Entrando Para o Time
CAPÍTULO VII. ENTRANDO PARA O TIME
Poucas vezes ela tinha se sentido tão insegura quanto se sentiu andando pela plataforma 9 ½ da estação King Cross. Estava preocupada com o que as pessoas iriam pensar do seu novo visual. Olhou para baixo, para seus seios. ‘Grandes demais para essa blusa. No que a mamãe estava pensando quando a comprou?’
Começou a puxar a blusa repetidas vezes para cima, em tentativas frustradas de diminuir o decote. Desistiu. Apertou o casaco contra o corpo. Viu Severo.
Ao ver o melhor amigo, esqueceu do decote, soltou o casaco e foi cumprimentá-lo.
- Severo! Como é bom te ver!
Ele franziu o cenho e a olhou de uma forma estranha
- Desculpe, sta...?
Ela se sentiu esquisita por um momento... Ela não poderia estar tão diferente! Como o seu melhor amigo não tinha reconhecido-na? O sorriso dela morreu.
- Severo, sou eu! Amélia!
- Amélia?! Amélia Lair?! – Ela rolou os olhos e assentiu impacientemente – Não pode ser! Você é baixinha!
- Salto alto!
-...E é menos loira...
- Poção colorante! Só precisa aplicar uma vez por mês e não estraga os cabelos!
-...E... Amélia é feia!
Ela arregalou os olhos, surpresa e chocada, quando ouviu aquela frase. Ela sabia que não era a oitava maravilha do mundo, mas daí a ser feia... Mas, por outro lado, se ela era feia, isso queria dizer que...
- Eu estou bonita? É isso que você está dizendo, Severo?!
Severo corou violentamente (algo que, por sinal, era muito difícil de acontecer). Ela colocou a mão delicadamente sobre a boca para esconder o sorriso. Ele pareceu ficar ainda mais desconfortável com a situação. Obedecendo a um impulso, Amélia o abraçou... Pela primeira vez na vida, Amélia abraçou o seu melhor amigo.
- Obrigado! – Ela sussurrou no ouvido dele, que ainda estava paralisado pelo choque.
Amélia deu um beijo no rosto dele e o largou, rindo da expressão abobada que ele trazia na cara. Virou-se e avistou Augusto Malfoy.
- Augusto! – O amigo acenou. Amélia se virou para Severo – Vamos até lá?! – Snape sequer se mexeu, ainda chocado com a atitude da amiga. – Bom, já que você vai ficar aí parado, te vejo no trem... Isso supondo que você vai sair do transe até a hora dele partir!
Sem obter uma resposta, Amélia bufou e foi ao encontro de Augusto, que estava com Bellatrix, Rodolphus e mais dois garotos do quarto ano.
- Olá!
Todos olharam Amélia com a mesma cara surpresa e abobalhada que Severo... Menos Augusto, que dirigiu a ela um sorriso particularmente encantador.
- Amélia?! Você está... Linda!
Ela sentiu as bochechas queimarem. Abaixou os olhos (mas não antes de ver Bellatrix suspirar e fazer uma cara de tédio). Antes que Amélia tivesse chances de dizer qualquer coisa, ouviu uma voz detrás dela que a fez se alegrar muito.
- Sabe, Malfoy, dessa vez eu vou ter que concordar com você!
- SIRIUS!!!
Amélia mal se virou e o grifinório a abraçou fortemente. Falou no ouvido dela.
- Malfoy, pela primeira vez na vida está certo! Você está maravilhosa, Amélia... Quase não te reconheci!
Ela se afastou dele e agradeceu o elogio. Então se virou para Augusto, que não parecia estar muito satisfeito com a chegada de Black.
- Augusto, eu vou falar com o resto do pessoal e te encontro no trem, OK? – Ele acenou educadamente com a cabeça. Ela se agarrou ao braço de Sirius. – Onde está o resto do pessoal?
- Logo ali.
Todos estavam notando as diferenças no visual de Amélia. Ela nunca fora chamada de linda tantas vezes num intervalo de tempo tão curto. Já estava com as bochechas doendo de tanto sorrir, embaraçada.
O novo look de Amélia foi o assunto das duas primeiras semanas de aula... Pelo menos entre os alunos do segundo ao quarto ano.
Na tarde da terça-feira da segunda semana de aula, ela foi fazer o teste para o time de quadribol da Grifinória. Não seria uma competição fácil: era uma vaga de batedor para mais de trinta alunos que a cobiçavam... A sorte de Amélia foi que grande parte desses eram péssimos e que ela estava num dia bom. Conseguiu a vaga!
E não foi só ela que entrou para o quadribol: Tiago, que com a saída do capitão antigo conseguiu a vaga de apanhador. Augusto Malfoy também conseguiu uma vaga (no time sonserino, lógico): Artilheiro.
Mudando de assunto, o corpo docente trouxe algumas surpresas naquele ano. A melhor (porém não tão surpreendente) foi à aposentadoria forçada do diretor, que foi substituído por Dumbledore. Minerva McGonagall ficou sendo a vice-diretora. Entrou também um novo professor de feitiços, Sir Von Ottolangh (e ai de quem não o chamasse de 'Sir'). Ele era um cara meio restrito, chatinho... Fraco na matéria... Um nada, se comparado a Dumbledore.
Fatos novos aconteceram na política mundial naquele ano. O estado de saúde do Ministro da Magia inglês piorou exponencialmente. Perto de morrer, ele se aposentou e indicou Lord Voldemort para substituí-lo no cargo. Já estava tudo certo para Voldemort assumir, mas, um dia antes da posse, a mulher dele, Lady Alexandra, denunciou para a impressa do mundo inteiro os planos terroristas do seu marido.
É claro que se formou um escândalo! Lord Voldemort acabou não tomando posse. No lugar dele, o ministro ficou sendo Otto Deramott... A vida política de Lord Voldemort acabou aí. O cara simplesmente desapareceu... Quem ficou famosa e entrou para a vida pública foi Lady Alexandra.
Amélia, na verdade, estava pouco se importando com o destino do mundo... Ela deixou de ler jornais e só soube dessas histórias porque foram muito comentadas... Ela estava mais preocupada com outras coisas... Com coisas bem mais divertidas, na verdade... E, quanto mais o dia dos namorados se aproximava, mais preocupada ela ficava.
Faltando um pouco menos de uma semana para os dias dos namorados, Amélia começou a receber os convites... Mas o que mais chamou a sua atenção foi o convite do capitão do time de quadribol da Lufa-lufa: o quintanista George Zwingli.
George era o máximo: ele era inteligente, simpático, muito bonito, rico... Além de ser o capitão do time, ele era um dos monitores! Toda garota de Hogwarts queria ficar com ele... E... Bom, Amélia também tinha lá uma quedinha por ele.
Ela estava indo para o treino de quadribol quando viu Zwingli, o homem dos seus sonhos, indo na direção dela... E ele estava olhando para ela! Amélia começou a sentir uma pequena onda de desespero...
‘Certo, Mia, acalme-se! Ele já falou com você antes! Provavelmente está vindo te pedir uma dica em defesa contra as artas das trevas! Sorria! SORRIA!’
Tarde demais! Ele já estava muito perto. Amélia contraiu a boca, tentando sorrir (embora parecesse mais uma careta). Ele delicadamente segurou a mão dela e a beijou.
- Sabe Amélia, eu estive pensando se você gostaria de ir comigo para Hogsmeade na próxima semana.
O queixo dela caiu. Ela sentiu que o tempo tinha parado. Passou uns bons minutos apenas olhando incrédula para Zwingli, que esperava pacientemente por uma resposta. A boca dela começou a abrir e fechar, mas ela não emitia som algum. George desistiu de esperar.
- Pense a vontade. Eu não vou ficar chateado de você não aceitar. – Ele soltou as mãos dela e olhou para as vestes que ela trajava – Eu vejo que você está indo treinar! Eu não vou mais tomar o seu tempo. – Ele beijou a bochecha de Amélia, o que a deixou estática e com uma expressão particularmente abestalhada – Bom treino – Ele começou a andar para dentro do castelo – E não me deixe esperar muito, OK?!
- Ok...
Ela levou um tempo para conseguir voltar ao normal. Quando finalmente começou a recobrar o raciocínio, sorriu abertamente.
‘O garoto mais cobiçado da escola ME chamou para Hogsmeade! No dia dos namorados!!!’
Ela começou a voltar a fazer o seu caminho para o campo de quadribol.
‘E ele ainda me deu tempo para pensar!!! Pensar em que?! Ele é o garoto mais simpático, gentil, lindo, desejado, inteligente e forte da escola!!! E ele acha que eu preciso pensar se quero sair com ele?! É claro que eu quero sair com ele!!! E vou falar com ele logo depois do treino! Se bem que...
‘Se bem que eu fiz um papel de idiota na frente dele!’
Ela começou a sentir raiva de si mesma. Como tinha sido tão idiota à ponto de congelar na frente dele?! E por que cargas d’água ela tinha que corar ao ser beijada na bochecha?! Amélia balançou a cabeça e bufou. Estava atrasada para o treino! O treino era mais importante! Depois pensaria em Zwingli.
Mas, é claro, ela não conseguiu fazer isso e passou o treino inteiro distraída!
‘Ministério da saúde adverte: Falar com George Zwingli e treinar quadribol em seguida faz mal a saúde.’
Ela foi acertada por dois balaços e quase caiu da vassoura duas vezes. Depois do desastroso treino, Frederick Schwartz, o capitão do time, foi falar com Amélia.
- Lair, posso saber o que diabos aconteceu para você ficar tão ruim? Por acaso a quantidade absurda de artes das trevas que você estuda afetou o seu cérebro e te fez esquecer como se joga?
Amélia estreitou os olhos. Realmente não gostava de Schwartz. Ele tinha acabado de se tornar o capitão do time e achava que podia mandar em tudo e em todos... Ela respirou fundo, procurando calma.
- Me desculpe, Schwartz, mas eu estou com alguns problemas e não estava com cabeça para jogar hoje!
- Ah, coitadinha da menininha! Deixa eu adivinhar: Você não consegue decidir qual a roupa que vai colocar no jantar, não é?!
Ela fechou os olhos, perdendo o pouco de paciência.
- Não. – ela disse lentamente – Esse não é o meu problema.
- E eu posso saber qual é?
- Não é da sua conta.
- Não á da minha conta. – Ele repetiu. Depois ele olhou para o resto do time, que o olhava com a mesma indignação que ela – Não é da minha conta, vocês ouviram?! – Ele se voltou para Amélia, chegando bem perto – Eu também estou com um problema, Lair, e você sabe qual é?! VOCÊ! VOCÊ E A SUA PREGUIÇA DE TREINAR!" Ele voltou a se dirigir ao grupo maior – N"S ESTAMOS PERTO ASSIM... – ele gesticulou com a mão – DE CONSEGUIR A TAÇA DE QUADRIBOL! VOCÊS NÃO TÊM DIREITO DE TER PROBLEMAS AGORA!!! EU QUERO TODOS VOCÊS 100 EM TODOS OS TREINOS! – Ele voltou a dar atenção à ela – E TODOS INCLUI VOCÊ, LAIR!
- "TIMO! – ela desistiu de tentar controlar o humor. – ENTÃO VAMOS FAZER O SEGUINTE: COMO NÃO SE PODEM TER PROBLEMAS NESSE TIME, EU ESTOU FORA!!! AGORA VOCÊ TEM UM PROBLEMÃO!!! QUERO VER SE VAI CONSEGUIR ACHAR UM BATEDOR QUE FAÇA A METADE DO QUE EU FAÇO NUM JOGO!!! BOA SORTE!
Ela se virou e começou a deixar o campo em passos largos. A respiração estava irregular e o coração acelerado. Enquanto se afastava, conseguiu distinguir murmúrios do tipo “Ela está falando sério?!” e “Valeu, Fred!”
Depois, escutou a voz de Schwartz gritar por ela:
- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, LAIR! VOLTE AQUI!!!
Ela se virou e vestiu o seu risinho mais cínico:
- Parece que eu já estou fazendo, não, Schwartz?
E voltou a caminhar para o castelo.
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