Capítulo dois
Cinco e quinze da tarde... Perdera praticamente todo o dia naquela dissertação. Passara horas exaustivas naquela sala com ar viciado. Mas não se queixava, não mais, já que acabara.
Finalmente havia terminado o bendito relatório. Sorriu satisfeita ao revisar o que escrevera e espreguiçou-se na poltrona antes de levantar-se. Anexou alguns papeis à pasta que tinha em mão e dirigiu-se, por fim, para a saída da sala.
Com passadas firmes, passou pelos corredores do ministério com ar alheio. Vez ou outra cumprimentando um colega.
-Tonks! - sob seu nome, ela automaticamente voltou-se para trás. E sorriu feliz ao encontrar os olhos da pessoa que a chamava. – Por Merlim! Que saudade estou de você, garota – ele disse dirigindo-se ao seu encontro.
-Richard! – exclamou abraçando-o apertado. - Quando você voltou?
-Ontem à noite – disse.
-E o que está fazendo aqui, homem? Deveria estar descansando!
-Você sabe que eu não suporto esta palavra. Terei descanso suficiente, quando eu morrer. E espero que seja daqui a muitos e muitos anos! – ele retrucou rindo-se. Tonks balançou a cabeça, ele nunca mudaria.
-Como foi lá em Berlim?
-Infeliz. Foi mais um circo, uma encenação que apuração de fatos. O digníssimo senhor Dovaran tem as costas quentes naquele lugar. Em suma: uma completa perda de tempo.
-Eu sinto muito.
O homem suspirou cansado, abanando as mãos, como se não tivesse importância. – E como tem estado aqui?
-Monótono – retrucou simplesmente. – Temos feito relatórios e coisas sem importância por aqui. Nada de novo – disse encolhendo os ombros. – Por falar em relatórios, tenho que entregar este ao chefe – disse virando os olhos.
Ele afagou seu braço, como querendo consolá-la. – Deixarei de tomar seu tempo, Ton Ton.
-Qual é a de vocês hoje? Eu sou o bode expiatório da semana, é?! – o homem apenas sorriu, lhe dispensando uma piscadela. – Nos vemos mais tarde?
-Claro. O que acha de jantar comigo?
-Combinado. Na sua casa ou na minha?
-Não é por nada não, Tonks. Mas acho melhor na minha – disse erguendo a sobrancelha de modo irônico. - Você sabe... Eu não me dou muito bem com sua ‘comida’. Se posso chamar de ‘comida’ .
-Pra sua informação eu cozinho muito bem, meu caro! – disse fingindo indignação sob o “hum hum” do amigo. – Mas tudo bem, eu aceito comer na sua casa. Não estou com vontade de ir para a cozinha mesmo... E admito que você cozinha um pouco melhor que eu.
-Isso não chega a ser um elogio, visto que qualquer um que frite um ovo e ferva água seja melhor que você na cozinha, querida.
-Eu não irei me prestar a discutir com você, senhor Manchester! – ele riu e beijando-lhe o rosto, se afastou. – Estarei lá às oito horas em ponto!
-A comida estará a sua espera! – ele gritou de volta.
**
-Obrigado srta. Tonks. Isto será de grande valia para o ministério. Como você deve estar sabendo, ainda não conseguimos autorização para investigar o Fletch e o idiota do Snake faz de tudo para atrapalhar nossa vida com aquela maldita... - seu discurso foi interrompido por uma batida na porta. – Entre – falou rispidamente.
-Boa tarde. Senhor Wood. – o coração da mulher foi à boca e, engolindo duro, obrigou-o a voltar para seu lugar. Ela se voltou para a pessoa à porta por um instante. Seus olhares se encontraram e ele fez um gesto de cabeça ao qual ela não correspondeu enquanto voltava-se para o senhor a sua frente.
-Remo Lupin! – o velho exclamou. “Como se eu já não soubesse” ela ponderou ainda tentando se recuperar do choque. – Entre, entre! – o senhor chamou alegremente. – Deixe-me apresentar-lhes... Venha até aqui, Nimphadora – ainda que estivesse em choque, Tonks fez uma careta de reprovação sob o nome, ainda que se obedecesse e levantasse sem muita vontade.
-Não é necessário, senhor Wood – Remo retrucou com um sorriso pequeno. – Já nós conhecemos.
-Ah sim? – o velho sorriu. – Mas que grande coincidência - no que Tonks resmungou um “Ôh!”.
-Como vai Tonks? – Remo se dirigiu a ela.
-Estou ótima – contrapôs cruzando os braços. Não podia negar que sentia um pouco de ressentimento ao encontrá-lo agora... O que podia fazer se era controlada facilmente pelas emoções? – E você?
-Vou indo.
-Nimphadora – o velho senhor sorriu sob a careta da mulher. Era o único naquele lugar que a chamava pelo primeiro nome. Ela não gostava, mas também não reclama quando a chamava assim. – Remo é o nosso mais novo contratado. Foi muito bem indicado por seu instrutor – disse apontando para ela. – Moody.
“Legal!” Pensou com ironia. “Remo Lupin diariamente! Presente de papai Noel adiantado... – ou melhor, do Olho Tonto. - Eu sempre odiei mesmo o papai Noel...”
“Não é como se eu não estivesse feliz pelo Remo, claro que estou. Sei muito bem que ele merece muito isso. Reconhecimento...” ela suspirou. “Mas tinha que ser bem no ministério da Magia Inglês? Tinha de ser no MEU departamento? Só falta dizer que ele estará na sala ao lado... Ou pior, que, por falta de salas, ele terá de ficar na minha!”
“Além do mais, não é como se eu estivesse com a segunda dose da vacina anti-Lupin às mãos... Não é como se eu tivesse tomado a primeira dose ou encontrado essa maldita vacina”. Ela franziu o cenho. “Eu não sei se estou psicologicamente sã para estar perto dele outra vez...”
Ela olhou novamente para o moreno, estendo automaticamente a mão para ele. – Meus parabéns, Lupin. Você merece. Tenho certeza que será de grande valia aqui – disse forçando um sorriso enquanto tentava não corar sob o contato com as mãos dele.
-Obrigado – ele falou, sorrindo-lhe timidamente. As mãos deles demoraram mais que o suficiente para se deixarem.
-O senhor ainda precisa de mim, senhor Wood? – ela indagou ansiosa para sair daquele lugar.
-Não, obrigado Tonks. Depois nós conversamos, tenho de dar algumas instruções para o nosso mais novo colega de trabalho!
-Tudo bem – ela deu de ombros e dirigiu-se a Lupin, para despedir-se. – A gente se vê colega – ela brincou dando um tapinha no ombro de Remo.
Mas ele não respondeu de imediato... Seu olhar estava fixado na mão dela. Precisamente na direita.
Sentindo-se desconfortável, ela observou a própria mão para, no segundo seguinte, ter praticamente um ataque de hiper-ventilação.
Ele voltou a encará-la, a testa ligeiramente franzida. – É uma bonita aliança, a pessoa que lhe deu deve gostar muito de você - ela deu uma risada nervosa, corou e, irrefletidamente, assentiu. – Então nos vemos.
-Er... Acho que sim – contrapôs e lhe deu as costas. Ela fechou os olhos um instante enquanto andava ao encontro da saída. Poderia apostar o que fosse: estava mais vermelha que um pimentão. Para sua infelicidade, ela também acreditava que seu cabelo estava tão rubro quando suas bochechas...
Esquecera-se completamente da aliança em sua mão.
“Merda!”
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(continua)
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Obrigada gente! Espero que curtam este!^^
Beijo! E desculpem algum erro...
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