Fuga Black
--Sirius!!! Desça agora!!!
--Estou indo, Orion.—responde desanimado, se erguendo da cama, onde estivera refletindo como pedir a sua mãe para dormir na casa do Pedro, para ir ao aniversário de Laila.
--Rápido! – escutou o berro novamente.
Alguém bateu à sua porta, logo em seguida.
--Sirius, mamãe e papai estão te chamando.
--Não sou surdo, Régulo. – respondeu, rude, abrindo a porta e se deparando com o irmão. Este lhe encarou, em especial suas mãos, cujas traziam uma carta bem manuseada. - Não disse que já vou? – cruzou os braços, encarando Régulo, que ainda estava curioso quanto à correspondência.
--Esta carta é da... Laila?
--Sim. Por que o interesse?--olhou desconfiado, espremendo os olhos.
--Ela... – Régulo parecia não se conter, algo muito estranho para alguém que sempre fora estupidamente frio e quase não transparecia emoções. Talvez fosse para deixar o mais velho enraivecido, porém, não conseguiria facilmente.
--Se ela falou de você?—debocha, passando a encarar o teto—Auauauauau! – gargalhou, e seu tom mudou, tornando-se irônico e cruel - Você realmente acredita que a Laila perderia tempo falando... Auauauauau! Poupe-me, Régulo. Diga que estou descendo, apenas terminarei de arrumar a zona que está meu quarto. – revirou os olhos. Mesmo que fosse obrigação de Monstro, Sirius preferia limpar o quarto a conversar com os parentes.
--Aposto que a Laila gosta muito de mim. – inflou o peito. O menor era realmente petulante, queria tirá-lo do sério, deveria ser isto.
--Claro!—sarcástico, volta para a cama, deitando-se de barriga para cima e abrindo a carta para lê-la, pela milésima vez.
Régulo sai e bate a porta, com o rosto impassível, mas esta logo se abre.
--Não me ouviu, Sirius?- um homem, fisicamente bem parecido com o primogênito, entrou no quarto, elegante, de certo modo, sombrio. Encara o filho com menosprezo, seus olhos acinzentados muito gélidos.
--Ouvi. – respondeu, displicente, dobrando a carta e a colocando no criado mudo.
--Senhor. – corrigiu em tom perigoso, embora sua voz se mantivesse baixa.
--Ouvi, senhor. – concertou frase, mesmo que não se importasse. Sirius jamais ligou para os pais, sempre o maltratando por ser diferente do restante da família.
--E por que não desceu de imediato? – arqueou as sobrancelhas, o que fez transparecer sua ira.
--Porque estava ajeitando meu quarto. O senhor vive dizendo que ele é desarrumado. – continuou a responder com insolência.
--E por que esta desordem?—pergunta, mexendo nos rolos de pergaminho em cima do criado.
--São apenas cartas. – sentou-se na cama, analisando cuidadosamente a reação do pai.
--Perda de tempo! Quando acabar de cursar Hogwarts, eles não se lembrarão mais de você. – soou maldoso, como se o veneno escoasse pelos lábios.
--Isto não é verdade! Meus amigos... – se levantou, cruzando os braços, pronto para protegê-los a qualquer custo. Afinal, eram os únicos que realmente tinham sentimentos verdadeiros por ele.
--Se importam com você?— debocha, colocando a mão nos bolsos. Embora parecido com Sirius, Orion possuía os modos de Régulo.— Ora, Sirius, pensei que fosse mais inteligente. Duvido que algum deles vá te ajudar se algum dia lhe faltar alguma coisa...
--Eles já me ajudam! — irrita-se, fuzilando o pai com o olhar.
--Não se atreva! — seu semblante muda de cor, passando de pálido natural para arroxeado. — Nesta casa nunca lhe faltou nada! Mesmo depois de ter sido enviado para aquela casa de perdedores.
--Não fale assim da Grifinória!—bate a mão no criado, frente a frente com Orion. Não permitiria que ninguém subjugasse novamente suas conquistas, pois era assim que via tanto os amigos quanto a casa que pertencia. Tudo que ganhou em Hogwarts era seu maior e precioso tesouro.
--Falo como bem quiser! – se exaltou, colocando o dedo indicador sobre o peitoral de Sirius. - E NÃO OUSE A LEVANTAR A VOZ PARA MIM, SEU MOLEQUE! SOU SEU PAI!
--INFELIZMENTE! – berrou em resposta, ambos avermelhados.
Well I don't feel better
(Bom, eu não me sinto melhor)
When I'm fucking around
(quando estou fudido por aí)
And I don't write better
(E eu não escrevo melhor)
When I'm stuck in the ground
(quando eu estou preso no chão)
So don't teach me a lesson
(Então não me ensine uma lição)
Cause I've already learned
(Porque eu já aprendi)
Yeah the sun will be shining
(Sim, o sol estará brilhando)
And my children will burn
(E minhas crianças queimarão)
--Passo dias, noites, esperando cartas consoladoras de meus amigos quando estou nesta maldita casa. Nesta casa repleta de discussões, de pessoas egoístas e mesquinhas. Uma família conservadora, que não sabe valorizar o melhor nas pessoas, que visa só o dinheiro e o puro-sangue que corre nas veias. Por isso que muitos fugiram dessa vida. Ainda cairemos na ruína! A ruína da fantástica família Black! – completa, terrivelmente sarcástico - Cansei disso! Desses costumes ultrapassados! Da caretice e do preconceito! Assim como a Dromeds. A Andrômeda, que não é boba nem nada, se foi. Casou-se com um touxa.
--Um grande erro! — pega no cinto, abrindo o fecho.
--Não. Uma sábia decisão. – observou os movimentos do pai, mas não se deixou abalar. Não tinha mais medo de apanhar, acostumara-se às tiranias constantes.
--Até que está certo. Agora você não tem quem te defenda. – o que era uma verdade. Andrômeda sempre tentava argumentar com os tios sobre os castigos dados ao primo, porém, costumava não ser ouvida.
--Ela não me defendia. Cuidava de mim. – o encarou, amargurado.
--Então... hoje você passara a noite ardido de tanto apanhar.—um sorriso maldoso perpassou o rosto de Orion.
--Como? – ergue uma sobrancelha.
After all of the fights and the lies
(Depois de todas as brigas e mentiras)
Yes you wanted to harm me but that won't work anymore
(Pois você quer me aterrorizar mas isso não vai funcionar mais)
No more, oh no, it's over
(Não mais, oh não, isso acabou)
'Cause if it wasn't for all of your torture
(Pois se não fosse por toda a sua tortura)
I wouldn't know how to be this way now
(Eu não saberia como ser deste jeito agora)
And never back down
(E nunca dar pra trás)
So I wanna say thank you
(Então eu quero dizer obrigado)
Gritos podiam ser ouvidos pela rua silenciosa. As pessoas, já acostumadas, não se preocupam em saber de quem eram esses gritos agonizantes, carregados de dor, amargura.
--Hoje, aprenderá a respeitar a família Black, Sirius. – ofegou enquanto o chicoteava. O sorriso maldoso no rosto o tornava extremamente desumano.
Feridas se abrem na pele lisa e macia. Cortes quentes, feios,que irão cicatrizar com o passar do tempo, embora as feridas, já abertas no coração, não. Elas continuarão ali, a amostra para quem quisesse ver.
--Repita o que estava falando sobre nossos costumes.
--EU OS ODEIO!!! DEIXE-ME EM PAZ!!!
--NÃO!!! JÁ ATUREI MUITO!!! SEMPRE TE DEI TUDO! VOCÊ ERA UM DOS GAROTOS MAIS BEM COMPORTADOS, ATÉ ENTRAR NAQUELA CASA! GRIFINÓRIA!!!
--A MELHOR CASA DE HOGWARTS!!!
--A PIOR!!! SANGUES-PUROS MISTURADOS COM MESTIÇOS E SANGUES-RUINS!!! POR MERLIN! O MUNDO BRUXO NÃO TERÁ FUTURO SE ESSA CASINHA CONTINUAR A EXISTIR!
--MELHOR GRIFINÓRIA DO QUE SONSERINA!!! NÃO SUPORTO SANGUES-PUROS!
--NÃO CUSPA NAS SUAS RAIZES, SIRIUS BLACK!!!
--POR MIL HIPOGRIFOS!!! QUE RAIZES???!!! NÃO PERTENÇO À FAMÍLIA BLACK!!!
--CLARO QUE PERTENCE!!! QUERENDO OU NÃO, VOCÊ É UM BLACK! E HONRARÁ O SANGUE CORRE NAS SUAS VEIAS!!!
--NÃO SINTO PRAZER NENHUM DE SER...
Um tapa é ouvido e o sangue espirrou pelo chão, onde o garoto se encontrava deitado apanhando do agressor descontrolado.
--DA PRÓXIMA VEZ QUE TENTAR DIZER ISSO NOVAMENTE, QUEBRAREI TODOS OS SEUS DENTES, E NÃO SERÁ APENAS UM TAPINHA NA BOCA!!!
--Ai! -- Sirius passa a mão nos lábios machucados, lutando contra as lágrimas formadas pela dor.
--Orion! Não o mate. Precisamos dele para arrumar a casa amanhã. É o castigo que dou a ele, por se tornar um traidor do próprio sangue. – Walburga aparece à porta, assistindo a cena. Não demonstrava pena, longe disso. Permanecia impassível, de certo modo, quase satisfeita.
--Não se preocupe, Walburga. Apenas estou dando um corretivo nesse moleque insolente.
--Acredito que já é o suficiente.
O pai se retira do quarto, arfando de raiva e ofegando pelo esforço. A mãe se vira para o filho deitado no chão, inda da porta. Não ousava se aproximar.
--Levante-se e venha jantar. – agiu como se nada fosse.
--Não estou com fome. – resmungou em resposta, do local onde se encontrava estirado, sangrando.
--Levante-se e venha jantar! É uma ordem! – sua voz autoritária ecoou pelas quatro paredes do quarto, a prisão cuja Sirius se matinha encarcerado uma vez por ano.
--NÃO VOU!!! – berrou, já quase sem forças, respirando com bastante dificuldade.
O pai volta trazendo um pote nas mãos e um sorriso malicioso. Seus olhos brilhavam loucamente, demonstrando insanidade.
--Meus pais, quando me davam um corretivo sempre passavam isso. E como você não está cooperando conosco... merece...—pega um pouco do que tinha dentro do pote— ...de sal. — deu um sorriso perverso. Aproximou-se do filho, indefeso. Como se depositasse grão por grão, apenas para machucar ainda mais, Orion mostrava seu lado desumano, como todo Black.
--NÃO!!! NÃO!!! NÃÃÃÃOOOO!!!—berros de profunda dor se fizeram ouvir ao toque salgado.
--Ele não vai jantar, muito menos almoçará amanhã. E limpará a casa toda, como você quer. —completa ao ver o olhar da esposa ao se levantar e sair do recinto.
--Melhor assim. – a mulher o segue, fechando a porta e a trancando magicamente.
Sirius, ferido, dolorido, se lembrava dos verões passados.
I don't want what you want
(Eu não quero o que você quer)
I don't feel what you feel
(eu não sinto o que você sente)
See I'm stuck in a city
(Veja, eu estou preso numa cidade)
But I belong in a field
(quando pertenço a um campo)
After all of the stealing and cheating
(Depois de todos os roubos e trapaças)
You probably think that I hold resentment for you
(Você deve achar que eu guardo ressentimentos de você)
But, oh no, you're wrong
(Mas, oh não, você está enganado)
'Cause if it wasn't for all that you tried to do
(Pois se não fosse por tudo que você tentou fazer)
I wouldn't know just how capable I am to pull through
(Eu não saberia o quanto sou capaz de agüentar)
So I wanna say thank you
(E por isso quero dizer obrigado)
‘—Quero aquela coruja!—aponta para uma coruja das torres marrom, a amostra do lado de fora da loja.
--Compraremos, Sirius. Afinal, um Black não pode ir para Hogwarts sem ter uma coruja digna.—empinava o nariz.
--Mamãe... Em que casa a senhora ficou em Hogwarts?
--Sonserina, é claro. A melhor casa.
--Pelo livro que a senhora me deu, Hogwarts: Uma História, parece que a Corvinal também é uma boa casa...
--Lá ficam os inteligentes, mas os ratos a infestam.
--Entendi. Não é uma casa que eu deva pertencer.
--Exato. Sonserina será sua casa. Agora vamos comprar suas vestes.
--Verdes e prateadas?
--Sim.’
“Sempre fui submisso, até conhecer o Pontas, que abriu meus olhos para o mundo novo em que vivemos.”
‘—Seu filho deve mudar as vestes. Ele pertence a Grifinória.
--Não gastarei meu dinheiro comprando essas porcarias.
--Senhor Black, seu filho pertence a uma das melhores casas de Hogwarts!
--Desculpe, McGonagall, mas uma casa que mistura sangues-puros e...
--Ambos são bruxos.
--Impuros! É isso o que são!
--Senhor Black!
--Papai... se o senhor não quer comprar... compro com meu dinheiro do banco.’
“Depois disso, meu ‘pai’ nunca mais me tratou como filho. Não que ele tenha tratado algum dia, porque ele nunca conheceu o sentido da palavra família, mas também não era assim... tão... podre, desumano.”
‘—Tiago, meu filho! Como estas?! Senti sua falta!—abraça.
--Também senti, papai.—sorri e corresponde ao abraço.
--Sua mãe não pôde vir buscá-lo comigo porque o Ministério está com alguns problemas. Ataques estranhos a trouxas.
--Tudo bem.
--Olá, Sirius!
--Senhor Potter.—cumprimenta com um aperto de mão e um sorriso.
--Aprontaram muito esse ano! Se você fosse meu filho, Sirius, ficaria de castigo.
--Ah, papai! O senhor vai mesmo me por de castigo?!
--O que você acha?—sorri ainda abraçado com o filho.
--Até parece que você nunca fez travessuras.
--Algumas...—olhar de quem é culpado.
--Algumas que nem mesmo a tia Rebeka sabe.—completa Sirius.
--Bem...--desconcertado—Que tal uma troca...sem castigo e a dona Rebeka sem saber de nada?
--Feito!
Abraço entre pai e filho.’
“É tão injusto existirem pais tão bacanas como o tio Jack, que são companheiros, e pais como o meu... se bem que acho que meu pai é o único capaz de tratar um filho desse jeito.”
Oh the heart beats in its cage
(Oh o coração bate em uma gaiola)
Yes the heart beats in its cage
(Sim, o coração bate em uma gaiola)
Alright
(Certo)
Oh the heart beats in its cage
(O coração bate em uma gaiola)
“Nunca demonstrou amor por mim, papai (amargurado). Nem falo nada sobre a mamãe, sempre tão indiferente, preocupada apenas consigo mesma. Régulo? Haha! (ressentido) Ele gosta de me ver sofrer, pois cada vez que sofro, mais ele conquista o espaço dele nesta casa amaldiçoada. Não que ele seja amado. Meus pais jamais amaram alguém, tirando eles mesmos (sorriso amarelo). Ou será que... amaram e só porque entrei para a Grifinória eles... pararam de me amar? Mas então isso, não seria amor. Será que eles entendem o significado dessa palavra tão simples mas ao mesmo tempo tão complexa? Será que eu sei? Será que me conheço?
O que sinto por eles? ‘Você os ama’. Amo? ‘ Sim.’ Será? ‘Se você não os amasse não ficaria assim, tão magoado’. Tem razão. ‘Mas as atitudes deles não ajudam muito’. É.
Espere um pouco... eu? Quer dizer, eu pais são os piores de todo o mundo, eu jamais os amaria... só... estou ressentido de ter apanhado como um covarde mais uma vez, sem lutar, sem reagir.”
'Cause it makes me that much stronger
(Pois isto me faz muito mais forte)
Makes me work a little bit harder
(Me faz trabalhar mais arduamente)
It makes me that much wiser
(Me faz muito mais sábio)
So thanks for making me a fighter
(Então obrigado por fazer de mim um lutador)
Uma coruja aparece e bica a janela. Sirius se levanta e abre a janela e pega a coruja branca com pintas pretas.
-- Anita! A Laila te mandou?
“Sirius!!!
Me responde!!!
Já te mandei quatro cartas e nada!!!
O que seus pais miseráveis fizeram?!
A Anita batia em sua janela e você não atendia!
Quer alguma ajuda?”
Um sorriso perpassa o rosto do maroto. Ele pega uma folha de pergaminho e a pena para começar a rabiscar uma resposta breve.
“Não tenho tempo de responder. Depois conversamos. Cuide do Honório para mim. Vou mandá-lo junto a Anita.”
Sirius liberta Honório de sua gaiola e esse voa junto da coruja fêmea.
O garoto anda até seu malão e arruma todas suas roupas, com certa dificuldade por causa dos ferimentos recém abertos.
“Vou-me embora.”
Sirius, usando a varinha para abrir, passa pela porta do quarto, descendo as escadas com mais dificuldade ainda.
--Aonde vai?—pergunta Régulo, sentado na escada, observando o esforço do irmão.
--Embora.
--Vai partir? Para que lugar?—a mãe chega e se intromete no assunto, surgindo no hall, onde os dois filhos se encontravam agora.
--Não é de sua conta. – dá uma má resposta.
Abre a porta da casa com violência e vaga rua a fora. Pára em uma esquina e guarda a varinha; a balança com a mão direita e o Noitebus aparece. O motorista o ajuda com a bagagem.
--Para o vilarejo Goodays.—fala enquanto paga pelo transporte.
A viajem agitada faz com que alguns ferimentos se abram um pouco mais, provando uma dor absurda. Ele já não se importava muito, nem cm a quebra da lei contra o uso de magia por menores. E Sirius tinha apenas dezesseis anos, fora recentemente que o fizera, na semana passada. Os amigos lhe mandaram várias cartas e Laila disse que se lembraria de cantar os parabéns em sua festa.
Chega a um vilarejo pequeno, com um baque, cercado por árvores e próximo a um campo de quadribol. Descendo do Noitebus com a ajuda do motorista, dirige-se para a primeira casa de uma rua circular, de cor azul, e bate palmas para chamar a atenção dos moradores.
Uma luz da casa tão grande quanto a casa da família Black, embora mais bem cuidada e nova, acendeu e um garoto, de cabelos espetados na nuca, de óculos, apareceu na janela, curioso para ver quem, na calada da noite, batia à sua porta.
--Tiago! – Sirius o chamou, desabando sobre seu malão.
O amigo sai correndo de dentro para socorrer o outro, que estava caindo em cima do malão.
--Sirius! Que...—surpreso pela visita do amigo, dá um sorrio. Mas, olhando as vestes rasgadas e encharcadas de sangue dele, correu para fora, muito pálido como susto. —Mãe! Pai! Acudam!!! – berrou por socorro.
O senhor e a senhora Potter correm em direção ao filho, vestidos com seus pijamas.
--Sirius!!!— disseram em coro, s aproximando.
--Foram os pais dele!—Tiago se desesperava, passando o braço do amigo pelo ombro, tentado colocá-lo de pé.
--Calma, filho.—dizia o pai, embora aquelas palavras não fizessem efeito sobre o moreno.
--Cuidaremos dele. O Sirius ficará aqui, morando conosco, como já tínhamos oferecido.—a mãe falava enquanto ajudava Jack a tirar Sirius das costas do filho e carregar o hóspede para dentro, o deitando no sofá.—Traga as coisas dele, filho. Leve-as para o quarto de hospedes enquanto preparo uma poção para cuidar desses machucados e seu pai envia uma carta ao Ministério, pedindo a guarda de Sirius.—olha para o marido que ficava ali, parado, assim como Tiago, em estado de choque.—Ande, meu bem! – o chamou á razão.
Jack se dirige para a cozinha, um tanto perturbado, e Tiago, afobado, para fora para pegar o malão.
--Venha, meu querido. Ponha-se de pé. – Rebeka pede a Sirius
Almofadinhas se levanta com dificuldade, ainda cansado e dolorido. Vacilava enquanto andava em direção ao quarto, apoiando-se nas paredes e no ombro da senhora Potter.
Ele se deita em uma cama, no quarto de hóspedes que ficada defronte ao de Tiago, e aguarda Rebeka, que volta uma poção amarela, parecida com pus. Ela começa a passar a poção pelos ferimentos, e a sugar com a varinha o sangue e o sal, um tanto horrorizada pela situação do pobre rapaz.
--Como você deixou as coisas chegarem a esse ponto? – o encarava docemente, com uma inconfundível nota de pena no olhar.
--Desculpe... o... incômodo.—tentou responder, ofegante, fechando os olhos.
--Ora, querido. Não se preocupe com isso. Você nunca mais voltará àquela casa!— disse irritada e decidida, fazendo uma careta ao se referir ao lugar onde o trataram tão mal.
--Assim... espero... —falou, caindo no sono, imaginando como era grato àquela família por recebê-lo e por cuidar dele. Amanhã seria um grande dia, repleto de explicações, compreensão, e risadas com amigo maroto, o que tornaria as férias estragadas um tanto compensadoras.
Tiago entra no quarto trazendo o malão do amigo com certa dificuldade, por causa da escada que levava até o quarto de hóspedes ser desanimadora com peso da bagagem. Ele se dirige até a cama de Sirius, deixando o malão encostado na parede, e o encara durante alguns minutos.
--Puxa, companheiro... em que você foi se meter?—sussurrou, pensando em que o amigo poderia ter feito para apanhar tanto—Quase me matou de susto quando apareceu nesse estado na minha...
Sirius se mexe um pouco e abre os olhos ao ouvir o sussurro do amigo. Ajeita-se na cama e passa a encarar Tiago.
--Está aí... —começou a falar, tentando se levantar.
--Não. Cheguei há pouco. – respondeu premeditadamente, imaginando a pergunta - Olha... Que houve Almofadinhas? – pergunta, preocupado.
--O de sempre... — encara o chão amargurado — meu pai, já descontente pelo o que fiz na casa da Narcisa, entrou no meu quarto hoje e... Me bateu...
--Bom... Você não fez nada que o... – Tiago começou, mas Sirius foi mais rápido, o encarando com rebeldia.
--Claro que fiz! Como sempre, meu pai me bateu por causa do meu grande desapontamento de ser um Black.
--Mas o que você disse exatamente?—apreensivo, revirando os olhos.
--Que não era um Black. – olhou para o lado. Ele queria apenas não recordar de nada que passara com a família.
--Apenas isso? – arqueou as sobrancelhas. Aquilo era mesmo um abuso por parte do pai de Sirius.
--Ora, Tiago!— irrita-se, tentando se sentar, mas não conseguindo por casa das dores. Desiste, voltando a se deitar confortavelmente — Não venha me dar sermão! Estou aqui, deitado, quase morrendo, e você ainda me exige explicações?!
--Somente quero saber o que houve para tentar ajudá-lo de alguma forma.
--Bem, então não conte a ninguém de Hogwarts. — fita o chão, sentindo as bochechas queimarem. Não queria ninguém se metendo em sua vida, já bastava explicar aos amigos íntimos.
--Não contarei, juro solenemente pela minha alma burlesca. Mas as garotas vão querer saber... principalmente a Laila.
--Para ela, eu mesmo conto. Devo uma carta a ela, por falar nisso. E quanto às outras garotas, tenho certeza de que a Laila vai contar, assim que entrarem em contato.
--Ela já vem se comunicando com a ruivinha, pelo que sei. Creio que com Alice e Lua também.
--E você, Pontas? Continua se comunicando com a ruiva? — olha marotamente para o amigo, esquecendo-se das lesões.
--Tenho! — responde agitado, com um grande sorriso no rosto, também desviando seus pensamentos da ocasião — Ela mesma me escreveu, sem ter nenhuma carta minha! Mas eu já te falei isso, quando conversamos no espelho. – coça o queixo.
--É mesmo, já tinha contado sim. Mas eu queria saber se teve alguma carta a mais. Diga-me, como vão as coisas entre vocês? —perguntou esperançoso, mordendo o lábio inferior. Entretanto, estava machucado naquele local, o que o fez soltá-lo, com lágrimas nos olhos.
--Ótimas! — sorri confiante, os olhos brilhando, etéreo. —Acho que agora ficaremos juntos, finalmente.
--Estava demorando! — mais sorridente que o primeiro, procurando encorajá-lo.
--É. — Tiago dá um bocejo que arrepiou seus cabelos, já altos e atrapalhados. Os coçou, sonolento — Que tal uma soneca? – seus olhos pesavam. Ele estivera dormindo no sofá antes de Almofadinhas aparecer. Tiago queria ir para sua cama, logo em frente, se deitar e sonhar com sua ruiva.
--Topo. — Sirius também boceja, e torna a fechar os olhos, enquanto Tiago saía do recinto, atravessava o corredor, entrava em seu quarto e se deitava em sua cama. A casa tornou-se delicadamente silenciosa, e, pela primeira vez em anos, Sirius sentia-se protegido e querido pelos moradores; não como acontecia na mansão.
N/A: Eu prometi no mínimo dois capítulos para compensar os sumiços. Desculpem-me, gente, sério. Falta agora só o aniversário da Laila, que será inesquecível, eu sei /pisca/. O sexto ano deles chegando... estamos quase no fim (mentira, falta muita coisa ainda). Devo avisá-los que independente do sétimo livro, vou seguir a história que criei até o fim, não mudarei a linha do meu pensamento e por favor compreendam isto. Ah, me desculpem por este capítulo ser um grande desastre / pessimista; cabisbaixa e envergonhada/ . Pobre do meu Six / o abraça, dando beijinhos; o guarda no bolso/, mas isso acontece. Beijos, queridos.
Padfoot.
PS: As músicas usadas (aleatoriamente) são: Heart In A Cage, da banda The Strokes; Fighter, da Christina Aguilera (claro que está ‘alterada’).
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!