Fênix- Capítulo único



Eu,
prisioneiro meu
descobri no breu
uma constelação

Harry Potter estava deitado em sua cama na Rua dos Alfeneiros. Contemplava o céu muito estrelado e seus pensamentos iam muito longe. Pensava nos acontecimentos dos últimos anos. A pedra filosofal, o basilisco na câmara secreta, o resgate de Sírius, o Torneio Tribruxo, a morte de Cedrico, a volta de Voldemort, o duelo no ministério, a morte de Sírius, a morte de Dumbledore... Tantas aventuras, tantas feridas não cicatrizadas... Harry sentia uma dor imensa em seu coração. Como pudera deixar que isso tudo acontecesse? Como deixara as pessoas que ele mais amava se sacrificarem por ele? Seus pais, Sírius, Dumbledore... Ele não podia deixar que as coisas continuassem assim. Precisava acabar com Voldemort. Sabia que contava com a ajuda de seus melhores amigos: Rony e Hermione. Ah, Hermione... Aquela garotinha mandona que sempre ajudava ele e Rony em todas as encrencas. Aquela garota que sempre esteve com ele em todos os momentos. Que por tantas vezes arriscou sua própria vida para salvá-lo.

Céus,
conheci os céus
pelos olhos seus
Véu de contemplação

Os olhos castanhos de sua “melhor amiga”... Ele não conseguia esquecer aqueles olhos. Aqueles olhos nos quais por tantas vezes vira alegria, tristeza, fúria, medo... Aqueles olhos que povoavam seus sonhos nas últimas semanas. Apenas aqueles olhos eram capazes de acalmá-lo, confortá-lo, dar-lhe força e coragem mesmo nas horas mais difíceis.

Deus,
condenado eu fui
a forjar o amor
no aço do rancor
e a transpor as leis
mesquinhas dos mortais

Gina... A ruivinha por quem ele fora tão apaixonado... Fora? Harry estava confuso. Não sabia se ainda amava Gina. Ele sequer sabia se o que sentira por ela tinha sido realmente amor... Talvez uma grande paixão, mas amor? Ele não estava certo disso. Ele sentia um grande carinho por ela, mas sentia que não era amor. Nos últimos dias percebera que seu sentimento por Hermione era mil vezes mais profundo do que o que sentia por Gina. Ele não poderia estar apaixonado por Hermione não é mesmo? Ela era sua melhor amiga. Não poderia amar ninguém. Não conseguiria suportar a perda de mais nenhum amigo. Deveria apagar esse sentimento que lhe queimava por dentro, mesmo que fosse como disse Gina “por algum motivo nobre idiota”.

Vou,
entre a redenção
e o esplendor
de por você viver

Sim,
quis sair de mim
esquecer quem sou
e respirar por ti
e assim transpor as leis
mesquinhas dos mortais

Ele não tinha certeza do que iria fazer. Sequer sabia se tinha alguma chance contra Voldemort... Sua única arma contra Voldemort era o amor... Mas ele não tinha idéia de como um sentimento poderia salvá-lo do bruxo mais cruel que já existira. Às vezes ele sentia vontade de desistir. De jogar tudo isso para o alto. Queria ser um adolescente normal. Por que Voldemort o havia escolhido? Por que não Neville? As mesmas perguntas que ele se fizera no Expresso de Hogwarts há quase um ano atrás voltaram a sua cabeça. Será que se a escolha de Voldemort fosse outra Harry estaria ainda com seus pais? Será que agora Dumbledore estaria vivo? Será que Neville teria se salvado? Se havia essa possibilidade por que ele não escolhera o outro? Ele não agüentava mais essa responsabilidade. Queria simplesmente sumir. Mas se Harry desistisse os trouxas teriam alguma chance? Os bruxos que não eram de sangue-puro sobreviveriam? Hermione sobreviveria? Ao pensar nisso Harry sentiu um arrepio. Precisava acabar com Voldemort. Não poderia deixar que aquele monstro fizesse nenhum mal aos seus amigos. Não poderia deixar que ele fizesse nenhum mal a Mione. Precisava viver. Pelo menos até acabar com Voldemort. Daria tudo para salvar seus amigos. Daria sua vida para salvar Hermione.

Agoniza virgem Fênix (O amor)
entre cinzas, arco-íris e esplendor
por viver às juras de satisfazer
o ego mortal

Coisa pequenina,
centelha divina,
renasceu das cinzas
Onde foi ruína
pássaro ferido
hoje é paraíso

Hermione não era mais aquela garotinha de 7 anos atrás. Ela era agora uma linda mulher. Quando estava com ela Harry sentia-se como se guardasse um tesouro. Ela parecia tão frágil. Como se fosse um cristal raro que poderia quebrar ao mais suave toque. Mas ele sabia que não era assim. Por trás daquela aparência frágil e delicada se escondia uma garota muito forte e decidida. Sem ela, Harry tinha certeza que não estaria ali.

Luz da minha vida,
pedra de alquimia
Tudo o que eu queria
Renascer das cinzas
Quando o frio vem
nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
a luz da escuridão
e a dor revela a mais
esplêndida emoção
O amor

E ao pensar no quanto Hermione era importante p/ ele, Harry finalmente entendeu o que seu coração lhe dizia desde o dia em que Hermione entrou naquela cabine do Expresso de Hogwarts. Era aquela menina, aquela mulher que era capaz de dar-lhe força quando ele caía, trazer-lhe de volta a terra quando ele exagerava em seus devaneios, levar-lhe ao céu quando tocava-lhe, iluminava o seu caminho mesmo nas noites mais escuras, era aquela garota que ele queria que estivesse ao seu lado para o resto de sua vida. Ela era a única que poderia estar ao seu lado nesse momento tão difícil. Era Hermione que poderia lhe dar a força que ele precisava para vencer Voldemort: A força do amor. Antes de fechar os olhos Harry pôde ver uma estrela cadente riscar o céu, mas não fez pedido. Fechou os olhos sorrindo enquanto pensava que não precisava fazer pedido: Hermione já era realidade.

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