O VISITANTE INESPERADO



HARRY POTTER E A SALA DA MORTE
CAPÍTULO UM
O VISITANTE INESPERADO

Fazia poucas horas que Dumbledore fora enterrado, Harry, Rony e Hermione estavam sentados sob a sombra da árvore que tanto apreciavam, sabiam que, talvez, esta era a última vez que desfrutariam do abrigo da árvore.

“Será que o trem ainda vai demorar para sair?”, perguntou Rony observando a multidão ir se dissipando.

“Mcgonagal disse que ele deve sair em uma hora! Harry você...”, ia dizendo Hermione quando Harry se levantou e começou a se afastar. A garota olhou para Rony que só sacudiu os ombros.

Harry andava em direção ao lago, observando muito atentamente como estava bonito o dia, talvez o mais bonito de todo semestre. Não queria ficar ao lado de Rony e Hermione, ele desejava ficar sozinho, porque era assim que se sentia desde a morte de Dumbledore. Parecia que tudo tinha perdido a sua graça, a sua cor, nem Hogwarts parecia mais a mesma, de fato ela nunca voltaria a ser a mesma, não sem Dumbledore.

Quando ele se aproximou do lago, agachou-se e ficou observando o seu reflexo no lago e começou a passar um filme em sua mente. O dia em que descobriu que era bruxo, em que viu pela primeira vez Hogwarts, em que voou pela primeira vez em uma vassoura, se lembrou também dos seus pais no espelho de Ojesed, do seu primeiro beijo, do dia que beijou Gina, mas nem tudo eram flores e ele sabia disso mais do que ninguém, não havia como esquecer as mortes de Cedrico, Sirius e Dumbledore e, principalmente, de seus pais. E, agora, enquanto olhava o seu reflexo tinha a certeza que muita coisa havia mudado e de que não sabia o que iria acontecer daqui para a frente, só havia certeza de uma coisa, ele iria acabar com todas as horcruxes e caçar Voldemort onde ele estivesse.

Harry se levantou e ainda ficou um tempo contemplando o lago, parecia um espelho enorme, pouco tempo depois sua vista recaiu sobre o mármore branco onde estava enterrado o corpo de Dumbledore. O garoto caminhou até o túmulo, agora recoberto por várias flores de todas as cores, e não conseguiu evitar que algumas lágrimas rolassem pelo seu rosto. Harry sentia uma sensação estranha, estava tão perto do corpo de Dumbledore e, simplesmente, não havia como falar com ele. Harry tirou o medalhão falso do bolso e o colocou por cima do mármore, queria que ele ficasse ali, como se fosse um símbolo do que ele custou.

“Potter!”, disse uma voz que vinha de trás dele, era uma voz conhecida, severa e ao mesmo tempo acolhedora. Harry se virou e viu a Professora Mcgonagal descendo pelo gramado indo em sua direção.

“Sim, professora.”, disse Harry quando Mcgonagal chegou ao seu lado.

“Tenho uma carta para você!”, disse a professora, retirando de seu bolso um envelope branco. “É do prof. Dumbledore, ele deixou comigo ano passado... justamente no caso dele...dele falecer!”, completou a abalada Mcgonagal.

Harry esticou o braço e apanhou a carta.

“Bom, Potter, é melhor você ir andando o trem já deve estar para chegar!”, disse a Prof. Mcgonagal, se virando e voltando para o interior do castelo.

Harry se virou e viu que Rony e Hermione vinham vindo em sua direção, ele começou a andar devagar para que os dois se juntassem a ele.

“Mcgonagal falou que o trem já está chegando!”, disse Harry quando os dois se aproximaram.

“O que é isso que ela te entregou?”, perguntou Rony curioso.

“Dumbledore deixou com ela antes de morrer.”, disse Harry.

“Porque você não abriu ainda?”, perguntou Hermione.

“Não sei!”, respondeu Harry sinceramente. O garoto abriu o envelope e tirou de dentro um pequeno pedaço de pergaminho, desdobrou-o e reconheceu aquela caligrafia, mas logo ficou desapontado. Só havia uma frase escrita.

Harry,
Nem sempre o que se vê é o que é, por isso confie no meu mensageiro que irá te buscar na casa dos seus tios no dia do seu aniversário.
Esperando ansiosamente que você entenda,
Alvo Dumbledore.

“Como assim? O que ele quis dizer com isso?”, perguntou Rony atordoado.

Hermione só balançou a cabeça quando os dois a olharam esperançosamente.

A cabeça de Harry estava a mil, porque Dumbledore sempre tinha que ser enigmático, até mesmo depois de morto? Quem seria este mensageiro que iria buscá-lo na casa dos Dursleys no último dia de julho?

“Parece que vamos ter que esperar para saber o que ele quis dizer com isso!”, disse Harry.

Os garotos já estavam chegando aos portões e já ouviam o barulho do expresso de Hogwarts se aproximando da estação de Hogsmead. Os três se apressaram e só pararam quando, já próximos da estação, ouviram alguém os chamando. Era Hagrid, o guarda caça de Hogwarts, agora, o maior amigo deles na velha escola.

O gigante abraçou os três ao mesmo tempo, fazendo estalar algumas costelas.

“Ah... eu vou sentir muita falta de vocês três! As suas confusões...!”, disse Hagrid, com os olhos molhados de lágrimas.

“Ah, Hagrid, não precisa chorar...nós vamos nos ver muitas vezes ainda!”, disse Hermione também lacrimejando.

“É isso mesmo Hagrid, em breve nos veremos!”, disse Harry dando o seu primeiro sorriso em dias.

“Nós prometemos!”, completou Rony.

Hagrid ainda deu mais um abraço estala ossos no trio e depois os três se despediram e foram em direção a locomotiva, que jogava nuvens repolhudas de fumaça para o céu.

O expresso de Hogwarts não estava tão cheio como sempre, é claro, pensou Harry, muitos alunos tinham ido embora antes devido a morte de Dumbledore. Logo, eles acharam um compartimento vazio e se acomodaram. Neville, Luna e outros conhecidos de Hogwarts passaram para falar com eles, mas o que fez o coração de Harry disparar foi quando Gina chegou no compartimento.

“Você!”, disse a ruivinha apontando para Harry. “Vem cá!”, disse a garota fazendo um gesto para fora do compartimento.

Harry se levantou sob os olhares risonhos de Rony e Hermione e acompanhou Gina para fora do compartimento.

“Eu quero falar com você!”, disse a garota.

“Eu sei o que você vai falar, Gina. Por favor, não torne as coisas mais difíceis do que elas já são. Eu já falei para você não tem como nós continuarmos...!”, disse Harry, achando que não resistiria por muito tempo.

“Harry, eu acho ridículo o que você está fazendo! Voldemort pode me usar sendo a sua namorada ou não e você sabe disso. Mesmo que não fosse sua namorada, eu duvido que você não fosse atrás de mim!”, disse Gina arfando, seu rosto da mesma cor que os cabelos.

“Gina...”, ia tentando arrumar alguma desculpa.

“O que foi? Ficou sem resposta...você sabe que eu estou certa! Então, para com isso, eu quero voltar com você... vamos aproveitar...você não sabe o que vai acontecer daqui para a frente.”, disse Gina sorrindo.

“Gina...ah, eu não vou resistir...mas olha aqui só sob uma condição, tem que ser o mais discreto possível!”, disse Harry sorrindo também.

Então, sem pensar, os dois se abraçaram e se beijaram, como se fosse o último beijo da vida deles.

O trem começou a parar, os garotos pegaram as suas malas e saltaram na estação 9 e meia. Juntos atravessaram a barreira que separa o mundo dos bruxos com o dos trouxas.

“Harry, nos veremos em breve!”, disse Hermione dando um abraço e um beijo no rosto do garoto.

“Espero que você não viaje por ai sem a gente!”, disse Rony piscando o olho e apertando a mão de Harry.

“Jamais!”, disse Harry sorrindo.

“Ah, Harry querido, espero que você venha para o casamento em agosto!”, disse a Sra. Weasley apertando Harry com um forte abraço.

“Harry Potter!”, disse o Sr.Weasley, apertando a mão do garoto.”Espero que você apareça lá em casa em agosto e qualquer problema que possa surgir, me mande uma coruja.”, completou o pai de Rony dando umas palmadinhas no ombro de Harry.

Os Weasleys e Hermione foram saindo da estação, enquanto Gina ficou para falar com o garoto.

“Olha aqui, se você ficar um dia sem falar comigo eu apareço lá na casa dos seus tios, hein! Não me esquece!”, disse Gina sorrindo.

“Como se isso fosse possível!”, disse Harry dando um beijo na garota, depois o garoto se virou e seguiu até os Dursleys que estavam parados mais adiante.

Como sempre os tios e o primo nada falaram, apenas saíram juntos de Harry para o carro de Tio Valter. A viagem até a rua dos Alfeneiros foi a mais longa da vida de Harry, ele novamente voltava a sentir a sensação de querer ficar sozinho. Quando o carro parou, o garoto se precipitou para fora com seus pertences e entrou na casa antes mesmo que os Dursleys saíssem do carro.
Harry foi direto para o seu quarto jogou tudo no chão e se deitou na cama. Havia acontecido muita coisa em pouco tempo, a descoberta dos horcrux, a morte de Dumbledore e o longo caminho que ele ainda tinha que percorrer para liquidar Voldemort.

Toda vez que ele pensava em dumbledore, uma dor forte no peito aparecia, até aquele dia na torre parecia para Harry que Dumbledore era imortal, que ele nunca morreria, que ele nunca o deixaria...porém, o maior bruxo que ele conhecera estava morto e tinha deixado uma grande missão para Harry, a qual o garoto tinha um desejo ardente de cumprir.

Harry levantou da cama e caminhou até a sua escrivaninha, olhou para a janela que ficava logo acima da mesinha e viu algo curioso, não era o seu reflexo que estava ali, era alguém com um rosto muito branco, como se fosse uma caveira, então Harry reconheceu, quando os olhos vermelhos brilharam. O garoto olhou imediatamente para atrás, não havia ninguém, então olhou novamente para a janela e Lord Voldemort continuava ali, como se fosse o seu reflexo.

“Nãoooooooooooooooooooooooooooo!”, berrou Harry, quando olhou novamente para a janela e já não havia mais aquele rosto como uma caveira.

Harry ouviu uns passos subindo as escadas e logo depois batidas na porta.

“Harry, queremos conversar com você!”, disse a voz estranhamente simpática de Tia Petúnia.

“Entra!”, disse Harry.

Tio Valter e Tia Petúnia entraram no quarto do garoto, o tio se encostou na parede ao lado do armário e a tia se sentou na cama.

“Se foi por causa do grito, desculpa!”, disse Harry prontamente, estranhando aquela procissão no seu quarto, só para falar com ele.

“Não, querido! Nós sabemos o que aconteceu e vendo tudo o que aconteceu na sua vida, eu sei que é meio tarde, mas nós fomos muito injustos com você!”, disse Tia Petúnia lagrimosa.

“Não estou entendendo!”, disse Harry, prestando mais atenção a conversa.

“Eu e sua tia, queremos lhe pedir desculpas, por tudo o que fizemos durante todos esses anos!”, disse Tio Valter atropelando as palavras.

“Porque isso agora?”, disse Harry começando a se irritar.

“Nós, durante o último ano, refletimos muito as nossas ações e percebemos o quanto estávamos errados.”, disse Tia Petúnia se levantando da cama e se aproximando do sobrinho, olhando-o como se o visse pela primeira vez.

“Assim? Do nada? Eu não entendo vocês! Vocês pisam, humilham e, agora, se arrependem?”, disse Harry se levantando também para longe da tia.

“Harry, nós já esperávamos por isso, você tem toda razão em se sentir assim. Eu e a sua tia só queremos que você saiba que estamos profundamente arrependidos!”, disse Tio Valter, pegando a sua esposa pelo braço e saindo do quarto, deixando Harry sozinho.

Harry estava com a cabeça a mil, agora ainda mais com essa mudança repentina da atitude dos seus tios, o garoto voltou para a cama e se deitou e caiu em um sono profundo. Tivera sonhos muito estranhos, em alguns deles Dumbledore aparecia em outros Voldemort era que predominava.

As semanas passaram rapidamente, como nunca havia acontecido na rua dos Alfeneiros, os seus tios estavam cada vez mais diferentes, agora sempre procuravam fazer o máximo para agradar Harry, até mesmo Duda passara a conversar com Harry como se fossem amigos desde pequenos.

O aniversário de Harry fora marcado por uma festinha com bolo, doces e salgadinhos, que a própria tia Petúnia fez. Harry até que reconheceu o esforço dos Dursleys e foi gentil com eles, mas logo subiu e para sua surpresa uma coruja azul estava em cima da sua cama. O garoto retirou a carta e a abriu, reconheceu a letra imediatamente e sentiu um certo conforto.

Harry,
Lembre-se, amanhã meu mensageiro chegará e espero que você seja gentil com ele. Queria estar mais perto de você, mas você sabe que isto não é possível.
Desejando revê-lo algum dia,

Alvo Dumbledore

Harry estava ansioso para saber quem o buscaria e para onde iria e o que Dumbledore tinha planejado, porém todas as suas idéias deram lugar a outras, quando ele avistou Píchi e uma coruja branca. Eram cartas de Rony e Hermione.

Harry,
Não entendo porque você insiste em ficar ai, vem logo para cá, a Hermione está chegando aqui amanhã e seria muito bom que você já estivesse aqui.
Um abraço,
Rony

Harry riu, Rony não entendia que Dumbledore havia lhe pedido para voltar a casa dos seus tios até que a magia, que o poderoso bruxo havia evocado há dezesseis anos atrás, tivesse se exaurido. Harry pegou a carta da outra coruja e a abriu.

Harry, como você está?
Espero que esteja bem, eu estou indo amanhã para a casa do Rony e desejo que você não demore a chegar lá na Toca. Não esqueça do casamento do Gui e da Fleur!
Beijos, Hermione.

Junto as cartas chegaram dois pacotes, um de tamanho médio e outro muito grande. Harry abriu primeiro o de Rony ( o de tamanho médio), o garoto teve uma surpresa, era um porta retrato com a foto de Gina, quando Harry foi abrir o de Hermione pensou que eram livros, a julgar pelo tamanho da caixa, porém quando o abriu teve a segunda surpresa da noite. Hermione havia restaurado o espelho que Sirius havia dado a Harry, aquele que havia estilhaçado há um pouco mais de um ano atrás.

“Uau!”, disse Harry feliz.

O resto da noite Harry passou deitado em sua cama e adormeceu sem que percebesse que estava com sono. O garoto só acordou com fortes batidas em sua porta.

“Harry!”, berrava a voz de tia Petúnia.

O garoto se levantou e abriu a porta antes que ela se espatifasse.

“Desculpe querido, mas é que tem uma pessoa ai em baixo dizendo que veio te buscar!”, disse tia Petúnia.

Harry se arrumou rapidamente, jogou tudo no interior da mala e desceu as escadas. Quando chegou na sala, o garoto tomou um susto que o fez deixar cair tudo, o malão abriu quando bateu no chão, roupas, livros, o mapa de Hogwarts, a sua capa da invisibilidade, enfim, tudo saiu para fora do malão. Harry só teve tempo de apanhar a sua varinha e apontá-la para o homem de nariz adunco, cabelos oleosos que formavam uma cortina ao redor do rosto de Snape.

“O QUE VOCÊ VEIO FAZER AQUI?”, berrou Harry incrédulo.







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