Nova Aliança
Dumbledore irrompeu no corredor que levava às masmorras.
– Severo! - gritou ele sem dar atenção aos alunos que andavam por ali. - Onde está Abonize?
– Não sei - respondeu ela olhando para baixo. Dumbledore o puxou para dentro da sala de Poções. Harry os observava e ficou escutando atrás da porta ao olhar malicioso de Malfoy. - Ela não gostou quando eu não quis... - os olhos de Snape estavam marejados.
– Tudo bem, não precisa me contar, mas pressinto.
– Ele... ele... está em Hogwarts! - disse Snape erguendo a manga da camisa e olhando para a marca em seu braço.
Os dois se olharam, correram até a janela e puderam ver Abonize entrar na Floresta Negra.
– ACCIO! - gritou Snape e no segundo seguinte ele e Dumbledore estava montados em suas vassouras voando em direção à floresta.
Mas um clarão intenso abarcou tudo em volta da floresta, num raio de cinco quilômetros. Dumbledore e Snape caíram no chão, cegados pela luz. Toda Hogwarts viu o clarão. Dumbledore tateou o chão e encontrou a mão de Snape.
– Meu amigo, nossas esperanças morrem aqui!
– VOLDEMORT! - gritou Snape com todas as forças.
Abonize estava de fronte ao temido Lorde das Trevas, no entanto, ele não se parecia com nada assustador, era um homem alto, mais de um metro e noventa, a pele branca e olhos e cabelos escuríssimos.
– O que quer de mim, senhor?
– Preciso de sua ajuda!
– Não és tão poderoso?
– Não mais que os bruxos que tenho combatido! Mas com você ao meu lado...
– Eu nunca trairia Dumbledore!
– Entendo! Peço apenas que me ajude a limpar nossa terra.
– Hogwarts?
– Não, não, Hogwarts é apenas uma escola, inocentes almas! Quero limpar as terras bruxas da escória de sangue-ruim!
Ela andou até a lareira.
– Queres a morte de pessoas inocentes!
– Não são inocentes! Veja só o que têm causado! - Mas ela estava de costas para ele, de braços cruzados, impassível. - Os trouxas são engraçados, não? Vivem em um mundo evoluído, cheio de invenções que os ajudam no dia a dia, são muito inteligentes, mas mesmo assim, destroem uns aos outros por banalidades!
– Sim - afirmou ela.
– Agora impregnam nossas escolas para aprenderem nossas artes? Se eles vivem num mundo onde não podemos atrapalhá-los, por que eles podem atrapalhar-nos?
Abonize sentou-se, os olhos cheios d’água.
– A mulher que você teme lhe tirou toda alegria, não é? Severo é seu - aquelas três palavras, nos lábios de Voldemort a fizeram estremecer -, você sabe disso, apenas ele não sabe, mas eu lhe mostrarei a verdade! - murmurou ele. - Farei com que ele veja o que está perdendo.
– Ela... eles estão vivos?
– Sim, minha querida!
– Liberte-os então!
– Se se unir a mim - disse ele sorrindo.
– Não! Não discutirei mais isto contigo. Não o farei!
Voldemort cerrou os punhos.
– Eu poderia lhe dar tudo o que desejas!
– Posso conseguir por mim mesma - disse ela olhando para as chamas.
– Entendo, quem sabe... eu poderia realizar seu desejo mais oculto! - sussurrou ele encostando os lábios na orelha dela. Ela fechou os olhos, Voldemort tinha uma voz doce. - Quer Troy de volta? - disse ele. Ela virou-se. Voldemort sorriu. - Ou... Severo Snape aos seus pés?
Ela espantou-se abrindo a boca.
– Dê-me sua palavra - sussurrou ela olhando para os lados, mesmo sabendo que naquela sala só haviam os dois. Voldemort riu e lentamente aproximou-se dela, agachou-se e acariciou as mãos dela.
– Vamos, levante-se, anime-se, pois veja bem o que ela faz com você! - e dizendo isso a levou até um enorme espelho. Ela estava translúcida e as veias azuladas quase saltavam de sua pele. - Junte-se a mim, Abonize, e toda dor lhe será retirada, viverá uma vida plena e repleta de prazeres! Tudo o que precisa fazer é dividir seu poder comigo!
A voz dele ecoava na cabeça de Abonize e eram palavras eram doces e ajustavam-se extremamente com aquilo que ela queria ouvir. Abonize então voltou a olhar para o espelho e já não estava mais torpe, olhou em seguida para Voldemort e ele a abraçou lentamente, aquecendo-a, era um calor que ela nunca sentira antes. Sabia o que ele faria, sabia o que aconteceria dali em diante, mas ela queria seu maior sonho realizado. Voldemort a tomou nos braços e a beijou insaciavelmente.
– SEVERO! - gritou Dumbledore.
Alvo Dumbledore sentiu um aperto fortíssimo no peito e caiu sentado na cadeira soltando um gemido abafado. Todo o salão principal, que o escutava dar recados, aquietou-se. Alguns alunos levantaram-se para ver melhor o que aconteciam. Harry Potter soltou um grito e segurou sua cabeça com as mãos. Sua cicatriz latejava agressivamente parecendo saltar de sua cabeça.
Na enfermaria, Dumbledore foi atendido rapidamente, já estava bem melhor e acompanhado: a sua direita estava Severo Snape, Alastor Moody e Sirius Black, e a sua esquerda, Remo Lupin e Arthur Weasley, novo ministro da magia e pai de Rony.
– Meus amigos, espero que estejam preparados porque o que eu pretendia usar contra Voldemort está em posse dele... por minha própria burrice.
Snape deu um passo à frente, mas Dumbledore o impediu de continuar estendendo a mão.
– Eu trouxe a Hogwarts nossa salvação. Atirei-a contra si mesma pensando que o amor que habitava seu coração era maior do que qualquer outro sentimento negativo existente! - e suspirou. - Mas, vejo que me enganei profundamente. Ela rendeu-se ao mais temível ser na face da terra em troca de um sonho... o ser mais supremo do universo desgraçado por sua criatura.
– Voldemort tem seus meios! - afirmou Sirius.
– Sim, ele tem. Pelos seus lábios correm venenos mortais... astúcia, desumanidade, desamor.
– Mas, Dumbledore, ela pode resistir - disse Lupin -, se ela se lembrar de tudo o que lhe aconteceu aqui!
– Nem tudo - disse Snape com o olhar disperso - eu... eu não... ela saiu desolada em direção a floresta... não achei que pudesse fazer uma besteira tão grande!
– Ela não foi a única! - reprimiu Dumbledore. - Era o que Voldemort esperava, um deslize assim acontecer, e a pegou no momento certo!
– Não podemos desistir! Trarei a Hogwarts muitos aliados, até mesmo as crianças nos ajudarão a manter esse castelo longe das garras de Voldemort! - brandiu Alastor.
– Sempre confiante, Moody - pela primeira vez, as pessoas ali presentes viram Dumbledore desanimar -, iremos à batalha, mas ela nos será ferina!
– Estou indo - disse Snape andando para a porta.
– Severo! - a voz de Dumbledore passava confiança naquele momento. - Você consegue!
Assim que Snape saiu da enfermaria, os outros ocupantes foram instruídos a trazer toda pessoa de bem, toda família bruxa, para Hogwarts. Ficariam hospedados ali e se tornariam fortes, uma fortaleza viva contra Voldemort.
– Amor, união e - ele hesitou -, esperança nos tornarão fortes! Tudo e todos aqueles que ficarem fora da propriedade de Hogwarts serão destruídos! - estas foram as últimas palavras que Dumbledore lançou para seus amigos antes que eles partissem em busca de aliados.
Dias se passaram.
– Por que me manténs aqui, senhor? - perguntou Abonize a um dos comensais da morte. - Quero sair!
Ela estava em uma enorme sala de pedra, presa ao fundo dela por uma parede de vidro, um feitiço que não a deixava ultrapassar os cinco largos degraus que levavam ao centro da sala. Podia ver tudo, os comensais sentados em sofás aconchegantes ao redor de uma larga mesinha de centro e junto à lareira crepitando, uma poltrona avantajada e aveludada, lugar de onde Voldemort dava suas instruções. A saleta onde ela estava não era diferente, erguia-se a mais de um metro e meio da outra sala e tinha dois sofás e uma enorme espreguiçadeira próxima à outra lareira. Além do fogo da lareira, um enorme lustre com centenas de velas minúsculas iluminava todo o salão.
– Lorde Voldemort! - saudou o comensal ao lado de Abonize fazendo reverência.
– Minha amada! Sinto que algo a incomoda!
– Sim, não gosto de ficar enclausurada!
– Mas é por pouco tempo e para sua própria proteção.
– Mais pessoas vieram para servi-lo? - disse ela olhando para o salão.
– Sim, servos que receei terem me abandonado! Já iniciamos a caminhada que libertará nosso povo. Os dementadores estão aqui, capturaremos todos os inimigos e os entregaremos a eles!
– Deixe-me ver o sol...
– Não posso. Tenho medo de que a raptem...
Voldemort aproximou-se dela, mas Abonize mesmo sabendo da resposta perguntou:
– O que queres?
– Quero que me fortaleça! - e dizendo isso a puxou para perto de si e impetuosamente beijou-a. Sentiu-a amolecer em seus braços. Uma aura branca os envolveu, levantando-os alguns centímetros do chão desaparecendo em seguida. Voldemort deitou Abonize na longa espreguiçadeira, riu e saiu da sala.
Era sempre assim: Voldemort aparecia e tirava o que queria de Abonize deixando-a desacordada por horas. Horas envolta em sonhos vindouros de felicidade e bem-aventurança. Contudo, quando acordava a sala estava deserta. Somente ela naquela penumbra, presa como há anos atrás. Quando o salão se enchia ela via os comensais rirem e brindarem por mais uma vitória. Como ela gostaria de saber o que estava acontecendo. Não, não, gostaria de ver ao menos o sol, sentir seu calor... mas, ali não haviam janelas. O tempo passava sem que ela tivesse noção disso. Dormia quando tinha sono, comia quando tinha fome. Não sabia dizer quando era dia ou quando era noite. Mas aquele dia, em particular era especial. Havia muita agitação e comemoração no salão. Voldemort discursou sorridente e durante muito mais tempo para seus comensais, que erguiam suas taças e brindavam. Estava curiosa, não podia ouvi-los, mas estavam alegres; certamente tudo havia acabado, enfim estaria livre! Enfim teria seu desejo realizado! Ela adormeceu sorrindo pela primeira vez desde que estava ali.
Tarde da mesma noite, Abonize acordou com alguém lhe tampando a boca.
– Vou soltá-la, mas não grite! - disse a voz abafada de um comensal. Ela balançou a cabeça afirmativamente. - Amanhã ninguém virá aqui tão cedo! Estas são as chaves da porta de saída. Siga sempre à esquerda.
Então o comensal saiu sorrateiro. “Sair? Mas e meu pagamento?” pensou Abonize. “Sim, ver o sol! Claro, o comensal sabia que eu queria ir lá fora. Trouxe-me a chave! Irei, agora mesmo!” Abonize abriu a porta e correu pelos corredores seguindo sempre à esquerda. No entanto, virou sem querem à direita e perdeu-se. Ficou perambulando olhando para marcas na parede, para saber se já havia passado por ali, mas não conseguia memorizar e as vibrações que emanavam das paredes lhe causavam arrepios. Abonize temia por sua vida agora, desobedecera Voldemort. Temia também por seu desejo supremo. De repente, ouviu um choro de criança. Correu para perto dele. Vinha de trás de uma enorme porta de duas folhas.
– Quero ir para casa, mamãe! - choramingava uma criança.
– Fique quieto, menino! Está quase no fim.
– Eu quero o papai!
– Não amola! Já falei para ficar quieto ou vou te bater!
– Mas eu quero o papai!! - disse a criança que sem esperar levou duas lambadas nas costas.
Abonize aproximou-se da porta e encostou a orelha nela. Escutou passos se afastando e não hesitou em entrar. Era uma cozinha. “Graças, agora é só achar a porta de saída!”, pensou ela. A cozinha era enorme e limpa. Somente Abonize e um menininho de mais ou menos quatro anos de idade estavam ali, ele a olhava com grandes olhos negros.
– Olá! - disse Abonize sorrindo - Chamo-me Aby e você?
O menino se arrumou na cadeira.
– Vo-você fugiu das mas... masmorras?
– Tenho cara de fugitiva? - perguntou ela rindo.
– Ah... não! - respondeu ele olhando para baixo.
– Queres brincar lá fora comigo?
Ele sorriu e fez menção de descer da cadeira.
– Eu não posso! Minha mãe não deixa, ela vai me bater de novo!
– Ela não está aqui, está?
– Não! - disse ele sorrindo novamente e dando a mão para Abonize.
– Eu não vou deixá-la bater nunca mais em ti! - disse Abonize acariciando os cabelos do menino - Sabe onde é a saída?
Ele balançou os ombros. Abonize saiu por uma porta pequena, achando que era a saída de empregados. Esta porta dava para mais um longo corredor, atravessaram-no e ele desembocou em um admirável portal adornado por folhas entalhadas na madeira, que se abria para a sala mais exuberante que Abonize vira em toda sua vida.
– Ora, vejam só! Então é aí que você anda! - exclamou Voldemort. - Vejo que achou uma companhia!
O sangue de Abonize gelou e não deixou que ela se movesse. Voldemort estava na sala com uma mulher de cabelos ruivos e com um homem de cabelos longos e brancos. Era o mesmo homem que ela encontrou na Floresta Negra ao chegar a Hogwarts e agora via ainda mais, era o mesmo homem que atormentara Snape, era Lúcio Malfoy.
– Venha, junte-se a nós! - disse Voldemort.
– Eu... não foi minha intenção... a porta está aberta...
– Não se preocupe, Abonize, hoje é um dia muito especial, sem ressentimentos!
Ela aproximou-se balançando a cabeça. O menino a seguia agarrada à barra de seu vestido. Voldemort riu.
– Vejo que parte de seu sonho você realizou por si própria.
Abonize ergueu as sobrancelhas, olhou para o menino. Sim, como não? Era o filho de Severo Snape. Ela sorriu e aproximou-se de Voldemort pegando a mão dele.
– Está terminado, senhor?
– Não, ainda não! Esta noite nós nos reuniremos nos jardins de Hogwarts! Mas não se preocupe, Snape não sairá de minhas mãos tão cedo.
– Milorde, perdoe-me, - disse a mulher ruiva - o senhor me prometeu Snape, esqueceu?
– CALE-SE! - Voldemort andou até o Lúcio que estava próximo à lareira e lhe disse algo no ouvido e o comensal saiu. - Minha amada! Preciso mais uma vez de você! Somente uma vez ainda e tudo estará acabado!
– Liberte o menino e a mãe dele!
– Não, milorde! Queremos ficar ao seu lado! - disse a mulher. Abonize admirou-se. - Lorde Voldemort, me deste tua palavra!
– Sim, claro. Mas primeiro...
– Não! Chega de ladainhas! - a voz de Abonize voltou a se distorcer. - Eu exijo que liberte-os! Se a mãe não quiser, pelo menos o filho!
– Mas quem cuidará dele? - riu-se Voldemort.
– Mande-o a Dumbledore!
– Dumbledore... - ele voltou a rir - ele estará morto esta noite!
Abonize agarrou o menino.
– Meus comensais estão reunidos agora em Hogwarts lutando contra os bonequinhos de Dumbledore! Não vão agüentar muito mais e assim que caírem, como Dumbledore o fez, você me dará sua vida e então poderá ficar com o menino se quiser.
– Mas é meu filho, milorde! - gritou a mulher ruiva.
– Cale-se, já lhe disse! - Voldemort sentou-se e olhou para o fogo crepitando. Parecia estar esperando algo, tomou um copo e encheu-o com bebida e voltou a olhar para o fogo. Abonize sentou-se em frente a ele, observando-o atentamente. Como poderia ser tão vil? Tinha vontade de vomitar.
– Venha cá, garoto! - disse a mulher ruiva puxando o menino pela camisa quase o afogando.
– Não... quero ficar com Aby - e ele começou a chorar.
– Deixe-o! - disse Abonize erguendo a mão e no exato momento a mulher foi empurrada contra o sofá. O menino correu para os braços de Abonize.
Os olhos de Voldemort pareceram cintilar com aquela cena, mas ele rapidamente voltou a olhar para o fogo. O menino não demorou a adormecer nos braços de Abonize, que também adormecera. Passavam das duas horas da manhã.
– Prepare-se e acorde-os, e lance nela o feitiço Império antes que acorde. Vou a Hogwarts e quando eu chamar quero vocês três lá.
Os jardins de Hogwarts pareciam um campo de batalha, os comensais haviam rendido os aliados de Dumbledore e os haviam deixado inconscientes. Muitos estavam feridos, alguns que resistiram estavam mortos. Quando Dumbledore foi trazido ficou horrorizado com aquilo, Hogwarts estava diferente, sua aura estava manchada. Alvo Dumbledore contava com o fim, ele que já fora um dos magos mais poderosos estava subjugado a seu maior inimigo: Voldemort.
Continua...
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