Lithium - Parte I




LITHIUM
(Songfic)
Evanescence - Lithium

"Lítio - Não quero me trancar por dentro

Lítio - Não quero esquecer como é ficar sem

Lítio - Quero permanecer apaixonada pela minha tristeza

Oh mas Deus, eu quero me libertar"

- Olha só Rony! é o Victor Krum! - Gina meteu o profeta diário na cara do

irmão. Na foto, a imagem do jogador que se exibia no meio de um campo

de quadribol. - Harry fez uma cara de desaprovação à Gina.

Esta manhã, os três amigos tomavam café juntos no salão principal. Rony

ao lado de Harry e Gina do outro lado da enorme mesa da Grifinória. Era

estranho, mas o grande salão, local de agitação e euforia dos alunos pelas

manhãs, estava quase vazio,não fosse um pequeno grupo de alunos que

comiam sonolentos, forçando os olhos semi-cerrados a percorrerem curiosos o

profeta diário em busca de alguma novidade. Algumas corujas traziam os

jornais, outras se acomodavam sobre as mesas vazias para desfrutar

dos cereais sobre a mesa.

- E o que tem demais? Ele não passa de um exibido! - Rony fechou a cara,

dando um empurrão no jornal. Harry se segurou para não rir e Gina olhou

perplexa a reação do irmão.

- O que há com você? - A garota se enfureceu e levantou-se, levando a

mochila.

Harry estava mais vermelho que os cabelos de Rony, e quando o amigo se

virou pra ele, levantou-se e também pegou a mochila.

- Ei, Rony... Eu tenho que ir agora, hoje tem treino. - Dito isso, Harry

terminou de beber o suco de abóbora, limpou a boca na manga do casaco e

saiu. - Nos vemos mais tarde.

Rony olhou sem saber o que dizer. E deixou escapar um "até mais". Era

estranho essa atitude do amigo. Sempre ia aos treinos de Harry, e ele sabia

perfeitamente que Rony tinha o dia livre. "Por que será que ele saiu assim?"

Então Rony voltou a atenção para o prato de cereal, pegou um na mão e

atirou em uma das corujas na mesa ao lado. As aves voaram desesperadas.

Rony fechou a cara. Enquanto Gina saía, foi surpreendida ao ser chamada.

Harry vinha no final do corredor.

- Gina, espera. - Harry tentava alcançá-la.

- Hã? O que houve, Harry? - Gina se virou para encarar o garoto. O rosto

muito próximo. Corou de leve.

- Queria te pedir que não falasse mais do Victor Krum para o Rony... -

Harry se sentiu idiota.

- Ma-mas como assim? - Gina afastou-se um pouco do garoto pois estavam

muito próximos.

- Você sabe que o Victor e a Hermione... - Harry corou. - Bem... O seu

irmão se sente mal com essa história toda. - Gina ouviu atenta, olhando nos

olhos de Harry.

- Mas era ele mesmo que vivia falando no Victor. Victor Krum pra lá, Victor

Krum pra cá. Tinha até postêres e uma miniatura do "Vitinho" - Gina abafou

a risada.

- Tudo bem, Gina. Só não pega muito no pé dele. - Harry continuou a olhar

a garota, mais vermelho que antes. Gina sorriu.

"Venha pra cama, não me deixe dormir sozinha

Não pude esconder o vazio que você mostrou

Nunca quis que isso fosse tão frio

Apenas não bebeu o bastante para dizer que me ama"

O salão comunal na grifinória estava no mais perfeito ar de tranquilidade e

harmonia. Dois alunos do primeiro ano estudavam na mesa ao lado da

lareira. A grande lareira estava acesa. O tempo lá fora permanecia nublado,

sem nenhuma neve, apenas a ventania típica do final de outono.

Debruçada sobre a janela estava uma jovem de cabelos claros. A garota

apreciava os terrenos da escola, paralisada num espécie de transe. Os olhos

um pouco aquosos, indicavam a tristeza que sentia. Hermione Granger

limpou o rosto com a manga do casaco e continuou parada sentindo a brisa

gélida.

"Não posso me acalmar

O que há de errado comigo?"

Sons de passos ecoavam pelo grande salão comunal. Os três alunos

(Hermione e os outros dois)viraram-se para ver quem chegava.

Rony Weasley entrou resungando sozinho, parecia mais irritado que antes.

Antes que pudesse subir até o dormitório masculino, percebeu que a garota

estava na janela.

- Por que você não foi tomar café da manhã? - Rony perguntou irritado.

- Eu tinha umas coisas pra fazer. - Ela tentava disfarçar a voz chorosa. -

Onde estão a Gina e o Harry?

- Não sei. - Rony se virou e subiu furioso as escadas. - E não quero saber!

Hermione percebeu a irritação do garoto.

- Tá, tudo bem. Já sei. Você pode me tratar bem, ao menos uma vez, ou

será que isso é tão difícil? - A garota começava a se irritar.

- Se você quer ser tratada bem. - Ele olhou nos olhos dela. - Chame o

Vitinho pra te fazer companhia. Eu não significo nada pra você mesmo. Pois

fique sabendo que você menos ainda pra mim.

- Ah, Rony. Francamente! Qual é o problema dessa vez, heim? Você sabe

que o Victor não tem nada a ver com isso. O problema aqui é você, que

não sabe como tratar bem uma garota. Quer saber? Seria melhor mesmo

que o Victor estivesse aqui. Pelo menos ele é gentil e educado, e não um

grosseiro como você. - Ela saiu andando na direção do quadro da mulher

gorda, Rony subiu as escadas praguejando sozinho.

Hermione deixou o salão comunal apressada, correu até o corredor mais

distante e isolado, e começou a subir as escadas.

Nunca havia passado por ali antes, era uma área mais escura, sem muitas

janelas ou candelabros para iluminar. Os quadros, diferente dos outros,

estavam encobertos por poeira e apenas exibiam um cinza escuro que dava

um ar macabro ao local. Das paredes e do teto pendiam teias de aranha.

Fazia um frio intenso e o único som audível era a ventania lá fora.

A garota subiu as escadas correndo. As palavras insistiam em martelar na

sua cabeça:

- Eu não significo nada pra você mesmo. Pois fique sabendo que você

menos ainda pra mim. -

Ela sentou num degrau de pedra, e começou a chorar. Encostou a cabeça na

parede e ficou ali sozinha, derramando suas lágrimas que insistiam em cair.

"Lítio - Não quero me trancar por dentro

Lítio - Não quero esquecer como é ficar sem

Lítio - Quero permanecer apaixonada pela minha tristeza"

Então, rapidamente ela se levantou e subiu as escadas correndo, enxugando

as lágrimas. Foi quando chegou no andar de cima. Estava deserto, assim

como a escadaria. Não havia ninguém por perto, e ela seguiu cabisbaixa.

- Por que você sempre tem que ser um idiota?! - Ela caminhou até o corredor

a frente e sentou-se num banco empoeirado.

- Eu te odeio, Rony! - Repetia pra si mesma várias vezes. - Eu te odeio! -

- Mas eu... -

"Não quero ficar pra baixo dessa vez

Afogar minha vontade de voar

Aqui na escuridão, conheço a mim mesma

Não posso me sentir livre antes de me libertar

Deixe-me ir"

- Expelliarmus!

O barulho do grito inundou o local. Hermione sentiu a varinha cair de seu

bolso. Tentou pegá-la em vão, e assustada, examinou apreensiva o local.

- Que-quem está aí? - Gritou ela, tentando ver quem acabara de desarmá-

la.

- Chega! Acabou a brincadeira, quem está aí?

Ela ouviu uma gargalhada gélida e sentiu a espinha gelar.

- Sangue ruim...

Hermione se levantou e correu pelo corredor até a escada, desceu correndo.

As paredes pareciam encolher, e a cada degrau que ela descia, sentia o teto

cair. Uma grande pilastra de pedra caiu na sua frente, impedindo a

passagem. Ela deixou escapar um grito e virou para trás, afim de ver quem

estava a seguindo. Lentamente uma forma ganhava vida descendo as

escadas escuras. O ar parecia mais frio e Hermione estava apavorada

agora. Um homem alto, usando um capuz e uma longa capa surrada, descia

lentamente os degraus na sua direção. Ela o viu levantar a mão com a

varinha e apontar na sua direção. Gritou alto o bastante para abafar o som

do feitiço que o estranho conjugara. Uma luz verde iluminou toda a sala e c

como um relâmpago cegou os olhos dela. Depois do clarão tudo estava

escuro e ela ouviu apenas uma voz bem distante.

"Querido, eu te perdôo depois de tudo

Qualquer coisa é melhor do que ficar sozinha

E no fim, acho que eu falhei

Sempre encontro meu lugar entre as cinzas"

- Hermione? Hermione? Hermione, você está bem? - A voz de Rony

Weasley ecoava nos ouvidos dela.

Hermione acordou suando frio. Olhou ao redor, estava no salão comunal da

grifinória, já era noite. Todos os alunos já estavam dormindo.

- Você dormiu aqui. E deu um grito muito alto. Está se sentindo mal? - Rony

estava sentado ao lado do sofá onde a garota estava deitada.

- Sim. Minha cabeça dói muito. E eu... - Ela tentou se lembrar do sonho,

mas foi interrompida por Rony.

- Olha, Hermione. Me desculpa pelas coisas que eu disse hoje. Eu não

queria te deixar mal. - Rony morria de vergonha.

- Não se preocupe. Está tudo bem. - Ela sorriu um pouco. Só uma coisa que

eu gostaria de deixar esclarecida.

- O quê? - Rony mecheu na lareira que estava quase se apagando.

- Você... significa muito pra mim... - Os olhos da garota encheram-se de

lágrimas e ela sorriu.

Rony corou ao ouvir.

- E você não precisa mais mentir. Harry me falou hoje sobre você... E o que

sente...

- O Harry é um grande fofoqueiro, isso sim! - Rony ficou mais vermelho e

tentou sorrir.

- Eu quero que vocês sejam muito felizes. Apesar de eu não gostar muito da

Patil... Mas é por você... - Hermione sorriu

falsamente.

- Ah... Obrigado... - Rony não sabia o que dizer. Deu um sorriso amarelo e

se levantou. - Bom... Então eu vou indo...

- Tudo bem. - disse Hermione. - E Rony... Obrigada.

- Não precisa agradecer - disse ele - Afinal, amigos são pra essas coisas.

Hermione deu um sorriso forçado e Rony a abraçou.

"Não posso me acalmar

O que há de errado comigo?"

Foi então que a garota começou a chorar.

- Mione... - Rony a abraçava. - Por que você está assim?

Ela permaneceu calada, apenas o abraçando e limpando as lágrimas no rosto.

- Eu sinto que não está bem. Há algo muito ruim acontecendo. - Rony

limpava as lágrimas dela. - Confia em mim.

- Eu... - Ela olhou pra ele. - Não é nada...

Ficaram abraçados por alguns segundos. A ventania lá fora, entrando pela

janela. Hermione acariciou o rosto dele.

- Eu te amo, Mione...

Uma corrente de ar entrou pela janela, apagando a pequena chama na

lareira. Em seguida tudo ficou escuro. Rony aproximou o rosto dela. E

lentamente eles se beijaram por um longo tempo.

Lítio - Não quero me trancar por dentro

Lítio - Não quero esquecer como é ficar sem

Lítio - Quero permanecer apaixonada pela minha tristeza

Oh mas Deus, eu quero me libertar.




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