Ruindo aos Poucos




Capítulo Dezesseis
Ruindo aos Poucos


Dor de cabeça. A primeira coisa em mente depois de abrir os olhos com um leve ardor por causa das cortinas escancaradas. Sentei na cama, nem estava coberta, nem o vestido da festa de ontem tinha sido trocado. Não lembro nem como eu vim parar aqui. Passei uma mão no meu rosto que estava gelado. O outono começaria daqui a alguns dias. Aquela bebida me equalizou, só pode ser.

Tentei ficar em pé, mas estava com meus pés vermelhos e machucados. Aquela maldita sandália, devia ter pensado nisso quando a comprei. Sentei na cama observando todo o quarto. Leves flashs de memória começavam a aparecer. Uma coisa estava bem clara: a minha pequena conversa com Harry Potter, aquele que, provavelmente, não irei mais sonhar, não irei mais fazer planos e muito menos, irei um dia tentar conquistá-lo.

Conte outra, Hermione. O que eu falei, não tem volta. Eu disse o que estava sentindo no momento; levando em compensação que desventuras de bêbados não devem ser colocadas em biografias trágicas. Eu tinha que dar um jeito na minha vida.

Liguei a torneira da banheira. Tomei um banho de exatamente uma hora. Afundei minha cabeça naquela água morna para ver se meus neurônios funcionavam com estímulos quentes. Coloquei a primeira roupa que vi. Prendi o cabelo e fui para o almoço, estava sem fome, só com muita sede. Em passos lentos, fiquei pensando naquilo que ainda estava abalando meu ego.

- Senhorita Hermione? – Reconheci aquela voz, era McGonagall. Tudo que eu precisava, era isso, como os céus adivinharam que tudo o que uma garota de ressaca, com problemas amorosos precisa nesse momento?! – Quero a senhorita na minha sala depois do almoço.

- Sim, senhora. – Pra que discutir? Agora, sem pensar muito, corri até o Salão Principal. Os olhares reguladores, represados e invejosos eram todos sob mim. Alguns comentários idiotas que eu fazia o favor de não escutar. Passei pelo lado de Harry, que trocava caricias com Gina. Não o olhei, não olhe e nunca irá olhar até se sentar no seu lugar.

- Pensei que ia ficar na cama o dia inteiro. – Comentou Deena sem tirar os olhos do Profeta Diário.

- Bem que eu queria. – Soltei quase num sussurro. Desci um copo inteiro de suco pela minha garganta.

- Todos estão comentando da festa, até aqueles que não foram. – Alertou Kim num sussurro.

- Se era essa repercussão que queria, conseguiu. – Comentou de mau gosto, Verônica.

- Era isso mesmo que eu queria, satisfeitas? – Abri os braços e soltei o ar que prendia.

- Mas mesmo assim, foi a melhor festa que teve. – Riu Parvati junto com as outras, se eu risse, minha cabeça poderia explodir.

- Miguel já voltou do treino? – Perguntei depois de uma rápida olhada por todo o salão e nem um sinal dele e seus amigos.

- Não sei, ele foi treinar? – Virei os olhos. Bebi mais um copo de suco de abóbora.

- Com licença, Hermione. – Virei lentamente, aquela voz era familiar. Oh não, era Colin Creevey, o jornalista investigador de Hogwarts, como ele mesmo se chamava.

- O que você quer, Colin? – Perguntei voltando a olhar a mesa.

- Um depoimento teu. – Estava com sua máquina em mãos, um sorriso de orelha a orelha e uma novíssima pena de repetição rápida sobre sua cabeça, esperando apenas que eu começasse a xingá-lo por ser tão impertinente.

- Sobre o quê? – Como se ainda houvesse duvidas.

- Sobre ontem. – Sentou-se ao meu lado, maldito lugar desocupado por uma alma mais caridosa do que a de Colin Creevey.

- E o que você quer saber sobre ontem? – Aquilo estava me deixando sem paciência.

- Estão dizendo que foi uma das melhores festas que Hogwarts já teve!

- Ah, lógico. – Sorri falsamente. – Colin, eu tenho mais o que fazer, some daqui.

- Mas, Hogwarts que não foi convidada para sua grandiosa festa de aniversário quer saber o que aconteceu. – Grandiosa festa de aniversário? Se é que se pode chamar de grandiosa uma festa que: foi planejada praticamente em cima da hora, tinha umas oitenta pessoas, um som não muito bom e um open bar para que todos fiquem bêbados.

- Pensa numa coisa: Você acha mesmo que seu quisesse que essa – Pensei na palavra enquanto jogava um olhar para Parvati. – 'metade' de Hogwarts soubesse de tudo, eu teria convidado?

- Isso daria primeira página!

- Que dê primeira, segunda, a última! Não me interessa. Você quer mesmo ferrar eu e todo mundo que esteve lá? Se isso cai nas mãos de McGonagall...

- Mas estão contando uma história, e eu queria confirmar se era verdade. – Minha expressão tinha mudado, olhei em alerta a todas que prestavam atenção naquela conversa.

- Quem está contando?

- Um bom jornalista nunca revela suas fontes. – Peguei na gola da sua camisa extremamente de mau gosto e o trouxe lentamente para perto.

- Você não é bom jornalista, nem aqui, nem no inferno. – O menino entrava em pânico. - É melhor você falar antes que sobre para você... – Ameacei.

- Eu conto! Eu conto! – O soltei e cruzei os braços, esperando uma resposta digna que poupe sua tão zelosa vida. – Fibby Scott. – Naquela hora, senti meu sangue quase entrar em ebulição. Apertei os punhos e me virei para todas que estavam pasmas.

- Eu não posso acreditar que aquela idiota teve... – Começou a dizer Parvati, mas eu a interrompi com um gesto de mão.

- Colin, se você estiver mentindo...

- Estou falando a verdade! Já vi um jornalista mentir?!

- Jornalista não, mas você... – Apoiei o queixo nas mãos, por sua vez apoiadas sobre os cotovelos na mesa. – Desgraçada, ela vai se ver comigo...

- Eu posso anotar isso? – Apenas joguei um olhar mortal sobre aquele moleque que saiu em passos rápidos se desculpando.

- O que será que ela espalhou? – Perguntou Deena ajeitando seus óculos no rosto.

- Boa coisa que não é, você sabe como aquelas desgraçadas querem ferrar a Hermione. – Comentou Verônica sabiamente. – O que você vai fazer, Hermione?

- Não sei. – Me levantei. – Depois eu penso nisso, tenho que ver a McGonagall agora.

- Por que? – Perguntou Kim num salto em sua voz.

- Vou saber agora. – Coloquei as duas mãos nos bolsos da minha blusa e, em passos largos, sai do Salão.

***


Antes de bater na porta, ela se abriu e uma voz de lá de dentro pediu que eu entrasse. Isso congelou meu estômago. Sensação completamente estranha. Nunca tive tanto medo com uma conversa com McGonagall como estou tendo agora. Tirou seus pequenos óculos e apontou para a cadeira na frente de sua mesa. Fechei a porta respirando fundo.

- Sente-se, Senhorita Hermione. – Pediu arrumando alguns pergaminhos em cima de sua mesa, pelo que vi, eram algumas provas, algumas anotações.

- A senhora queria falar comigo?

- Sim, Senhorita – Juntou as mãos apoiando-as na mesa, inclinou-se em cima da mesma e me olhou como nunca tinha olhado. Lá vem a minha crucificação. – Quero saber o que está acontecendo.

- Do que a senhora falando? – Perguntei depois de alguns segundos, num tom de voz que nem saia direito.

- Essa – Pegou um pergaminho e me entregou – é a sua prova de História da Magia. – Ah, agora fudeu. – Está em branco. O que aconteceu com a senhorita nos quarenta minutos para preencher essas questões? – Não tinha o que responder, olhava estática para aquele pedaço de pergaminho como se meu futuro se resumia àquilo. – Então?

- Eu-eu – gaguejei, coloquei lentamente a prova em cima da mesa novamente e olhei para a professora. – eu não sabia.

- Não sabia? As respostas estavam no próprio texto! A senhorita foi a pior de todas as turmas! Eu não posso imaginar que uma aluna tão boa consiga ter um deslize desse!

- Professora, eu...

- E não foi só por isso que estou aqui conversando com a senhorita, a senhorita faltou dois dias consecutivos sem dar nenhuma explicação! Perdeu duas provas, um trabalho para ser entregue e matéria pesada! Está no seu último ano, como pode agir desse jeito?! – Dizia como eu fosse a culpada por todos os acontecimentos globais. – Por que faltou esses dias?

- Estava com muita dor de cabeça, estava insuportá-

- E por que não foi a enfermaria? – Por que ela conseguia ter resposta para tudo?!

- Eu achei que-

- Achou? Se fosse algo mais grave? – Calei-me. - E também tenho uma advertência do Professor Snape que te colocou para fora da classe.

- Ah, essa aí eu não tive culpa! – Me defendi rapidamente.

- Como não teve culpa? – Pegou o papel e colocou seus óculos novamente. – Aqui está dizendo que a senhorita desobedeceu a uma de suas ordens que já tinham sido colocadas no mesmo dia.

- Que ordens?! Ele nem teve tempo de dar suas ordens, olhou para mim e mandou que eu fosse para fora!

- Um Professor que leciona em Hogwarts nunca faria uma coisa dessas, senhorita Hermione, está muito enganada da conduta do Senhor Snape.

- Enganada? Todos estavam lá para provar isso.

- E depois disso, não voltou para nenhuma das aulas, mesmo sabendo que Poções era apenas o primeiro período. – Pegou alguns papeis dentro de sua gaveta. – Aqui também tem algumas aulas que a senhorita chegou atrasada, outra que simplesmente não compareceu... – O mundo começou a anotar cada respirada mais rápida que Hermione Granger dava. – Apenas me responda: o que está acontecendo com a Senhorita? – Respirei fundo.

- Eu...

- Achava que esses quatro meses tivessem sido suficientes para a senhorita superar a perda dos seus pais.

- Não me venha colocar a culpa neles e nem na minha capacidade de superação. – Falei de mais. McGonagall me olhava incrédula, tinha dito tudo muito rápido, num tom exagerado e nervoso, eu disse de mais, eu disse de mais para a pessoa completamente errada.

- Senhorita Granger, eu só quero que entenda uma coisa: isso é uma escola, há regras e pretendemos segui-las rigorosamente, queremos que nossos alunos sejam os melhores. – Inclinou-se ainda mais na sua mesa. – Eu quero que a senhorita volte a ser como era antes, ficou bem claro? – As últimas palavras foram ditas articuladamente. – Para isso... - Mudou seu tom de voz, aquilo já me preocupava. – terá que comparecer obrigatoriamente nas aulas vespertinas.

- Mas eu-

- Não há "mas". Agora, se me der licença, vou escrever um comunicado aos professores sobre essa nova regra. – Queria mandá-la para o outro mundo. Queria pular em cima daquela mesa e estrangular aquele pescoço enrugado até dizer chega.

Sai da sala batendo a porta, mais um motivo para alguns dias a mais naquelas aulas vespertinas. Estava um pouco desorientada não sabia se ia até as meninas, falar tudo que estava engasgado sobre aquela velha ou ia para meu quarto bater a cabeça na parede mil vezes para deixar de ser um pouco lesa.

Nem um nem outro, fui até o jardim. Tinha que colocar meus pensamentos em ordem, como poderia pensar em tantas coisas ao mesmo tempo?! Fui vítima de olhares, brincadeiras, mas nem estava ligando. Minha cabeça estava em outro mundo, estava vendo aquele mundo que meus pés estavam grudados, ruir aos poucos.

***


Estava começando a ficar com uma dor nas costas incalculável. Sentada num dos bancos do jardim, o único com vista para a casa de Hagrid, o lago, a floresta, o horizonte. Queria paz, mas paz é uma coisa que não encontraria em qualquer lugar. Acho que apenas quando eu morrer.

- Hermione? – Chamou aquela voz. – Pensei que ia descansar no seu sábado.

- Descansar? Eu tenho cara de quem descansa? – Disse para Miguel, aquele que tinha sentado ao meu lado e me dado um beijo na bochecha.

- Aconteceu alguma coisa? Está...

- Não aconteceu nada. – Respondi rapidamente. Encarou o horizonte, reparei olhando de canto de olho num leve sorriso no rosto.

- Tenho treino a noite, quer ir? – Olhei completamente confusa.

- Seu treino não era hoje de manhã? – Perguntei cruzando os braços.

- Era. Disse bem, mas mudaram para de noite porque a Corvinal se apossou do campo. – Riu. – Você vai, né? – Cai nos ombros, fiz uma expressão que já dizia minha resposta. – Ah, vai. – Pediu me dando um leve beijo na bochecha e me abraçando.

- Miguel, eu abomino quadribol. – Me soltei.

- Eu nunca te peço nada, tô te pedindo apenas para fazer companhia lá no treino.

- Companhia? Você me deixa lá sentada, vendo você voar com seus amigos, você sabe muito bem que eu detesto tudo isso. – Cruzei os braços.

- Hermione, acho que seria o mínimo para você fazer por mim.

- Você tá pensando no que você tá falando? – Perguntei rolando os olhos.

- Toda vez que eu peço algo para você, você não vê meu lado, só vê o seu.

- Está agindo como uma perfeita criança. – Me levantei.

- Não estou agindo como uma criança. – Francamente, você já encheu. – Hermione-

- Olha, Quadribol sempre estará uma casta acima para você. – Cruzei os braços e lhe dei as costas.

- Do que está falando?! – Levantou-se também demonstrando aborrecimento em seu tom de voz. – Será que é muito pedir alguns minutos da vida da minha namorada?!

- Desde quando eu fui a sua namorada?! – Virei-me abrindo os braços. – Você me tratou como um troféu, pensa que eu não sei, um troféu de Quadribol, por exemplo. – Coloquei uma mão no queixo, voltei a dar as costas.

- Hermione! – Seguiu-me.

- Acabou, Miguel. – Foi o que disse quando apenas virei meu rosto. Seu olhar de pânico tinha encontrado com meu olhar calmo, respirei rapidamente olhando desde a ponta do seu cabelo até o seu tênis.

- O- - Seu queixo caiu. - quê?! – Perguntou quando já estava a quase cinco metros de distância.

- Você ouviu bem! Está tudo acabado! – Não me virei. Cultivava um leve sorriso no meu rosto.

- Espera. – Não tinha notado o quanto ele foi rápido, agora estava segurando em meu braço, colando seu corpo no meu, tentava me soltar, mas ele era mais forte. – Não pode terminar assim, Hermione. – Estava furioso, apenas pelo seu tom de voz, dava para notar.

- Está tudo acabado, Miguel, se é que tinha alguma coisa entre nós. – Me soltei brutalmente. Entrei no castelo, como aquele garoto era persististe.

- HERMIONE! – Gritou.

- Cai fora, Córner! – Gritei no mesmo tom, chamando a atenção de muitos.

Continuei andando mais aliviada, tinha tirado um peso das minhas costas. Um leve sorriso maroto no rosto e uma música dentro da minha cabeça marcada com os dedos e meus lábios.

***


Subi a torre do dormitório feminino da Grifinória. Tinha que contar essa novidade para alguém. Abri a porta, algumas garotas que estavam organizando suas coisas, pararam, e me olharam como se o presidente dos Estados Unidos tivesse atravessado aquela porta. Lá, encontrei Kim. Estava sozinha, lendo um pequeno livro, uma coisa rara de se ver.

- Terminei. – Disse eu num sorriso largo, me sentando a sua frente. Abaixou o livro, levantou uma sobrancelha e riu.

- Terminou o quê, criatura? – Voltou a ler.

- Terminei com o Miguel, não estamos mais namorando. – Sua expressão tinha mudado. Lentamente, ergueu seu olhar para mim e deixou seu queixo cair. – Fala alguma coisa! – Pedi rindo.

- Não entendi direito... – Soltou fracamente ainda pasma.

- Ah, estou muito melhor. – Deitei na cama rindo, colocando as duas mãos no rosto.

- Muito melhor?!! VOCÊ TEM IDÉIA DO QUE VOCÊ FEZ, GAROTA?! – Gritou deixando o livro voar no chão.

- Eu não agüentava mais. Miguel não é aquele namorado que eu pensei que era. – Voltei a me sentar pegando o seu livro do chão e o colocando na cama.

- Miguel Córner é, pelo menos, o sonho de consumo de mais da metade da população feminina dessa escola! Você tem noção que você acabou de liberar esse cara para ele cair nas garras de qualquer franga por aí?! – Ri.

- Dane-se. – Ri de novo. Kim meneou com a cabeça, se acalmando finalmente. Encostou-se nos travesseiros e cruzou os braços.

- E agora, quem é o próximo alvo de Hermione Granger? – Mordi o lábio inferior com um sorriso sarcástico nos lábios.


~~

Atrasadaaaaaaaaaaaa! Ai meu Deuuus..! Era pra postar esse capitulo no fds.. Mas eu acho que eu esqueciii :D:D:D Não me mateem!!! E por falar nisso... aki eh a Naah.. a Juuoh não pode postar esse final de semana e me obrigou a postar pra ela..! Eu soh atrasei um pokinhoo..! :D:D:D pouca coisa...! Chega de bla bla bal neh!? Obrigada a todas as pessoas q lêem, comentam e votam.. AMAMOS VCS!!! Beijooos amoores... e ateh a próxima att!!! ;D

Naah e Juuoh.

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