Pegue-a



Hermione entrou na hospedaria que àquelas horas da noite estava tão lotada quanto um bueiro com baratas. Olhou a redor para ver se encontrava a mãe sentada em uma das mesas fazendo sua refeição, mas Alexandra não estava. Observando com mais cuidado Hermione percebeu que não havia muitas mulheres no recinto, o que era de se estranhar pelo fato de a hospedaria sempre ter empregadas aos montes. Andou até as escadas para chegar onde ficava seu quarto que era exatamente ao lado do de sua mãe.

_Bruxa! _ Falou um homem que parecia não ter mais que sessenta anos, os cabelos grisalhos e a barriga saliente por entre o casaco de lã pesado que usava.

A moça não respondeu, apenas passou por todos com corpo e rosto empertigado. Já estava acostumada com aquilo. Quando criança chorava, fora em uma dessas ocasiões que conheceu Xemiro.

_BRUXA! – Gritou uma das garotas que tinha os cabelos de um tom avermelhado. As outras emitiram sons em concordância, Hermione sentiu seus olhos arderem. Era seu aniversário, treze anos passando por tudo aquilo... Treze...

_Eu não sou bruxa! – Disse tentando conter as lágrimas. As garotas pegaram pedras grossas no chão e prevendo o que aconteceria um instinto estranho perpassou seu corpo, assim que as garotas se aproximaram Hermione ergueu uma das mãos e as pedras foram instantaneamente transformadas em pó.

_Nunca mais tentem me machucar! – Impressionou-se com seu próprio tom de voz, que parecia rouco e assustador mesmo a seus próprios ouvidos. As garotas foram afastando-se aos poucos e depois de um tempo saíram correndo.

Poderia estar se sentindo muito bem em saber que aquelas garotas não mexeriam mais com ela, mas no fundo tudo o que queria era ser amiga delas, ser como elas... Normal. Caminhou até perto do mar sentindo as ondas baterem em seus pés que já havia descalçado. Sentou-se sem a menor preocupação de que seu vestido já surrado fosse molhar afinal seu rosto estava úmido e banhado á lagrimas. Cruzou os braços e pôs seu rosto entre eles chorando abertamente, seu peito fazia movimentos profundos e uma dor irritante percorria seu peito.

_O que faz uma menina tão bonita chorando dessa forma? _A principio ela não quis saber quem era, deveria ser mais um a querer lhe machucar.

_Por Favor deixe-me em paz! _ O homem caminhou calmamente até seu lado e sentou-se também.

Hermione finalmente o olhou. O rosto magro e inegavelmente oriental a observava com ternura, sentiu-se estranha, ninguém nunca a olhara daquela forma, o que via nos olhos dele lhe transmitia conforto.

_Qual seu nome? _Perguntou o velho senhor.

_Hermione Granger. _Disse secando o rosto rapidamente.

_Vi o que aconteceu Hermione.

_Eu não sou uma bruxa! _Falou rapidamente um pouco aborrecida.

_Nunca diria algo como isso. _A voz do homem era calma e musical. _ Mas se eu lhe contasse que nem todos os bruxos são maus?

_Você é um...

_Não eu não sou. Mas você é! _Antes que ela pudesse interrompelo ele disse. _E isso não significa que seja má, essa crença é apenas para aqueles não são bruxos.

_Eu me sinto confusa... Não sei o que sou e nem como controlar meus poderes! _Disse desesperada segurando os cabelos com força.

_Você contou a sua mãe?

_Sim, mas ela acha que estou possuída pelo diabo e me leva para sessões de exorcismo... _ As feições do homem se tornaram severas. _Na semana passada o seminarista tentou... _sentiu as maçãs do rosto ficarem vermelhas. _ me tocar de forma íntima.

_Ora vejam só que abusado! _Riu o japonês. _ Acredito que você será bonita suficiente para causar estragos... Mas não agora... Ainda não! _Hermione o achou estranhamente misterioso ao pronunciar as últimas palavras.

_Não contarei mais...

_E faz muito bem. Diga-me senhorita Granger... Gostaria de aprender a controlar seus poderes?

_Você poderia me ajudar? _O homem riu.

_Claro que sim. Treinei durante anos um certo príncipe.

_E porque não continuou o fazendo?

_Ele já não precisava de mim, ele também carregava uma carga de poder forte de mais e precisava de mim tanto quanto você.

_Pensei que a realeza não precisasse de ninguém, afinal eles tem o poder dado por Deus não? _Exclamou um tanto amargurada.

_Não... Ele não era um príncipe trouxa... Ele era bruxo.


_O que?! Quer dizer... Os bruxos existem de forma...

_Claro, são como os trouxas. Tem seus reinos e Reis, com a única diferença de que possuem poderes.

_Se sou uma bruxa, porque minha mãe não é?

_Porque nem todos precisam descender de bruxos para ser um. O seu caso é o como da Rainha Lílian, não muito usual... Mas acontece!

_... _Ficaram em silêncio por alguns minutos. Hermione sentia sua cabeça girar com tanta informação.

_Então Senhorita Granger, quer que eu lhe ajude? _O Senhor levantou estendendo a mão. A garota ponderou por apenas alguns minutos, em seguida aceitou a mão oferecida e sorriu.

_Sim.



E foi ali que tudo começara as descoberta de novos poderes e o modo como deveria usá-los, as melhores horas de sua vida se passaram enquanto aprendia coisas novas com Xemiro. A principio ele apenas lhe faria controlar os poderes e descobrilos aos poucos.
Sorriu. Não foi exatamente isso que aconteceu...

Os dois entraram na sala empoeirada e escura. Hermione observou as paredes e surpreendeu-se ao ver muitas espadas penduradas em seus devidos lugares. Do outro lado havia uma estante embolorada carregada de livros de todas as cores e grossuras.

_Xemiro... Posso ver essa espada? _Perguntou pegando a com cabo verde.

_Cuidado para não se machucar. _Disse assim que entregou nas delicadas mãos da menina.

_Gostaria de saber lutar. _Xemiro a olhou espremendo os olhos e sorrindo pelo canto da boca.

_Não sei se ainda estou em condições... Mas poderia ensiná-la pelo menos o básico! _Hermione sorriu animada levantando a espada e quase caiu com o peso da espada empurrando seu corpo pra baixo.

_Será um tanto bruto...

_E eu por acaso tenho cara de princesa? - perguntou mal criada. Xemiro a mirou concentrado.

_Sim. Porém tem o porte de uma fortaleza!


E assim aprendeu a lutar com espadas, não fora algo fácil devido ao esforço físico, mas ela aprendera e achava que para uma mulher até que não era tão ruim, também lia e aprendia com Xemiro todos os assuntos. História, Geografia, e Aritmética, era realmente excelente na última. Quando seu grande amigo morrera deixara todos os livros e espadas para ela, apenas uma com grandes pedras vermelhas ele deixara para o tal príncipe que falara na primeira vez que se viram. Ele parecia gostar desse homem, quer dizer, ela não sabia se era realmente um homem, ou um rapaz, garoto. Não falava muito nele, sentia ciúme.


Chegou a seu quarto sentindo seus olhos pesarem e seu estômago reclamar, mas não sabia o que fazia primeiro, se comia ou dormia. Optou por dormir já que não gostaria de encontrar aquelas pessoas que a olhariam como uma aberração.





Arrumou a pesada capa em suas costas, puxou a grande espada afiada e a posicionou sobre sua cintura, olhou-se no espelho escutando a chuva forte cair do lado de fora e colidir com a janela de vidro. Puxou as madeixas que cobriam parte de sua testa e observou sua cicatriz, sua tão peculiar cicatriz. Ela estava diferente, brilhava e ardia ao mesmo tempo. Aquele dia estava sendo um pouco diferente do de costume, não com os outros, mas com ele. Uma inquietação tomara conta de seu corpo desde o momento em que acordara, talvez pelo fato de que provavelmente teria uma grande batalha pela frente indo atrás de Tom Ridlle e consequentemente da garota da profecia. Harry não sabia o que, mas algo estava pra acontecer, ele podia sentir.

- Harry... – Chamou Lílian entrando no quarto. - Está tudo bem querido? _ A mulher ruiva aproximou-se tocando seu rosto. Sorriu. – Como você está alto, nem ao menos consigo pôr minhas mãos em seu rosto direito!

- Está sendo exagerada mãe! _ Riu o rapaz afastando-se e passando por Lílian. – Deseja algo?

- Vim implorar-lhe que não vá! – O sorriso de desfez no rosto da mulher. – Você é meu único filho e já bastou todo o sofrimento que passei quando você foi à batalha de Velcan no ano passado.

- Receio que não poderei ajudá-la mãe. Se um dia terei de assumir esse Reino, com certeza não vai ser vendo todos os meus vassalos indo à guerra enquanto me farto de um excelente banquete.

- Não foi isso o que quis dizer... – Lílian se aproximou novamente. – É que você é tão jovem...

- Com minha idade meu avô já tinha se tornado Rei!

- Querido me escute...

- Não mamãe! Dessa vez não poderei fazer o que quer. – O som agudo de uma corneta soou por todo o Castelo e Lílian tremeu sabendo o que aquilo significava.

_Tenho de ir! Deseje-me sorte. _ Apressou-se a sair do quarto para não ver os olhos da mãe tão fortemente marejados.


Desceu as escadas encontrando com Rony que também estava devidamente trajado com as roupas de cavalheiro.

- Então Molly finalmente o deixou se tornar homem? – O ruivo fez uma careta.

- Ela não podia me impedir pra sempre!

- Vamos antes que minha mãe arrume um jeito de partirem sem nós.


Ao chegarem ao campo a chuva castigava todos os soldados e é claro a eles mesmos. James seguia a frente falando algo com Sirius que logo deu algumas ordens a todos que logo subiram em seus cavalos e saíram galopando.
Harry montou em seu próprio e falou em tom baixo apertando o pelo ralo e branco do animal. _ “Vamos ser vencedores e trazer aquela garota a salva?” e em seguida deu três tapas em seu pescoço e o animal começou a se mexer, em alguns minutos todos estavam galopando até a chave de portal que os levaria a Irlanda.




Quando acordou Hermione não soube exatamente o que estava acontecendo, a porta de seu quarto estava sendo alvejada de socos e alguém gritava seu nome do lado de fora, assustada e ainda tonta do pós-sono abriu a porta.
Havia vários homens vestidos de preto, o que estava a bater na porta parecia ser bem velho e usava o chapéu típico dos padres da inquisição, Hermione sentiu um frio atravessar sua espinha quando reconheceu tochas de fogo nas mãos dos outros homens.

- Senhorita Granger você está sendo presa e condenada à morte sobre a acusação de bruxaria. _ Pensou em correr, mas não havia para onde, na verdade o pensamento foi rápido suficiente para um homem forte e encapuzado puxá-la pela cintura. Hermione tentou se soltar, batia e se sacudia tentando tirar as mãos do homem de si, tentando se libertar, mas ele era imensamente mais forte que ela.
Ele a virou para encarar o mesmo homem velho e de cabelos brancos que a observou por alguns segundos e em seguida disse asperamente.

- O que acha de provar de seu próprio veneno bruxa?! – Hermione não teve tempo de tentar discernir as palavras do homem já que esse levantou a própria mão que permanecia fechada e soprou sobre essa um tipo de pó que invadiu sua visão e pulmão. Sentiu tudo perder a cor e os homens saírem de foco, alguns segundos depois o corpo da menina desfaleceu sobre o do brutamonte vestido de negro.

- O que fazemos agora? – Perguntou um dos outros homens.

- A levamos até o bispo. Afinal... Ele viajou até aqui apenas para conhecê-la. – Sorriu malicioso.





Assim que desaparataram na Irlanda montaram suas próprias barracas e esperariam até o dia amanhecer para ir até Neplin. Harry estava confortavelmente deitado em uma das camas ao lado da de Rony, que jogava xadrez com Simas, um de seus amigos íntimos.
Sem explicações lógicas uma sensação horrenda perpassou seu corpo. Não era uma sensação nova na verdade, quando criança de tempos em tempos esses sentimentos alojavam-se em seu peito. Algumas vezes sentia dor, outras abandono. Não, definitivamente não era um sentimento inédito para ele, mas havia algo novo dessa vez. Algo que nem ele poderia explicar já que era como se algo estivesse acontecendo e ele não pudesse fazer nada para mudá-lo. Era impotência...

- Harry... Você está bem? – Perguntou Rony o observando por cima do tabuleiro de xadrez.

- Sim. – Respondeu vagamente e notando que suas palavras saíram tão incertas quanto elas realmente eram.


To be continued...


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