LUZ E SOMBRA



- Não, essa é apenas uma batalha perdida, não é a derrota definitiva – disse sombriamente um homem de idade indefinida no seu inglês de sotaque igualmente indefinido.


- Mas, mestre, Potter assustou alguns dos nossos melhores aliados no Reino Unido – disse um homem de meia idade de maneira servil.


- Se eles ficaram assustados com as ameaças de Potter, certamente não eram nossos melhores aliados – ponderou o Herdeiro – Mas, sinceramente eu já esperava algo assim. Nunca subestimei o jovem Sr. Potter. Ele é realmente um grande bruxo e tem muita coragem. Apenas, infelizmente, lutamos em lados diferentes.


- Você parece gostar dele... – disse de maneira contrariada um homem com sotaque dos Estados Unidos.


- CRUCCIO! – disse o Herdeiro, apontando sua varinha para o americano, sobressaltando aos demais presentes. O homem caiu da cadeira onde estava e passou a se retorcer no chão, gemendo e berrando de dor.


- Mestre! – disse um dos seus mais fiéis seguidores.


- SILÊNCIO! – ordenou e maneira imponente o Herdeiro – Você se julga muito importante, não é mesmo, seu rato ianque? Sim, eu admiro Harry Potter e tenho certeza que ele vale pelo menos por uma dúzia de sujeitos iguais a você! – disse para o americano, que ofegava pesadamente. A propósito... As pessoas em questão já realizaram as tarefas que eu indiquei?


- Sim, mestre! – afirmou do chão o homem, subitamente humilde, ansioso para agradar ao Herdeiro.


- Ótimo! Então eu não preciso mais de você. Estou farto de sua incompetência e da sua impertinência. AVADA KEDAVRA! XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Na Inglaterra eram três horas da manhã quando Harry Potter acordou sobressaltado. A sua sensibilidade de Arcano em alguns momentos o incomodava em horas muito inconvenientes. Pessoas que pensavam maldades ou as praticavam às vezes despertavam a sua sensibilidade. Aprender a fechar a mente aos maus pensamentos do mundo era a única forma de não sucumbir à loucura.


Há tempos vinha treinando suas habilidades de Arcano com o Professor Dumbledore. Repetindo sempre para si mesmo que não tinha como banir toda a maldade do mundo, resolver todos os problemas ou curar todas as dores.


- Por isso os bruxos tiveram que se afastar dos trouxas, Harry – explicara o seu velho amigo – Imagine se as pessoas soubessem que há indivíduos no mundo com poderes mágicos. Ou um indivíduo com os seus poderes, acima dos podres da maioria dos bruxos. Só haveria duas alternativas: os trouxas seriam nossos escravos ou nos obrigariam a ser os seus escravos. Por isso temos que deixar que eles resolvam os seus próprios problemas. Somos apenas humanos, não deuses.


Ao seu lado Gina ressonava tranquilamente. Gina e seu filho. Ou filha. Acreditando que o seu despertar agitado era naquele dia apenas a preocupação com o descendente que viria ao mundo dentro de alguns meses, o Eleito trouxe a esposa para junto de si, esvaziou a mente e forçou-se a dormir um sono sem sonhos por mais cinco horas. Quando acordou, nem mesmo se lembrava de algo ter perturbado seu sono. Mas ainda se lembrava vivamente da conversa com Rony e Hermione, seus melhores amigos, na noite passada. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


NOITE ANTERIOR:


- Ô de casa! – brincou Harry, parado à porta da sala dos Weasleys. Os dois assistiam a um filme na TV. Phill, seu afilhado agitou-se todo, fazendo festa para o tio.


- Pronto! Agora ele não dorme mais... – lamentou Hermione de maneira resignada.


- Senta aí, Harry – disse Rony de maneira amigável – Quer uma cerveja amanteigada?


- O Harry não veio aqui para tomar cerveja amanteigada, Rony – constatou Hermione de maneira perspicaz.


– Você é mesmo muito esperta, minha amiga – afirmou Harry – Pena que você ache às vezes que as outras pessoas são tapadas ou desinformadas...


- O que você quer dizer...


- Academia Internacional de Medicina Mágica – interrompeu Harry – Esse nome diz alguma coisa para vocês?


- Tudo bem, Harry – concedeu Hermione – Vamos conversar como adultos, certo?


- Eu vim aqui exatamente para isso – disse o Eleito.

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Desde a primeira guerra bruxa na Inglaterra, no final da década de 1.970, quando os partidários de Voldemort tentaram tomar a Academia Internacional de Medicina Mágica (AIMM) e se apropriar dos seus ancestrais e veneráveis conhecimentos, essa célebre instituição, vinculada a Federação Internacional dos Bruxos, fundada em 1.345, havia sido transferida para a Austrália. E havia ficado tão bem instalada no distante país da Oceania que não houve qualquer iniciativa de fazê-la retornar ao solo inglês após o conflito.


Atualmente, a próspera comunidade bruxa local dava polpudas contribuições à instituição, que recebia também donativos do mundo inteiro, de governos mágicos e de pessoas físicas e jurídicas.


Junto a AIMM, Alvo Dumbledore, mesmo não fazendo parte dos seus quadros, havia desenvolvido suas pesquisas e apresentado a sua célebre descoberta dos doze tipos de uso do sangue de dragão. A maioria dos bruxos ao redor do mundo era grata a AIMM por algum remédio, poção ou encantamento que ao longo do tempo ajudara a prolongar as suas vidas.


Pertencer aos quadros da instituição era uma honra destinada a poucos bruxos, geralmente indivíduos possuidores de grandes conhecimentos no campo da medicina mágica. A AIMM aperfeiçoava a formação de curandeiros do mundo inteiro, disciplinava a atuação destes e aconselhava os governos mágicos sobre o uso de remédios, encantamentos e poções. Enfim, era uma das mais respeitáveis instituições do mundo dos bruxos e um dos seus maiores orgulhos.


Não havia notícia de algum bruxo com menos de trinta anos que houvesse sido convidado para ingressar no seu quadro permanente de pesquisadores, que eram muito bem remunerados para se dedicarem em tempo integral à instituição. Era uma honra receber tal distinção, pois os pesquisadores da AIMM eram tratados com reverência em qualquer parte do mundo onde houvesse ao menos uma pequena comunidade bruxa.


- Eu sei que você recebeu o convite para ingressar no quadro de pesquisadores da AIMM, Hermione – disse Harry friamente – Até um sujeito limitado como eu entende a importância de um convite desses. Ainda mais sendo amigo da mais jovem bruxa da história a receber uma honraria dessas.


- Nunca achei que você fosse limitado, Harry – corrigiu-o a amiga bastante chateada – Apenas pensei que aqueles metidos não saíssem por aí anunciando quais pessoas são convidadas...


- Eles anunciaram para mim! Acharam que eu ficaria feliz por você! – interrompeu o jovem bruxo.


- Foi uma decisão que tomamos juntos, Harry – intrometeu-se Rony.


- Eu não poderia ir para a Austrália! Nós não poderíamos ir para a Austrália e deixar... Bem, você sabe – atrapalhou-se a curandeira.


- Mione – falou Harry, agora de maneira afetuosa, sentando-se no chão em frente ao sofá em que os amigos estavam e segurando nas mãos de ambos – Você e Rony significam muito para mim. Vocês foram por muito tempo a única família que eu tive. Mas, eu não sou mais aquele garoto desamparado. Vocês deveriam me dar algum crédito. Eu posso me virar sozinho, sabe? Sou um sujeito adulto. Você não deveria recusar algo que fez por merecer!


- Ele tem razão, Mione – disse Rony de maneira surpreendente – Ele tem a Gina agora. Mas, principalmente, ele tem a si próprio. Nosso amigo é um cara crescido.


- Ah, Harry... – ia dizendo Hermione, mas foi interrompida pelo filho. Que também queria pegar na mão do padrinho.


- Acontece, Harry – continuou Rony – que acho que temos um pouco de medo de você não precisar mais da gente. Sempre fomos um trio, não é mesmo? Eu acho que tem um pouco a ver com o medo de crescer. Os três últimos anos foram maravilhosos, os melhores da nossa vida...


- Pode apostar – concordou Harry comovido.


- Foi como se a gente estivesse de volta a Hogwarts – disse Hermione de maneira sonhadora.


- Sem as provas – disse Rony.


- E sem os pontos que o Snape tirava da gente – brincou Harry.


Os três riram até que os olhos ficassem cheios de lágrimas. No final, não sabiam mais se estavam rindo ou chorando emocionados. Phill também se acabou de rir, pulando do sofá para o colo de Harry.


- Era muito cômodo dizer que eu não iria para a Austrália por sua causa – ponderou Hermione – Também é por sua causa, é claro, mas não porque você não poderia se cuidar sem a gente. É mais...


- O maldito medo de crescer... – completou Rony – Mas, de qualquer modo acabou. Aqueles velhotes não irão renovar o convite tão cedo. Eles deixaram claro isso.


- Por um momento a gente poderia pensar que eles esperariam mais um pouco – disse Harry, soando misterioso.


Rony e Hermione olharam desconfiados para o amigo.


- Digamos ainda que um clube australiano de quadribol, cuja sede fica estrategicamente próximo à AIMM, na verdade, exatamente na mesma cidade, está muito interessado em contratar um dos maiores goleiros do mundo... – prosseguiu.


- O que você quer dizer? – perguntou Rony.


- Vocês são testemunhas de que eu nunca uso o prestígio que tenho junto à comunidade mágica para vantagens pessoais, certo?


- Lógico que sabemos, Harry – disse Rony, obtendo a concordância da esposa.


- Bem, tudo tem uma primeira vez. Eles ainda estão à espera de uma resposta sua, Mione. Eu insisti. Na verdade nem precisou insistir muito. Os caras da tal AIMM querem muito você, minha amiga. Quanto ao quadribol...


- O que tem o quadribol? – perguntou Rony, cada vez mais surpreso com o amigo.


- Os Guerreiros de Woollongong. Woollongong, muito convenientemente, é a cidade onde fica a sede da AIMM. Eu mandei uma coruja para eles dizendo que talvez, veja bem, talvez, você estivesse interessado em se transferir para a Austrália. Os sujeitos já sabiam que a Mione tinha recebido o convite e estavam prontos para fazer uma oferta para você...


- O cara pensou em tudo! – constatou Rony impressionado.

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Jornal “Pena Mágica”:


Hermione Jane Weasley, curandeira do time de quadribol dos Chudley Cannons e do selecionado inglês, famosa também por ser grande amiga do herói do mundo mágico, Harry Potter, e esposa de Rony “Maluco” Weasley, goleiro da seleção inglesa, foi anunciada hoje como a mais nova integrante da conceituada equipe de pesquisadores da Academia Internacional de Medicina Mágica. 
A Doutora Weasley tornou-se a mais jovem bruxa a ingressar na academia na condição de pesquisadora sênior. Prestes a completar vinte e cinco anos de idade, a jovem medibruxa foi uma das mais brilhantes alunas da história de Hogwarts e ficou bastante famosa por ter liderado, com apenas dezenove anos, a equipe de curandeiros que salvaram a vida de Harry Potter após a guerra contra “Aquele-que-ainda-não-é-mencionado”.


Formada com louvor na Academia Mágica Avançada de Edimburgo e com vários artigos publicados nas mais respeitadas revistas científicas do mundo bruxo. Hermione Weasley travou também uma famosa polêmica com alguns clubes de quadribol, que segundo ela, não tratavam de maneira correta os jogadores (mais detalhes sobre o escândalo dos “Comensais do Esporte” na página 9), permitindo que esses jogassem com graves contusões. Nos últimos anos, segundo foi informado pela AIMM, a Doutora Granger registrou vários feitiços de cura junto à instituição, o que impressionou a direção da Academia e foi o motivo principal do convite feito à jovem.


Contatado pela nossa reportagem, Harry Potter, notoriamente refratário a entrevistas, emitiu através da assessoria de imprensa das Organizações Potter-Malfoy a seguinte nota:


“Estou feliz por Hermione, minha grande amiga e minha irmã, uma das pessoas mais inteligentes que eu tive o prazer de conhecer. A AIMM certamente fez uma grande aquisição e nós, os seus amigos, mais uma vez estamos orgulhosos dos seus feitos."
Horas após o anúncio do convite e da confirmação de que ele havia sido aceito, o time de quadribol australiano, Guerreiros de Woollongong, cuja sede localiza-se exatamente na mesma cidade em que está desde 1.979 a AIMM, anunciou as negociações em curso para a contratação de “Maluco” Weasley, esposo da curandeira. Os australianos estão otimistas, pois imaginam que “Rony Weasley vai seguir a sua jovem e bela esposa”, disse um conhecido empresário, que costuma intermediar negociações entre jogadores e treinadores ingleses e o quadribol australiano, que se transformou num dos eldorados do esporte mais popular dos bruxos nos últimos anos.


- Não vamos informar quanto os Guerreiros de Woollongong pagarão pelos direitos contratuais de Rony Weasley, desculpe – eu disse tranquilamente


- É verdade que os Cannons receberão seis milhões de galeões?


- Eu já disse que não direi...


- É verdade que Rony Weasley e Harry Potter brigaram?


- Isso é um monte de mer...


- Draco, a coletiva é ao vivo! – sussurrou em pânico Blaise Zabini, o eficiente assessor de Draco.


- Certo, eu não direi então que você está falando um monte de merda.


As risadas dos jornalistas encheram a sala de convenções da sede dos Chudley Cannons, onde eu dava uma entrevista coletiva naquele momento.


- Harry Potter e Rony Weasley ainda são os melhores amigos – expliquei, não pela primeira vez – Rony Weasley está se transferindo para o time australiano dos Guerreiros de Woollongong para acompanhar a sua esposa, que como todo mundo sabe, foi convidada a ingressar no quadro de pesquisadora da Academia Internacional de Medicina Mágica.


- Quanto o Potter teve que pagar pra aqueles velhotes da AIMM aceitarem a Weasley? – perguntou com sarcasmo Dan Carter.


A pergunta foi saudada com um coro de gemidos de insatisfação. Dan Carter havia se tornado um pária entre os seus colegas de profissão e o seu jornal, o antes venerável “Profeta Diário”, havia se tornado naqueles anos a grande piada da imprensa do mundo bruxo da Grã Bretanha.


- Como todos sabem, nós não concedemos entrevistas, não damos declarações e nem publicamos anúncios no “Profeta Diário” - retruquei friamente - Tolerar a sua fétida presença nesse recinto já é suficientemente penoso para todos, Sr. Carter.

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- OK, você já era o empresário mais implacável do mundo naquela época – disse Michele de maneira provocativa. Não que ela precisasse de muita coisa para me provocar, vestida como estava, de shorts e camiseta.


- Querida, ninguém veste roupas decentes nesse país? – perguntei malicioso


- Não quando a temperatura beira os trinta e cinco graus! – ela me respondeu, acabando-se de rir – Mas, na verdade, é você que está com roupa demais...


- Um homem idoso como eu, e acima de tudo inglês, não fica mostrando as pernas por aí.


- Hum... Você não me parecia muito idoso nem muito recatado ontem à noite.


- Você não sabe? Bruxos ingleses ficam mais jovens quando a noite cai. Principalmente acompanhado de mulheres trouxas bonitas.


Mais tarde, após o jantar, eu disse para Michele:


- Espere só o que eu vou contar. Se você achava que eu fui implacável, eu digo que estava só começando a ser...
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2.004:


Orion McNeal, dono do time de quadribol Orgulho de Portree, Telonius Palmer, dono do União de Puddlemere, Selênico Peanwalter, rico a várias gerações e atualmente brincando de empresário de jogadores e demais esportistas do mundo mágico, o já conhecido Eden Perfumo, dono dos Falcões de Falmouth e Harold Oldman, milionário, vigarista profissional e também empresário de jogadores e celebridades bruxas, solicitaram uma audiência comigo, Draco Malfoy, presidente do time de quadribol dos Cannons e das Organizações Potter-Malfoy.


Eles foram introduzidos na sala de reuniões da empresa por Greg Goyle, meu segurança particular, motorista e “faz-tudo”, que se perfilou junto à porta, juntamente com os irmãos Nebseys, tão grandes quanto Goyle, embora tivessem uma aparência sonsa que enganava facilmente os incautos.


- A conversa deveria ser particular – disse Perfumo contrariado, ao observar os meus acompanhantes na sala. Harry Potter, meu sócio. Olívio Wood, assessor jurídico e Gui Weasley, o homem que cuidava do dinheiro da empresa.


- Eu não me reuniria sozinho com vocês nem para tomar um suco de abóbora – respondi cheio de sarcasmo – Eu não tenho segredos para as pessoas aqui nessa sala.


- Você não vai dispensar ao menos os brutamontes? – perguntou Selênico Peanwalter, lançando um olhar atemorizado para os meus seguranças, que realmente reuniam uma impressionante massa de músculos.


- Não me digam que os rapazes os atemorizaram... – caçoei.


- Como vocês podem ter medo de rapazes tão delicados? – perguntou Harry maliciosamente, o que arrancou risinhos cínicos de Goyle.


- Escute aqui, Malfoy... – ia dizendo Perfumo.


- Não vou escutar nada – eu interrompi – Vocês são meus hóspedes aqui e eu vou recebê-los como eu quiser. Meu sócio fica, meus assessores ficam e os rapazes ficam. Como você os chamou mesmo, Peanwalter?


- Ele nos chamou de brutamontes, chefe – disse Goyle, fingindo-se ofendido.


- Que falta de educação! – falou Gui Weasley numa voz falsamente penalizada.


- Isso corta o nosso coração, Sr. Weasley – disse um dos irmãos Nebseys - Sensíveis como somos...


- Sim, eu adoraria um instante a sós com um desses senhores para umas aulas de sensibilidade. Mas, talvez, eles não sobrevivessem... – falou seu irmão, estalando os dedos e depois cerrando os punhos gigantescos de maneira ameaçadora.


- Acho que não vai ser necessário, rapazes – eu disse, divertindo-me à beça com as caras horrorizadas dos respeitáveis bruxos ricos.


- Você não aprendeu nada, não é mesmo, Perfumo? – perguntou Harry – Meu aviso ainda vale, sabe?


Eden Perfumo engoliu a saliva com dificuldade. De repente o mundo parecia ter ficado mais perigoso. O pomposo dono dos Falcões de Falmouth ainda se lembrava com receio das palavras ameaçadoras do Eleito e realmente não esperava encontrar-se com o jovem tão cedo.


- Senhores, vamos com calma – interferi de maneira amigável – Essa reunião não vai durar muito.


- Você acha que sabe tudo, não é mesmo, Malfoy? – disse Orion McNeal de maneira desagradável – O grande figurão! O que o seu pai pensaria de você?


- Que eu sou um sujeito esperto – respondi friamente.


Sei! – continuou o homem – Aliando-se a traidores do sangue e sangues-ruins!


Foi rápido como um pensamento. Assim que terminou de pronunciar a ofensa, a cadeira em que o dono do Orgulho de Portree havia se sentado foi arremessada pela sala, chocando-se com a parede do outro lado do aposento, com efeitos dolorosos para o ocupante. Mais atônito que ferido, McNeal levantou-se com dificuldade, tentando entender o que havia acontecido. Os demais estavam paralisados de pavor. Demorou para que entendessem que havia sido um gesto de Harry Potter que arremessou o homem mais velho através da sala com se ele fosse impulsionado por uma catapulta. Meu sócio, entretanto, mal havia se movido. Ele disse calmamente, como um professor advertindo suavemente um aluno rebelde:


- Nós não admitimos esse tipo de ofensa nessa empresa, Sr. McNeal. Se eu ouvir algo assim novamente, o senhor terá algumas aulas de boas maneiras com o Sr Goyle e os senhores Nebseys.


Os homens de negócios não pareciam agora tão confiantes. E ficaram menos ainda depois das novidades que eu tinha para contar a eles.


Goyle ajudou Orion McNeal a se levantar. Na verdade ele o ergueu do chão como se o homem fosse um pacote que não tivesse peso algum e o devolveu sem nenhuma delicadeza a uma cadeira intacta.


- Vamos acabar logo com isso – eu disse com impaciência – Eu sei exatamente o motivo dessa reunião que vocês exigiram.


- Sabe mesmo? – perguntou Perfumo, achando-se extremamente esperto naquele momento.


- Sim, eu sei. Vocês pretendiam anunciar que possuem metade das ações das Organizações Potter-Malfoy. Provavelmente viriam também com alguma chantagem barata e esperariam que eu implorasse para não transformar a minha vida e a do meu sócio num inferno.


- O que você quer dizer com “pretendiam”? – questionou Harold Oldman desconfiado.


- Quero dizer que vocês são um bando de idiotas se acham que eu seria enganado por um bando de adoradores das trevas ridículos – eu disse finalmente. Estava louco para esfregar umas verdades na cara daqueles palhaços – A tentativa de vocês de adquirir as ações das OPM foi patética, se me permite dizer.


- Vocês acham mesmo que nós não perceberíamos a manobra? – perguntou Gui Weasley.


- Sim – eu interrompi Oldman que se preparava para dizer alguma coisa, tentando preservar a dignidade – Vocês tentaram usar um grupo japonês e o Sr. Gino Pugliese, o maior investidor da Itália como testas de ferro. O que foi muito burro da parte de vocês.


- Entendam uma coisa de uma vez por todas – explicou Gui – As OPM possuem vários associados. Ninguém tenta comprar nossas ações em grande quantidade sem que sejamos informados. Os japoneses que vocês contataram são nossos associados no Oriente na venda dos produtos das Gemialidades Weasleys. O Sr. Pugliese tem empreendimentos conosco em Mônaco, São Marino e Luxemburgo. E tem mais: Ele é nascido trouxa e desconfia muito de bruxos puros-sangues metidos como vocês. Da próxima vez que forem procurar o homem, evitem comentários preconceituosos. Ele não ficou nada contente com eles.


- Sem contar que o que vocês fizeram é absolutamente ilegal – complementou Olívio – Tentar obter o controle de uma companhia através de terceiros viola pelo menos cinco artigos das leis econômicas criadas nos dois últimos anos no Reino Unido. Vocês me verão muito nas próximas semanas. Nos tribunais, é claro. Espero que ainda tenham muito dinheiro disponível, pois vão precisar dele!


- Aquele Artur Weasley – gemeu Oldman cheio de desgosto.


- Oh, sim, o ministro vem tentando manter as transações econômicas dentro de padrões civilizados. Isso não agrada bruxos ricos e desonestos como vocês, mas assim é a vida – disse o meu assessor jurídico.


- Mas vocês nos fizeram um favor – eu disser - Recuperamos boa parte das ações que estavam espalhadas por aí, recomprando-as dos japoneses e do Sr. Pugliese. E essa operação desastrada orquestrada por vocês aumentou as nossas ações no Banco Gringotes. Nesse momento estou alguns milhões de galeões mais rico! Graças a vocês!


Eu não precisava contar também que o susto que Harry Potter deu em alguns homens de negócios (*) tornaram esses sujeitos bons informantes, embora houvesse a necessidade incômoda de remunerá-los.


Dando meu melhor sorriso, aquele que fazia sucesso nas capas dos jornais e revistas, arrematei:


- Acho que isso encerra a conversa, não é mesmo? Eu e os rapazes estamos com fome e é quase hora do almoço... E vocês, é claro, não estão convidados. Vocês nos dariam indigestão.


- E, Perfumo... Lembre daquela conversa – disse Harry friamente. A ameaça palpável na sua voz era suave como um machado de guerra descendo lentamente sobre um corpo desprotegido.


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- Eu amo vocês, sabe? – disse Ivan Nebsey – A maneira como trataram aqueles metidos... Foi lindo!


- Esse trabalho tem as suas diversões... – concordou Goyle, dando seu sorrisinho de trasgo amestrado e depois esvaziando um imenso copo de cerveja trouxa.


Eu, Harry, Olívio, Gui e os “brutamontes” almoçávamos na sala de reuniões e inúmeros brindes à nossa esperteza já haviam sido erguidos pelos irmãos Nebseys e por mim. Havia cerveja trouxa, vinho feito por elfos, hidromel, cerveja amanteigada. E comida da melhor qualidade.


- Vocês sabem que precisam tomar cuidado, não é mesmo? – perguntou Gui Weasley com o semblante levemente sombrio.


- Humilhamos, não pela primeira vez, homens poderosos e arrogantes que não estão acostumados a isso – disse Olívio Wood.


- Sim, eu sei – concordei com os meus principais auxiliares – Mas, eu e Harry não tiramos os olhos e os ouvidos desses caras. E sabemos ser persuasivos quando necessário – finalizei, olhando significativamente para o meu sócio.


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NO MESMO DIA, TARDE DA NOITE:


- O que foi, querida? – perguntou Harry, vendo que a esposa se mexia de maneira desconfortável na cama – Não consegue dormir? Se você precisar de uma massagem relaxante...


- Sei... Foi assim que eu fiquei grávida – brincou a ruiva, acomodando-se nos braços do esposo.


- Sério, Gina, o que a incomoda?


- Você vai me achar boba...


- Talvez, mas eu vou continuar amando você.


Depois de dar um tapa em Harry, a ruiva retomou o semblante sério:


- Rony e Hermione vão para a Austrália...


- Sim?


- Como você se sente sobre isso?


- Bem, eu acho. Eu vou sentir falta deles, mas... Acho que vai ser bom para ambos.


Gina suspirou longamente.


- Gina, o que a incomoda, afinal de contas? – tornou a perguntar Harry.


- Mione e Rony sempre foram tão importantes para você...


- E?


- Ah, droga! Hormônios de grávidda!! – desabafou a ruiva, aparentemente mais para si mesmo do que para o esposo – Harry, eu te amo tanto! Eu te amei desde que te vi na estação de trem quando eu tinha dez anos!


- Eu sei, Gina – respondeu o rapaz de maneira compreensiva, afagando aqueles cabelos ruivos que tanto amava – Eu apenas fui mais lento em descobrir o quanto você é importante na minha vida.


- É que às vezes eu acho... – hesitou a jovem – Ah, eu acho que você precisa mais do Rony e da Mione do que de mim. Pronto, falei! Eu sei que é bobagem minha, mas...


- Gina – Harry interrompeu-a – Eu amo o Rony e a Hermione por todos aqueles motivos que você já conhece. Mas, nunca, nunca mesmo volte a dizer uma coisa dessas! O que eu sinto por você não tem comparação com nada do que eu posso sentir por outra pessoa. Você é aminha vida. É parte de mim mesmo – completou baixinho beijando a face da garota, pela qual descia uma lágrima – Não existe Harry sem Gina. Eu preciso de você mais do que eu preciso de qualquer outra coisa no mundo.


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(*) Ver capítulO 12

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Comentários (1)

  • DioCorre

    Dae cara Blz? curto muito tuas fan fic principalmente a do universo alternativo Quadribol comecei a ler elas na Fanfiction.net mas como elas tava meio paradas a muito tempo resolvi procurar em outros lugares ateh q encontrei aki. entaum queria pergunta três coisas: Vc continua publica a lembranças do velho malfoy e copa mundial? Vc viu q naum dah pra acessar as historias apartir do teu perfil aki no site dah erro e td mais? E q a lebranças do velhor malfoy da erro td vez q vai pro capitulo 15? bem naum sei c tem como vc me responde pelo site mas eu t mando uma mensagem pela tua conta na fanfic abraço

    2011-08-03
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