Acertando as Contas
Acertando as Contas
O resto da tarde, passei no meu quarto. Folheie algumas revistas, brinquei com bichento, organizei meu guarda-roupa por ordem de cor e de estação. Procurava o que fazer. Aquele tédio me corroia profundamente, por fora, por dentro, por todos os lados.
Até que me deparei com meus livros – isso mesmo, livros, aquelas coisas de papel que tem um monte de letrinhas – jogados em cima de uma poltrona, junto com minha bolsa e anotações já um pouco velhas. Eu estava procurando o que fazer; Podia arrancar folha por folha e colocar uma por vez para queimar na lareira, mas eu sei que posso utilizá-los de uma maneira melhor. Sentei-me à frente daquele monte, apoiei os cotovelos nos joelhos, juntando as mãos.
- Agora, - Respirei fundo. – é entre eu e vocês.
Meus olhos ficavam compenetrados, sem se moverem, com uma expressão furiosa cujo meu primeiro instinto seria partir para cima e rasgá-los, queimá-los e gritar palavras de ordem sobre seus restos inorgânicos.
– Vocês conseguiram, parabéns. – Minha ironia estava cada vez maior. – Se eu tivesse lido pelo menos um de vocês, eu teria um bom argumento pra usar contra aquela velha da McGonagall... Mas não pensem que eu vou dar o braço a torcer, eu não sei o que eu achava de interessante em vocês que eu repugno agora, mas- – Fechei os olhos e comecei a rir. – Hermione, sua idiota, você está falando com um monte de livros! Cai na real! – Voltei a rir.
Meu divertimento foi interrompido por batidas na porta. Ao abrir, vejo quem está atrás, abri um pequeno sorriso sarcástico cruzando os braços.
- Miguel, - Sim, aquele Miguel Córner, estão lembrados? – o que você quer? – Não pediu se podia entrar, foi entrando, me empurrando pro lado, olhando constantes vezes para trás. – Hey!
- Hermione, eu preciso falar com você. – Fechou a porta e me levou até as poltronas, me sentando em uma e se sentando na minha frente logo depois. - Soube daquele baile? – Soltei todo o ar que prendia e me levantei.
- Eu já sei. – Fui até a porta e a abri. – Agora, se pode sair, eu agradeço. – Apontei para fora e esperei sua boa vontade.
- Não, não, não! – Foi até mim e fechou a porta, estava inquieto, suando frio. – Sabe, eu ainda não acredito que acabamos e-
- Oh, aceitação é o primeiro passo. – Dei leves tapinhas em seu rosto e andei para dentro do quarto. – Não há mais nada entre a gente, Miguel, acorda.
- Vai ter esse baile! Seria uma ótima oportunidade! É só darmos nosso nome para McGonagall! – O olhei incrédula.
- Cara, que parte do "não há nada entre a gente" você não entendeu ainda?
- Mas como eu disse, seria uma ótima oportunidade... – Sussurrou chegando perto de mim.
- Uma ótima oportunidade pra quê? – Perguntei sem sair do lugar, esperando para ver seu próximo passo.
- Para você pensar bem... – Ergueu sua mão para passar em meu rosto mas fui mais rápida, sorriso amarelo e abaixando seu braço lentamente.
- Eu já pensei. – Posso ter desmoronado todas suas esperanças, mas não me arrependo das coisas que faço. - Agora, se me der licença... – Voltei até a porta e a abri novamente.
Acho que entendeu o recado e não precisei falar pela terceira vez.
- Tudo bem, depois, não venha atrás de mim. – Disse num tom nervoso, não olhou no meu rosto, apenas abaixou a cabeça e saiu do quarto.
- Como se eu fosse atrás de você! – Gritei, colocando a cabeça para fora do quarto. Fechei a porta rindo. – Otário...
Chequei o relógio terminando de guardar os livros que só dei uma rápida passada de olhos, sem exatamente ler, só ficar por dentro do assunto. Já era quase a hora do jantar. Coloquei um casaco por causa do frio repentino que tinha chegado com a noite.
Descendo os degraus, já avistei o único ser naquele frio, naquela hora, naquele corredor sombrio colando um cartaz verde florescente na parede. Enfiei as duas mãos no bolso e acelerei o passo, parando ao seu lado com os olhos mirados nas letras que traziam 'BAILE' bem grande, para que todos vissem com clareza.
- Por que você está fazendo isso?
- Ah, McGonagall pediu. – Colou mais um para ter certeza que nenhum idiota arranque e fique faltando num ponto estratégico de vista. – Ela quer desde já que todos saibam.
Acabei de notar seu largo sorriso; Verônica não era de estar sempre sorriso, era mais introvertida do que extrovertida. No mesmo momento, duas alunas no primeiro ano passaram por nós com seus olhos mirados no mural e Verônica já foi logo cumprimentando.
- Conhece? – Apontei para o caminho que tinham sumido.
- Não tenho idéia de quem seja! Mas e daí?! Um pouco de felicidade sempre é bom. – Suspirou.
- Tá feliz por quê? – Perguntei num sorriso maroto.
- Nada.
- Nada? – Cruzei os braços enquanto ela terminava de pregar o próximo. - Tem certeza? – Voltou a suspirar; Virou-se para mim com os olhos brilhando e logo soltou:
- Ernesto Macmillan me chamou para ir ao baile com ele! – Deu gritinhos de histeria, pulos e voltou a colar os cartazes num sorriso de orelha a orelha.
- Oh, parabéns.
Eu sei que a minha cara não foi a das melhores, mas eu estava ligeiramente surpresa, convenhamos.
- Mas, tipo, - Voltou-se para mim mudando sua expressão: estava mais séria e segurava com força aqueles cartazes. – você não ficará brava, não é?
- De jeito nenhum, Verônica. – Ri. - Você sabe muito bem que quando eu termino, eu termino mesmo. – Segurei os cartazes para ela, enquanto ela colava com um movimento da varinha.
- Nossa, é tão maravilhoso! – Parecia estar num conto de fadas. Sorria por pouco e se impressionava com tudo. - Tomara que nós sejamos um dos dez selecionados! – Dava pulos de alegria.
- Me diga uma coisa, todos estão tão animados assim? – Concordou com a cabeça.
- Sabe, eu ouvi dizer que já tem mais de vinte casais escritos, só hoje. Isso, porque só o sexto e sétimo ano participam, se fosse Hogwarts inteira teriam que fazer um só para a escola. Imagina, se você for selecionada, estará entre os mais respeitados bruxos de Londres! Estará no baile mais importante da Grã Bretanha!
Sim, era verdade, era mesmo uma boa oportunidade. Estava começando a me animar, levemente, mas estava. O problema é escolher com quem eu vou. Para não perder o anúncio oficial de Dumbledore sobre esse bendito baile, corremos e fomos as últimas a entrar no salão, ele já tinha pedido silêncio a todos e estava se preparando para seu discurso.
- Boa noite, alunos. – Responderam em um grande coro, enquanto eu e Verônica achávamos as meninas. – Acho que a maioria de todos aqui presentes, já estão sabendo sobre o LXIº Baile dos Bruxos de Londres. – Uma explosão de comentários invadiu o silêncio do salão. – Peço silêncio!... Para aqueles que não sabem, daqui exatamente um mês, no Ministério da Magia de Londres, ocorrerá um baile com os maiores nomes da Grã-Bretanha, e a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, terá seu espaço naquela majestosa noite. Alguns avisos que são de extrema importância, eu vou dar agora, mas caso tenham duvidas, procurei a professora McGonagall: - MacGonagall consentiu. - Apenas o sexto e sétimo ano participarão da seleção. – Mas uma vez, o salão explodiu em comentários. – Serão escolhidos dez casais das diversas casas. A seleção ocorrerá a portas fechadas entre todos os professores. – Mais comentários. – Esse baile acontece de trinta em trinta anos. Como será o primeiro ano que a escola de Hogwarts participará, eu peço a todos que pensam em se escrever, esse baile não é uma festa comum e qualquer tipo de comportamento contrário às regras que serão entregue aos respectivos casais, será punido perante a escola, dependendo da gravidade, pode ser punido diante do Ministério. – Mais comentários, essa parte, até eu fiquei surpresa. – Peço que todos os interessados, deixem seus nomes até o fim da semana com qualquer professor, obrigado a todos e bom jantar!
- Meu Merlin, tô desistindo de participar! – Soltou Kim.
- Vai ter um monte de velhos chatos que fedem a formol, quanto vocês querem apostar? – Brincou Parvati.
- Ah, mas Minerva disse que pode até ajudar quando sairmos daqui e pretendemos seguir alguma profissão no Ministério.
- Lógico, Deena, usando do puxa saquismo. – Rimos. – Ah, Hermione, é verdade que você recebeu aqueles pássaros da paixão na hora do café? – Joguei um olhar mortal sobre Parvati.
- Eu não disse nada! – Se defendeu.
- Relaxa, não foi ela que nos contou. – Respondeu Kim. – Foi um amigo nosso. – Sorriu sarcasticamente.
- Que amigo?
- Um amigo, ok? Mas é verdade? – Estavam muito animadas para saber minha resposta.
- Recebi, é assustador. – Estremeci.
- Assustador?! É uma coisa muito linda! – Comentou Verônica.
- Não tinha nome algum, tinha um versinho de colocar medo em qualquer pessoa.
- Nada a vê, era bonitinho sim, e não colocava medo algum. – Indagou Parvati.
Mexia levemente no meu prato intocado com a ponta do garfo, ergui meu olhar para as meninas que ainda discutiam sobre aquele maldito pássaro. Às vezes, me pego me perguntando quem teria mandado. Mesmo não demonstrando, estou morta de curiosidade para saber quem seria esse cara. Senti alguma coisa sobre meu ombro, quando vi, eram três folhas de pergaminhos, juntas, na mão de Ron.
- O que é isso? – Me virei para ele.
- Toma. – Jogou nas minhas mãos grosseiramente. – Leia, vê se tá bom. – Deu as costas simplesmente. Vi que ra o relatório quinzenal sobre as rondas.
- Você fez sozinho? – Perguntei fazendo virar-se para mim novamente.
- Lógico, se eu não faço, quem irá fazer? – Estava se dirigindo para fora do salão. Num salto, me levantei segurando as folhas e o segui para fora. Estava sozinho, provavelmente ia voltar para o quarto.
- Ron, espera! – Gritei. Aborrecido, virou-se cruzando os braços.
- O que foi?
- Era para fazermos juntos. – Apontei para as folhas.
- Parecia que você estava bem ocupada para se importar com isso. – Voltou a andar, mas estava determinada de que hoje, aquela conversa que tira minhas noites mais calmas de sono, não passa.
- Era só me procurar que eu largaria tudo e faria com você!
- Hermione, conta outra. – Virou-se para mim, no primeiro lance das escadas principais. – Entre um trabalho que conta na nossa nota e Miguel Córner, você ficaria com a segunda opção.
You took my hand,
Você pegou minha mão,
You showed me how.
Você me mostrou como.
You promised me you'd be around...
Você me prometeu que ficaria por perto...
Uh huh,
Uh huh,
That's right...
Tá certo...
I took your words,
Eu absorvi suas palavras,
And I believed,
E eu acreditei,
In everything you said to me...
Em tudo que você me disse...
Yeah, huh,
É, huh,
That's right
Tá certo...
Era duro ouvir essas palavras. Pessoas me rotulam como se eu não tivesse sentimento algum, como se eu fosse só carcaça.
- Para o seu departamento, eu não tenho absolutamente mais nada com ele.
- Ah, e quem será que Hermione Granger irá passar por cima para conquistar seu próximo alvo?! – Brincou mas eu não achei graça. Isso conseguiu me deixar ainda pior, com a consciência ainda mais pesada.
- Eu não sou isso que você pensa, Ron.
- Você não era. – Me corrigiu e voltou a andar.
Meu coração caiu em pedaços, pude sentir. Por que será, Meu Deus, que sempre que tocam nesse assunto eu me sinto a pior de todas as pessoas da face da terra?! Por que gostam de fazer isso comigo, por que?!
- Eu não sou... – Cada palavra saiu lentamente, para que ninguém escutasse.
- Não era, Hermione, talvez uma concordância verbal esteja errada aí na sua afirmação. – Comentou andando de costas, abrindo os braços e erguendo as duas sobrancelhas. – Não sei, talvez a verdade doa mesmo como dizem.
E o que você vai fazer agora, sua idiota?! Encostar numa parede, ficar chorando feito uma boba porque ouviu de mais daquele que tinha absolutamente todo o direito de fazer isso, senão mais? Pelo amor de Merlin, levante essa cabeça e encare as dificuldades da vida de frente!
- É! - Gritei enxugando o rosto com a manga do sobretudo. – Você tem razão! – Parou ainda de costas para mim. – Eu sou uma depravada, mesmo. Só penso em mim e não meço conseqüência dos meus atos! Se for isso que Ronald Weasley quer, ouvir, me agradeça. – Cruzei os braços e dei um gigantesco suspiro.
Por um momento, o ruivo se privou de qualquer palavra. Insistia em não se virar, em não me encarar. Eu também não estava fazendo a mínima questão de abrir a boca e começar a chuva de insultos e palavras que exprimiam o que eu estava sentindo.
- Eu não queria ouvir, nem queria acreditar. – Balbuciou. – Eu ainda me pergunto se foi alguma coisa que eu te fiz para você agir daquele modo...
If someone said three years from now,
Se alguém dissesse daqui a três anos,
You'd be long gone.
Que você iria embora.
I'd stand up and punch them out!
Eu apagaria todos eles com um soco!
Cause they're all wrong...
Porque eles estariam errados...
I know better,
Eu sei melhor que eles,
Cause you said "forever"...
Porque você disse "para sempre"..
And "ever",
E "sempre",
Who knew...
Quem diria...
- Você não me fez nada. – Respondi prontamente.
Eu sei, a resposta de Ron poderia ser explosiva, poderia ser os piores xingamentos, mas não foi.
- Então, - Virou-se me encarando; existia uma distância de mais ou menos dois metros de nós. Podia ser alguns centímetros, mas ambos queria dois metros, com medo do que estava por vir. – Me responde: por quê? – Não respondi imediatamente, queria dar um jeito de contornar essa situação.
Contornar a situação?! A merda está feita, Hermione, acredite nisso. Você deu seu pescoço laçado na corda para que te enforcassem, agora agüenta as conseqüências sem nenhum tipo de medo.
- Quer a verdade? – Concordou com a cabeça cruzando os braços. – Eu não me achei capaz de conquistar Miguel Córner sozinha, era apenas ele, não via mais ninguém na minha frente, não quis saber se estava namorando, só queria saber dele comigo, para esfregar na cara de todo mundo que aquela Hermione de antigamente morreu e nunca mais irá voltar. – Não respirei para dizer tudo isso.
O surpreendi em dizer tantas verdades ao mesmo tempo. Até fiquei me questionando onde estava meu filtro de palavras?! Não sei se a Hermione nunca mais voltará, só sei que não será a mesma se resolver, um dia aí, se redimir de todos seus erros da atualidade.
- Aquela Hermione de antigamente era que eu confiava, a que eu amava, a que eu considerava a melhor amiga, impossível, mesmo sendo insuportável. Acho que o Harry já te disse isso: se você quiser conquista minha amizade de volta, volte a ser a Hermione de antes.
Eles falam como se fosse algo fácil! A minha vida só tem melhorado depois de ter começado a enxergar o mundo com outros olhos. Se tiver que agradecer tudo que estou conquistando esses últimos meses, tinha que agradecer a minha força de vontade. A velha Hermione, como eles dizem, estaria se arrastando pelos corredores, se enfiando ainda mais nos livros, chorando pelos cantos e sempre abaixando a cabeça para todos.
Nesses últimos meses, não queria saber de lágrimas, queria saber de sorrisos. Encontrei sorrisos numa nova personalidade, por que não?
- Já está feito. – Meus olhos se encheram de lágrimas. Não chore na frente dele, Hermione.
Remember when we were such fools?
Lembra-se quando nós éramos tão bobos?
And so convinced and just too cool?
E tão convencidos e tão, tão legais?
Oh no,
Oh não,
No no...
Não não...
I wish I could touch you again,
Eu queria poder te tocar de novo,
I wish I could still call you friend,
Eu queria poder ainda te chamar de amigo,
I'd give anything.
Eu daria qualquer coisa.
- Acho que não, acho que ainda dá. – Concordou com a cabeça levemente.
- Se você soubesse pelo menos metade do que aconteceu comigo, você – Deixei lágrimas caírem. – pensaria de outro modo. – O ruivo deu uma risada discreta sarcástica.
- O quê? Acordou do outro lado da cama e resolveu ser provocante, maléfica e muito gostosa? – Não tente me divertir, Ron, não irá conseguir.
- Não. Não vou te contar, mas – Cruzei os braços.- não desejaria a dor que eu senti, a ninguém, nem a meu pior inimigo. – Abaixei a cabeça e me pus a chorar. – Prometi a mim mesma que nunca mais ia chorar por isso de novo, mas eu sinto- – Soluçava feito uma criança. – eu me sinto angustiada por dentro!
E mais um balde de verdades que nunca pensei que diria.
– Eu não agüento mais me sentir assim! – Quase gritei. Coloquei as duas mãos no rosto; Meu coração estava apertado de mais para pensar em qualquer coisa. Senti como se meu corpo pendesse para frente e logo, me senti nos braços de Ron, ele tinha me abraçado, ou pelo menos tentado.
- Eu não quero saber o que te deixou assim, mas – Passou a mão levemente nos meus cabelos, encostando seu queixo sobre minha cabeça. – você tem uma vida, e não deve ficar estragando a sua e a dos outros com impulsos que nem você sabe o que vai dar... – Segurei em suas costas, apertando sua jaqueta, chorava ainda mais.
Mesmo sendo um palhaço, um idiota, eu não sei o que seria da vida sem ele. Não dá para imaginar viver sem suas piadinhas, sem suas frases de impacto que, provavelmente, tirou de alguma história em quadrinhos um pouco mais dramática. Era meu porto seguro talvez, era mais amigo do que Harry, era mais companheiro do que Harry. Já que o moreno ainda cava para encontrar o corpo da velha Hermione enterrado dentro de mim.
Talvez Ron seja um pouco diferente, talvez ele encare essa minha nova personalidade como um esmalte: uma camada que pode ser tirada quando eu quiser e nunca irá interferir na cor real da unha.
- Obrigada... – Sussurrei ainda chorando. – Me perdoa, me desculpa! Eu sou uma burra! Eu nunca deveria ter feito nada com você e a Luna, me desculpa! Me desculpe, pelo amor de Deus... Eu não agüento mais viver pensando que você me odeia! – Olhei para ele, parecia que também estava chorando, mas tentou disfarçar ao máximo, tossindo e bocejando. – Fala que me desculpa. – Pedi tentando sorrir.
When someone said count your blessings now,
Quando alguém disse seja agradecido,
For they're long gone.
Para aqueles que já não estão por perto.
I guess I just didn't know how,
Eu acho que eu não sabia como mesmo,
I was all wrong!
Eu estava totalmente errada!
They knew better...
Eles sabiam melhor que eu...
Still you said "forever",
Ainda sim você disse "para sempre",
And "ever".
E "sempre".
Who knew...
Quem diria...
- Sei lá, devo te desculpar? – Me separei no mesmo momento.
- Lógico que não. – Dei as costas, cruzando os braços. – Eu consegui estragar seu namoro com a Luna, eu sei que vocês se amavam de verdade...
- Eu fiz uma pergunta sem fundamentos, eu não quero saber sua opinião! – Virei-me rindo, Ron colocou as mãos no bolso e deu os ombros. – Eu sei que vai ser difícil eu reconquistar a Luna e eu sei que vai difícil ter essa amizade de novo sem pensar nesse acontecimento. – Concordava com a cabeça.
- Eu ajudo. Se eu sou ótima para separar casais, sou melhor ainda para juntar! – Abri um largo sorriso, um sorriso que mandou que eu o fechasse com um simples gesto de mão.
- Não, não, não. É melhor você nem chegar perto. – Colocou o braço sobre meu ombro e nos dirigimos novamente para o Salão Comunal. – Eu vou tentar de algum modo reconquistar aquela cabeça dura... – Riu.
- Eu posso mesmo ajudar, não irei fazer nada de errado! – Queria bancar a boa moça, mas Ron não era burro a ponto de acreditar nisso.
- Pode deixar, Hermione, eu cuido de tudo. – Deu um beijo na minha testa, fazendo eu abrir um sorriso.
- Então, está tudo quase certo entre a gente? – Levemente concordou com a cabeça.
Meu coração acalmou, minhas pernas falharam. Meia tonelada fora das minhas costas, era como estar em êxtase. Uma sensação que sei que não irei sentir antes. O perdão – ou quase isso – era uma das melhores qualidades de um ser humano, por mais que seja vindo do Ron...
Yeah, yeah...
Yeah, yeah...
I'll keep you locked in my head,
Eu te manterei trancado em minha mente,
Until we meet again...
Até nós nos encontrarmos novamente...
Until we-
Até nós-
Until we meet again.
Até nós nos encontrarmos novamente.
And I won't forget you, my friend,
E eu não te esquecerei, meu amigo,
What happened?
O que aconteceu?
- Eu soube que você brigou com o Harry.
- Ele te contou? – Era óbvio.
- Hã, prefere ser um passarinho verde... ? – Ri. – Comentou apenas, não queria tocar muito no assunto.
- Estava chateado? – A pergunta foi instantânea.
Novamente, meu coração começou a bater mais rápido e minha respiração oscilava várias vezes.
- Um pouco, mas por que vocês brigaram?
- Você sabe, a gente não está se dando muito bem esses di-
- Mas se davam. – Me interrompeu. - Dava até inveja de ver como um conseguia completar o outro. – Em passos lentos, íamos nos dirigindo para o Salão. – Está falando com ele?
- Não, acho que caí na real que o coração Harry Potter é, foi e sempre será de Gina Weasley. – Terminei essa frase suspirando.
- Ah! Qual é?! Você acha mesmo que eles vão se casar?! 'Ce bota fé nisso? – Riu. – Imagino a Gina de branco, entrando na igreja, e o Harry lá, feito um pingüim no altar! É quase ridículo! – Voltou a rir. Apenas ri para descontrair e não demonstrar que gostei muito daquele comentário. - Eu sei que você gosta do Harry tanto quanto ele gosta de você.
Fiquei alguns momentos pensando no que o ruivo disse. Se for mesmo verdade, me acalmou ainda mais, se estava fazendo uma brincadeirinha de mau gosto, terá logo, logo, sua vingança. Que seja, me despedi sorrindo e entrando no Salão Principal.
If someone said three years from now,
Se alguém dissesse há três anos atrás,
You'd be long gone,
Que você iria embora,
I'd stand up and punch them out!
Eu me levantaria e socaria todos eles!
Cause they're all wrong and!
Porque eles estariam enganados!
That last kiss,
Aquele último beijo,
I'll cherish.
Que eu apreciarei.
Until we meet again,
Até nós nos encontrarmos novamente,
And time makes it harder...
E o tempo torna tudo mais difícil...
I wish I could remember,
Eu queria poder me lembrar,
But I keep your memory.
Mas eu mantenho sua memória.
You visit me in my sleep...
Você me visita em meus sonhos...
My darling, Who knew?
Meu querido, quem diria?
Uma noite bem dormida, finalmente!
Acordei com um humor de outro mundo, queria dormir como dormi aquela noite, pensando apenas em coisas leves e acordando feliz e despreocupada. Era maravilhosa a sensação de tudo estar começando a dar certo, tudo que fazia, tinha um sorriso nos lábios. Coloquei meu uniforme, alimentei Bichento e desci com meus livros em mãos e minha bolsa no ombro direito. No corredor, encontro com Draco que também descia as escadas, parecendo que não tinha dormindo bem.
- Meu Deus, isso tudo é sono? – Naquele meio tempo que o vi, contei dois bocejos profundos.
- Tive que estudar, acabei eram mais de quatro da manhã. – Colocou uma mão no bolso da calça, e a outra estava segurando sua mochila por cima do ombro.
- Estudando para que? – Perguntou com medo da resposta.
- Poções. Vai ter uma prova para o sétimo ano, não sabia?
- Quando?!
- Na próxima aula, no meu caso, é hoje.
O mapa de horários se fez na minha cabeça, por sorte ou azar, era só quarta, mas era com Snape, o cara que quer me ver ruindo.
– Está preocupada? – Pisquei algumas vezes voltando ao mundo real e limpei a garganta.
- Lógico! Snape tem perseguições contra a Grifinória! Ele vai dar um jeito de ferrar todos nós.
- Mas você é Hermione Granger, o que você não sabe?!
- As últimas matérias dadas, ou melhor, a matéria desde o começo do ano...?
- Irá fazer alguma coisa hoje à noite?
Homens, todos iguais. Enquanto as mulheres ficam se descabelando para poder ter uma vida intelectual no mínimo razoável, eles só pensando naquilo, futebol e mulheres. Como há diferenças entre os dois sexos, escreveria uma tese sobre o assunto se me sobrasse tempo.
- Draco, não tenho um tempo para nós, tenho que estudar as malditas aulas! – Resmunguei.
- Por isso mesmo, eu te ajudo. Eu estou conseguindo entender toda a matéria, eu te explico.
OK, nem todos os homens são iguais.
- Faria isso por mim?
- Lógico, não temos ronda, apenas os alunos da Lufa-Lufa, depois a gente pode achar um tempo para a gente... – Sorriu maliciosamente.
- Ah, claro. – Ri. – Eu vou passar na biblioteca, te vejo depois. – Estávamos nos corredores desérticos de Hogwarts, indo para o Salão Comunal para tomar nossos cafés.
- E meu beijo? – Perguntou um pouco alto.
- Fala baixo! – Adverti indo até ele, ergui as pontas dos pés e lhe dei um beijo rápido. – Até mais tarde. – Sorri.
E meu beijo?! Meu Merlin, e eu ainda dei. Hermione, você está se amarrando a Draco Malfoy, isso não é bom, isso, definitivamente, não é nada bom.
Passei na biblioteca como falei, escolhi um livro de Herbologia que faltava para completar minha aura de estudos. Um ser coberto por livros, andava destrambelhado carregando tudo que podia e não podia. Se não tivesse ido para o lado, aquela pilha que tinha ido ao chão fazendo um grande barulho, ia cair sobre mim.
- Tá tudo bem? – Perguntei segurando meu singelo livro.
O garoto se ergueu, tinha uns vinte livros grossos e velhos em cima de seus braços enquanto carregava.
- É, eu acho- – parou de dizer ao me ver. Limpou a sujeira da roupa e abriu um leve sorriso. Tive a leve impressão de que lembrava daquele rosto, era o amigo de McLaggen, se eu lembrasse seu nome ficaria mais fácil. – Bom dia, Hermione.
- Bom dia, é... – Coloquei uma mão na testa e tentei lembrar seu nome.
- Marcos, Marcos Belby.
- Ah, sim. Me desculpe. – Abaixei para ajudá-lo com os livros.
- Não tem problema. – Sorriu seu jeito. Peguei alguns livros ao meu alcance e coloquei-os em cima da mesa, ao nosso lado.
- Não deve andar com tantos livros assim. – Enfim, terminamos.
- Estou-tou muito ocupado es-esse ano, tem muita-ta matéria. – Desde quando ele gaguejava?
- Ah ok, eu tenho que ir. Toma cuidado da próxima vez. – Sorri, fazendo o garoto sorrir nervosamente de volta. Aquele garoto era estranho. Na porta da biblioteca, encontrei com McGonagall.
- Oh! Bom dia, senhorita Granger. – Sorriu. – Não se esqueça do nosso trato. – Como não esquecer?! Alguma vozinha mental me lembrava de dez em dez segundos.
- Sim, senhora. – Abaixei minha cabeça e, em passos ligeiros, fui até o Salão Comunal.
- Muito bem, agora que sabem utilizar esse tipo de numerologia especificamente egípcia, quero que alguém me explique como eles sabiam os dias exatos de chuva. – Estávamos na nossa aula de Aritmancia, a professora Vector tinha passado uma série de tabelas confusas, oráculos, coisas do tipo para nos popularizarmos mais com os números que os egípcios usavam.
Onde eu ia usar isso na minha vida prática? Alguém aí pode me responder? É essa pergunta que me alucinava quando via as coisas mais bizarras e inúteis em sala de aula. Por exemplo, há aulas de Historia da Magia que não me interessa nem um pouco, e pelo ânimo que todos da sala de aula demonstram, também não há grande utilidade para eles.
- Teoria bem elaborada. Dez pontos para Lufa-Lufa.
A sineta tocou. Todos levantaram num grande barulho aos agradecimentos da professora. No meu horário, Trato das Criaturas Mágicas, e hoje, seria em campo.
- Hermione? – Chamou Parvati rapidamente, indo ao meu encontro já fora da sala. - Criaturas Mágicas? – Concordei com a cabeça. – Ótima, vamos juntas. – Enganchou seu braço no meu e fomos até a entrada da Casa de Hagrid.
Cadê aquele frio do Final de Semana? Estava um sol de verão onde sobretudos, suéteres, gravatas, foram jogados longe pela metade maçante da sala. Hagrid nos aguardava com arco e flecha em mãos e um saco de outras flechas sobre seu grande ombro. Pediu que apenas o seguisse.
- Já pensou com quem irá ao baile? – Perguntou Parvati.
- Não, nem sei se eu irei. – Ajeitei minha bolsa no ombro que insistia em cair.
- Lógico que irá, Hermione! Você sabe muito bem que você será uma das escolhidas! – Riu. Não acreditava na possibilidade.
Paramos numa clareira. Colocamos as bolsas em cima de grandes pedras e arregaçamos as mangas.
- Fiquem aqui, eu irei trazer a nossa aula! – Disse animado, num sorriso largo de orelha a orelha. Sumiu dentre a floresta densa.
- Pensa comigo, já há um casal praticamente escolhido: Harry Potter e Gina Weasley. – Comentou, ressurgindo o assunto.
- É, aqueles dois vão com certeza. – Comentei cruzando os braços, reparei que estava dividindo período com Harry, Ron e McLaggen.
- E quem for o par do McLaggen, também. Ele é o queridinho da McGongall. Quem será que ele irá chamar?
- Não pergunte para mim. – Andei um pouco mais para frente, passando na frente de várias pessoas.
- Ah, vá, vá, vá! Ainda tem dúvidas que ele irá te escolher?! – Quase gritou.
- Pode falar baixo ou quer que todos saibam? – Pedi nervosa. – E não, ele não irá me chamar.
- Oh, lógico, sua modéstia me deprime, Hermione. – Rimos. Hagrid estava trazendo, com muita dificuldade, uma jaula sobre rodas; estava coberta com um pano vermelho. Podia ver que a jaula estava em péssimas condições. Deixou-a na frente de todos, se pos a sua frente e juntou as mãos num ar orgulhoso.
- Bom, para hoje, com exclusividade, nenhum ano teve isso, vocês são os primeiros, trouxe criaturas muito interessantes que não estudamos esse ano! – Ria, parecia estar bem empolgado. – Apenas estudará aqueles que se aprofundarem nos estudos das Criaturas Mágicas, talvez um dia, ainda seja colocado como uma aula muito produtiva. – Deu uma risada sarcástica. Estávamos bem curiosos para ver o que tinha dentro daquela jaula. – Bom, um voluntário! – Ninguém se meteu lá na frente antes de saber o que tinha ali. – Nenhum? Será que terei que chamar alguém? – Todos se entreolharam.
- Por que não mostra primeiro o que tem de baixo do pano, Hagrid? – Perguntou Ron.
- Aí não irá ter graça! – Riu. – Quero um garoto! Vamos! – Ninguém. – Já que se pronunciou, Rony, venha cá. – O ruivo caiu nos ombros, mira de algumas risadinhas e assobios. – Vamos! Venha cá! – O puxou que quase foi ao chão. Cruzei os braços e fiquei num sorriso, apenas rindo das caras e bocas que Ron fazia.
- Hagrid, o que tem- – Sussurrou.
- Relaxe! – O colocou do lado da jaula, dava pequenos passos para o outro lado sem que ele percebesse demonstrando todo o medo que sentia.
- Não vai prestar... – Soltou Parvati para mim.
- Não mesmo. – Respondi rindo.
- Quero que dêem um passo para trás! – Obedecemos. – Essas criaturas não gostam de serem provocadas, então não riam, não olhem com olhares recriminadores, OK? – Concordamos. – Ron, tire a capa.
- Hagrid, eu não estou gostando de nada disso...
- Vamos, homem! Tire a capa! – Ficou ao lado de Harry. Ron respirou fundo e se aproximou lentamente da capa vermelha. – Rápido! – Puxou sem pensar, demos passos para trás pensando que seria um temível dragão, um maldito lobisomem faminto, ou sei lá o que. Mas, era uma Veela, aquelas mulheres extremamente belas que, enfurecidas, viram as piores coisas que um homem desarmado pode encontrar pela frente. Tinha os olhos profundos e pretos, os cabelos morenos e lisos; Estava vestida com uma túnica branca quase transparente, deixando muitos garotos dali de queixo caído. Ela tinha um corpo perfeito de dar inveja, um sorriso malicioso nos lábios e um ar de cansada.
- Acho que muito já viram na Copa Mundial de Quadribol, ou até em livros. São Veelas, alguém pode me explicar o que elas têm de tão especiais? – Enquanto uma garota respondia, conversava com Parvati.
- Mas eu tenho que correr atrás de um par, Hermione, imagina se ninguém me convidar! – Sussurrávamos.
- Parvati, larga de ser idiota, lógico que irão te convidar. E nunca corra atrás de homens, deixem eles correrem atrás de você.
- Ótimo, dez pontos para a Sonserina. – Virou-se para Ron. – Rony, venha cá. – Não pensou duas vezes, correu até Hagrid que estava há alguns metros da jaula. – Você irá provocá-la... – Sussurrou.
- Ah, tá me zuando, né?! – Tossiu. – Desculpe, Hagrid. Mas, essa jaula é mesmo segura?
- Ron, não tenha medo, não se esqueça que têm mais de quinze ótimos bruxos atrás de você! – Sorriu sarcasticamente. – Saque a varinha apenas se sentir ameaçado.
- E como eu provoco essa coisa?
- Oras, é uma mulher como as outras! – Comentou Harry rindo junto com Simas e Dino que só riam das caras que Ron fazia.
- Não se engane com uma beleza de uma Veela, ela pode virar seu pior pesadelo! – Disse Hagrid fechando a boca de alunos que pareciam em transe com a beleza da criatura.
- Er- você, moça. – Começou Ron. – Você fala?
- Falo, idiota. – Todos riram.
- Sabe porque está presa? – Ela se aproximou das grades onde segurou levemente, abriu um pequeno sorriso e o chamou para perto.
- Se você me soltar, posso te fazer o homem mais feliz de todos os reinos! Imagina só, não se encontra Veelas assim como eu... – Fazia o tipo sedutora, deixando muitos meninos loucos atrás de Hagrid.
- Você não faz o meu tipo, dona. Sabe, eu prefiro "mulheres".
- Isso, Ron, continue... – Sussurrou Hagrid.
- O que quer dizer com isso? – Voltou mais para dentro da jaula, cruzou os braços e respirou fundo.
- Nem sei como homens caem aos seus pés, você é... esquisita.
- Nossa, depois dessa... – Comentou Parvati.
- O Ron sabe irritar uma mulher como nenhum outro sabe! – Ri.
- Não tem um corpo de mulher, parece uma- – fazia gestos com a mão. – sei lá! Mas você é totalmente esquisita, já viu o seu cabelo, precisa de algum poção que hidrate logo! Tem meninas aqui que ganham de dez a zero em você! – Ron se encontrava a um metro e meio da jaula. De repente, a Veela tinha se transformado na criatura mais feia que tinham visto, suas garras tinham atravessado os vãos das grades e foi ao encontro de Ron, que caiu para trás se arrastando sacando a varinha.
- DEGRAÇADO! COMO OUÇA FALAR ASSIM DE MIM?!! – Sua voz também tinha mudado. Todos tinham levado um grande susto, Ron tinha sido colocado de pé com a ajuda de Hagrid, apertando sua varinha contra a mão com toda a força que tinha. – SEUS DESGRAÇADOS! ME TIREM DAQUI!!
- Estão vendo, essa é uma transformação de uma Veela. Tem um gênio difícil e- – Comentou Hagrid, dando as costas para a criatura, acho que foi a pior burrada que tinha feito na vida. De algum modo, o seu braço tinha alcançado o tamanho assustadoramente e estrategicamente para pegar na roupa velha de Hagrid e o jogá-lo contra as grades, entortando-as muitas delas.
Quase todos os alunos começaram a correr, gritando, pedindo ajuda. Ficaram apenas eu, Harry, Ron e Neville. Batia Hagrid constantes vezes contra as grades. Sacamos nossas varinhas se tentamos nos aproximar, mas quando estávamos a meio metro de Hagrid, ela o tacou longe, fazendo cair no chão desacordado. As grades estavam retorcidas, apenas um pequeno esforço de até um humano quebraria aquilo em pedaços.
- NÃO SE MEXA! – Ameaçou Harry, o grande herói da história. Ron e Neville correram até Hagrid para ver se ainda estava respirando. Quem disse que a criatura estava dando ouvidos as ordens de Harry?
Com seu bico enorme, arrancou sua roupa e rompeu as suas asas, formando asas de morcegos gigantes. Era assustador.
- HARRY! NÃO DEIXA ELA VOAR! – Gritei. Ela deu um uivo muito alto, fazendo com que todos tampassem os ouvidos.
- ESTUPORE! – Gritou Harry, mas foi em vão. Quase acertou Ron que tentava reanimar o gigante. Sem pensamento pré-formados em minha cabeça, pulei nas costas daquela criatura; Ela se debatia intensamente.
- AGORA, HARRY! – As asas estavam cortando minhas mãos, meus pés estavam escorregando de suas pernas curvas.
- ESTUPORE! – Gritou novamente, desta vez, atingiu seu peito. Ameaçou levantar vôo, bateu uma das asas em Harry fazendo ele ser arremessado contra uma árvore, mas com meu peso nas suas costas e totalmente desequilibrada, caiu no chão, numa queda de três metros, e eu fui junto, rolando alguns metros longe dela.
Parecia que não sentia minhas mãos. Hagrid ainda estava caído, Neville tentava o animar, até que senti a mão de Ron sobre meu ombro. Não consegui mover minhas mãos, abri os olhos lentamente e vi que o meu sangue estava se esvaindo pelos profundos cortes que tinham na palma delas.
- Hermione, fala comigo! – Pedia Ron, podia ouvi-lo perfeitamente, mas não consegui respondê-lo. Minha visão começou a ficar embaçada. – Hermione!
Abri os olhos deparando com o teto com manchas profundas de bolor. Provavelmente, era a enfermaria. Movi minha cabeça que doía um pouco para meu lado direito, não via ninguém. No meu lado esquerdo, um corpo esticado na cama ao lado. Tentei me levantar, era de noite, quase certeza. Será que fiquei desacordada todo esse tempo?
Sentei na cama, ainda estava com meu uniforme sujo respingado sangue, tinha cortes pelas pernas rasgando minha meia. Minhas mãos estavam enfaixadas e pareciam adormecidas. Um espelho, ao lado da cama, foi uma coisa de grande utilidade. O peguei e vi meu rosto, apenas um corte na boca e um arranhão na bochecha, nada de tão grave. Minhas mãos que estavam esquisitas. Olhei a cama do lado e era Harry, estava com um machucado em sua testa, coberto por um curativo, alguns arranhões no rosto e o braço direito enfaixado.
Maldita veela. Coloquei uma mão na cabeça e fechei os olhos por um instante. Flashes da cena passavam pela minha cabeça como um filme, foi terrível.
- Oh! Senhorita Granger! – Disse Madame Pomfrey entrando a enfermaria com uma bandeja de remédios. – Como está se sentindo?
- Minhas mãos, elas estão- – Olhei para elas.
- Foram cortes profundos, tivemos que, além de usar o feitiço mais poderoso de cauterização, usar uma solução de ervas que deixa o local levemente adormecido. Pode ver que amanhã essa sensação estranha passará, querida. – Consenti com a cabeça.
- E ele? – Perguntei olhando Harry.
- O senhor Potter levou um grande choque, irá demorar em acordar.
- Mas está tudo bem, não é?
- Na medida do possível.
- E o Hagrid?
- Na sua casa, está bem melhor. Acabo de levar seus remédios, ele é bem grande para ficar mau por qualquer coisa! – Qualquer coisa? Ele foi arremessado há cinco metros de distância depois de bater contra grades de ferros por mais de cinco vezes. – Se quiser ir para seu quarto, pode ir. – Estava organizando algumas poções no seu armário.
- Vou ficar alguns minutos com ele.
- À vontade. – Depois de terminar, saiu da enfermaria fechando a porta. Desci da cama, coloquei minha sapatilha e olhei no relógio, eram sete horas, acho que ainda conseguia estudar com Draco. Fui até a sua cama num leve sorriso.
Os óculos em cima da mesinha ao lado, alguns remédios para que não esqueça de tomar lhe fazendo companhia, parecia que ia ficar naquela cama durante um tempo. Com as pontas dos dedos, a única coisa que sentia, toquei sua mão.
- Sai de perto dele, Granger! – Ordenou Gina, entrando por aquela porta explodindo de raiva. – O que você pensa que está fazendo aqui?
- Se você não sabe, fomos atacados por uma Veela idiota, e parece que você não estava lá para salvar seu amor, então – Sorri maliciosamente. – eu fiz isso para você, querida. – Gina me matava com os olhos, podia sentir isso. Deu uma respiração fina e tirou minha mão de cima da de Harry.
- Eu não preciso da sua ajuda para cuidar do meu namorado.
- Pode deixar, a Madame Pomfrey já fez tudo. – Estávamos uma de frente para outra, no meio, desacordado e indefeso, a causa, motivo, razão e circunstância de nossos atritos.
- Se eu souber que você encostou um dedo nele, eu juro que-
- Eu não sou uma depravada feita você. – A interrompi e dei motivos para não continuar.
- Eu juro que acabo com você.
- Pode vir, querida. Eu não tenho medo de você. – Parecia que ia avançar em cima de mim naquele momento.
- Digo isso, porque eu acho que você mandou alguém falar para mim que você teve a audácia de dançar com meu namorado na sua festa de aniversário. – Ri.
- É meu melhor amigo, eu tive que dançar com ele. – Cruzei os braços.
- Eu sei das suas intenções em relação ao Harry, eu sei que não são as melhores.
- Quando ele souber quem é você de verdade, não serei eu que estarei com as piores intenções. – Fui até a porta. – Olha, eu tomava cuidado.
- Por que? – Não estava olhando para mim.
- Tem gente de mais de olho nesse seu namorado. – Sai da sala com um sorriso em lábios.
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