Na Calada da Noite



Capítulo 4 – Na Calada da Noite




Joanne elevou uma sobrancelha, resolvendo enfim levantar-se do banco vazio. Ela desceu as escadas da arquibancada em passos lentos e secos, seguindo na direção contrária da grande massa. A maior parte dos grifinórios havia ido para o campo, afoitos pelo que tinha acontecido com uma das artilheiras – Gina Weasley não havia visto o balaço que a incompetente Hathaway não interceptara. Porém, Joanne não estava interessada. Ela detestava Weasley. Ela detestava Quadribol. Ela detestava todos aqueles grifinórios imbecis.

A loira revirou os olhos para as expressões apreensivas dos colegas e passou pela maioria deles sem nenhuma delicadeza, querendo voltar depressa para a Torre da Grifinória. Iria ficar sozinha no dormitório, enquanto a maior parte das suas colegas estariam ocupadas na Ala, hipocritamente preocupadas com Gina. Ela não iria nem queria participar deste teatro estúpido que envolvia fazer mimos à caçula Weasley. Joanne passou pelos corredores do castelo ouvindo os sussurros dos alunos de outras Casas, notando o tom zombeteiro dos sonserinos. Ela sorriu também, pensando que Gina era uma completa idiota. Outros xingamentos violentos e nada educados formaram-se na cabeça de Joanne, mas ela preferiu deixar isso de lado ao dar-se conta de uma coisa.

Joanne parou no meio do caminho, surpreendida com seu cérebro, por dar a ela essa idéia maluca e aceitável. O seu sorriso aumentou, uma animação crescendo dentro dela. Se ela concretizasse o que tinha em mente... Era perigoso, tinha total ciência disso, mas o que dava prazer a Joanne eram as coisas perigosas. E, além do mais, se saísse tudo certo, ela teria muitas mais coisas à mão do que aparentava. Ela com certeza poderia fazer vários de seus planinhos funcionarem se tudo ocorresse como imaginava.

Joanne parou em frente ao quadro da Mulher Gorda, sabendo que tinha pouco tempo para continuar a encontrar o dormitório vazio. Ela não podia desperdiçar nenhum segundo se quisesse seguir sua idéia com segurança.

Ela empurrou a porta de qualquer jeito, fechando-a com estardalhaço. Joanne precisava ser discreta, mas não podia evitar a exasperação por estar fazendo tal coisa. Ela parou por um instante, respirando e tentando lembrar-se qual era o local que por diversas vezes ela vira Gina Weasley guardar aquilo.


— Calma, Joanne, calma. – ela adentrou o lugar, indo incertamente na direção da escrivaninha de Gina, tentando recordar da gaveta usada pela ruiva. As coisas extremamente organizadas irritaram Joanne de algum modo. Apenas para diminuir esse sentimento, ela desarrumou os pergaminhos e tirou os objetos 'bonitinhos' do lugar. Depois retornou sua atenção às gavetas, que eram seu alvo desde o início. Puxou uma a uma, até notar que as duas últimas estavam trancadas magicamente. – Vamos lá, faça isso direito, Cronwel. – ela puxou a varinha, usando o feitiço mais óbvio, já sabendo que fracassaria. Mas a primeira gaveta pôde ser aberta, embora não tivesse nada importante. Na segunda tentou mais dois feitiços complexos e apenas o terceiro trouxe êxito a ela. – Isso!

O rosto de Joanne iluminou-se. Mais tarde ela não poderia explicar o quão exultante sentiu-se ao apalpar aquilo que seria seu grande mérito.

*

Gina remexeu-se na cama, sonolência tomando conta dela. Ela não poderia dizer com firmeza, mas pensava que já era muito tarde em Hogwarts. Entretanto, os medicamentos e poções receitados por Madame Pomfrey que ela havia tomado não davam-na certeza de nada. Gina sabia que precisava descansar, sabia que precisava dormir a noite inteira, porém havia alguma coisa que a impedia de Ter um sono tranqüilo durante o resto da madrugada. Ela fechou os olhos, forçando-se a adormecer imediatamente.

Mais uma vez, Gina trocou de posição. Todas as vezes que ela fechava seus olhos, as imagens do que acontecera mais cedo enchiam sua visão. Esforçando-se um pouco ela até podia ouvir os gritos surpresos de outrora. Todo o medo que ela sentira ia aos poucos tomando conta de seu corpo, embora Gina estivesse bastante segura na cama da Ala Hospitalar. Isso era besteira. Por mais que tivesse se machucado, Gina ainda estava inteira. Ela abriu seus olhos. E, logo depois, esbugalhou-os.

A figura altiva e pálida de Draco assustou-a inicialmente. Então – mesmo com suas costas doendo muito –, Gina ajeitou-se entre os lençóis, sentando-se e vendo o garoto aproximar-se do seu leito com passos metálicos e lentos. Ele, com as mãos enfiadas nos bolsos laterais do sobretudo parou em frente a cama dela, como se estivesse visitando algum amigo seu que eventualmente precisara ir à Ala. Ela encarou-o desagradavelmente, esperando que ele falasse algo que justificasse sua presença ali.


— Boa noite, Weasley.

'Boa noite, Weasley' certamente não era algo que ela esperava. Gina percebeu o sarcasmo no tom dele e isso fê-la enrijecer-se. A eficácia dos remédios que ela havia tomado pareciam estar desaparecendo aos poucos; alguma coisa na forte companhia de Draco deixava-a mais acordada do que ela queria. Provavelmente era amedrontamento ou alguma coisa do tipo. Ela apenas disse, numa voz controlada:


— O que você está fazendo aqui, Malfoy?

Ele fez um ruído que parecia uma risada abafada. Draco demorou mais tempo que o necessário para responder, ocupando-se em apenas estudá-la novamente e fazendo a caçula Weasley sentir-se incomodada.


— Tem certeza que não sabe porque eu estou aqui?


— Se eu soubesse não estaria perguntando.

O sorriso de Draco quase desfez-se; se ele não apreciasse as pessoas dessa maneira, que sempre tinham uma resposta para tudo, talvez ficasse zangado com o que Gina falara. Ao invés de demonstrar qualquer coisa, ele deu pequenos passos até ficar bastante próximo de Gina, que estava olhando-o com uma mistura de pavor e solidez, como se estivesse tentando esconder o primeiro sentimento. Ela parecia menor ainda, sentada e respirando com dificuldade, e Draco estava aparentemente maior. Ele sentou-se no leito que ficava ao lado direito de Gina, enquanto ela virava-se para a mesa de cabeceira, à procura da jarra de água, uma vez que a garganta dela secara assim que notara-o no lugar.


— Andou brigando com Cronwel, Weasley?

Houve um ruído estranho que soava como um "Oof" e então um baque seco foi ouvido. Quando Draco se deu conta do que havia acontecido, ele já estava de pé, esticando o pescoço para ver Gina estirada no chão. As fronhas estavam enroladas nela e a expressão da garota era de dor. Esse era um daqueles raros momentos onde Draco não sabia o que fazer. Ele não sabia se ria dela ou se ajudava-a. Calmamente ele deu a volta pelo leito, logo depois enxergando a menina jogada no assoalho, apoiando-se nos cotovelos para sentar-se, contudo sua aflição era maior que sua força para recompôr-se. Draco agachou-se ao lado dela, puxando o pulso de Gina delicadamente e fazendo-a levantar-se à sua mesma altura. Ela, engolindo e arfando bastante, agradeceu fracamente.

Ele viu que os olhos castanhos dela estavam meramente marejados pela queda. Draco não segurou-se e, mesmo encarando-a, soltou um sorriso torto. Ele não podia negar que, mesmo contra sua vontade, fora engraçado.


— Você é um sádico, Malfoy. – sussurrou Gina.

A frase fê-lo ficar sério. Ele percebeu alguns segundos depois o quão próximo eles estavam um do outro e a atmosfera mudou de repente. Seus olhos passearam pelo rosto dela, indo desde os olhos até a boca.

Draco não poderia parar a si mesmo. Ele era um garoto, ele era um adolescente e simplesmente não podia controlar algumas de suas vontades, principalmente quando estas estavam diretamente ligadas aos seus hormônios-à-flor-da-pele. Durante toda a vida Draco se orgulhara por saber calcular suas ações, mas a impressão que se tinha era que parte dessa sua capacidade havia sido perdida quando o tópico era 'garotas'. Ainda mais nessa proximidade, nessas condições...

Gina não demorou para perceber a malícia presente na análise dele, e uma sensação parecida com rápidos calafrios apoderou-se dela, percorrendo toda sua coluna vertebral. Instantaneamente, Gina censurou-se por todos os pensamentos loucos que atravessaram sua cabeça. Ela estava quase tomando uma atitude para afastar-se de Draco quando ele fez aquilo.

Beijou-a.

Embora tivesse sido pega de surpresa, Gina retribuiu com intensidade. Decididamente havia algo errado com ela, posto que esse comportamento era totalmente errado e insano. Mas ela não estava pensando, porque se o fizesse provavelmente pararia com isso. E essa era a última coisa que Gina queria.

Estranhamente, Draco beijava-a de uma forma um tanto familiar. O modo como os lábios e a língua dele exploravam-na não era totalmente desconhecido; até o toque frio de seus dedos em sua face não soavam como algo novo. O único problema era que ela nunca havia beijado Draco. Essa era a primeira vez.

A mão dela foi hesitante até o cabelo de Draco, que era fino e agradável ao tato. Ela sentiu que Draco estava meramente respirando com dificuldade, enquanto Gina precisava sorver o ar em maior quantidade, uma vez que seu pulmão parecia Ter-se contraído, conseqüentemente comportando menos oxigênio. Toda a doença de Gina havia desaparecido. Ela estava bem mais desperta, agora. E ela poderia ficar assim durante um bom tempo ---


— Srta Weasley?

A voz de Madame Pomfrey ecoou com um alto badalar de sino, fazendo Draco e Gina separarem-se brevemente, embora a distância entre eles ainda fosse mínima. Ambos pareciam frustrados, e Gina olhou a expressão do garoto antes de vê-lo abaixar-se para continuar escondido. Ela levantou a cabeça, esticando-se para a enfermeira enxergá-la.


— Sim?

Madame Pomfrey deu apenas dois passos e isso foi o suficiente para Gina tentar erguer-se sozinha, mantendo em sigilo a presença furtiva de Draco.


— A Srta sente-se bem?

Gina, um tanto dolorida, sentou-se na cama, tentando parecer não tão saluta como antes.


— Huh... Sim, sim. Eu apenas... me enrolei nos lençóis e acabei caindo. Nada muito grave. – adicionou ao ver a expressão alerta de Pomfrey.

A enfermeira foi até a mesa de cabeceira que possuía uma jarra e dois copos vazios, exatamente onde Draco e Gina estavam anteriormente.


— Certeza de que nada está doendo ou ---


— Não.


— Tudo bem, então durma e descanse bastante, entendeu? Eu não sei o que diabos você está fazendo acordada a essa hora, mas a partir de agora eu quero que você apenas repouse.

Gina balançou a cabeça, mostrando que havia entendido. Ela fechou os olhos e só abriu-os novamente quando teve certeza de que Madame Pomfrey havia deixado-a. Gina retirou os lençóis de cima de si, e abaixou a cabeça a fim de encontrar o loiro que havia escondido-se debaixo de seu leito.

Porém ele não estava lá. Ele havia deixado a Ala Hospitalar.

*

Draco parou.

Pôs os nós dos dedos na boca, não acreditando no que havia feito. Ele sentiu que uma dor de cabeça estava próxima ao pensar em Gina Weasley e no beijo que acabara de acontecer. Fora uma estupidez, claro, mas não fora a pior estupidez da sua vida. Alguma coisa nos lábios daquela ruiva não deixavam-no separar-se dela e se eles não fossem interrompidos tão bruscamente Draco poderia dizer que aquilo duraria bastante.

Tudo isso era ridículo. Ele estava somente um pouco tonto e desnorteado, e por isso estava pensando em Gina Weasley desse jeito. Não havia nada de especial nela, nada que lhe chamasse a atenção, nada que pudesse prendê-lo a ela.

Draco balançou a cabeça numa confirmação silenciosa. Ele precisava provar a si mesmo que estava deveras arrependido pelo que acontecera. Havia algo na sua consciência, um tipo de alerta que mostrava a Draco como ele havia agido de forma errada.

"Tantas garotas em Hogwarts... E eu fui beijar Gina Weasley? O que raios eu tinha na cabeça?"

Ele continuou a andar quietamente, escondido pela Capa de Invisibilidade que não lhe pertencia. Adentrou a familiar masmorra sonserina, fitando o local antes de se arriscar. Nos últimos tempos Pansy havia adquirido a capacidade de aparecer e desaparecer no ar de maneira misteriosa. Ele tinha quase certeza de que ela andava seguindo seus passos, observando seus movimentos e assustando possíveis garotas que viessem a impedi-la de fazer o antigo relacionamento voltar à tona.

Mas Draco havia decidido há muito que não poderia mais haver coisa alguma entre ambos novamente. Ele já havia se cansado da garota e simplesmente não haveria nada que faria-o voltar atrás de sua opinião. Pansy era carta fora do baralho e ela precisava acostumar-se a isso.

Draco estava a procura de... experiências novas. Certo?

Isso também significava afastar-se da grifinória Cronwel. Ela estava passando pelo mesmo caminho de Pansy e, portanto, nada mais justo que ser dispensada da mesma forma.

Draco puxou com força a cortina negra do dossel, esperando que seus colegas acordassem inevitavelmente. Ele despiu-se e foi para debaixo das cobertas, encarando o teto desafiadoramente, esperando parar de pensar numa garota que continuava na sua cabeça sem permissão. Draco revirou os olhos, tentando dormir logo.

Cabelo vermelho brilhante...

Imediatamente seus olhos se abriram. "Não.", pensou ele, "Não, isso é idiotice. Aquela não era Gina Weasley. Simplesmente não era ela."

Draco pôs o travesseiro por cima da cabeça, tampando sua visão e sua respiração por alguns segundos. Lá estava a maldita lembrança, todavia. Ali, no fundo de sua mente, querendo confirmar-se naquele beijo cretino que ele havia dado na garota mais improvável de toda a escola. A última garota em que Draco Malfoy pensaria.

Ele acordou estranhamente cansado, certamente porque não havia conseguido dormir direito. Despertava de cinco em cinco segundos, sendo assim impossível que ele pudesse repôr as energias.

O Salão Principal estava agitado como sempre. Ele foi direto para o seu lugar favorito na mesa sonserina, um local onde ele podia analisar o trânsito de estudantes em todas as direções; um local onde ele podia enxergar a todos, em qualquer ponto do Salão.

Draco levantou os olhos inadvertidamente, sua visão captando aquela que não saíra de seu pensamento desde a noite passada. Não que ele não tivesse tentado, não que ele não tivesse praguejado, não que ele não tivesse se frustrado. Ao lado de Gina, conversando animadamente com ela – que provavelmente havia acabado de deixar a Ala – estava o detestável Potter. O casal abacaxi, pensou ele amargamente. Ambos foram na direção da mesa grifinória, encontrar-se com seus amigos para iniciarem a refeição antes da primeira aula.

Ele tentou ao máximo não fitá-los novamente. Mas o modo como Gina sorria às palavras de Harry Potter deixava-o mais que incomodado. Com os olhos estreitos e com um sentimento desconhecido que queimava seu estômago, Draco tentou fazer sua audição ouvir o que o garoto ao seu lado tagarelava sem parar. Como se soubesse que ele estava a parar de fitá-la, a caçula Weasley subitamente levantou suas orbes achocolatadas, parando de sorrir e fazendo com que mesmo de longe Draco ficasse sério.

Os cantos dos lábios de Gina repuxaram-se em um sorriso brando e ao mesmo tempo sagaz. Segundos depois, ela voltou-se outra vez para Harry, que estava à sua frente, e não ousou olhar para a mesa da Sonserina outra vez.

*

Gina tentou ganhar mais fôlego. Tentou também distrair-se, voltando sua atenção para Harry, Rony e Hermione. Tudo em vão. Tinha ciência de sua respiração arquejante e da sua postura incômoda, como se algo estivesse errado. Havia algo errado, embora nada pudesse ser feito para apagar aquilo que já tinha acontecido. Desde a noite passada Gina tentara se convencer de que não fora culpa dela – e sim de Draco Malfoy, que beijara-a e começara toda essa situação.

Ela levantou-se antes de terminar seu café da manhã, querendo chegar na sala de aula antes da maior parte dos alunos. Ela sabia que mais tarde, à noite, ela ainda precisaria comparecer às aulas extras programadas por McGonagall na semana passada. Gina sorriu interiormente: em duas semanas ela havia visitado a Ala Hospitalar duas vezes. Ela estava batendo um recorde.

Enquanto saía do Salão Principal, meramente esbarrando em algumas pessoas, Gina podia sentir dois olhos perfurando-a, queimando suas costas, estudando-a com interesse. Ela sentiu-se ansiosa de alguma forma, seu coração pulsando com fervor. Gina apressou-se para alcançar a saída e livrar-se daquela sensação, quando encontrou sua única e melhor amiga em todo o castelo.

Luna Lovegood parecia tão excêntrica como sempre fora, mas Gina estava mais que acostumada a qualquer comportamento diferente da garota. Elas haviam se conhecido ainda no primeiro ano, quando ambas sentiam-se deslocadas no meio dos estudantes. As pessoas costumavam caçoar de Luna por qualquer pequeno defeito que encontravam nela e Gina repudiava todos que tinham um conceito deturpado de sua amiga e não faziam questão de mudá-lo.

"Exatamente como quem...?"

Gina tentou expandir seu sentimento de aversão ao garoto que anteriormente estivera ocupando sua mente, sufocando aquilo que estivera presente no seu pensamento. Ela precisava se concentrar em outra coisa e seu subconsciente gritou para que Luna puxasse alguma conversa.


— O que há com você?

Ela respirou aliviada ao questionamento de Luna. A corvinal parecia possuir um tipo de sexto sentido ou coisa parecida – ou talvez fosse apenas aquela maneira observadora com a qual ela costumava olhar os outros – mas o fato era que ela sempre acabava descobrindo o que atormentava Gina. Ela previa o mal-humor de Gina, ela sabia quando precisava ser cautelosa com a garota, ela conhecia um traço de alegria à distância. Luna era sempre uma caixinha de surpresas.


— N-nada. Eu só estou um pouco... avoada.

Gina não disse mais nada enquanto ambas seguiam para a classe de Binns, embora vez ou outra ela pegasse Luna examinando sua expressão com cuidado. A sala estava ocupada somente por alguns alunos, e Gina e Luna sentaram-se imediatamente na mesa mais distante e longíqua do local. Gina encarou a mesa com desânimo, entrementes Luna sacava a nova edição d'O Pasquim, folheando-a avidamente à procura da última reportagem que fora lida.


— Luna... – Gina suspirou – Luna, eu... – A loira virou seu rosto minimamente, mirando Gina com curiosidade, querendo incentivá-la a continuar – Eu preciso contar uma coisa para você.

Era uma coisa engraçada. Sabem, segredos não haviam sido feitos para serem guardados. Deixar de contar uma coisa para alguém que você considera amiga seria um crime fatal. Mesmo aquele pensamento mais distante e irreal, tudo deveria ser relatado a Luna ou Gina sentiria que não conseguiria agüentar o peso de seus próprios segredos sobre suas costas. Apesar de Luna nem sempre possuir um ótimo conselho ou palavras realmente sábias, saber que algum ser na face da Terra estava disposto a escutar seus problemas era de alguma forma revigorante e reconfortante.


— Então...? – disse Luna lentamente, esperando as palavras de Gina.

Gina abriu a boca, um pouco hesitante.


— Você sabe que eu precisei passar a noite na Ala, não sabe? – Luna confirmou com a cabeça – Certo. Aconteceu uma coisa ontem à noite. Digo, eu... Hum... Malfoy me beijou.

A boca de Luna abriu-se poucos centímetros, mas a menina apressou-se para fechá-la. Sua expressão não era, contudo, de surpresa ou espanto. Seus olhos, naturalmente esbugalhados, quase não estenderam-se.


— E o que há de errado com isso?

Quem arregalou os olhos agora fora Gina. Ela enrugou a testa para Luna, como se a resposta fosse mais que óbvia. Entretanto, antes que ela pudesse dizer algo que todos já sabiam, o professor Binns adentrou a sala atravessando uma parede e chamando a atenção dos alunos que estavam dispersos pelo lugar.

Vez ou outra, Gina fitava Luna, esperando que essa retribuísse ou entedesse o significado da sua resposta absurda. Mas Luna estava sempre distraída com diminutas coisas, parecendo não notar o que Gina tentava fazer. E embora a ruivinha quisesse manter uma conversa sussurrada com a amiga, o professor Binns não dava a ela oportunidade para tanto. Volta e meia ele flutuava por entre as carteiras dos estudantes, supervisando o trabalho dos alunos. Quando ambas deixaram a sala do professor, Gina respirou fundo, querendo descarregar de uma vez tudo o que estivera atormentando-a nos últimos minutos.


— Luna, o que... O que você disse a respeito do bei... daquilo que eu contei lá dentro? Quero dizer, não sei se escutei direito.

Luna voltou-se para ela, com seus olhos extremamente azuis desfocados e distraídos, como de costume. Parecia que elas estavam conversando sobre algo banal e comum, embora comum fosse o último termo usado para classificar um beijo entre Gina Weasley e Draco Malfoy.


— Acho que escutou, sim. Eu disse 'E o que há de errado com isso?' e você fez aquela cara de quem viu o Snape maquiado como um boneco ventríloquo.

Gina estava estupefata e incrédula. Ela fechou a boca e encarou Luna com mais profundidade. A garota, entretanto, apenas girou nos calcanhares, seguindo seu caminho o menos desajeitadamente quanto podia evitar. Gina demorou exatos três seguros para segui-la, ajeitando sua mochila no único ombro onde carregava-a.

*

Joanne sentou-se sozinha na carteira, no fundo da classe. Ela já estava acostumada a isso, a essa solidão estúpida e inútil que a perseguia na Grifinória por ser diferente dos demais. Desde o primeiro dia de aula fora assim e Joanne se perguntava como diabos fora parar na Casa mais nojenta de toda Hogwarts. Ela lembrava-se perfeitamente de estar na fila de espera para a Seleção, em primeiro de Setembro, torcendo seus dedos para que acabasse na Sonserina, como acontecera com seu pai. Ela sabia que o Chapéu Seletor escolheria a Casa que estivesse melhor relacionada com suas virtudes e com seus defeitos também. Joanne estava na verdade tão cegada pela sua certeza que mal ouviu quando aquele trapo velho cônico gritou para todo o Salão Principal 'Grifinória!'. Ela perguntou-se porque toda a mesa da Grifinória aplaudira com fervor, posto que a mesa que a recepcionaria era a da Sonserina. Então ela caiu em si. Joanne caminhou na direção dos colegas com transparecida raiva, que não havia cessado-se nem à frente daquele estupendo banquete. Ninguém havia ousado trocar uma palavra com ela. Exceto uma garota.

Gina Weasley era a garota mais idiota que Joanne tivera a desventura de conhecer em toda a sua vida. Ela provavelmente achava que poderia melhorar todos os problemas do mundo com aquele seu sorrisinho falsamente inocente e ingênuo. Tudo em Gina produzia náuseas em Joanne, qualquer mero defeito era motivo de piadas para ela, e os ex-namorados da ruiva eram sempre alvo de fofocas originadas por Cronwel. Aliás, Joanne estava muito grata por tê-la feito terminar seu último relacionamento. A infelicidade de Gina era a alegria de Joanne.

Joanne ficara bastante exultante ao saber, ainda no seu primeiro período, que Gina havia sido resgatada da Câmara Secreta. Não porque estivesse preocupada com a saúde ou o estado de Gina, mas por notar que logo após o fato todos os amigos dela afastaram-se por medo. A única que restara fora a esquisita Luna Lovegood, a qual não era percebida por boa parte dos jovens estudantes. Gina, talvez de outra maneira, provara pelo menos um pouco do veneno saboreado diariamente por Joanne.

Então ninguém poderia culpá-la por descobrir aquilo. Poucas eram as pessoas, acreditava Joanne, que tinham conhecimento daquele pequeno objeto. Portanto, poucos eram aqueles que conheciam o que continha no seu interior. Somando esses fatores, a loira grifinória poderia dizer que isso era um sinal de vitória. De êxito, por que não? A garota não pôde evitar um pequeno sorriso para si mesma. Ela poderia jogar seu jogo a hora que bem quisesse. Era ela quem ditaria as regras.

Joanne observou as costas de Gina, as madeixas vermelho-douradas opacas com a pouca iluminação das masmorras de Severo Snape. Ela estava curvada sobre seu caldeirão, terminando sua poção com sua amiguinha excêntrica, Lovegood. Joanne sentiu uma imensa vontade de poder cravar algo bem pontiagudo nas costelas dela. Mas ao invés disso, apenas olhou-a com malícia, imaginando uma maneira horrível de fazer a garota descobrir que ela estava com uma coisa pessoal dela.


— Srta Cronwel? – a voz gélida de Snape soou em seus ouvidos. Joanne levou seus olhos até ele, despertando no momento seguinte. Severo estudou o caldeirão da garota – Não está esquecendo-se de nada?

Joanne voltou sua atenção para a poção que deveria estar executando. O perigoso tom de Snape, um pouco acima de um sussurro, fê-la enrijecer-se e lembrar mentalmente se por acaso havia esquecido-se de fazer algo.


— Não. – respondeu ela secamente.

Snape levantou uma sobrancelha para ela.


— Analise seu trabalho mais uma vez e me responda com o pouco de inteligência que eu presumo que você tenha: não está esquecendo-se de nada?

Ela estreitou os olhos, atendendo o pendido do professor muito a contragosto. Então ela notou que o fogo de seu caldeirão deveria estar um tanto mais baixo a pelo menos três minutos, para que o Elixir de Agudez saísse certo. Porém Joanne não iria admitir seu erro com tanta facilidade.


— Não.


— Srta Cronwel. O fogo.

Joanne fez pouco caso da paciência de Snape. Ela gostava bastante do professor e talvez tivesse enganada, mas achava que ele também considerava-a uma boa aluna, principalmente levando-se em consideração que Joanne comportava-se mais como uma legítima sonserina do que como uma grifinória. Seu passado também pendia para um lado obscuro caracteristicamente Slytherin.


— O que tem ele?


— Joanne Cronwel, conserte sua poção agora ou a Grifinória perderá pontos por isso. Eu não costumo alertar meus alunos sobre seus erros, portanto estou fazendo um grande favor a você e a sua medíocre Casa.

Joanne deu de ombros.


— Pode tirar pontos, então.

Nesse momento, todos os alunos presentes na masmorra, grifinórios e corvinais, viraram-se para encará-la. A expressão da garota era de depreocupação a despeito da tensão que formara-se na atmosfera em apenas alguns segundos.


— Quinze pontos a menos para a Grifinória pela sua desobediência, Cronwel. Satisfeita por isso ou ainda quer mais?

Joanne encolheu os ombros outra vez, sendo fulminada pelos colegas da sua Casa.


— Mais vinte pontos e detenção para você. Vá até a minha mesa depois da aula.

Embora não tivesse gostado de receber uma detenção, Joanne estava satisfeita por fazer a Grifinória perder trinta e cinco pontos. Não se importava com os olhares dos colegas, claramente desejando não Ter a garota por perto. E, como sempre, Joanne fingia não vê-los. Não seria agora que levaria em conta a opinião de todos aqueles imbecis.

*

Gina desejou que não estivesse sentindo-se dessa maneira. Os passos pelo corredor deserto eram rápidos e o coração de Gina estava dando pancadas insistentes sob seu peito. Apesar de não admitir para si as razões que justificavam esses sintomas, ela sabia o que estava acontecendo consigo. O que Gina deveria fazer era apenas andar em direção às masmorras para terminar suas reposições, sem pensar em... nada. Ela sabia que seria uma péssima idéia Ter de ficar presa com Draco na mesma sala, à essas horas.

Suspirou, afastando tudo isso para o fundo de sua cabeça, e empurrou a porta entreaberta da sala, estudando cada pedaço do lugar. O que ela procurava não foi encontrado. Os olhinhos negros de Severo Snape estavam presentes, parecendo nervosos com o atraso dela. Brigou consigo ao perceber que preferia que Malfoy estivesse lá.


— Conhece uma coisa chamada relógio?

Gina não se deixou levar pelo comentário irônico do professor. Sabia que estava atrasada somente alguns minutos, e mesmo assim Snape pegara no seu pé. Ela arfou algumas vezes, andando hesitante até a mesa mais próxima do professor. Ele sacou sua varinha, girando-a levemente atrás de si, fazendo com que palavras aparecessem magicamente no quadro negro. Snape explicou desgostosamente que essa seria a última aula necessária para ela, uma vez que haviam sido perdidos apenas duas aulas na matéria dele. Gina agradeceu silenciosamente por isso. Já bastavam as outras classes; ela não saberia se agüentaria mais um dia tendo aula extra com Snape.


— Weasley, – ele chamou-a, enquanto Gina organizava tudo o que seria usado – Malfoy não me entregou a amostra de Sexta-feira. O que aconteceu?

Gina levantou os olhos, um filme passando por eles, lembrando-a de cada instante miserável daquela noite.


— Ele estragou-a, professor.

Por mais que o Mestre de Poções tivesse algum tipo de afeição por ela, talvez pela grande habilidade que ela tinha com a matéria, Gina sabia que Snape não acreditaria nela ou sequer levaria sua objeção em consideração. Era apenas desperdício de tempo e saliva. Snape levantou as sobrancelhas, pedindo explicações. Para sua própria surpresa, Gina começou a falar, dizendo com exatidão o que havia acontecido na Sexta-feira. Snape parecia estar ouvindo; se não, estava fingindo bem. Embora uma sensação boa de alívio estivesse apoderando-se da garota, isso logo foi substituído pela realidade do comportamento do professor. Era bastante óbvio que explicar a ele o que havia acontecido não iria levar a nada.

Fez-se dois segundos de silêncio total antes que Snape pronunciasse suas palavras de forma arrastada e monótonamente fria.


— Continue seu trabalho.

As sobrancelhas de Gina juntaram-se em confusão, mas ela não ousou contestar a clara ordem vinda do professor. Voltou-se para sua mesa, executando a poção com exímia perfeição e concentração.

As horas voaram e a ruiva não via a hora de deixar aquela masmorra quente e abafada. O vapor do caldeirão e a ausência de qualquer abertura também não ajudavam muito na situação. Gina agradeceu por notar que sua poção já estava pronta e não conteu um suspiro de alegria por querer sair dali o mais rápido possível. Precisava respirar o ar fresco da noite imediatamente. Ela depositou o frasco transparente à frente de Snape, que parecia pouco surpreso com a agilidade da garota. Inconscientemente Gina perguntou-se como ele agüentava ficar horas a fio na masmorra com aquelas roupas negras e aparentemente calorentas.


— Caso sua história seja verídica, Srta Weasley, – falou Severo, sem levantar os olhos – essa poção terá peso dois. Entendido?

Gina poderia Ter respondido com um alegre 'Sim' e com um sorriso genuíno, se isso talvez não irritasse o Mestre de Poções. Ela somente meneou, girando nos calcanhares e deixando a sala o mais rápido que podia.

A brisa do corredor abateu-se em Gina de tal forma que foi como se um gostoso choque elétrico passasse pelos seus membros. Respirou com maior facilidade, não desejando nada mais que encontrar sua cama. Ela estava cansada de tantas aulas após o horário normal de estudo e, além do mais, as classes exigiam dela atenção dupla. Graças a Merlin, tudo isso estava acabando...

Gina andou solitariamente até a Torre da Grifinória. O Salão estava deveras agitado, com alunos primeiranistas correndo de um lado para o outro, fazendo uma balbúrdia ensurdecedora. Não havia sinal de nenhum monitor por perto e justamente por isso os pequenos diabinhos farreavam sem parar. Gina queria muito tomar uma atitude quanto à bagunça feita por eles, mas a fadiga levou a melhor sobre ela. Provavelmente eram os poucos ferimentos em suas costas que, associados com a dor de cabeça que estava por vir, deixaram-na repentinamente tão cansada. Subiu as escadas ignorando os ruídos abafados da gritaria lá de baixo e adentrou o dormitório alheia às colegas de quarto.


— Tão cedo por aqui, trasgo das montanhas?

Gina sobressaltou-se. Também não esperava encontrar Joanne tão logo, uma vez que ela deveria estar cumprindo a detenção aplicada por Snape. Fingindo não vê-la, Gina continuou a andar em direção às suas coisas, jogando a mochila na escrivaninha de qualquer jeito. Ela dirigiu-se a cama, atirando-se nela com o pouco que lhe restava de forças.


— Além de tudo, a ameba ambulante é mal educada. Tsc, tsc, tsc...

Gina revirou os olhos para o teto. Precisava dormir imediatamente, pois já conseguia sentir que a visão tornava-se borrada e turva, sinal de sonolência e esgotamento. A mente dela sussurrou um audível 'Vá para o diabo que te carregue, Cronwel.', enquanto seus olhos se fechavam para mergulhar num descanso merecido. O dormitório caiu num enorme silêncio, que foi cortado apenas pela voz gélida de Joanne.


— Muito bem... Eu não vou ficar aqui respirando o mesmo ar que você.

Gina ouviu o distante barulho da porta sendo fechada com força. Com a cabeça afundando no travesseiro, gemeu. Alguma coisa lhe dizia que Joanne iria encontrar Draco. E esse pensamento, de algum modo, era devastador.

*

Joanne desceu as escadas rapidamente, sorrindo consigo mesma. Nunca sentira-se tão ansiosa assim nos últimos tempos. A bolsa que ela levava parecia estar pesando uma tonelada.

Ela não imaginara que aquele pertence de Gina pudesse ajudá-la tanto. Na noite anterior, Joanne passara a madrugada inteira analisando cada pedaço daquilo, anotando mentalmente quais as chaves mais importantes para que seus planinhos fossem bem-sucedidos. Durante o dia, martelava na cabeça dela o que seria feito mais tarde.

Joanne havia decorado o que deveria fazer. Primeiro iria procurá-lo. Draco Malfoy. Se havia alguém naquele imenso castelo que ficaria satisfeito por Ter tantas ferramentas à mão contra uma Weasley, esse alguém era Malfoy. Não havia dúvidas. E uniria o útil ao agradável. Eles mancomunariam juntos e isso traria, conseqüentemente, uma aproximação de ambos. Ela havia percebido, afinal, que tinha cometido um erro ao acusá-lo daquela maneira em seu último encontro. Agora tinha um pretexto para vê-lo e retificar-se.

Joanne postou-se atrás de uma armadura, próxima a entrada da masmorra sonserina. Tinha duas opções – ou esperaria até Draco sair ou abordaria um idiota qualquer para que este trouxesse o loiro até ela. Joanne já havia feito isso algumas vezes e sempre dera certo. Ela estava quase cansando-se de tanto esperar, quando o garoto finalmente saiu da masmorra, seguindo na direção contrária a ela. A grifinória levantou-se rapidamente, virando-se para a figura de Draco, olhando as costas dele enquanto caminhava em seu encalço.

Foi então que notou que Draco estava acompanhado. Por uma garota. Eles estavam apenas conversando, embora Joanne pudesse perceber, pelo perfil dele, que este estava sorrindo enviesadamente. Com raiva, Joanne apertou o passo, chegando até ele velozmente.


— Draco! – disse ela, por entre os dentes cerrados – O que você está fazendo com esta... – Joanne virou-se para a menina, olhando-a de alto a baixo – esta...

Malfoy olhou-a mortalmente e as palavras sumiram da boca de Joanne. A garota, que deveria Ter seus dezesseis anos, não parecia muito surpresa. Ela fitou Draco.


— Eu acho melhor deixá-los a sós. – a sonserina encarou Joanne, que olhou-a com uma cara que falava claramente "Acha, é?" – Depois nos falamos, Malfoy.

Ela girou nos calcanhares, seu cabelo negro balançando ao redor pomposamente. Joanne fez uma careta para as costas da adolescente, não se importando com o que Draco pensaria dessa atitude.


— Acabou com a 'sessão de ciúmes', Cronwel?

Joanne voltou-se para ele. Havia esquecido completamente que Draco odiava esse tipo de ceninha. Ele mesmo havia dito isso a ela, certa vez. Mas fora incontrolável. Fora instintivo e Joanne só percebeu o que tinha feito um pouco tarde demais.


— Malfoy... Você pode calar a boca por um segundo? Eu tenho uma coisa muito importante para falar com você –


— Tem? Pois eu não tenho nada para tratar com você.

Joanne procurou às cegas pela abertura de sua bolsa. Tirou de lá aquilo que tinha surrupiado havia pouco tempo. Draco enrugou a testa para o objeto na mão esquerda da grifinória.


— Adivinhe de quem é isso? – Draco nem ao menos fez questão de tentar responder. Poucos segundos depois, com um sorriso formando-se em seu rosto, Joanne continuou. – É de Gina Weasley.

*




N//A: Nuossaaaa... Aleluia! Aleluia! ... Bem, eu preciso pedir mil desculpas para quem andou esperando... Não foi minha culpa! Juro. >.< Msm assim vou agradecer a todas as reviews e aos puxões de orelha que me deram... =D Prometo tentar ser mais rápida da próxima vez. E, ah...!

Próximo Capítulo: Joanne mostra suas armas, Draco descobre coisas importantes e Gina tem que dar satisfações a ele. Mentes confusas e corações aflitos – Por que o amor é tão complicado?

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