Fuga





Nono capítulo – Fuga




- Draco?

Draco Malfoy assustou-se com o sussurro que ecoou em sua cela. Estava deitado, olhando para o teto pensando que já havia muito tempo que Snape havia dito para ele se preparar.

- Severo? É você? – murmurou Draco olhando para a sombra que se aproximava.
- Sim. Você está pronto? – Perguntou Snape olhando para os lados.
- Pronto pra que Severo? – Retrucou exasperado. – Você acha que conseguiremos sair daqui com vida?
- Cale-se, Draco. – Disse irritado. – Teremos mais chances de sobreviver fugindo daqui.
- Mas...
- Se quiser ficar mofando nesta cela fétida, o problema é seu. Eu vou fugir daqui agora, com ou sem você. – Finalizou Snape dando as costas e começando a sair.
- Severo... espere! – Draco se agarrou as barras da grade. – Eu vou, mas como você pensa em fugir daqui?

Snape lançou um feitiço na grade que servia de porta para a cela fazendo com que ela se abrisse sem ranger. Colocou as mãos dentro das vestes e tirou a varinha que estava guardada dentro do compartimento escondido em seu quarto e a entregou a Draco. “Você guardou minha varinha?” Severo apenas confirmou com a cabeça e fez um gesto para ele esperar. Foi até a porta e encostou a orelha nela. Escutou os dois guardas conversando despreocupadamente. Apontou a varinha para porta e murmurou Abaffiato e voltou para perto de Draco.

- Escute com atenção agora. Vamos tentar sair daqui o mais rápido e silenciosamente possível. Você conhece o castelo, portanto é só ter cautela.
- Mas e os vigias? O que faremos com eles?
- Quem está aí fora não causará problemas, são seus coleguinhas Crable e Goyle.
- O que eles estão fazendo aqui? – Perguntou entre impressionado e divertido pelos dois alunos mais obtusos que passaram pela Sonserina estarem montando guarda na porta das masmorras.
- Isto agora não interessa. Vou sair e tirá-los de ação. Espere aqui. – Snape estava caminhando em direção a porta quando parou de chofre olhando para dentro de uma das celas. – Desde quando ele está aqui?
- Ele quem? – Perguntou Draco se aproximando de Snape.
- Olivaras. – Falou baixo, estudando o prisioneiro.

Draco ficou parado tentando lembrar-se de alguma coisa. Na realidade não dava muita atenção para o que acontecia de fora de sua cela. Todo o tempo que ficou preso naquela masmorra fétida serviu apenas para alimentar um ódio mortal contra o Lorde das Trevas.

- Não sei... Achei que só eu estava preso aqui.
- E era para ser... Como não fiquei sabendo disto? – Perguntou Snape para si mesmo e ficou pensativo. – Isto só dificulta as coisas.
- Parece que a confiança depositada em você está... abalada, Severo.
- Já faz algum tempo que isto não é novidade, Draco. Temos que levá-lo também.
- Você está louco Severo? – Exasperou-se Draco. – Não vamos conseguir. O homem parece que está morto!
- Deixá-lo aqui será pior. – Respondeu lançando o mesmo feitiço que abriu a cela de Draco. – Não tenho tempo para explicar agora.

Snape se abaixou ao lado de Olivaras para examiná-lo. O velho fabricante de varinhas estava estuporado e muito desnutrido. Snape conjurou dois frascos com poções diferentes e apontou a varinha para Olivaras. ”Enervate”. O velho mal começou a abrir os olhos cinzentos e recebeu uma grande dose de poção em sua boca.

- O que você deu a ele?
- A poção revigorante mais potente do estoque do castelo. Está me escutando Olivaras?
- Onde... estou...
- Na fortaleza do Lorde das Trevas. – Respondeu Snape já um pouco impaciente, tinha que sair dali o quanto antes.
- Por Deus... Como vim parar aqui? Não me lembro de nada... Mas o senhor é o Prof. Snape... e este é o jovem Malf...
- Não temos tempo para explicar nada agora. Dê mais este frasco de poção para ele, Draco. – Disse conjurando outro frasco e colocando os outros dois nas vestes. – E espere aqui.

Draco deu a poção enquanto Snape saiu pelo corredor e deu algumas batidas na porta, que se abriu logo em seguida.





- Vocês dois! Vocês viram se Rabicho passou por aqui?
- Não senhor, Professor Snape. – Respondeu Goyle.
- Caso você não tenha percebido, Goyle, eu não sou mais seu professor, garoto idiota. – Disse encarando o ex-aluno.
- Me desculpe prof... Senhor. – Tentou se redimir Goyle enquanto Crable apenas olhava. Snape ignorou o pedido de desculpas.
- Se vocês virem Rabicho, digam a ele que estou procurando-o. – Deu as costas e saiu pelo corredor mal iluminado. Como ele havia esperado, os dois começaram a confabular sobre o que havia acontecido. Parou e fingiu que ia entrar em porta lateral, mas virou-se de repente e atacou. “Estupefaça, Silêncio, Estupefaça”. A seqüência de feitiços foi muito rápida. Depois que Goyle foi atingido Crable ainda tentou gritar, mas foi silenciado e nocauteado.







Draco esperava em silêncio agachado ao lado de Olivaras. O velho senhor já demonstrava claros sinais de melhora. Ao escutar o barulho da porta se abrindo correu para o corredor. Snape trazia Crable e Goyle amarrados um ao outro com um feitiço de levitação.

- O que você fez com eles? – Perguntou Draco.
- Estão apenas estuporados. – Respondeu Snape depois que entrou na cela de Olivaras e sendo acompanhado por Draco. O fabricante de varinhas apenas observava.
- E agora, o que faremos?
- Agora temos que sumir daqui. – Snape tirou um dos frascos que havia guardado nas vestes e conjurou um pequeno cálice. Arrancou alguns fios de cabelos dos ex-alunos que estavam desmaiados.
- Polissuco? – Snape apenas confirmou com um aceno de cabeça. Colocou parte da poção do frasco no cálice junto com alguns fios de cabelo e entregou a Draco. Os fios restantes ele colocou dentro do frasco onde havia mais um pouco da poção.
- Prof. Snape... Não teria como avisar Alvo Dumbledore da localização desta fortaleza? – Perguntou Olivaras. - Ele poderia nos ajudar... - Draco e Snape se olharam por alguns instantes.
- Não... Dumbledore não pode mais nos ajudar.
- Mas por quê?
- O diretor está... morto. – Respondeu em voz baixa.
- Dumbledore morto? Mas que disparate é este, homem?
- É verdade. – Draco começou a falar. – Nós...
- Isto é uma longa história Olivaras. – Interrompeu Snape. – Mas primeiro nós teremos que sair daqui. Beba a poção Draco. Enquanto passam os efeitos iniciais, vou tirar a roupa destes dois idiotas para que possamos usá-las.
- Mas e você? Pensei que também iria beber a poção...
- Vou beber, mas não agora. – Respondeu impaciente. – Beba logo esta porcaria.

Draco pegou o cálice e virou todo seu conteúdo de uma vez enquanto Olivaras observava e não parava de murmurar “Dumbledore morto... não posso acreditar... estamos perdidos...”

Draco pensou que seu corpo estava derretendo. O estômago estava embrulhando violentamente, mas da mesma forma que tudo começou, parou instantaneamente. Sentiu as vestes que estava usando se rasgarem em diversos pontos, pois além dele ser bem menor que Goyle, suas vestes já estavam apodrecendo devido ao ar úmido e carregado da masmorra. Snape estendeu as vestes do verdadeiro Goyle para que Draco as colocasse. Depois que ele se vestiu e Crable e Goyle estavam devidamente amarrados e amordaçados, Snape pegou a varinha e um sapato de Crable. Apontou a própria varinha para o sapato e murmurou “Portus” . O sapato emitiu um leve brilho azulado e vibrou um pouco. A varinha ele entregou a Olivaras.

- Agora prestem atenção! Nós vamos tentar passar dizendo que estamos levando Olivaras, pois o Lorde das Trevas quer interrogá-lo. Não parem por nada. Você conhece o caminho Draco. Não deixe que o peguem. Quando chegar na área livre para aparatação use esta chave de portal. Ela o levará para um lugar seguro. Terei que amarrar você Olivaras. Mas é só forçar um pouco que a corda cairá. E lembre-se: você deve demonstrar que está debilitado. Vamos.






Os três saíram da masmorra e começaram a caminhar apressados pelo corredor que dava acesso as outras alas do castelo. Por diversas vezes encontraram comensais pelo caminho, mas Severo Snape ainda impunha algum respeito. Chegaram a uma bifurcação.

- Por aqui. – Indicou Snape com o nariz de gancho. Todo o tempo a varinha preparada sob as vestes.
- Mas ficará mais longe. Por aqui chegaremos à saída mais rápido...
- E também passaremos mais perto do Lorde das Trevas. Não. Vamos por aqui.

Quando estavam prestes a recomeçar seu caminho escutaram passos vindos do corredor que Draco queria pegar. Os três se viraram para ver quem se aproximava. Snape contraiu o maxilar ao ver Rabicho e Jawnehru se aproximando. Os olhos de Rabicho brilharam ao ver Olivaras junto com Goyle. Jawnehru apenas encarava os três com uma expressão astuta.

- Onde você está indo com o Olivaras, Snape?
- A um lugar que não lhe interessa Rabicho.
- Ora Ranhoso... Acho que o Lorde das Trevas não ficaria nada satisfeito de ver um de seus prisioneiros andando pelo castelo. – Disse Rabicho desdenhoso.
- Cuide de seus próprios negócios que eu cuido dos meus. – Retrucou Snape de modo seco. – Mas se você quer mesmo saber... Eu estava levando Olivaras a pedido de meu mestre.
- Você não deveria estar de guarda na masmorra? – Jawnehru se adiantou e perguntou para Goyle.
- Sev... O professor Snape mandou que eu viesse junto para trazer o prisioneiro para o Lorde das Trevas.
- Quantas vezes tenho que lhe dizer que não sou mais seu professor, seu imbecil!
- Ah... Então quer dizer que o Lorde Negro pediu para você levar o prisioneiro até sua presença... Interessante... Muito interessante.
- O que há de interessante nisto, Jawnehru? – Sibilou Snape, mas quando o comensal foi responder, sons de passos apressados encheram o corredor.

Blasio Zabini vinha correndo e quando viu os comensais mais velhos parados ali naquele corredor parou arfando ao lado deles.

- Professor Snape...
- O que aconteceu Zabini? – Perguntou, mas já sabia a resposta. Movimentou-se com sutileza para tentar bloquear a visão do garoto que havia chegado.
- Eu e Nott fomos fazer a troca da guarda, e não encontramos ninguém. Quando entramos na masmorra, encontramos Crable e Goy... – Antes de falar, Zabini mudou de lugar para poder olhar melhor para o antigo professor e se deu conta que havia mais pessoas ali. Encarou Goyle e depois olhou para o corredor pelo qual havia chegado ali e voltou a olhar para Goyle. – Goyle? Como você chegou aqui antes de mim?
- O que você quer dizer com isto? – Perguntou Rabicho.
- Não sei o que está acontecendo... Nós... quero dizer... Eu e Nott acabamos de encontrar Crable e Goyle amarrados e sem as vestes dentro de uma das celas da masmorra. Como ele cheg...
- Como estava lhe dizendo, Snape. – Interrompeu Jawnehru. – Interessante o Lorde Negro ter ordenado que você levasse o prisioneiro até ele, pois foi justamente isto que ele me pediu para fazer. Pergunto-me se ele esqueceu de comentar que você já poderia estar trazendo o artesão de varinhas.

Snape se deslocou rapidamente para trás de Olivaras. E apontou a varinha para a cabeça dele. Draco ficou um pouco atrás dos dois para aproveitar o escudo humano que se formou a sua frente. Todos os Comensais, com exceção de Jawnehru, puxaram as varinhas e ficaram em posição de ataque.

- Afastem-se ou matarei o velho! – Snape abaixou a mão livre até as cordas que amarravam as mãos de Olivaras e deu um pequeno puxão. O nó se desfez facilmente. Olivaras deu uma leve mexida no braço e a varinha escorregou para mão dele. Draco também pegou sua varinha. Era possível sentir a tensão no ar.
- Quem você está querendo enganar Snape? – Disse Jawnehru tranqüilamente. – Você não teria coragem de matar o velho... Desta vez não existe nenhum voto perpétuo para obrigá-lo a fazer isto.
- Você acha mesmo Jawnehru? – Os dentes amarelados de Snape apareceram num meio sorriso. – Isto só mostra que você não sabe nada sobre mim.

Snape levou a mão vazia até a gola das vestes de Olivaras enquanto Jawnehru puxava a varinha. Dois comensais que aparentemente não estavam sabendo de nada se aproximavam sem notar o que acontecia.

- Estupefaça! - Antes de terminar de pronunciar o feitiço, Snape puxou Olivaras para baixo pela gola das vestes. O feitiço atingiu em cheio um dos comensais que se aproximavam. A intenção daquele ataque era desviar a atenção de todos, mas Jawnehru sequer olhou para o lado. Com um rápido movimento de varinha lançou um feitiço arroxeado contra Snape.
- Protego! - Olivaras estava ajoelhado no chão, mas conseguiu conjurar um escudo protegendo os dois. O feitiço do comensal foi tão forte que Olivaras teve que se apoiar em Snape para não cair.

Rictusempra” . Draco aproveitou que Rabicho estava distraído olhando para o comensal atingido por Snape e acertou-o bem em cheio no estômago. Snape atacou Jawnehru enquanto Olivaras lançou um Petrificus Totalus em Zabini paralisando-o instantaneamente.

Jawnehru conseguiu se esquivar rolando pelo chão de pedras do corredor, mas quando foi se levantar Snape lançou outro feitiço jogando-o contra a parede. Um dos comensais que estava no corredor veio correndo lançando diversos feitiços. Snape deu alguns passos para trás puxando Olivaras e Draco.

- DERRUBEM O TETO! BOMBARDA! - Logo após o primeiro feitiço outros dois atingiram o teto fazendo parte dele ruir. Grandes pedaços de pedra caíram soterrando Zabini e levantando uma grande nuvem de poeira. – CORRAM!

Os três começaram a correr pelo corredor, mas em pouco tempo Olivaras se cansou, o que fez com que eles diminuíssem a velocidade. Afinal ele era um homem em idade avançada. Enquanto isto, Rabicho corria em direção à sala do trono.

Quando entrou, Voldemort estava sentado em seu trono e Nagini estava enrolada aos seus pés. Os olhos vermelhos lampejaram. “Como este inseto ousa entrar aqui deste jeito?”

- O que está acontecendo Rabicho? – Silbilou levantando a varinha lentamente para tortura-lo. – Quem você pensa que é para entrar aqui desta forma? Cruc...
- Milorde... Snape está fugindo junto com o garoto Goyle e Olivaras!

Voldemort parou o movimento da varinha. “Enfim Snape se revelou.” Pensou .

- Onde eles estão? – Perguntou levantando-se.
- Eles derrubaram o teto para nos impedir de segui-los, mas tenho certeza de que eles foram pelo corredor da saída norte.


Voldemort passou por Rabicho rapidamente e escancarou a porta. Quando chegou ao local onde o teto havia caído, Jawnehru já tinha retirado algumas pedras. O braço esquerdo de Zabini aparecia com a Marca Negra se destacando, mas o restante do corpo continuava soterrado. Voldemort era pura fúria. Com apenas um aceno de varinha transformou as pedras e Zabini em pó. Enquanto passava pelo local olhou para Jawnehru.

- Chame os outros e alcance Snape pelas saídas laterais.
- Como quiser, Milorde. – Jawnehru saiu correndo.
- E Jawnehru... Eu os quero vivos.


- Ande logo Olivaras, ou vamos acabar sendo pegos. – Sibilou Snape ao olhar para trás e ver que o velho havia parado e estava encostado na parede do corredor.
- Caso o senhor tenha observado Prof. Snape, não tenho a mesma idade dos senhores. – Respondeu Olivaras arfando.
- Então caso queira sair daqui vivo é melhor correr como se fosse uma criança. Vamos.

Snape deu as costas recomeçou a correr com Draco e Olivaras logo atrás. No final da longa passagem havia outro corredor. Em uma das pontas deste, uma escada em espiral descia até o primeiro piso do castelo, mas Snape temia o outro lado, pois os Comensais poderiam tentar alcança-los por ali. Pouco antes de chegar ao final do corredor em que estavam, ele sinalizou para que Draco e Olivaras parassem. Andou silenciosamente até onde os corredores se encontravam e olhou para os dois lados e depois agachou e encostou a orelha no chão. Não havia movimentação no corredor, mas percebeu claramente um tropel de passos se aproximando. Levantou rapidamente e chamou os dois. “Venham rápido! Eles estão nos alcançando”. Viraram a esquerda correndo. Estavam a meio caminho da escada quando escutaram o alerta.

Diversos comensais apareceram correndo. Jawnehru estava entre eles. Quando viram os fugitivos dispararam uma chuva de feitiços, porém devido a correria, poucos passaram perto do alvo. Snape também começou a lançar feitiços para trás, mas também com pouco efeito.

A distância entre eles diminuía. Parecia que a escada estava se afastando em vez de se aproximar. De repente Olivaras parou e virou-se. Draco e Snape correram mais um pouco, mas quando viram que o velho havia parado também pararam. Olivaras fez um movimento em arco com a varinha e gritou “DISTENDERIUS!”. Um feitiço alaranjado atingiu e começou a percorrer as paredes do corredor através das frestas entre as pedras. Alguns comensais pararam, mas outros ignoraram o feitiço que se espalhava pelas pedras. Para azar deles...

Como se fossem transformadas em vigas, as pedras das paredes começaram a crescer transversalmente ao corredor, uma a uma, formando uma verdadeira barreira entre os dois grupos. Dois comensais distraídos acabaram sendo prensados pelas vigas que cresciam das duas paredes. Antes que todo o corredor se fechasse, Jawnehru conseguiu lançar um feitiço que atingiu o braço de Draco, que rodopiou no ar e caiu. Um grande corte apareceu no ombro esquerdo empapando suas vestes de sangue. Snape rapidamente fechou o ferimento enquanto a ultima pedra se alongava bem em frente a Olivaras.

- O que faremos agora? – Perguntou Olivaras. Snape ajudava Draco a levantar.
- Aquela escada leva ao primeiro piso da fortaleza. Mais precisamente ao saguão principal. – Respondeu Snape. – Acredito que deva ter pelo menos dois comensais ali. Normalmente são recrutas com muito pouca experiência. Será fácil passar por eles. Teremos que tomar mais cuidado quando sairmos no pátio do castelo, pois o Lorde das Trevas sempre mantém alguém nas ameias do castelo.

De repente escutaram um estrondo e todo o corredor tremeu

- Depressa! Eles estão abrindo caminho!
- Mas Severo, o que faremos? – Perguntou Draco. Snape olhou para Olivaras.
- Você conhece o feitiço desilusório?
- Sim... Por quê?
- Vamos fazer o seguinte...



O saguão principal, como todo o resto do castelo, não ostentava luxo algum. Na realidade a mobília se resumia a uma mesa carcomida pelo tempo com duas cadeiras. Um grande castiçal de latão oxidado pendia do teto provendo a única iluminação artificial através de velas. Além de uma porta que fechava o acesso a uma escada giratória, havia mais três portas: duas laterais que levavam aos porões e outra que dava acesso ao saguão de entrada. Nada de importante acontecia ali, a não ser o entra e sai de comensais em alguma missão. Vigias eram mantidos ali apenas com o intuito de verificar quem entrava e quem saía. Tudo de interessante para o andamento dos planos do Lorde das Trevas acontecia do segundo piso para cima. Pelo menos este era o pensamento dos dois jovens comensais que estavam de guarda.

- Falta muito para acabar o turno? – Perguntou um deles ao sentar-se. O outro conferiu o horário.
- Duas horas. Não vejo a hora de dormir um pouco... Já estamos aqui a mais de dez hor... – “BUM” – O que foi isto?

BUM! Os dois se levantaram e olharam para cima. O castiçal balançava levemente. Estavam tão absortos olhando para cima que não viram quando a porta da escada se abriu lentamente. Um deles chegou a olhar julgando que tinha escutado o som de passos furtivos, mas não encontrou nada. Sem aviso, duas vozes surgiram do nada. “Império!” A sensação de bem estar foi avassaladora. Nem mesmo os barulhos que vinham do segundo piso interessavam mais. Snape e Draco se aproximaram e deram as ordens a serem cumpridas. Os três fugitivos andaram lentamente para não se perderem um do outro devido o feitiço desilusório enquanto os dois comensais continuavam sentados como se nada tivesse acontecido.

De repente, com um grande estrondo a porta de acesso à escada foi arrancada das dobradiças e tombou para dentro do saguão. Diversos comensais surgiram, mas no momento que pisaram na grande sala os vigias os atacou. O ataque surpresa teve algum efeito, mas rapidamente os dois comensais foram derrubados.

Snape estava fechando a porta entre os dois saguões quando escutou o estrondo. Só havia um comensal entre eles e a saída para o pátio do castelo. O comensal estava com a varinha erguida e olhava para todos os lados. “Que barulho é esse?” Snape lançou um Colloportus não verbal e selou a porta. Quando o comensal pensou ter localizado a fonte do ruído já era tarde. Um feitiço atingiu-o e ele caiu desacordado. Enquanto isto, no saguão ao lado diversos feitiços eram lançados na porta selada.

Saíram com cuidado para o pátio evitando chamar a atenção dos comensais que montavam guarda nas ameias, mas por sorte todos haviam corrido para dentro do castelo quando os estrondos começaram. Começaram a correr em direção a ponte levadiça quando aconteceu mais um estouro a suas costas. Pararam de correr e o que viram não foi nada animador: Através de um buraco aberto na parede Lorde Voldemort vinha andando decidido.

Voldemort parou de andar. As narinas em forma de fenda se dilataram como se estivesse farejando e os olhos brilharam. Um brilho insano e mau na claridade da luz do dia.

- Severo, Severo... Pensou mesmo que conseguiria escapar? – Disse desdenhoso. – Sabe por que sei que está aqui? Vou lhe dizer...O cheiro da traição é de tamanha fetidez que conseguiria encontra-lo mesmo que estivesse enterrado debaixo destas pedras...Mas gostaria de ver você pela última vez. De fiel seguidor você se tornou o traidor supremo.

Voldemort fez um amplo movimento, fluido e longo com a varinha lançando uma tempestade de neve. Snape aproveitou e arrebentou a corrente que sustentava a ponte fazendo com que ela abrisse. A neve caiu sobre os três revelando sua localização.

- Ah... Aí estão vocês. Digam “olá” a morte. Avada Kedrava!

A maldição foi em direção a Draco, mas Olivaras se jogou contra ele e a maldição passou por eles e explodiu no muro. Snape lançou um feitiço nos entulhos da parede que Voldemort passou fazendo com que elas atacassem.

- Ora Snape. Não estamos jogando quadribol para você ficar lançando balaços em mim. Esperava mais de você. – Um pedregulho estava preste a acerta-lo, mas Voldemort transfigurou-o em pó.
- CORRAM! – Eles saíram correndo. Voldemort lançou um feitiço atingindo o ombro esquerdo de Snape, perfurando-o de um lado ao outro. Snape caiu, mas recomeçou a correr atrás de Draco e Olivaras. Neste momento a porta do saguão se abriu e diversos comensais saíram para o pátio. Todos foram parando quando viram seu mestre parado ali no pátio. Snape, Draco e Olivaras já haviam saído do castelo.
- O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO? PEGUEM-NOS!




A dor que sentia no ombro era lacerante, e o ferimento sangrava em profusão. Snape parou e apontou para o grande portal de entrada: AMNOS PORTUS! e recomeçou a correr. O portal emitiu um brilho azulado e aparentemente voltou ao normal. Quando os perseguidores passaram sob o portal foram diminuindo o passo aos poucos. Muitos se olharam e se perguntaram “O que estamos fazendo aqui?”. Voldemort que vinha atrás viu o que estava acontecendo e derrubou o portal, mas já era tarde. Os fugitivos já haviam desaparecido. Num assomo de ira lançou a maldição cruciatos em todos os comensais que ainda estavam sob efeito do feitiço do esquecimento.

Snape continuava a correr, mas a grande perda de sangue já estava dificultando seus passos. Um pouco a frente Draco caiu. O efeito da poção passara e as botas grandes em demasia de Goyle causaram sua queda. Olivaras parou de correr e voltou para ajudá-lo.

- Desfaça o feitiço desilusório Olivaras. – A voz de Snape saiu estrangulada. Logo que o feitiço foi desfeito ele caiu de joelhos no chão.

Snape levou a mão até o ombro para verificar o grande ferimento. Tinha que estancar o sangramento rapidamente ou não conseguiria chegar na zona livre para aparatação. Draco e Olivaras correram até onde ele estava.

- Você terá que ser rápido Draco. Use o encantamento de cura. Olivaras, use Episkey para ajudar.

O ferimento parou de sangrar, mas não se fechava . Snape sentiu a dor ceder um pouco, por hora já era o suficiente. Depois cuidaria disto.

- Vamos embora daqui. – Disse olhando para a floresta nas margens da trilha. – Logo estarão em nosso encalço.

Estavam cansados demais para continuar a correr. O máximo que conseguiam era andar. Foram em silêncio pelo caminho, os sentidos aguçados demais devido à tensão e preocupação de ainda estarem sendo seguidos.

- Quando sairmos daqui, preciso que procure uma pessoa para mim. – Snape falou para Olivaras. – Gostaria que procurasse Harry Potter.
- Potter? – Perguntou um surpreso Draco Malfoy. – Por que ele?
- Procure por ele explique o que aconteceu. Ache Arthur Weasley que ele o levará até Potter. – Concluiu Snape ignorando totalmente Draco.
- Claro Professor Snape. É o mínimo que poderia fazer em agradecimento por ter me tirado de lá. Estou em dívida com o senhor.

Depois de algum tempo avistaram a área livre para aparatação. Snape verificou a chave de portal de Draco. Estavam quase chegando quando diversos feitiços passaram sobre suas cabeças.

- CORRAM!



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*




Harry estava dentro do elevador privativo que levava a sala do ministro Scrimgeour acompanhado de Moody, Lupin e Shacklebolt. O Ministério há algum tempo estava sendo bastante vigiado. Desde a invasão dos Comensais da Morte havia aurores por toda a parte e o movimento era mínimo...apenas quem precisava realmente entrar, se encontrava ali.

Ele ainda tentava compreender a atitude de Severo Snape. “Será que o Professor Dumbledore estava certo?” Estava perdido em seus pensamentos quando uma voz o despertou. “Gabinete do Ministro da Magia”. As portas do elevador se abriram e eles saíram. Na ante sala encontraram Percy Weasley sentado em sua mesa.

- Olá Harry! Oi Moody, Lupin, Shacklebolt... O Ministro os espera.
- Oi Percy. Você poderia avisar que estamos aqui? – Perguntou Harry.
- Não precisa Harry, tenho ordens para que vocês sejam encaminhados imediatamente ao gabinete. Venham.

Encontraram Rufus Scrimgeour sentado atrás de sua mesa lendo um grande rolo de pergaminho. Quando viu Harry entrando na sala levantou-se para cumprimentá-lo.

- Olá Harry! Como vai? Alastor, Lupin. – Cumprimentou com um aceno. – Venham, sentem-se. Você também Shacklebolt.

Depois que todos estavam devidamente acomodados, Harry encarou o Ministro. Estava curioso para saber o que o ele tinha para oferecer.

- Muito bem Harry! Não vamos ficar dando voltas, não é mesmo?
- Que bom que o senhor pensa assim Ministro. Vamos direto ao assunto. O que o senhor quer?
- Eu quero ajuda Harry. Não serei hipócrita o bastante para dizer que temos o controle da situação, pois não a temos. Estamos muito atrasados em nossas ações contra Você-sabe-quem.
- Mas que tipo de ajuda Rufus? – Rosnou Olho-Tonto. – Acho que o Potter já deixou bem claro que não será seu garoto propaganda...

Rufus encarou cada um deles por alguns instantes. Passou a mão pela cabeleira leonina e suspirou.

- Serei sincero com vocês. Sei que sempre ajudaram Dumbledore em sua luta contra o Lorde das Trevas. – Olhou de esguelha para Quim. – E vocês sabem muito bem que os esforços dele sempre foram... mais eficientes que tudo o que o Ministério já fez ou pelo menos tenta fazer. Vocês deviam estar a par das ações de Alvo...
- Esqueça Ministro! – Lupin parecia bastante aborrecido. – Se sua intensão era saber dos planos de Dumbledore ou o que ele estava fazendo, não perca seu tempo, pois nós não sabemos e se soubéssemos não contaríamos.
- Calma Lupin! Sei que vocês não diriam nada. Por favor entenda, preciso manter o clima de vitória dentro do Ministério. Isto faz com que as pessoas fiquem mais... dispostas a lutar.
- Então me diga Ministro, o que está planejando contra Voldemort? – Perguntou Harry.
- Por que a pergunta Harry?
- Pensei que acharia a pergunta meio óbvia, mas me enganei. O senhor acredita que Voldemort ficará parado? Ainda mais depois do ataque ao Ministério...

Rufus Scrimgeour encarou Harry.

- É por isto que preciso de vocês... É por isso que preciso de você Harry.



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Mais um capítulo postado!

Bem galera, vamos aos agradecimentos.

A Rafaela Porto (Fá): Muito obrigado pelas dicas, vc verá que todas as suas "Ordens" foram acatadas. Hehehe. Você sabe que todas as suas opiniões são acatadas não por submissão (hehehe) mas porque são muito boas e acrescentam um toque muito especial a estória. Acho que vc é a usuária mais ocupada do FeB, devido a quantdade de fics que vc participa, então agradeço mais uma vez por vc não ter abandonado O Vaso de Vishnu. Espero que o final tenha ficado à altura do que vc sugeriu. Abraços!

Ao Ruggero Rebellato: Muito obrigado por ajudar e saiba que suas sugestões serão acatadas. É bom saber que vc está firme com a fic independente da falta de tempo.

Expert2001: Cara, me desculpe se te deixei curioso, mas é que pintou uns contratempos, mas o cap taí. Espero que tenha ficado no nível esperado. Obrigado por prestigiar a fic.

Paulo Borges: Obrigado por ler a fic. Espero que continue.

Agradeço também a JM Flamel, Amy Aine, Igor Garutti e a todos que sempre passam pela fic. Obrigado de coração.

Leiam e comentem galera!

Um abraço a todos!

Rubeo.

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