As luvas Egípcias.



Capítulo 22.
As luvas Egípcias.


Harry se sentou debaixo da árvore, encostando-se à mesma, e puxou Hermione, fazendo-a se sentar entre as pernas dele.

Só não ficaram a tarde toda ali porque Hermione sentiu fome depois de um tempo, tendo de voltar ao Salão Principal para comer algo. E depois foram para a biblioteca para acabar deveres atrasados... pelo menos por parte de Harry.




- Vamos, vamos! - Frederick gritava. - Os jogos serão logo após o Natal, vocês precisam estar preparados!

Harry parou de correr, cansado. Apoiou as mãos nas coxas.

- Professor - começou, respirando rápido -, ainda vamos entrar em Dezembro. Ainda temos tempo!

- Sim, Harry. Mas esse condicionamento físico de vocês não está nada bom. Vamos, vamos, correndo!

Harry meneou a cabeça, se perguntando que tipo de treinamento era aquele, e voltou a correr.

Depois de um tempo pararam. O professor tirou a varinha do bolso e a balançou. Em frente ao gol, um pouco perto, apareceram cinco pessoas - que mais pareciam fantasmas -, lado a lado, formando uma barreira.

- Formem uma fila atrás de mim - ele se postou um pouco distante das pessoas.

Logo a fila foi formada. Ele colocou uma bola na sua frente, pegou um pouco de espaço e chutou. A bola passou por cima da barreira e foi direto para o gol.

- Parabéns, professor - uma delas disse.

Harry foi o primeiro. O professor pegou a bola e jogou para ele. Harry pousou a bola no chão, tomou espaço e chutou.

- Ai! - o homem do meio reclamou. - É para chutar por cima de nós, não em nós!

- Quase, Harry, quase. Próximo! - Frederick gritou.

E no final ninguém acertou no gol. Realmente... Eles tinham que treinar bastante ainda.

- Podem ir. Próximos treinos continuarão a treinar esses chutes! - deu um último grito, enquanto o pessoal já estava se dirigindo ao vestiário masculino e com um balançar de varinha as pessoas sumiram.

Os dias voaram em Hogwarts. Dezembro já havia começado, junto com o frio que ele trazia.

Harry se encontrou com Hermione no Salão Principal, para almoçarem. As aulas do dia foram suspensas para os jogos.

- Ganharam? - Harry perguntou, se servindo de sopa, quando Hermione se sentou ao lado dele.

- Um-hum - ela murmurou. - Três sets a zero, contra a Sonserina. A cara do Malfoy nem estava tão feia quando ele viu a “namoradinha” perdendo o jogo. Ele nem ligou, pra falar a verdade. Não fez comentários idiotas. Achei bastante estranho isso - comentou Hermione, vagamente, quando se servia de sopa também. - E o seu jogo?

- Hoje à tarde. Contra a Corvinal. Você estará lá? - perguntou.

- Só se você dedicar seu gol pra mim - pediu, fazendo cara de criança pedindo para ir trabalhar com a mãe.

- Se eu fizer um gol, eu dedico a você.

- Ótimo - ela sorriu, satisfeita. - Então estarei lá - disse, empolgada.

Eles passaram o resto do almoço conversando. Deram falta de Rony e Gina. Harry deduziu que o amigo estaria com Luna em algum canto do castelo, mas Hermione não soube dizer onde Gina estaria.


Ela saiu do campo de Quadribol após o jogo, numa intenção de ir ao Salão Comunal tomar um banho. Teria conseguido chegar lá se não tivesse esbarrado em alguém ao virar o corredor.

- Desculpe - disse, levantando a cabeça.

Gina parou, seu olhar grudou nele e nada mais importava ao redor.

- Ah, você de novo - disse com desdém. Malfoy a observou por um momento. - Weasley, sinceramente, nunca achei que falaria isso mas você está ligeiramente... - ele a olhou dos pés á cabeça -... Sexy.

Ela não soube dizer se ele estava sendo irônico ou se estava falando a verdade.

A garota vestia um short colado e curto do jogo; a camisa era largada e folgada, regata, com um top escuro por baixo; o cabelo amarrado num rabo de cavalo e tênis velhos.

Ela corou, sem saber o que falar e desviou o olhar.

- Obrigada - ela forçou um sorriso. - Vou tomar um banho agora, quem sabe depois a gente possa conver-

Ele riu, irônico.

- Conversar? - repetiu. - Não tenho tempo para conversar com você. Fiz apenas um comentário - ele revirou os olhos. - Até mais, Weasley - disse seco, com o tom original dele.

Malfoy lutou contra a sua vontade de olhar para trás novamente, sem sucesso. Virou-se, olhando por cima dos ombros. Gina havia acabado de se virar e meneava ligeiramente a cabeça de modo negativo. Suspirou. “Que corpo... ” .

- E bote corpo nisso - comentou para si mesmo, rindo. - Uma Weasley - comentou vagamente, e ele pareceu pensar um pouco. - É pobre, família ruim, linda e com um corpinho... - assobiou para si mesmo. - Até que não é má idéia - disse divertido.

Gina chegou ao quarto, atordoada. Refazia a cena em sua cabeça. Ele havia a elogiado e depois saía daquele jeito, grosso? Negou com a cabeça, revirando os olhos. Achou bem melhor ter seguido o conselho de Hermione enquanto ainda estava em tempo. Naquela altura do campeonato, esquecer Draco Malfoy estava em primeiro lugar na lista de coisas que não conseguiria fazer. O jeito era esperar para ver o que ia dar.

Era a terceira vez que Harry chutava a bola numa tentativa de fazer gol. Nenhuma delas conseguiu atingir o objetivo, continuando o jogo empatado em 1x1. Pela duração, Harry deduziu que já estava no final do último tempo e achava sinceramente que o placar seria aquele. Já estava cansado de tempo correr. Passou o olhar pela arquibancada. Achou Hermione e sorriu, que foi retribuído com o sorriso. Ela não parecia muito empolgada vendo o jogo. Ele viu, segundos depois, Hermione apontando para algo, talvez para ele. Uma gritaria começou. Ergueu a sobrancelha. Talvez não fosse para ele, fosse algo atrás dele. Virou-se rapidamente. O time estava vindo todo em sua direção e a bola passou na sua frente. Ele correu, num impulso, e chutou pegando mais força do que imaginava que pegaria, indo diretamente para o gol. Os grifinórios gritaram e aplaudiram, incluindo Hermione. Ele se virou para a arquibancada. Promessa era promessa. A procurou com o olhar, e quando a achou, apontou para ela, que conseguiu escutar perfeitamente uns suspiros de garotas ao seu lado. Ela sorriu, como agradecimento. Frederick olhou para o relógio de pulso e apitou, apontando para o centro do campo, significando que o jogo havia acabado.

Hermione desceu da arquibancada e Harry foi até a entrada do campo, encontrando com a garota lá.

- Estou fedendo! - resmungou quando Hermione pulou nos seus braços.

- Quem disse que eu me importo? - perguntou se afastando dele.

- Me deixa tomar um banho e depois eu fico bastante tempo com você, ok?

Ela confirmou com a cabeça, sorrindo, e deu um beijo rápido nele.

Dirigiram-se para a Torre da Grifinória, junto com Rony, que apareceu logo depois.

- Como está com a Luna? - Hermione perguntou.

- Perfeitamente bem - respondeu sorrindo, feliz.

Os garotos subiram para o dormitório masculino e Hermione ficou no Salão Comunal, conversando com Gina, que havia acabado de descer.

- Não acredito, Gina! - Hermione resmungou, negando com a cabeça. - Ainda com essa história do Malfoy?

- Eu não tenho culpa! - tentou se defender... Sem argumento. - Ele é tão...

-... Ignorante, grosso, egocêntrico, esnobe, incapaz de amar alguém? Sim, isso ele é. Beleza não ajuda a apagar nenhum dos defeitos dele.

Gina suspirou. Hermione não conseguia entender ela... Ninguém conseguia. Não tinha culpa de ter se apaixonado pelo garoto que era inimigo dos seus melhores amigos. Não tinha culpa de ter perdido a memória e não saber de tudo o que ele já fizera com eles. Não tinha culpa de não poder mandar no coração. Encostou-se no sofá, cruzando os braços. “Incapaz de amar alguém” . A frase de Hermione ecoou na cabeça da garota por um tempo, se perguntando se realmente era daquele jeito.

- Harry... Estava pensando aqui... Onde o Hagrid está?

- Eu não sei, Mi. Desde o começo do ano me pergunto isso. Tenho que falar com Dumbledore sobre ele... Havia esquecido.

- Agora? - perguntou, ficando triste.

- Não, depois do jantar. Vou passar a tarde com você, esqueceu? - sorriu.

Estavam andando para ir até o lago. Era o único lugar que Hermione gostava de ficar sozinha com Harry. Era relaxante, com um vento fresco e ninguém os incomodaria. Sentaram debaixo da árvore, como geralmente faziam. E assim foi feito. A tarde passou mais rápida que o normal para eles. Não havia casal algum em Hogwarts que se amasse tanto quanto Harry e Hermione se amavam. Era perfeito demais para qualquer outro casal conseguir isso também.

- Como estão indo as aulas de Oclumência com Dumbledore, Harry? - Rony perguntou, mordendo uma coxa de frango.

- Cansativas - Harry murmurou. - Ah, por falar em Dumbledore, preciso ir falar com ele agora - disse se levantando.

Deu um beijo em Hermione e saiu do Salão Principal.

Subiu umas escadas e passou por alguns corredores, chegou na Gárgula, disse a senha e subiu.

Bateu na porta e entrou.

- Olá, Harry - disse, no tom calmo de sempre. Estava de frente a sua mesa, com pilhas de pergaminhos. - Material dos Monitores. Detenções, materiais confiscados, regras quebradas... - Dumbledore disse, observando o olhar curioso de Harry sobre os pergaminhos. - Sente-se - disse apontando a cadeira de frente a mesa.

O garoto o fez.

- Queria saber, primeiramente, onde está o Hagrid.

- Houve uns imprevistos e ele precisou ficar na Nova Zelândia. Não há com o que se preocupar, dou minha palavra - disse, calmamente, afastando um pouco os pergaminhos.

- Ah, e o senhor tem alguma idéia de quando começarão os jogos de Quadribol?

- Se não me engano, a Grifinória irá jogar uma semana antes do Natal, contra a Sonserina, e os outros serão após o Natal.

Harry ficou a pensar. Já estava em cima, precisava dar um treino geral.

- Acho que era só isso, professor. Obrigado - Harry agradeceu, se levantou e saiu da sala.

- Eu não vou fazer isso!

- Você tem que fazer!

- Alguém vai desconfiar!

Harry ergueu a sobrancelha, parando antes de virar o corredor e colocou a cabeça para ver Snape pegando Malfoy pelo colarinho e o empurrando contra a parede, com força. Apurou os ouvidos para não perder nada. O loiro parecia estar com medo do homem que se encontrava a sua frente.

- Então você vai precisar fazer isso direto, para ninguém desconfiar.

- Ela é mais esperta que o Potter!

Harry ficou confuso. Estavam falando dele?

- Não quero saber! - Snape disse entre dentes, empurrando mais Malfoy contra a parede. - Ele disse que o mataria com as próprias mãos se não conseguisse o que pediu - Snape puxou a manga direta das vestes dele. - Não é à toa que você possui isso! - Harry não conseguiu ver, estava na parte de dentro do braço.

Snape fez menção de sair e Harry deu meia-volta, correndo silenciosamente. Virou o corredor, pegando um atalho. Voltou a caminhar normalmente, enquanto sua cabeça estava a mil. Durante todo o caminho para o Salão Comunal da Grifinória ele pensou. Do que eles estariam falando, a quem se referiam quando falaram “ela”, por que ele estava no meio da conversa. Era muita coisa para a cabeça dele. Seu pensamento caiu em Voldemort; lembrou-se do sonho que estava tendo; lembrou-se de Hermione.

- Não - ele murmurou para si mesmo. – Todos, menos ela.

Se Draco fosse realmente um Comensal, como ele e a namorada achavam que era, a situação batia. E se Snape fosse realmente aliado a Voldemort, como ele sempre achou, então os dois tinham o plano, para algo que ele não sabia o que era. Falar com Dumbledore não adiantaria, ele sempre defendia Snape por uma razão que Harry desconhecia. E falar sobre Draco, Dumbledore acharia uma completa tolice. Só podia conversar com uma pessoa, e foi ela que ele procurou quando passou pelo Retrato.

Viu primeiramente Luna e Gina conversando, e deduziu que era algo engraçado, por estarem rindo feito loucas. Garotos menores que Harry não conhecia estavam por lá.

- Me procurando? - alguém sussurrou em seu ouvido e ele sentiu duas mãos apoiando-se na sua cintura. Ele sabia muito bem quem era.

- Quem mais eu procuraria? - ele perguntou, se virando, e deu um beijo nela.

- Então? O que descobriu? - ela perguntou curiosa.

- Vamos dar uma volta que eu te conto.

Harry segurou a mão de Hermione e saíram pelo buraco do retrato.

Contou sobre Hagrid, comentou vagamente sobre o jogo que teriam em duas semanas e depois relatou o que aconteceu após sair da sala do diretor, incluindo o que ele achava sobre aquilo.

- É melhor você tomar cuidado, Mi - ela a alertou, temeroso. - Acho que se referiam a você quando falaram “ela”.

- Harry - ela parou, segurando a mão dele, fazendo ele se virar para ela. Depositou um selinho demorado nele. - Não vai acontecer nada comigo. Fique tranqüilo. Não vale a pena se preocupar com isso agora tendo um jogo contra a Sonserina em duas semanas.

- Mas você sabe que eu tenho medo - ele insistiu.

- Mas não precisa! Você acha que eu não sei me virar com o Malfoy? Pelo amor de Merlin, aquele loiro oxigenado e exibido não é nada!

Harry sorriu, achando graça.

- Mas o Snape também está no meio. Odeio aquele cara! - comentou, mais para si mesmo do que para ela.

- Relaxe, ok? Coloque isso na sua cabeça: não irá acontecer nada comigo. Eu prometo a você.

Ele sorriu novamente, ligeiramente aliviado com a promessa dela, apesar de saber que nada mudaria com aquilo.

- A Torre de Astronomia é aqui perto. Quer dar uma volta por lá? - indagou. Ela pôde perceber um leve tom de malícia na voz dele.

Sorriu, aceitando a proposta.


Harry já estava com a roupa do jogo, procurava apenas pelas luvas novas, que Hermione o havia dado de aniversário. As achou. Segurou-as com uma das mãos, pegou a vassoura e desceu a escadaria correndo.

Passou pelo buraco do retrato e correu para o campo. Todos já estavam lá. Respirou fundo, cansado da corrida.

- Desculpem.

Eles balançaram a cabeça, confirmando.

Deu uma olhada por todos os rostos ali presentes. Pareciam nervosos, mas Rony parecia que ia vomitar a qualquer momento. Estava vermelho, ficando ligeiramente verde. Gina parecia estar ansiosa.

- Nós sabemos jogar - Harry começou. - Nós somos melhores que eles e sabemos disso. Nos saímos bem nos treinos e não há nada que temer. É apenas a Sonserina. Vamos ganhar e vamos jogar contra outros países. Me entenderam? - todos confirmaram com a cabeça. – Eu quero o melhor de vocês - e foi a última coisa que Harry disse para eles.

Pegou sua vassoura e foi para frente do portão, esperando o mesmo ser aberto. Alguns segundos depois ele foi aberto, deixando o sol fraco do final da tarde entrar. Olhou por cima dos ombros para os companheiros de time, montou na vassoura e levantou vôo, escutando uma explosão de aplausos surgindo da arquibancada. Deu uma volta no campo, enquanto todos se postavam em seus lugares. Ao longe conseguiu ver Malfoy, apanhador da Sonserina. Gina olhou rapidamente para o loiro e meneou a cabeça negativamente, como se quisesse espantar qualquer pensamento. Cerrou um pouco os olhos, como se quisesse se concentrar no jogo.

Harry deu uma volta, enquanto Madame Hooch ia até o centro do campo.

- Vou ganhar esse jogo por você - disse, de frente para Hermione, que se encontrava no primeiro degrau de baixo da arquibancada.

Ela apenas sorriu, como agradecimento.

- Dê o melhor de você - respondeu, nem notando que as luvas que Harry estava era as que ela havia dado para ele.

- Com certeza.

Madame Hooch apitou, fazendo Harry se virar para o campo. O pomo foi solto... foi apenas a ele que Harry deu atenção. Estava ligeiramente devagar, em comparação com o pomo que ele estava acostumado a treinar. Deu uma olhada em volta, vendo grifinórios e sonserinos voando pelo campo. Voou atrás do pomo quando o viu.

40x10 para a Grifinória. Rony estava melhor do que Harry esperava que estivesse. Viu Malfoy mergulhando e foi atrás. Disputou ombro a ombro com o loiro. Deram a volta na arquibancada da Sonserina, que estava bem em frente aos dois.

Foram mais de 40 minutos daquele jeito. 130x110 para a Grifinória. Tinha que pegar aquele pomo de qualquer jeito. O frio começava a subir, o sol já havia sumido quase que por completo. Encolheu um pouco o corpo e pegou mais velocidade com a vassoura.

Suas mãos começaram a ficar ligeiramente quentes. Olhou para baixo, para as luvas. Estava assumindo um leve tom de verde claro, mas não viu mais que aquilo. Sua vassoura pegou mais velocidade do que estava, fazendo-o segurar firmemente na mesma. Passou pelo pomo e por Malfoy como uma bala, fazendo Hermione virar o pescoço rapidamente para ver até onde ele ia parar.

A arquibancada da Grifinória soltou uma exclamação surpresa, em coro, observando para onde Harry estava indo. Sumiu de vista com a velocidade. O vento frio batia forte no seu rosto, deixando-o quase cego. Virou a vassoura com dificuldade, sem saber exatamente para onde estava indo, e ela voltou.

Hermione o acompanhou voltando. Ele quase se desequilibrou, e no movimento que fez para se segurar, fez a vassoura subir instantaneamente, como um foguete. Ele estava encrencado.

- Harry... - ela sussurrou.

Harry subia velozmente, passando pelas nuvens. O frio cada vez mais forte e rígido, a vassoura praticamente sem controle. Sabia apenas que estava subindo descontroladamente e que não podia continuar daquele jeito. Fez uma pressão nos punhos, como se criasse coragem para fazer tal coisa, e soltou-se da vassoura. Ela passou direto e Harry foi parando no ar, dando um giro. Ele voltou, vendo um ponto lá embaixo, que provavelmente seria o campo. A velocidade da queda ia aumentando. Ele ia morrer se alguém não fizesse algo, disso ele tinha certeza. O vento parecia cortar seu corpo por completo, mesmo estando com toda aquela roupa. Não estava desesperado, apenas seu estômago que revirava com a altura, que cada vez ia diminuindo mais e mais.

Hermione olhava preocupada para cima, a procura de Harry. Algo estava caindo, e muito rápido. Puxou a varinha rapidamente ao se dar conta que era Harry. Todos começaram a entrar em desespero, gritando, implorando para que alguém fizesse algo. Ela se levantou rapidamente e apontou a varinha para Harry.

- Extreen!

O corpo de Harry foi perdendo velocidade aos poucos, mas não foi suficiente para pará-lo. Chocou-se com uma força enorme contra o chão. Os professores se levantaram, surpresos, pasmos. Havia acontecido tudo rápido demais. Dumbledore parecia refletir o que havia acabado de acontecer. Hermione desceu a arquibancada rapidamente, desesperada, sem querer saber se o jogo havia acabado ou não, depois de ter parado a vassoura de Harry que estava caindo. Só foi chegar ao campo que o narrador avisou que o pomo havia sido pego por Malfoy. Ela entrou correndo e foi até Harry, abaixando-se para o corpo dele.

- Harry! Harry! - ela o balançou, tentando fazê-lo acordar, sem sucesso, debaixo de aplausos da arquibancada Sonserina. Os grifinórios estavam chocados demais para conseguirem emitir algum ruído.

Depois de alguns segundos os professores já se encontravam lá em baixo e levaram Harry rapidamente para a Ala Hospitalar, ainda sem saber o que aconteceu, com exceção de Dumbledore, que estava calmo demais para uma situação como aquela.

Frederick deitou Harry na primeira cama ao entrar na Ala Hospitalar. Ele também estava assistindo o jogo, e como chegou rápido lá em baixo, o levou.

Hermione ficou ao lado da cama, enquanto Madame Pomfrey corria de um lado para o outro, depois de ter escutado a versão de Dumbledore.

A garota segurou a mão do namorado, rezando internamente para que não ocorresse nada de grave a ele.

Os professores rodeavam a cama, um pouco afastados, para que Madame Pomfrey, que já estava com medicamentos na mão, pudesse observá-lo. Ela se virou rapidamente para Hermione.

- Querida, peço que se retire agora, por favor - ela não parecia nem um pouco calma. Parecia tremer.

- Quando poderei voltar? - perguntou preocupada.

- Não sei bem quando ele irá acordar... - e virou-se para Harry, observando-o. - Se é que ele vai acordar... - Hermione engoliu em seco, prendendo uma lágrima. - Lhe manterei informada.

Hermione confirmou com a cabeça, apesar de querer ficar ali. Levou a mão de Harry aos lábios e o beijou, de olhos fechados. Segundos depois já se encontrava fora da Ala Hospitalar. Rony e Gina chegaram assim que ela saiu.

- Como ele está? - Rony perguntou, afobado.

- Ainda desacordado.

- E quando irá acordar? - Gina perguntou, preocupada.

Hermione abaixou um pouco o olhar e passou pelos dois. Os ruivos a acompanharam com o olhar.

- Há chances de ele não acordar - Hermione desabafou, com a voz fraca, sem se virar.

Eles a seguiram, de olhos arregalados.

- O quê?

- Foi o que você escutou, Rony.

- Mas--

- Eu não sei de mais nada! - Hermione interrompeu a amiga, parando, e se virando para eles. - Eu não sei de nada do que aconteceu hoje à tarde, e o que eu disse é o pouco que eu sei. Não me façam mais perguntas, por favor! E me deixem um pouco sozinha - dizendo isso, ela andou um pouco mais rápido e seguiu o caminho para o Salão Comunal sozinha. Disse a senha de modo impaciente para a mulher do quadro e subiu a escadas do dormitório feminino após entrar no Salão. Jogou-se na sua cama e fechou logo a cortina.

Era quase véspera de Natal. Faltavam poucos dias. Seu pensamento viajou. Seria a primeira vez que não passaria o Natal com seus pais. Chorou. Pai morto, mãe sumida, namorado desacordado... Numa véspera de Natal. Imaginou se aquilo só acontecia com ela, e se a resposta fosse negativa, rezava para que ninguém sofresse tanto quanto ela. Ficou o resto da noite no seu quarto. Pensando, imaginando, supondo, sofrendo, chorando... repetindo para si mesma: “Harry não vai morrer...”

Na noite do dia seguinte, Hermione foi para a Ala Hospitalar. Harry ainda estava de olhos fechados. Pediu para Madame Pomfrey para ficar com ele e a mulher cedeu. Hermione pegou uma cadeira e colocou ao lado da cama do garoto, segurou a mão dele...

Harry abriu os olhos. Tudo girava e ele forçou um pouco a vista para que alguma imagem ficasse no foco normal. Agora o teto da Ala Hospitalar era visível, apesar da enorme escuridão. Sentiu algo segurando sua mão. Ele ia desencostar a cabeça do travesseiro ou apenas virar o rosto para ver quem era, apesar de já ter idéia, mas uma dor enorme o invadiu, deixando-o incapacitado de fazer qualquer movimento, por menor que fosse. Gemeu, apesar de não querer soltar nenhum ruído.

Hermione acordou, levantando rapidamente a cabeça para encarar Harry. Levantou-se da cadeira num pulo quando o viu de olhos abertos.

- Harry! - ela disse, sonolenta, abrindo um sorriso. O abraçou, fazendo-o soltar mais um gemido.

- Não consigo me mexer - ele murmurou, fazendo caretas.

- Desculpe. Não se mexa, fique quieto. - pediu, apertando um pouco a mão dele. - Você vai melhorar.

- Eu preciso de um beijo seu para melhorar... senti muita falta dele – disse depois de um tempo, apesar da dificuldade, fazendo força para sorrir.

Ela pareceu pensar um pouco, com um sorriso estampado no rosto.

Encostou os lábios nos dele e começou o beijo. Sua mão pousava delicadamente sobre a face dele. Harry tentou se mexer, mas a dor o invadiu novamente. Soltou um gemido contra a boca de Hermione, enquanto sua mão voltava ao colchão, relaxando. Ela se desencostou rapidamente.

- Bem melhor - ele ainda disse, apesar da dor enorme. - Eu não sinto minhas pernas - comentou, depois de um tempo, de modo divertido.

Hermione riu.

- Deve ter sido algum tipo de remédio que a Madame Pomfrey te deu, não se preocupe. Agora - disse, quando ele ia começar a falar. -, tente dormir. Amanhã temos muita coisa para esclarecer.

Ela voltou a sentar e entrelaçou sua mão na dele. Encostou a cabeça na cama, enquanto o outro braço repousava sobre a barriga dele.

- Obrigado, Mi - agradeceu, já de olhos fechados.

Ela apenas sorriu e pouco tempo depois eles adormeceram.


Hermione ergueu a cabeça ao escutar a porta se escancarando. Madame Pomfrey entrava, seguida desta vez apenas de Dumbledore. A mulher colocou alguns pequenos frascos ao lado da cama, numa mesinha.

- O que está sentindo, querido? - perguntou, voltando para Harry, que já estava acordado.

- Minha cabeça está um pouco melhor, mas ainda dói... E não sinto minhas pernas.

- Suas pernas vão voltar ao normal em algumas horas, é temporário. Para sua cabeça... - ela voltou-se para a mesinha e pegou um dos frasquinhos -... É bom que tome isso. É um pouco amargo, mas em poucos minutos sua cabeça fica boa - ela sorriu.

- Obrigado.

- Agora, se me permite - Dumbledore virou para Madame Pomfrey -, preciso ficar sozinho - Hermione já estava se levantando, para sair de lá - com os dois.

A garota parou, voltando a se sentar. A mulher fez um aceno de cabeça e se retirou. Dumbledore esperou a porta se fechar, para começar a falar.

- Algum dos dois tem idéia do que aconteceu naquele jogo de Quadribol? - perguntou ele, com a mesma calma de sempre.

Hermione negou com a cabeça e Harry murmurou algo, negando também, já que não podia fazer nenhum movimento direito.

- Você estava com sua vassoura, Harry?

- Sim, senhor.

- Mesmas roupas de sempre?

- Sim, senhor.

- E as luvas? Eram as mesmas?

- Não, senhor. Eram novas.

- Você as comprou?

- Não, eu dei de aniversário para ele - agora foi Hermione que falou, se lembrando.

Dumbledore voltou para ela, a encarando.

- Srta. Granger, você tem idéia do quê comprou?

Hermione ergueu a sobrancelha, sem entender. Dumbledore as tirou do dentro do seu casaco e as estendeu, para que os dois observassem.

- Eu mesmo as tirei de você, Harry, e eu mesmo as examinei - deu uma pausa, olhando de um para o outro. - Luvas Egípcias. Ilegais, caras e raras. Sabia o que estava comprando?

Hermione negou com a cabeça, ligeiramente constrangida. Mordeu o lábio inferior, em nervosismo.

- Velocidade extra na vassoura, é para isso que servem... apenas para quem sabe usá-las. E, certamente, não é um garoto de 16 anos uma das pessoas, ainda mais pego de surpresa.

Hermione se sentiu culpada. Harry poderia ter morrido, e seria culpa dela.

- E-eu não sabia professor - desabafou.

- Me lembro de alguma coisa ter me atingido antes de cair - Harry comentou, dirigindo o olhar a Hermione.

- Srta. Granger o salvou - Harry se virou para Dumbledore. - Papoula disse que um pouco mais de velocidade você teria morrido. Creio que essa velocidade a Srta. teve o trabalho tirar.

Hermione balançou um pouco a cabeça, confirmando, sob o olhar de Dumbledore e de Harry.

- Bom, Harry. Suas luvas serão entregues, mas sinto em lhe informar que não poderá jogar o próximo jogo. Você usou algo ilegal e para tirar proveito em um jogo... Mesmo que sem saber - acrescentou, vendo que Harry ia protestar.

O garoto fechou os olhos e suspirou. Dumbledore tocou a varinha nas luvas e elas sumiram.

- Vou deixar os dois sozinhos - Dumbledore fez um aceno com a cabeça e se retirou.

Hermione desabou na cadeira.

- Desculpe, Harry - murmurou.

- “Desculpe, Harry”? - repetiu. - Você me salvou, Mi!

- Mas fui eu que te dei as luvas. Devia saber mais sobre elas! - lamentou.

- Já passou, ok? - ele fez um esforço enorme e levantou a mão direita, tocando o rosto da garota. - Eu estou bem, e você me salvou, isso é o que importa.

- E você não vai jogar o próximo jogo - o lembrou, com a voz um pouco fraca.

Harry ficou a pensar por um tempo.

- Minha vassoura está muita quebrada?

- Está inteira, eu parei antes que ela se chocasse contra o chão.

- Érick estava assistindo o jogo?

- Acho que sim.

- Será que você pode chamá-lo pra mim, Mi? Por favor - pediu.

- Claro - ela se levantou. - Eu vou tomar café agora, você quer que eu te traga alguma coisa?

- Não, obrigado. Só me ajuda a tomar esse remédio.

Hermione ajudou o garoto a se sentar na cama e lhe entregou o copo. Harry o virou, com um pouco de dificuldade, tomando-o num gole só. Fez uma careta depois.

- Que coisa ruim! - resmungou, limpando a boca com as costas da mão.

Hermione riu. Deu um ultimo beijo em Harry e saiu da sala.

Encontrou Érick no Salão Principal conversando com uns amigos e pediu para que fosse até a Ala Hospitalar, para que Harry conversasse com ele.

- Como o Harry está? - Rony se sentou num pulo, ao lado de Hermione, logo após que o garotou saiu.

- Melhor - disse depois de engolir um pedaço da torrada.

- A gente pode ir lá?

- Érick foi conversar com ele agora, depois nós vamos.

- Você tem alguma idéia do que aconteceu no jogo? - quis saber.

Hermione, para a surpresa de Rony, confirmou com a cabeça enquanto tomava um gole do leite.

- Foram as luvas que eu dei para ele de aniversário.

Rony ergueu a sobrancelha, sem entender. Hermione revirou os olhos, colocando o copo sobre a mesa.

- Aquela velocidade enorme que ele estava foram causadas pelas luvas.

- Ah - Rony processou a informação depois de algum tempo.

- Mas - Rony se virou para ela, parecia estar ligado em outra coisa não muito perto dali -, ele não poderá jogar o próximo jogo.

- O quê? - os olhos dele se arregalaram. - Ele quebrou a perna ou o braço, ou algo assim? - perguntou, preocupado.

- Não, Dumbledore não o deixou jogar, por ter usado algo ilegal... As luvas são ilegais.

- E quem vai ser nosso apanhador no próximo jogo? - ele parecia ligeiramente desesperado.

Hermione deu de ombros, voltando a comer.

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N/A: Capítulo betado! Qualquer erro, culpem o beta. ;D
12 páginas de Word.

bom, pra quem ta pedindo DG.
sim, sim, vai ter DG, só que é o casal de segundo plano, talvez tenha depois do capítulo 24, talvez já no 24, não sei ainda.
mas eles vão ficar juntos, vão ter várias briguinhas e talz. =)

boom, para tooodas aquelas pessoas que pediram o capítulo 22.
avisando logo que não dá pra mandar capítulo pra ninguém. =x
eu já expliquei lá no Menu, mas eu falo de novo.
entro na net só no final de semana, então não dá pra ficar mandando pra todo mundo.
e também, assim que eu dou uma olhada nele, eu já posto direto aqui.
então é só vir aqui. ^^’

é, acho que isso é o básico.
muuito obrigada por todos os comentários... que estão até aumentando \o.
muito bom mesmo.

eu sei que eu demorei um pouco pra postar mas é que minhas aulas começaram, =x
é, horrível.
tem que estudar e talz.
aí, já viram..

tá, avisando que o capítulo 23 é beem grandinho, talvez eu demore um pouco também. =x
mas, enfim, ele sai, um dia sai! =D

prévia?
ENORME! =X
ah, ah.
são fatos soltos. =)

"- Não – resmungou. – Harry! Você fugiu da Ala Hospitalar?

O puxou pela camisa e ele caiu de uma vez na cama, já que já estava com uma perna em cima da mesma.

- Meu Natal vai ser perfeito – sussurrou depois de beijá-la.

- Harry – ele abriu os olhos e abaixo um pouco a cabeça. – Você quer ficar em Hogwarts mesmo?

- O que eu fiz?! Desejei Feliz Natal para ela – disse, como se fosse óbvio.

- Ah, não, Mi! Eu não fiz nada de errado dessa vez – disse se virando, acompanhando-a com o olhar.

- ... vou avisando que vocês dois vão dormir num mesmo quarto.

- Estamos em paz?

- É a única que eu não consigo fazer.

- Você tem 17 anos!

- Você vai fazer a poção para mim ou não?

- Hermione, você pode--

- Eu sei muito bem o que pode acontecer!"


te o próximo capítulo. ;D
=*

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