Cap.1 A fuga



Já passava de meia noite. Havia duas horas que chegara ali,
em segurança. Mas não importa. Conseguira salvá-la. Não abriria mão dela nunca. Mas era preciso voltar. Seu caçula ainda estava lá, correndo perigo. Deu um beijo em sua doce face, pois talvez este seria o último...como ela era linda! E tão pequena... pena que estava dormindo. Não se importou. O que contava era que estava em segurança e esse sentimento reconfortava-a.
- Com licença, mas já é hora de ir. Não se preocupe, ela
estará a salvo aqui no templo. Você deve ir, seu marido a espera.- disse um monge.
- Sim...- respondeu, como se estivesse em um sonho. Um
sonho que logo se tonaria um pesadelo tenebroso.
- Por favor cuide bem dela se eu não voltar. Não pude
trazer Harry comigo, Tiago não deixou. Ele não gosta daqui.
- Ela será bem cuidada, eu prometo. É um grande favor
que lhe devo, não se preocupe.
- Adeus minha filha – respondeu com lágrimas nos olhos. Olhos verdes, espantosamente verdes.
Após um último adeus e um breve abraço, partira. Fechou
os olhos e pensou fervorosamente “Casa”. E desapareceu.
Abriu-os novamente e se viu diante de seu jardim. Suspirou
aliviada. De dentro da casa surgiu um vulto que se aproximava. Correu para ela gritando,
- Aí está você! Ouvi você aparatando e vim correndo
para ver como estava. Então, você...
- Sim, ela está segura no templo. Dormiu logo após
chegarmos lá.
- Que bom. Sinto-me aliviado. Vou agora mesmo cuidar
de Harry e...
- Espere!
- O quê?
- Ouviu isso?
- Sim. Eu...CORRA LÍLIAN É ELE!!! VÁ, CUIDE DE
HARRY, EU O ATRASO!
- E VOCÊ?
- EU FICAREI BEM, CORRA E NÃO VOLTE ATÉ
QUE HARRY ESTEJA SEGURO!
Atônita, correu para dentro de casa. Ao bater a porta ouviu
um grito...o último grito de seu marido, seu amado, sua vida.
Rapidamente entrou no quarto e pegou o bebê, que estava no berço, gritando com toda a força de seus pequenos pulmões, e carregou-o no colo. Ouvira passos na sala e sabia que ele estava próximo. Fechou os olhos e começou a se concentrar, mais alguns segundos e estaria salva...
BAM! Uma forte luz entrou no aposento e invadiu-lhe as
pálpebras. Abriu os olhos aterrorizada. Não! Não podia ser!
Lá estava, cruel e imperecível. Ele olhou-a atentamente
nos olhos e sentiu o seu medo.
- Lílian, você tem escolha. Saia da frente!- sua voz fria e
cortante era assustadora.
- Não. –sua voz tremeu ao dizer-lhe isso, mas não podia
fraquejar agora. Tentou concentrar-se...
- Nem tente. Sua vida pode ser poupada, apenas deixe-me
passar!- as faces do bruxo começaram a fecharem-se em
uma terrível expressão de fúria e impaciência.
- NUNCA!- estava verdadeiramente assustada, mas ainda
havia a coragem que seu amor materno lhe dera. O rosto do horrível bruxo contorceu-se num sorriso. Depois começara a rir.
Uma risada gélida e fria, agourando o destino que sabia ser inevitável.
- Tola menina.
Depois, uma luz verde. E finalmente, a paz.

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