu, OK?
- EU ACHO QUE EU NUNCA MAIS VOU SER FELIZ!
- Meu Deus, que papo é esse?! – Voltou a chorar. – PÁRA! – Gritei quase entrando em desespero. Ela me olhou com seus olhos vermelhos junto com seu nariz, respirou fundo e se acalmou. – Tá mais calma? – Concordou com a cabeça limpando as lágrimas com as costas da mão. – Então, me conte.
- Acho que você não vai querer saber... – Fechei o pequeno sorriso do meu rosto esperando que não fosse o que eu mais temia.
- O que você acha que eu não vou querer saber, Deena?
- É sobre a aula- – Soluçou e limpou suas lágrimas. – de feitiços avançados! Eu não devia ter ido! – Cobriu o rosto com as duas mãos.
Era uma das coisas que eu temia, eu sabia que não ia dar certo.
- O que aconteceu na aula? – Parecia que nem queria comentar sobre o assunto. – É sobre o Harry? – Olhou para mim surpresa, concordando com a cabeça. – O que você viu?
Deena limpou o rosto mais uma vez. Ajeitou-se na cama, respirando bem fundo, parecia que queria esquecer que tinha até tocado nesse assunto comigo.
- Eu li- – parou. – ou melhor, eu vi na sua mente como ele está sofrendo. – Arregalei meus olhos. Parece que alguma coisa dentro de mim apertou no mesmo momento.
- Como ele está sofrendo...? – Repeti.
- Eu nunca tinha me sentido assim. É uma sensação horrível. Eu vi tudo que aconteceu com ele esses anos! Eu vi que Harry Potter é um- – procurou a palavra. – um ser humano.
- Por que? Para você ele era-
- Hermione, quando você pensa em Harry Potter a primeira que palavra que passa na sua cabeça é herói. Aquele que sobreviveu um ataque do feitiço mais poderoso com um ano de idade! Aquele que lutou contra as trevas durante sua vida! Que mesmo sem saber de quase nada, ele corre atrás! – Deixou uma lágrima cair. – É tão relativo tudo isso! Minha vida é tão pacata, nada acontece... A dele, quase morreu em cada ano que está nessa escola. E pelo que eu vi, quase te levava junto.
- Mas como você mesmo disse, ele quase morre todos os anos, então, como ele está sofrendo agora?! – Olhou para o papel retorcido em sua mão.
- Ele não está completo, ele se sente sozinho. – Endireitei minhas costas e olhei dos lados procurando várias coisas em minha mente. – Ele quer se sentir calmo, ele quer se sentir em paz. Ele quer a paz de volta.
- Nunca vivemos em paz, como ele quer uma coisa que nunca teve de volta?! – Ri, me levantei e cruzei os braços. – Isso, você viu completamente errado.
- Hermione, eu tenho certeza que é isso! Acho que aquele feitiço me deixou sentir como a outra pessoa se sentia. Acho que... Sei lá, o Potter deve se sentir o cara mais triste do mundo.
- Não, ele não é triste, ele nunca será triste. – A interrompi mirando meu olhar para fora do quarto, através da janela.
- Mas agora ele deve estar. – Apertei os braços contra meu corpo. – Acho que você sabe porque. – Mirei meu olhar em Deena, estava me olhando num olhar calmo, não derramou mais nenhuma lágrima.
- Ele não está triste por minha causa, de jeito nenhum! Ele não fica falando de sua namorada o tempo todo! Não posso dar uma respirada mais rápida que logo já diz "Hermione, eu tenho uma namorada, sabia disso?" É patético! O Harry nunca se importou comigo como mulher! – Meus olhos se encheram de lágrimas. – Apenas como – respirei fundo. – amiga.
- Amiga essa que parece que está fazendo muita falta. Eu sei que vocês não estão se falando por causa da Gina, mas você vai deixar aquela cenoura colocar um muro na amizade, no amor de vocês dois? Se ele está se sentindo vazio, sozinho, é que essa aí não está ocupando o lugar certo em seu coração. – Disse isso tudo sem respirar, vomitou as palavras me deixando de queixo caído. – O lugar que tem que ser seu.
- Não, Deena, Harry não procura garotas como eu.
- Procurava garotas como aquela antiga Hermione. – Voltei a olhá-la com dúvidas, com um pesar no coração. Um pouco confusa de mais para saber o que estava dizendo, o que estava acontecendo. – Ele quer a outra Hermione.
- Eu não vou mudar! Eu não vou mudar apenas porque um dia, Harry Potter acordou do outro lado da cama e disse que pegaria a CDF da Hermione Granger para variar um pouco!! – Gritei deixando lágrimas escorrer. – EU NÃO SOU IDIOTA! EU SEI QUE A MINHA VIDA NUNCA IRÁ CRUZAR COM A VIDA DE HARRY POTTER! – Cai sentada numa das poltronas, me colocando a chorar. Como aquela sensação de estar fazendo a coisa errada me deixava ainda mais confusa.
- Hermione, entenda – Foi até mim e agachou ao meu lado. – quem conquistou o coração dele não foi essa Hermione com essas roupas, esse jeito de agir, esse jeito que ninguém consegue te superar e que não mede esforços para nada, foi aquela outra, aquela com que ele conviveu esses anos. Eu posso estar falando a maior besteira do mundo, eu apenas comecei a conversar com você esse ano, mas – Soltou o ar que prendia. – dá pra perceber.
- Não vou voltar atrás... – Soltei para o aborrecimento visível de Deena. Levantou-se e foi até a porta.
- Eu disse que era melhor você não saber. – Saiu do quarto fechando a porta lentamente num tec.
Cobri o rosto com as duas mãos. Coloquei-me a chorar novamente.
Eram quase dez horas. Estava organizando os livros que eu tinha jogado debaixo da cama. Minha cara de choro era reconhecível a metros de distancia. Tomara que de manhã, essa cara horrível já tenha ido embora junto com esse aperto que está me corroendo por dentro. Deixei os livros em cima da minha cômoda, peguei novamente em mãos aquele colar Aimer. Sentei-me ao lado da janela, sendo iluminada pelo luar pequeno, mas que trazia bastante luz.
- Será que você fala? – Perguntei para mim mesma, alisava a pedra vermelha, observava todo aquele trabalho a mão, via que era uma peça, além de tudo, muito bonita. – O que você estava fazendo com a minha mãe, hein? – Passava de mão em mão.
Se pra todas as perguntas tivessem uma resposta fácil e prática, não estaríamos nessa escola aprendendo, já nasceríamos sabendo tudo e mais um pouco. Acho que nem minha mãe sabia para que isso servia. Eu sei muito bem que dona Alicia não gostava de bruxaria e sempre condenava quando usava dentro de casa. Então, porque na noite da sua morte, estaria segurando esse pingente?
As coisas estariam bem mais fáceis se vocês estivessem vivos. Ouvi baterem na porta. Rezei para não ser Deena com mais revelações, meu dia já estava conturbado o bastante. Levantei da poltrona, guardei o colar dentro da caixa preta e abri a porta para a surpresa de Draco do outro lado.
- Como foi na prova? – Encostei a cabeça na porta e abri um pequeno sorriso.
- Você não veio aqui as dez da noite pra perguntar como eu fui na prova, não é? – Riu.
- É, não achei desculpa melhor. – Dei passagem para que ele entrasse. – Andou chorando? – Disfarcei fingindo estar com um começo de gripe.
- Lógico que não, não tenho motivos para chorar. – Disse num tom sarcástico num sorriso largo.
- Se você diz. – Colocou as duas mãos no bolso da calça olhando por todos os lados.
- Vai ficar em pé até quando? – Perguntei penteando meu cabelo diante o espelho. Draco se movimentou finalmente e sentou-se na beirada da cama. – Irá ao baile? – Tinha que provocá-lo, tinha que deixar bem claro que eu já tinha um par para ir a esse tal baile.
- Lógico que sim, já dei meu nome. – Meu queixo caiu. Se as associações que se formaram em minha mente forem concretas e não devaneios loucos...
- Com quem irá? Não é com a idiota da Fibby, não é?
- Quem é Fibby? – Virei os olhos. É loiro, Hermione, pense nisso. – Ah, sim. A baixinha?
- É, Draco, a baixinha. Não é ela, né? – Mirei meu olhar no seu reflexo do espelho.
- Não. – Respirei um pouco mais aliviada. – É a Lovegood. – Meu queixo voltou a cair. Agora, nada mais na minha cabeça funcionava. Tive vontade de cair desmaiada naquele chão duro. Segurei a escova com minha profunda força e fechei os olhos calmamente, indo até ele.
- Luna Lovegood? – Perguntei mais uma vez. Concordou como se fosse uma coisa normal.
- É, a loira. – Cruzou os braços. – Algum problema?
- Algum Problema?! Algum problema?! Lógico que há problemas, Draco! – Estava a ponto de explodir; Vi seu olhar surpreso sobre mim. – Há todos os problemas do mundo nesse seu – olhei para os lados.- par!
- Por que? Ela está sozinha, e ela não é tão... feia assim. – Ponderou, comparando antes com agora. Sim, Luna tinha se tornado uma garota muito bonita.
- Onde você está querendo chegar com isso, Draco?! – Levantou-se e ficou na minha frente.
- Você achava mesmo que eu ia ficar de braços cruzados enquanto você ia com outra pessoa?! – Quase gritou.
- Não, lógico que não! Eu sabia que você daria um jeito de ir, mas – quase quebrei a escova que ainda segurava. – Luna Lovegood?!
- Qual o problema com ela, Hermione?! – Andou pelo quarto abrindo os braços, num tom de desdém. – Não me venha com mais um ciúme besta igual com a Tracy!
- É Fibby!! – Gritei. – Você não pensou no Rony com tudo isso que você fez?
- Que eu saiba, o Weasley não tá mais com ela há um tempo. Eu não devo satisfações da minha vida para ele, tanto como ela também não deve. – Cruzei os braços e parei na sua frente.
- Como você a convidou? Como fez comigo? Me jogando contra a parede, falando que é só o desejo? – Estava num olhar matador.
- É só alguém para ir ao baile, Hermione, não misture as coisas! – Voltou a andar pelo quarto.
- Você só pode estar brincando comigo... – Soltei colocando uma das mãos na cintura. – Eu pensava que você repugnava toda essa gente.
- Eu repugno você? – Perguntou mirando seu olhar em mim. – Não preciso nem responder. – Soltou o ar que prendia.
- Pense nisso: Se você estiver apenas brincando com os sentimentos dela, você não sabe o que está fazendo. A Luna é uma menina de ouro, ela pode ser tão irritante a ponto de querer se matar, mas menina como ela você não encontra em qualquer lugar, Draco. Olhe lá o que você vai fazer. – Soltei o ar que prendia e me voltei para frente do espelho, penteando meu cabelo para descontar a raiva que estava sentindo.
- É um baile, eu só não queria ir sozinho.
- Tinha a sua cadelinha Pansy, por que não chamou ela? – Disse num tom de desprezo.
- Por que ela vai com o Zabini.
- Se o Ron souber, não quero nem ver... – Comentei para mim.
- É um baile, Hermione! Quantas vezes vou ter que dizer isso?! – Não respondi, apenas suspirei. – E você? Vai com quem?
- David Scott. – Ele riu, se sentando na poltrona ao meu lado, ficando de frente para mim.
- Eu não tinha dúvidas que o próximo seria ele.
- Como assim "próximo"? Ele me convidou e eu apenas aceitei. – Voltei a encarar meu reflexo no espelho.
- O próximo. Macmillan, Córner, tem o Potter que você dá os seus suspiros. Acho que se não fosse ele, seria o idiota completo do McLaggen. – Apoiou-se nos joelhos, juntando as mãos e rindo.
- Nada a ver, Draco. – Deixei minha escova em cima da cômoda e me sentei na cama de frente para ele.
- Não vou discutir a sua vida amorosa exatamente com você. – Sorrimos um para o outro. – Tenho que falar com os amigos, tomando muito Whisky de Fogo... – Rimos.
- Você acha o Harry um cara infeliz?
- Que papo é esse agora? A amiguinha dele aqui é você, não eu. – Ajeitou-se na poltrona.
- Mas eu quero saber isso mesmo, de uma pessoa que nunca pararia para ter uma conversa que durasse mais de um minuto. – Riu. – Você acha isso dele? – Pensou por um momento, fez alguns gestos com a cabeça e encarou o chão.
- O cara é rico, é o mais famoso do mundo, sempre é o herói, não há motivos para ser um cara infeliz.
- Não é disso que estou falando. Agora, nesse ano, você acha ele infeliz?
- Sei lá. – Virei os olhos.
- Obrigada, sua opinião foi a mais concreta até agora. – Suspirei.
- Falando sério? Ele é... – Pensou na palavra séria. – solitário.
- De que modo?
- Só você e o Weasley para agüentá-lo. Ah, e aquele grampo enferrujado da Weasleyzinha. E agora, parece que você tá meio distante...
Não perguntei mais nada. Contive as lágrimas. Tinha que parar de pensar nisso. Olhei para Draco que se distraía com o cordão da sua jaqueta. Mordi o lábio inferior, num salto, fui até a sua poltrona, sentei no seu colo, ficando de frente para ele. segurei em sua nunca e deixei uma lágrima cair por impulso, queria esquecer Harry Potter nos beijos de Draco Malfoy. Lhe dei um beijo profundo. Colocou as mãos em minhas costas se ajeitando na poltrona. Era totalmente desconfortável.
- Está chorando? – Não consegui me conter. Levantei-me, e de costas, limpei as lágrimas com as costas das mãos. Senti alguma coisa entrelaçar na minha cintura. Segurei em seus braços e deitei minha cabeça em seu ombro. – Não era você que disse que não tinha motivos para chorar? – Me virei ficando em sua frente, entrelacei meus dedos no seu cabelo e sorri levemente.
- Quem disse que estou chorando por motivos? – Deixei mais uma lágrima cair. Deitei minha cabeça em seu ombro, alisando seu pescoço.
A sineta tinha acabado de tocar. Estava me sentindo três vezes mais livre sem aquelas ataduras nas mãos. Não havia deixado uma cicatriz. Sai da sala de Poções xingando tudo e todos. Snape tinha pegado em meu pé e de toda a Grifinória sem nenhum motivo. Acho que se estivesse com aquele colar, nada disso tinha acontecido. Hermione, não se prenda a esse colar, você leu as conseqüências que isso trás. Mas que ia ajudar, ia. Junto com Parvati e Kim, fomos almoçar. Logo que entrei, David, que estava saindo, veio ao meu encontro e colocou uma mão na minha cintura me dando um rápido beijo, ergui um dos meus pés e abri um leve sorriso.
- Temos que dar nossos nomes para McGonagall. – Comentou no meu ouvido. Coloquei uma mão por cima de seus ombros e sorri ainda mais.
- Eu falo com ela, pode deixar. – Lhe dei mais um beijo e nos separamos. Vi os olhares sarcásticos de Kim e Parvati sobre mim.
- Na aula? – Perguntou Kim se sentando. Concordei com aceno me sentando também. - Eu sabia. Esse aí só tem um jeito de conquistar as mulheres: no meio da aula que você quer prestar atenção. – Rimos.
- Irá com ele, né? – Perguntou Parvati.
- E ainda tem dúvidas? – Rimos.
- Eu sabia que Hermione Granger não ia deixar passar essa.
- E vocês? – Se entreolharam. – Alguém já...
- Só a Kim. – Disse Parvati aborrecida.
- Ah, é? Quem? – Kim abriu um pequeno sorriso malicioso, ao contrario de Parvati que parecia que queria matar nós duas.
- Fala! Não jogou na minha cara?
- Eu não joguei na sua cara! – Se defendeu.
- Quem te chamou? – Perguntei mais uma vez.
- Acho que você não vai acreditar. – Estava com os olhos brilhando. Fechei meu pequeno sorriso e abri a boca para falar, mas me interrompeu rindo: – É, esse aí mesmo.
- Hã – Olhei para o prato. – se for quem estou pensando...
- É! O McLaggen me chamou! – Estava com um sorriso largo, os olhos brilhando e um jeito de menina apaixonada.
- Tem gente que nasceu virada para lua, não pode ser. – Comentou Parvati mal humorada.
- Nossa, como aconteceu isso? – Contou toda a história que levou o almoço inteiro. Resumindo: ela se jogou em cima dele, e como homem que honra as calças, a convidou.
Já eram oito da noite. Tive que acompanhar os alunos dos primeiros anos até seus dormitórios. Ao retornar pelo caminho de sempre, encontrei Filth e Snape, em passos apressados, indo na direção contraria a minha.
- Granger, o que está fazendo fora da sua cama?! – Perguntou Snape, estava mais pálido, agitado e segurava um lenço em suas mãos, secando constantemente o suor que escorria pelo lado da sua testa.
- Eu fui acompanhar os alu-
- Não interessa! Vá agora para o seu quarto e nem ouse dar passeios por aí de noite. – Ordenou continuando a andar, colidindo com meu ombro. Certamente, deve ter quebrado alguma coisa no seu armário de poções que lhe deixou completamente nervoso, e o pobre do zelador tem que ficar escutando.
Continuei em meus passos rápidos, mas, parecia que todos os professores resolveram dar uma voltinha pelos corredores. Minerva e Madame Pomfrey corriam na mesma direção que Filth e Snape iam.
- Vá para sua cama, srta. Granger! – Ordenou também Minerva.
- Já estou indo! Já estou indo! – Disse aborrecida. Espera, o que tanto professores faziam fora de seus aposentos a essa hora da noite? E ainda mais, correndo como se a terceira guerra mundial tinha estourado e não fomos informados sobre isso.
Estiquei meu pescoço para ver se nenhum professor apressado viesse ao meu encontro, e em passos silenciosos, os segui. Parecia que podia ouvir a voz de McGonagall há alguns metros de distância. Encostei-me a parede e tentei espiar, mas senti como se tivesse batido a cabeça em alguma coisa, mas lá não tinha ninguém. Arregalei os olhos e comecei a me afastar aos poucos.
- Mas isso é muito perigoso, Alvo! – Soltou Minerva, parecendo estar ainda mais perto.
- Como isso entrou em Hogwarts? – Perguntou Snape na sua totalmente reconhecível voz. Uma sombra, que se formou da lamparina que Filth carregava, começou a se aproximar de mim.
Senti como se meu corpo fosse envolvido num tecido estranho, logo depois, uma mão passar em volta da minha cintura e me prender contra a parede. Apenas vi o rosto por cima do meu ombro, era de Harry e estávamos em baixo da capa de invisibilidade. Tampava minha boca com uma mão e a outra me segurava colada em seu corpo.
- Pegue, Severo. Mande que o professor Slughorn avalie essa peça. – Disse Dumbledore, passando a nossa frente, entregando, o que parecia de longe, aquele maldito pingente de Orgulho e Oportunidade Farta para Snape. Arregalei meus dois olhos e quase mordi a mão de Harry. – Podemos agora, voltar aos nossos aposentos. – Retiraram-se ainda falando sobre aquele assunto. Ao sumir dos nossos olhos, me soltei bruscamente de Harry e sai de baixo daquela capa de invisibilidade que já estava tirando totalmente meu ar.
- Idiota, o que está fazendo aqui?! – Perguntei num sussurro berrante.
- O que eu estou fazendo aqui?! O que você está fazendo aqui! – Embrulhou a capa de uma forma amassada e olhou na direção que os professores foram.
- O que aconteceu?
- Eu tava dando umas olhadas no mapa e percebi que tava tendo uma grande agitação de todos os professores. – Fomos até o corredor que supostamente, aquele colar tinha parado.
- E encontraram aquele colar? – Perguntei cruzando os braços. Harry se abaixou em frente um círculo de cinzas, parecia que algo tinha sido queimado ali.
- Aquilo era um colar? – Perguntou olhando para mim que engoli seco.
- Lógico que era, você não percebeu?
- E você sabe do que é? – Ergueu-se.
- Não tenho idéia. – Menti suspirando.
- Deve ser alguma coisa bem importante, estão dizendo que até poderia ser uma peça das artes das trevas. – Voltei a ficar ainda mais surpresa. Meu Merlin, eu carreguei no meu pescoço um artefato das trevas...
- Mas não é uma Horcrux, não é? – Harry mirou seu olhar preocupado sobre mim, passou do meu lado ajeitando a capa de invisibilidade e respirou fundo.
- Eu vou indo, boa noite. – Molhei os lábios, e num salto de onde estava, peguei em seu braço e o fiz esperar.
- É ou não é? Você ouviu algum deles dizendo isso? – O soltei lentamente.
- Não, Hermione. – Respondeu num tom diferente, parecia estar com raiva de mim. – Nem sei o porquê de você estar tão preocupada. Você não tem nada a ver com isso, só viu tudo acontecer porque, acidentalmente, passava pelo corredor. Então, se não se importa, eu vou para o dormitório.
Harry não deveria dizer aquilo. Eu queria repreendê-lo. Eu queria falar tudo que estava engasgado aqui, na minha garganta. Apenas abri a boca para soltar um pequeno "boa noite", nem em respondendo a sua primeira despedida, mas em sinal de respeito. O acompanhei com os olhos até não conseguir mais ver nada com a escuridão.
Sim, estava um breu de assustar qualquer um. Não conseguia enxergar muita coisa, e tudo que via, era motivo para espanto. Como aquele colar tinha chegado ali?! Não era possível. Comecei a correr os corredores até o meu dormitório, abri a porta e revirei aquela caixa, derrubando-a no chão e abrindo todas as gavetas. Revirei todas as minhas gavetas de roupas deixando tudo numa tremenda desordem.
Tinha sumido, não era possível, não era possível. Observando aquela bagunça, me encostei à porta a fechando com força, deslizei até o chão. Sentia-me um pouco angustiada. Se for mesmo um objeto das trevas, era esse o motivo da morte de seus pais. Mas o que eles estariam fazendo com isso, Meu Deus?! Passei as mãos nos cabelos, por fim, apoiando-as sobre os joelhos.
Se descobrirem, estava encrencada.
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