Tantos segredos



N/a: Oi pessoal! Me desculpe pelo atraso mas como pouquíssimas pessoas comentaram isso me desanimou. Mas tres pessoas comentaram e são para elas esse capítulo.
Eu só quero dizer que estou experimentando nesse capítulo um outro tipo de narração. Então me ajudem dizendo o que ficou melhor: a narração em primeira pessoa do primeiro capítulo, ou a narração em terceira pessoa deste aqui?
Espero que gostem!!!
Boa leitura.
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Virgínia escutava berros. Entreabriu os olhos, estremeceu ao deparar a luz quase obscura que enchia o cômodo. Deslizou a cabeça dolorida para debaixo do travesseiro. Quem gritava? A mãe enlouqueceria com aquele caos no palácio.
Esfregou o rosto na fronha e estranhou a textura; esgueirando-se do travesseiro, deu-se conta; não estava no palácio; a cabeça latejava. A princesa estava em Wyoming.

Euforia e apreensão lhe contraíram o estômago ao lembrar dos acontecimentos da noite anterior.
O caminhão, pensou, apavorada.
Precisava consertá-lo para continuar a procurar Charles. Levantando-se devagar, pensou no homem que a carregara até aquela casa.
Formalmente gentil, talvez atraente para mulheres que gostem do tipo dominador, másculo, o que não era o seu caso, pensou; sua família estava cheia de homens autoritários.
A porta do quarto se abriu de repente, e duas garotinhas entraram correndo, seguidas de Potter e um cachorro latindo.
- Katie! Lindsey! _ Harry conseguiu detê-las, segurando-as pelas camisolas_ Eu disse a vocês... – Interrompeu-se ao ver Gina sentada na cama.
- Quem é?_ Perguntou a menina mais velha.
- Ela está aqui_ Hesitou, mas logo continuou._ ...porque teve problemas com o carro na noite passada. Vai embora hoje.
Gina ergueu as sombrancelhas diante da explicação pouco verídica do fazendeiro.
- O problema foi meu caminhão...
- Gina Weasley _ Ele a interrompeu, decidido_ essas são Katie e Lindsey, minhas sobrinhas. Estão aqui comigo enquanto minha irmã e o marido se recuperam de ferimentos em conseqüência de...
-... um terrível acidente de carro_ Katie completou com expressão preocupada nos olhos.

A princesa se deu conta então de que Potter mascarara os fatos da noite anterior devido à situação das pequenas sobrinhas, e sua admiração por ele aumentou.
- Prazer em conhecê-las. Sinto muito pelo acidente com seus pais_ Gina se solidarizou-se.
Katie olhou para o tio.
- Ela é bonita, mas fala de forma engraçada.

Potter concordou. Conduziu as meninas à porta._ Minerva preparou mingau de aveia. Vamos, Leo_ chamou o cachorro e olhou para Gina._ Conversaremos sobre o seguro em alguns segundos.
Gina congelou. Seguro? Ao enfrentar o olhar intenso de Potter, a princesa sorriu para esconder seu pânico._ Sem problemas. Afinal de contas , quanto pode custar a parede de um estábulo?
Meia hora depois, Gina quase caiu da cadeira, no escritório de Potter.
- Uma parede de estábulos não pode custar tanto!
- Esse preço não inclui os reparos do caminhão.
- Os reparos não podem ser tão caros. É somente a frente do caminhão.

O fazendeiro olhou-a compadecido.
- Ficaria surpresa com o preço da carroceria.
Gina ia protestar, mas as sobrinhas de Harry apareceram à porta.
- Minerva caiu e não consegue ficar de pé! _ Katie informou.
- Quem é Minerva? _ Gina quis saber.
- A governanta. Estava dormindo quando você chegou ontem à noite. _ Harry explicou._ Onde ela está?_ Perguntou a Katie.
- Na escada do porão.
- Continuamos a conversa daqui a pouco. Preciso de alguns minutos. Meus problemas surgem às dúzias.

Gina sentiu pena do fazendeiro. Em meio à responsabilidade com as sobrinhas, sua entrada repentina no estábulo, e a queda de Minerva, a princesa se deu conta de que as coisas se complicavam para ele. Ela, entretanto, também tinha problemas. Trouxera dinheiro suficiente para um mês. O caminhão, porém, custara mais que o previsto. Não poderia movimentar sua conta bancária: seria a pista de que precisam para localizá-la, e sua breve independência terminaria antes mesmo que experimentasse qualquer coisa. Sentiu a autoconfiança murchando. E se sua família estivesse com a razão? Seria fato tão cabeça-de-vento a ponto de não conseguir cuidar de si mesma ou de qualquer coisa importante? Seria realmente uma Princesa Inútil?
As perguntas brotavam de um território interno que mantinha lacrado. Não é próprio de princesas sofrer de falta de autoconfiança. E, se era isso eu que lhe acontecia que Deus a ajudasse a não demonstrar essa fraqueza. Ao pensar em retornar para Marceau, seu estômago revoltou-se, como, aliás, vinha acontecendo no último ano.
Fechou os olhos, respirou fundo e procurou se acalmar. Ela mal começara...é verdade que destruíra um estábulo, mas isso não significava abandonar o plano. Improvisaria.

Potter retornou, os dedos, nervosos, passeando pela espessa cabeleira negra.
- Sabe alguma coisa sobre crianças?_ Perguntou, já pressentindo um não como resposta.

Percebendo seu olhar intenso invadido pelo ceticismo, Gina reagiu. Vira a mesma expressão nos rostos dos irmãos e da mãe.

- Claro que sei_ Declarou, lembrando dos sobrinhos...e de que já havia sido criança.
- Normalmente, eu não faria isso, mas acho que a Minerva quebrou o tornozelo. Preciso levá-la à clínica, mas não quero levar as meninas._ Harry explicou.
- Posso cuidar delas_ ofereceu-se. Não deveria ser difícil. As meninas pareciam amáveis.
- Tem certeza?
- Sim _ confirmou, irritada, levantando-se para ficar à altura de Potter, o que, porém, não funcionou: ele era cerca de 15 centímetros mais alto. Gina ergueu o queixo para compensar.
- Estou enrolado. Terá que ajudar. Deixarei o número do celular, em caso de problema. Terá que preparar o almoço das meninas.

Ela pestanejou. O pessoal do palácio não lhe permitia freqüentar a cozinha, desde que explodira o forno tentando fazer um bolo. Harry suspirou como se lesse seus.

- Sanduíches MAG resolverão o problema.
- Ham?
- Sanduíches de manteiga de amendoim e geléia? _ O fazendeiro perguntou com cara de espanto.
- Ahh sim, claro.
- Katie pode ajudá-la.
Aquilo era um insulto.
- Qual é a idade de Katie?
- Cinco, mas gosta de ajudar na cozinha. Algo me diz que você não passou muito tempo lá._ murmurou, pegando um cartão na escrivaninha e apontando para o número ali impresso._ Ligue se tiver algum problema.
- Não haverá problema_ assegurou-lhe.
- Quero sua palavra _ele provocou, segurando o cartão.

Seus olhares se encontraram, e a princesa sentiu uma mistura de indignação com um estranho desejo de aceitar o desafio. Gina pressentiu que esse homem era tudo que ela não era – autoconfiante, talentoso e bem-sucedido. Ela o invejava por todas aquelas qualidades, mas estava determinada a conquistar todas elas para si própria.

- Dou-lhe minha palavra de honra _ garantiu, sem vacilar.
Gina viu uma fagulha de emoção brilhando nos escuros olhos verdes de Harry, e esse brilho deixou-a tonta, como se tivesse bebido taças de champanha. A forte sensualidade que percebeu neles quebrou suas defesas, e ela não conseguia desviar o olhar.
O fazendeiro colocou o cartão na mão da princesa. O toque daquela palma quente e rústica deixou Gina agitada. Por um instante, perguntou-se se ele seria bom amante. Suspeitava de que aquele homem sabia não só como motivar uma mulher a cuidar dele, mas também levá-la aos céus.

Um alerta interno tocou, e Gina interrompeu seus devaneios. O golpe teria afetado seu raciocínio. Harry era apenas um homem. Cuidaria de sua sobrinhas pela manhã, retomaria seu caminho à tarde e o esqueceria à noite.

XXXXXXXX

Gina falava quatro idiomas e se graduara com louvor na faculdade. Sabia o nome dos chefes de estado de todos os países do mundo. Mas por que nunca lhe ensinaram a trocar uma fralda? As funcionárias da creche do palácio se encarregavam dessa tarefa.
Lindsey completaria três anos dentro de seis meses, mas ainda não estava pronta para abandonar o mundo das fraldas. Era humilhante, mas foi Katie que orientou Virgínia. Só esperava que a fralda não caísse.
Chegou a hora do almoço. Se o fazendeiro não tivesse abreviado o nome do sanduíche, não haveria problemas. Sentia-se capaz de passar manteiga de amendoim e geléia em fatias de pão.
Depois do almoço, leu uns 18 livros na esperança de adormecer as meninas. Sem resultados. Desesperada, brincou com elas, maquiando-as e até emprestando-lhes, com revezamento, a tiara, que guardara na bolsa ao escapar da festa.
Quando Harry entrou em casa com Minerva, uma mulher de meia-idade, engessada e andando de muletas, Gina estava satisfeita por ter honrado sua palavra.
Potter, porém, não parecia nada satisfeito.
- Ainda posso cozinha_ Minerva dizia _, mas acho que não serei capaz de ficar com as meninas enquanto precisar de muletas.
- Não, e encontrar alguém vai ser... _ interrompeu-se, passando a mão pelo cabelo.
Minerva olhou para Gina e sorriu.
- Acabamos de encontrar_ exclamou para Potter antes de se apresentar para Gina._ Sou Minerva McGonagal. Harry falou de você. Gina, certo?
- Sim. Prazer em conhecê-la. Sinto muito pelo tombo. Talvez devesse se sentar e descansar; teve um dia terrível.
- Ela é adorável! _ Helen murmurou para o patrão, fazendo Gina suspeitar de que ele não a descreveu de forma lisonjeira.

Observou o rosto do fazendeiro, sem emoção. A princesa não era idiota. Vira os irmãos fazendo a mesma expressão tantas vezes, que perdera a conta.
- Vamos para o seu quarto_ Harry orientou Minerva impaciente.
- Talvez_ Minerva sugeriu_ , Gina não se importe de cuidar das crianças.
Surpresa e esboçando uma negativa, Virgínia foi interrompida por Harry:
- Sem chances!
Embora Gina concordasse, o tom de voz de Potter a irritou.
Minerva deu de ombros.
- O conserto do caminhão deve demorar uma semana ou mais, e ela tem que ficar em algum lugar.
Não aqui, Gina pensou.
- Não aqui_ Harry retrucou.
- Você mencionou que deve haver algum problema com o seguro dela_ Minerva argumentou._ Talvez pudesse resolver o estrago do estábulo em troca.
- Troca!_ Gina repetiu.
- Não acho que seja qualificada_ Harry afirmou.
- Eu poderia supervisionar_ Minerva sugeriu._ Você tem razão, Gina. Preciso me deitar. Tenho certeza de que resolverão tudo.

A cabeça de Gina dava mil voltas enquanto Harry levava Minerva para o quarto. Cuidar de crianças? Troca? Isso é ridículo. Como posso ser independente trancada aqui? Seria melhor ser uma prisioneira em Marceau do que...
Harry voltou à sala mais decidido do que nunca:
- Tem seguro ou não?
Gina engoliu o nó na garganta.
- Acabei de comprar o caminhão...
- Foi o que pensei_ ele a interrompeu._ Sem seguro. Como pagará os estragos?
A princesa mordeu os lábios enquanto o fazendeiro caminhava em sua direção. Não estava acostumada a ter pessoas invadindo seu espaço sem permissão.
- Posso pagar pelos estragos, mas não agora.
- Quando?
Pigarreou.
- Talvez num mês. Ou dois.
Potter a observava.
- Acha que eu aceitaria um vale seu?
Insultada, ia protestar, mas lembrou que usava um nome falso. Ele tinha razão em não confiar nela.
- Eu tinha esperanças de que aceitasse.
- de jeito nenhum. Não vou assumir os custos por causa de um rosto bonito. Vamos aceitar a sugestão de Minerva. Você paga suas dívidas comigo trabalhando. Minerva vai supervisioná-la.
- Me supervisionar!_ repetiu, quase explodindo, indignada._ Nunca...
- Eu já esperava essa reação_ Harry a interrompeu novamente._ Como suponho que não tem experiência com crianças, Minerva vai supervisioná-la.
- Isso é loucura.
- Concordo. Deveria ter sido mais precavida e feito um seguro.
O comentário a irritou. Gina revoltava-se só de se pensar incapaz de si mesma. Não estava acostumada a lidar com questões do cotidiano, mas aprenderia. Ergueu o queixo.
- E se eu recusar?
- Terá de ir para a estrada pedir carona. Seu caminhão não está em condições de seguir viagem.
Lutando contra a sensação sufocante de estar presa numa armadilha, a princesa em vão procurou outra solução.
- Você não tem muita escolha_ Harry murmurou encarando-a. _ Nem eu.
Gina fechou os olhos por um segundo, engoliu o orgulho e o enfrentou:
- Por quanto tempo?
Descontente, ele se dirigiu à porta.
- O tempo que eu precisar de você. Vou checar o valor. Certifique-se de que as meninas jantem e tomem banho.

Gina permaneceu atrás dele, boquiaberta, observando-o afastar-se. Tentava aceitar a situação. Tornara-se uma simples empregada, e pior, não teria pagamento! Era, agora, uma mera babá!
Deu-se conta da situação e imaginou os irmãos rindo dela naquelas situações. A mãe, porém, não acharia graça. Estremeceu só de pensar em seu provável comentário frio e de franca desaprovação. Teria estragado tudo?
A resposta àquela pergunta a atormentava. Sentiu alguém puxando seu jeans. Olhou para baixo e viu Katie e Lindsey, implorando por atenção. O coração de Gina amoleceu. Eram crianças adoráveis. Sensibilizou-se com o fato de as meninas a procurarem.

- A fralda de Lindsey está suja_ informou Katie.

XXXXXXXXXX

Um barulho acordou Harry às duas da madrugada. Ouvia as escadas rangendo. Esperava que não fosse Minerva. Ou uma das crianças. Ouviu mais ruídos. Estava muito cansado, mas não dormiria até ter certeza de que as meninas estavam na cama. Levantou-se, vestiu o jeans e desceu.
Percebeu que a luz da cozinha estava acesa. Esperando que não fosse Katie atacando o pote de biscoito novamente, parou diante do que via. Gina usando um roupão de seda curto, bebia água. O cabelo estava sexy e desarrumado, as pernas não tinham fim, a moça era sinônimo de problema.
Harry pigarreou, assustando-a de tal forma, que Gina derramou água no roupão. Molhada, a seda colava-se à pele, chamando a atenção do fazendeiro para os seios da princesa.
- O que está...
- Escutei um barulho e vim ver se eram as meninas.__ ele justificou, erguendo o olhar e desviando o pensamento da...luxúria.
- Desculpe se o incomodei__ disse Gina, pegando um guardanapo para secar o roupão.__ Estava acordada e com sede.
- Pensei que estaria morta de cansaço depois de um dia inteiro com as crianças.
- Estava, mas acordei. Talvez por causa da mudança de fuso horário.
Seus olhares se encontraram.
- Quantas horas de diferença?
Gina abaixou os olhos como se quisesse se proteger da pergunta de Harry.
- Não contei __respondeu e sorriu.__Pode voltar pra cama.

Potter concordou.
- O que vai fazer?
_ Se incomodaria se eu ligasse a televisão? Com o volume baixo, naturalmente.

Perguntou num tom formal, como se não estivesse acostumada a pedir permissão. Era o tipo de mulher que exalava sensualidade. Desde o cabelo sedoso, brilhante, bem cuidado, passando pela fala bem articulada e, às vezes, extremamente formal, até as unhas do pés, cuidadosamente pintadas. Demonstrava ter cultura. Era requintada, tinha boas maneiras, mas estava sem dinheiro.
Harry sentiu a boca amargar ao lembrar de uma mulher desse tipo que entrara em sua vida. Agira como um idiota só para que ela fosse embora. Já passara por aquela situação. Gina instigava-lhe a curiosidade, mas o fazendeiro suspeitava que deveria se manter afastado.
- Pode assistir à televisão, mas, em caso de insônia, o melhor é ler.
- Fala com experiência.
Harry sentiu um calor ao notar o olhar especulativo da moça. Irritado, afastou aquela sensação.
- Siga-me__ disse, dirigindo-se ao fim do corredor.__ Tenho uma biblioteca.__ Abriu a porta e acendeu a luz._ Esse resultado de quatro gerações de amantes de literatura.
Gina caminhava, surpresa, passando por estantes que iam do teto ao chão.
- Brilhante! Boa variedade de títulos.
Brilhante. Um colega de classe britânico, com quem mantivera contato por alguns anos, sempre usava a mesma expressão.
- Você é da Inglaterra?
- Não, mas passei um tempinho lá. Hmm. Poesia francesa. Não esperaria encontrar isso num rancho em Wyoming.__ Abriu o livro e lançou a Harry um olhar outro olhar de avaliação.__ Os direitos autorais dessa edição são de quatro anos atrás.
- Me formei em Princeton e tive aulas de literatura__ ele explicou.
- Nunca poderia imaginar_ ela murmurou impressionada.
- Sou a terceira geração de fazendeiros, mas minha família insistiu numa educação superior. Queriam que eu fosse bem relacionado.
- E você é?__ Seu olhar era desafiador, mas ele só pôde pensar que já fazia um tempinho que não levava uma mulher para a cama. Portanto, não foi mordaz.
- Ando muito ocupado. Divirta-se.
- Obrigada.

Potter deixou o cômodo e se dirigiu ao quarto, livrando-se da imagem das pernas sedosas e da voz macia de Gina. Não era um homem fraco, mas era humano. O destino lhe pregara uma peça, ao deixar uma mulher tão sexy e sedutora a seus cuidados, depois tê-lo levado ao longo de uma abstinência. Apostava que Gina guardava segredos que ele não deveria querer saber.
Não deveria querer onde adquirira aquele sotaque e as boas maneiras. Nem o que a trouxera a Wyoming. Não deveria se importar com quantos corações masculinos a moça abandonara depois de conseguir o que queria.
Ao entrar no quarto, sua pressão subiu. Embora soubesse que se tratava de uma suposição, considerou que estava certo baseado na forma como a jovem agia. Respirou fundo e, deitado na cama vazia, fixou o olhar. A imagem de Gina deitada ali, parecendo, invadia a mente do fazendeiro com o jeito furtivo de um agente secreto.
Gina era apenas uma mulher. Não ficaria ali muito tempo. Não lhe permitiria invadir seu coração como Cho fizera. Isso não aconteceria. Ao apagar a luz, já conseguira afastá-la do pensamento.

XXXXXXXXXX

Na manhã seguinte, como sempre Harry acordou antes de todos. Depois de uma chuveirada, desceu para comer alguma coisa antes de sair. No caminho para a cozinha, notou que a luz da biblioteca continuava acesa. Resmungando sobre a falta de consideração, de Gina, abriu a porta e estacou ao vê-la dormindo, com um livro no peito.
Uma mistura de emoções tomou conta de Harry. Mesmo dormindo, parecia exótica e sedutora. O livro no peito contrastava, de forma sóbria, com os cílios vermelhos aveludados, os lábios pequenos, pele e cabelos sedosos.
O fazendeiro esticou para pegar o livro. Gina abriu os olhos. Observou-o.
- Diga que estou sonhando e que não é de manhã_ sussurrou.
Ele riu.
- Desculpe, duquesa. Não está sonhando e é de manhã.
Ela afastou o cabelo do rosto e sentou-se.
- Duquesa?
-É um apelido, não muito incomum mas serve perfeitamente para você_ esclareceu, pensando que seria um lembrete para si mesmo de que Gina era inatingível._ Parece uma mulher acostumada às coisas boas da vida.
A princesa encarou-o por um longo momento, depois, riu.
- Brilhante, não posso esperar para contar..._ Calou-se.
- Não pode esperar para contar a quem?_ perguntou, curioso.
-Às meninas. As duas adoram brincar de faz-de-conta. Vão gostar de saber que o tio Harry também brinca disso.
Uma boa saída, ele concluiu. Desejava saber o porquê de tanto mistério. O que será que Gina escondia? Passou o polegar embaixo do título do livro que a jovem lera.
- Em busca de formação profissional?
Gina sorriu e se levantou com toda a realeza que lhe era característica.
- Para refrescar a memória. Como está o tempo?_ perguntou, mudando de assunto.
- Quente. Talvez queira acionar o esguicho, ou as meninas vão tentar fazer com que as leve para nadar no lago.
Gina ficou paralisada.
- Nadar?
- Sim.
A princesa balançou a cabeça.
- Não vamos nadar. Onde está esse esguicho? Como se opera isso?
- Há meia dúzia deles na garagem. Você engancha um na mangueira, abre o batoque, e deixa as crianças correrem, gritando.
- Por que gritam?
Harry supôs que ela teria vindo de Marte. Como podia não saber o que era um esguicho?
- As meninas gritam porque é divertido e a água está gelada. Tem medo de água?
- Claro que não_ disse, erguendo o queixo._ Bebo água todos os dias.
- Perguntei se tem medo de nadar.
- Não é meu exercício favorito.
- Já quase se afogou?
- Não eu_ disse tentando se conter._ Meu irmão quase se afogou quando começou a nadar. Então, depois disso, minha mãe quase nunca nos deixou nadar sem que fôssemos supervisionados.
- De onde você é?_ ele perguntou.
Os olhares se encontraram e Gina suspirou.
- De um lugar ao leste_ retrucou vagamente._ Por favor, me dê licença. Preciso tomar um banho antes que as meninas acordem_ acrescentou, saindo da biblioteca.
Harry saiu atrás dela, curioso.
- Não quer o livro?_ perguntou.
Gina se virou para pegá-lo.
- Obrigada.
Harry, porém, não soltou o livro e manteve o olhar preso ao dela.
- Por que está em Wyoming?_ perguntou.
A princesa olhou-o como se devesse confiar nele, para revelar ao menos um dos segredos. De repente, Harry experimentou a incontestável vontade de querer conhecer todos eles.
- É uma longa história. _ Tirou-lhe o livro das mãos e o deixou na expectativa, como ele supunha que Gina fizera com dúzias de outros homens.
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Por enquanto é só! Eu peço encarecidamente que vc comentem, de verdade.
Até o próximo capítulo.
XD

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