PRÓLOGO
PRÓLOGO
Fazia frio e chovia quando Eileen Prince o avistara pela primeira vez. Não era como os outros trouxas, ele tinha alguma coisa que a atraía... sua face pálida e sisuda parecia ocultar muito mais do que uma simples mente trouxa, seus cabelos negros, curtos e levemente oleosos, penteados para trás, davam um ar de nobreza bruxa que não costumava-se ver em qualquer trouxa. Ele andava pesadamente, parecendo um pouco furioso, seu rosto macilento demonstrava desagrado. Eileen ficou sem saber o que fazer ao avistar tal figura afastar-se cada vez mais rápido, até transformar-se em um pequeno pontinho preto em meio a tanta gente naquela movimentada rua. Seguiu, então, para dentro do Caldeirão Furado, sem perceber que havia mesas à sua frente – seus pensamentos estavam a alguns metros de distância, acompanhando o jovem trouxa de porte senhorial.
- Olhe por onde anda, moça! – disse uma bruxa atarracada, suas vestes verde-esmeralda cobertas de fuligem. Eileen desculpou-se, contra a vontade, com desprezo na voz.
Chegando ao Beco Diagonal, parou por um momento antes de dirigir-se à Travessa do Tranco. Por que ficara tão abalada com a visão de um simples trouxa? Por que ele tinha exercido sobre ela um fascínio incomum? “Bobagem” pensou ela, “Ele é só um trouxa imundo... o que a minha família diria se soubesse? Me deserdaria, com certeza.” Concluindo o pensamento com amargura e uma pontinha de pesar, Eileen rumou discretamente para a área de Artes das Trevas do Beco Diagonal.
Tobias Snape sempre achara aquela gente um tanto quanto estranha. Usavam roupas estranhas, algumas até excêntricas, falavam palavras que ele não entendia. Alguns deles até, às vezes (ou pelo menos, pelo que Tobias conseguia ver da sua janela) andavam pela rua, ficavam parados um momento e em seguida desapareciam, um após o outro, por entre algumas lojas em um local discreto. Já se pegara muitas vezes imaginando o que aquelas pessoas de modos tão diferentes faziam ali, como desapareciam de repente, por que se vestiam e falavam daquela maneira. Em um dia particularmente estressante, no entanto, ele reparara em uma mulher jovem de aparência “duvidosa” (“Uma deles, com certeza...” pensara Tobias) mas elegante, com um olhar inquisidor e penetrante. Enquanto ele andava pela rua absorto em seus pensamentos, podia sentir aquele olhar queimando sua nuca, acompanhando-o por todo o trajeto, até ele virar a esquina. “Mulher estranha”, pensou ele, porém não deixando de reparar em como ela podia ser atraente.
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