AMORES, ENTREVISTAS E AMIZADE
CAPÍTULO 11
O maior sucesso bruxo do início do século XXI, pelo menos para a porção bruxa do sexo feminino, era sem sombra de dúvida a revista “Charm”. Sucesso nos países de língua inglesa até hoje, a publicação foi inovadora naqueles tempos por procurar atingir a “nova bruxa”, moderna, inteligente e “descolada”, fugindo do estilo exclusivo fofoca e futilidade da revista “Bruxa Semanal”. Não que a “Charm” também não tivesse doses de fofocas e futilidades. Mas até nesse quesito ela se mostrou mais inteligente bem melhor escrita. E as reportagens e entrevistas de jornalistas como Pamela Black e as análises acadêmicas da Professora Sally Owens davam um toque de sofisticação à publicação.
Ao longo do ano de 2.004 a revista procurou traçar o perfil das mais importantes mulheres em ação no quadribol britânico. Já haviam sido entrevistadas Vera Ivanova, técnica dos Cannons, Angelina Johnson-Weasley, capitã dos Tornados e da seleção inglesa, Marisa Brants, capitã das Harpias de Holyhed e da seleção de Gales. Entrevistas com a juíza Calista Newman, com a comentarista Marla Donovan, com Gina Potter, Jane O’Neal e Cris Toledo também seriam realizadas.
Na edição de agosto de 2.004, a publicação finalmente conseguira a tão sonhada entrevista com Hermione Weasley. Não foi uma empreitada fácil. Hermione era uma leitora ocasional da publicação, reconhecendo que na média era muito menos superficial, possuindo muito mais conteúdo do que a “Bruxa Semanal”, dirigida por Anna Skeeter, que era uma desafeta antiga da jovem curandeira. Que também não gostava de ser tratada como estrela do quadribol, condição que ela achava justo que fosse reservada aos jogadores.
Modesta como era, não entendia que a condição de melhor amiga de Harry Potter, esposa da sensação Rony “Maluco” Weasley e primeira curandeira a trabalhar numa equipe em tempo integral, fizesse da vida dela objeto da curiosidade dos bruxos que adoravam fofocar sobre as celebridades do momento.
A ênfase (na opinião de Hermione) exagerada, entretanto, que “Charm” dava a temas relacionados à sexualidade e as perguntas indiscretas que algumas jornalistas costumavam fazer aos entrevistados, desagradavam bastante a mais jovem Sra. Weasley.
A moda dos ensaios fotográficos “ousados” que a revista vinha realizando quase causou o cancelamento da entrevista agendada há tempos. No mês anterior, a entrevista de Angelina trazia a jogadora em poses provocantes juntamente com o seu marido Jorge Weasley. Embora de bom gosto e pouco reveladoras, as fotos eram bastante insinuantes. Imóvel como as fotos trouxas (a mais nova moda em algumas publicações bruxas “modernas” naqueles anos), uma foto mostrava o casal enlaçado amorosamente em pé, com Jorge olhando para lente da câmera com um ar, digamos, safado, enquanto Angelina, cujas costas negras nuas pareciam brilhar de maneira sensual na imagem em branco e preto, repousava a cabeça no seu ombro. Jorge abraçava a esposa pela cintura enquanto a jogadora, de olhos fechados parecia entregar-se aos seus carinhos.
A comunidade mágica da Grã-Bretanha dividiu-se, é claro. Enquanto alguns, incluindo Molly Weasley, achavam que não ficava bem o filho do ministro e sua esposa, também capitã do selecionado do país, tirarem fotos em poses provocantes, outros elogiaram o bom gosto do trabalho, cuja idéia, desconfiavam, era de uma editora fotográfica da revista, uma brasileira chamada Priscila Louredo, que parecia ter uma certa fascinação pelos ruivos Weasleys.
- Eu achei que ficou bonito – disse Gina de maneira muito objetiva.
- Bom, eles são corajosos – reconheceu Harry, olhando as fotos na revista que estava nas mãos da esposa.
Além da exibição das fotos ousadas, a entrevistadora havia feito perguntas bastante íntimas à jogadora dos Tornados, que não se esquivou de respondê-las. Fato que desagradou Hermione, que já alimentava dúvidas sobre a sua própria entrevista.
- Eu não vou sair por aí dizendo com quantos anos perdi a virgindade ou...
- Certo, Mione, nós já entendemos – interrompeu Rony com as orelhas ligeiramente rubras.
Os dois casais almoçaram juntos como era comum nos sábados ou nos dias em que não havia atividades relacionadas ao quadribol, dessa vez na casa dos Potter. Agora estavam na sala de estar degustando um licor que Dobby pressurosamente havia lhes servido.
- Hum... – Rony hesitou por alguns segundos antes de dizer: - Aquela tal de Louredo mandou uma coruja hoje de manhã.
- E o que ela queria? – perguntou Hermione com uma boa dose de hostilidade.
No ano anterior, após a vitória dos Cannons na final da Copa Européia, Colin Creevey fotografou Harry, Rony e Toni após o jogo, quando os jogadores, após o banho, ainda sem camisa, comemoravam o título. Era uma bela foto, na qual os três sorriam e acenavam na direção da câmera. Por iniciativa, diziam, da Sra. Louredo, a foto de Rony apareceu na revista com grande destaque e foi reproduzida por todo o lado, sendo transformada em pôsteres que eram vendidos ilegalmente às fãs histéricas do ruivo antes das partidas. Malfoy, que combatia o uso indevido da imagem dos seus atletas, processou a revista, amealhando uma boa soma em dinheiro (doada para a caridade) e um pedido de desculpas da publicação. Mas os pôsteres ilegais continuavam circulando entre as fãs mais afoitas.
Hermione culpava a editora pelo fato do seu esposo ser transformado em objeto de consumo e fantasias (as quais ela nem queria imaginar!) de jovens bruxas assanhadas.
- Eu não me importo se um bando de bruxas desesperadas fica babando ou fazendo sei lá o que com as fotos do Harry – disse Gina – O importante é que eu tenho o Harry de verdade! – acrescentou a ruiva.
- Como se os adolescentes não babassem em cima das suas fotos ou da Angelina, ou da Toledo... – resmungou Harry contrariado.
- Ciumento! – brincou a garota, dando um beijo no esposo.
- Não é ciúme – disse Harry de maneira pouco convincente – É apenas... Apenas...
- Ciúme? – gracejou Rony.
- Acho que sim... – admitiu o cunhado, arrancando risadas das garotas – Vocês sabiam que Gina recebe cartas de amor de fãs? – perguntou o jogador, como se aquela revelação abalasse as estruturas familiares do mundo bruxo.
- Recebo? – perguntou Gina abismada
- Sim! E não só de homens, segundo Draco me disse!
Talvez pela cara indignada de Harry ou pelo inusitado da revelação, Rony, Hermione e Gina não agüentaram. Começaram a rir descontroladamente.
- Harry querido – disse melosamente a ruiva, puxando-o emburrado para um abraço – Você também recebe várias cartas de amor todas as semanas! E não só de garotas! – a ruiva disse a última frase imitando a voz grave e indignada do esposo e depois caiu na risada novamente, assim como o irmão e a cunhada.
- Certo! Somos todos objetos sexuais! – disse Rony, arrancando uma nova onda de risadas. Dessa vez nem mesmo Harry se conteve.
- O que me lembra da Sra. Louredo... – falou Hermione, ficando subitamente séria.
- Eu recusei, querida – apressou-se Rony a dizer.
- Recusou o que? Não me diga que ela... ELA QUERIA TIRAR FOTOS SUAS SEM ROUPAS? – indignou-se a curandeira.
- Não eram fotos sem roupas! – retrucou o ruivo – Eram fotos parecidas com aquelas do Jorge e da Angelina...
- Pois é, sem roupas!
- Mione, o Jorge e a Angelina disseram que estavam vestidos – tentou apaziguar Harry – Apenas eles pareciam sem roupas...
- É o suficiente para alimentar um monte de fantasias pervertidas dessas...
- Querida, você está exagerando! – defendeu-se Rony.
- São os hormônios? – cochichou Harry para Gina, que confirmou, acrescentando também baixinho “e paranóia”.
- Eu escutei você, Gina! – ralhou Hermione com a cunhada – Com licença!
E num gesto ligeiramente teatral afastou-se em direção à sua própria casa.
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- Ah, desculpa, Rony! – disse uma arrependida Hermione, mal o esposo entrou no quarto do casal.
- Vem cá – o ruivo puxou-a pra um abraço – O que foi aquilo? Sei que você está mais sensível por causa da gravidez, mas...
- Ah, o Harry e a Gina devem me achar uma neurótica maníaca!
- Só neurótica – brincou Rony – Mas o que foi aquilo, Mione?
- É bobagem minha – replicou insegura a curandeira – Eu sabia que isso seria assim...
- Certo. Agora eu entendi tudo... – disse Rony de maneira sarcástica.
- É simples, Rony. Você é um goleiro famoso, alto, bonito...
- Sou bonito? – perguntou Rony, esforçando-se para ficar sério.
- Sim! Eu acho e as mulheres também acham você desejável! E se você um dia se cansar de mim? Sou uma pessoa tão comum...
- Mione – disse o ruivo, agora muito sério – Eu amo você, eu nunca vou cansar de você e para mim você é a mulher mais bonita do mundo. Infelizmente há um monte de marmanjos por aí que acham você bonita também. Incluindo uma certa doninha albina...
Hermione foi obrigada a rir. Quer dizer que o seu ruivo também tinha ciúme dela!
- Sem falar no Vitor “Babei muito por Hermione” Krum. Mas, felizmente ele está muito bem hoje em dia com a Lilá.
Ambos riram.
- Ah, coitados do Harry e da Gina – disse Hermione – O que eles estão pensando de mim agora?
- Que você é uma bruxinha ciumenta e ligeiramente paranóica... Mas, isso eles já sabem, eu acho. Como eles sabem que eu vou demorar aqui te convencendo que eu te amo.
- Como você pretende me convencer? – perguntou a jovem de maneira sedutora.
- Ah, o método de sempre – respondeu Rony – E não se preocupe com o Phill, ele está dormindo – disse o ruivo antes de beijar a esposa.
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Continuação da entrevista de Draco Malfoy para a Revista “Seewitch”:
S – Por que o senhor e os seus jogadores possuem tantos seguranças?
DM – Porque algumas pessoas com idéias idiotas e ultrapassadas parecem não gostar de mim. E há ainda, infelizmente, uma minoria de indivíduos que parece ter algum ressentimento contra Harry e seus amigos. Uma minoria, é verdade, mas eu prezo demais a minha vida, a vida do meu sócio e dos meus jogadores para arriscar.
S – Não é um pouco de paranóia da sua parte?
DM – Talvez, mas você soube o que aconteceu com Cris Toledo. Se alguém é capaz de atentar contra a vida de Toledo, que um amor de pessoa, então tudo é possível.
S – E as Srta. Parkinson que atentou contra a sua vida?
DM – Eu não falo sobre isso. Desculpe.
S – O senhor tinha com ela um relacionamento romântico?
DM – Nunca tivemos. Éramos amigos de infância. Mas, como eu já disse, eu não falo sobre este assunto.
S – Harry Potter e outros combatentes da guerra contra “você-sabe-quem” disseram no seu julgamento que a informação dado pelo senhor da localização da fortaleza do Lorde das Trevas foi fundamental para a vitória daqueles que combateram as trevas. Isso é verdade?
DM – Se Harry Potter disse, vocês não deveriam duvidar – O Sr. Malfoy responde com ironia, mas é visível que não é um assunto que o deixa muito confortável.
S – Por que o senhor não gosta de falar sobre o assunto, uma vez que a sua informação foi importante para a vitória daqueles que seguiam Harry Potter.
O Sr. Malfoy nesse momento faz uma pausa, respira fundo, pede um chá para um dos elfos que trabalham na sua propriedade (remunerados, como faz questão de salientar!), oferecendo educadamente uma xícara para a reportagem e depois finalmente responde à pergunta.
DM – Eu por acaso sabia da localização da fortaleza do Lorde das Trevas. Havia ouvido algo a respeito meses antes. Repassei a informação para Harry Potter e Toni M’Bea. E acreditem as pessoas ou não, não acho que fiz grande coisa. Entenda, eu não me arrisquei. Harry, Toni, os Weasleys, Dumbledore, esses são os verdadeiros heróis na luta contra as trevas. Eu decididamente não gosto de falar sobre isso.
S - Por que, Sr. Malfoy?
DM – Por que não quero passar a falsa impressão que eu sou algum tipo de herói ou que tenho a pretensão de passar por um.
S - Sua modéstia sobre o tema é surpreendente...
DM – Sua insistência no assunto também...
S – Certo, Sr. Malfoy. Existe alguma Senhora Malfoy em vista?
DM – Não existe. Não penso em me casar por enquanto.
S – Muitos analistas e estudiosos dos costumes no mundo bruxo têm escrito sobre o fato da geração de jovens que lutaram na guerra contra “você-sabe-quem” tornar-se mais madura e responsável muito cedo, e boa parte deles se casou ainda muito jovem. O que o senhor acha disso?
DM – Bom, eu suponho que ver a morte de perto todos os dias e viver sabendo que os seus amigos e as pessoas que você ama podem morrer a qualquer momento dê uma grande maturidade às pessoas. E isso deve ter realmente aproximado muitos casais e fortalecido os sentimentos. Convivo com Harry e Gina Potter e Rony e Hermione Weasley. Eles são realmente apaixonados. E tão melosos uns com os outros que às vezes até tiram a gente do sério (risos).
S – E a sua relação com Jane O’Neal?
DM – Somos grandes amigos.
S – Só amigos?
DM – Nos conhecemos desde a época de Hogwarts. Ambos éramos da Sonserina. Na época discordávamos de muita coisa, uma vez que Jane nunca teve simpatia pelo lado na guerra que o meu pai e o pai de muitos sonserinos apoiavam. Fora isso nos dávamos bem. E Jane me procura às vezes para me pedir algum conselho sobre investimentos. E, antes que você pergunte, não vou dizer se dormimos juntos ou não. Isso não é da conta de ninguém.
S – Sr. Malfoy, para encerrar a entrevista, eu vou citar o nome de algumas pessoas e o senhor em poucas palavras me diz o que acha delas.
Depois de alguns segundos de silêncio desconfiado, ele diz: “Combinado!”.
S – O ministro Arthur Weasley.
DM – Um bom homem e inegavelmente está fazendo um ótimo trabalho.
S – Harry Potter.
DM – Um grande amigo e uma ótima pessoa. O melhor jogador do mundo. E, é lógico, o herói do mundo mágico.
S – Toni M’Bea.
DM – O melhor batedor que eu vi jogar até hoje. E uma das maiores inteligências que eu tive o prazer de conhecer.
S – A Dra. Hermione Weasley.
Alguns segundos de silêncio.
DM – Uma ótima profissional e uma pessoa que eu admiro muito.
S – Gina Potter.
DM – Uma ruiva muito geniosa (risos). Falando sério: é uma excelente artilheira e uma boa amiga.
S – O Professor Alvo Dumbledore.
DM – Nunca tivemos uma convivência muito próxima na época de Hogwarts. Harry, Toni e o meu amigo Severo Snape o respeitam muito e isso para mim é o suficiente para respeitá-lo.
S – Rony Weasley.
DM – Como já disse, não somos o que se pode chamar de amigos íntimos, mas o ruivo é um grande goleiro e uma pessoa muito decente.
S – A última pergunta, Sr. Malfoy. Qual a sua maior ambição ainda não realizada?
DM – Ah, essa pergunta é fácil de responder (ele diz com um sorriso afetado e estudado). Eu quero dominar o mundo!
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Jane O’Neal costumava dizer naquela época que a coisa mais irritante em relação a Harry e Gina é que eles eram tão “cute-cutes” que dava vontade da gente apertar as suas bochechas e dar docinhos para eles no Dia das Bruxas. Bem, não sei se concordava com ela quanto ao quesito “cute-cute” e aos docinhos de presente, mas não havia dúvida que eles eram “O” casal do mundo mágico.
Para aqueles que gostam de uma história romântica bem clichê os dois eram um prato cheio: O garoto órfão que estava destinado a enfrentar o mal, criado de maneira abusiva por seus parentes trouxas desprezíveis, depois de triunfar sobre todas as adversidades, casa com a namorada de infância, seu primeiro amor e eles vivem felizes para sempre.
Esqueci alguma coisa? Ah, sim, o herói em questão era o maior jogador de quadribol do mundo. Sua bela e ruiva esposa também era um espetáculo no esporte. Eles se amavam e se tratavam de maneira tão melosa que se você estivesse por perto poderia pega diabetes. Mas, devo admitir, eles eram pessoas adoráveis de verdade. O “casal mais fofo” segundo a “Bruxa Semanal”. O casal mais bonito do quadribol europeu segundo um monte de gente. Ou apenas “cute-cute” segundo algumas correntes filosóficas encabeçadas por Baby Jane O’Neal.
Eu sabia, entretanto, que havia algo que os impedia de ser completamente felizes. Harry e Gina desejavam muito um filho. Penso que o fato de Hermione estar grávida do seu segundo filho aumentasse um pouco a dor de ambos. Não me entendam mal. Harry e Gina seriam incapazes de inveja. Principalmente da amiga, querida por ambos. Mas sentir a felicidade de Rony e Hermione e se privar dela deveria ser realmente doloroso. O problema era o tal do Herdeiro. Tinham muito medo naquele momento de colocar uma criança no mundo que poderia se tornar um alvo para um declarado inimigo de tudo aquilo que Harry representava para os bruxos decentes. Apenas eu e o jovem casal Weasley sabíamos disso. Para os demais Harry e Gina apenas diziam que não havia ainda chegado a hora de um filho, que precisavam pensar na carreira e uma série de outras coisas que a imprensa publicava.
Era o aniversário de vinte e quatro de Harry e a casa estava cheia de convidados. Todos os Weasleys, incluindo esposas e namoradas, além dos eficientes e discretos seguranças do ministro Arthur estavam presentes. Também o time dos Cannons e vários jogadores da seleção inglesa e de outras seleções, mas que jogavam na Inglaterra e ainda estavam no país nas férias do esporte. E para o desespero de Anna Skeeter da revista “Bruxa Semanal”, ninguém da mídia bruxa. Bem, a exceção eram Marla Donovan e Lino Jordan, mas esses estavam presentes por conta da amizade com o aniversariante e não na condição de jornalistas.
- Muito bem, espertinhos, prestem atenção no maioral aqui! – disse subindo numa cadeira, a voz ampliada magicamente por um feitiço. Já estava ligeiramente alto, naquele estado agradável que só o verdadeiro vinho produzido por elfos portugueses e o melhor hidromel que o dinheiro pode pagar produzem – Agradeço a todos vocês que compareceram na minha humilde mansão para comer e beber às minhas custas (Risadas e assobios). Vocês estão me dando um baita prejuízo, mas Harry Potter, meu sócio, vale cada centavo gasto com vocês, seus beberrões e comilões! (Mais risadas, agora seguidas por aplausos).
- Ele tem deixado você mais rico, né? – algum convidado disse numa voz cheia de ironia etílica.
- Pode apostar, espertinho! – respondi de bom humor – Bom, existe um velho costume nas melhores famílias bruxas. Que não inclui a minha, é lógico (risadas e mais aplausos)... Eu estou aqui, como organizador da festa de aniversário do Sr. Potter, para em nome de todos os convidados desejar a ele muitos anos de vida e toda a felicidade do mundo (mais aplausos).
- Eu gostaria também de dizer o quanto eu fico feliz que Harry Potter seja meu amigo. Um grande amigo, na verdade. E não porque ele me faz ganhar muito dinheiro. Sim, ele faz, não vamos negar isso aqui, na frente de tantas pessoas bêbadas, que amanhã nem vão se lembrar do que eu falei (mais risos e assobios). Harry é meu amigo, principalmente, porque nunca conheci uma pessoa que fosse tão boa, tão altruísta, tão generosa, tão nobre e tão íntegra quanto ele.
Silêncio.
- É um velho costume bruxo desejar a uma pessoa querida todas as coisas boas do mundo no dia do seu aniversário. Pois bem, Sr. Potter, eu desejo nesse dia muitos anos de vida, filhos bonitos e saudáveis e uma vida feliz ao lado daqueles que você ama. E como acho que para você isso é pouco, e como já estou levemente bêbado, posso desejar outras coisas agradáveis. Como uma melodia suave cantada por um anjo, um fim de tarde emoldurado por um arco-íris, um anoitecer suave com uma brisa morna. Infinitas noites de amor com o amor da sua vida e um despertar feliz entre lençóis de linho. E sonhos bons. E uma carícia do luar. E... (silêncio pesado) Acho que é isso.
Certo. Eu estava meio bêbado mesmo. Talvez tivesse lido algum poeta do mundo bruxo ultimamente. Com o silêncio abismado causado pelas minhas palavras ainda pesando no ambiente, eu desci da cadeira ligeiramente constrangido. Nem mesmo havia reparado que Harry estava ao meu lado. E fez algo que eu não esperava. Quase me sufocou com um grande abraço. Foi naquele momento que o salão de festas da Mansão Malfoy quase veio abaixo com o som dos aplausos comovidos dos convidados. Ouvi várias mulheres exclamarem coisas como “que lindo”, e “ai, que fofo”.
- Anh, Harry, é melhor você me soltar – brinquei, usando a minha tradicional voz arrastada, na verdade disfarçando o fato de estar bastante tocado com a ovação surpreendente – Ou as pessoas vão começar a desconfiar de nós...
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- Você às vezes é surpreendente, sabia? – me disse mais tarde Hermione, quando a maioria dos convidados já havia se retirado e só os mais próximos do Eleito ainda estavam na Mansão Malfoy – Foi muito bonito o que você disse para o Harry.
- Eu tenho meus momentos – respondi meio sem jeito.
Rony Weasley estava numa conversa animada do outro lado da sala com seus irmãos e com Toni M’Bea.
- Certo, agora que você já viu o quanto eu sou um cara poético e sensível, finalmente deixará aquele ruivo bobo e fugirá comigo – eu disse, baixando a voz. Duvido que o “ruivo bobo” em questão possuísse senso de humor para apreciar a brincadeira.
- Seu bobo! – ela disse sorridente, me dando um beijo no rosto e se afastando na direção do esposo, passando silenciosamente pela grande poltrona na qual Harry e Gina cochilavam abraçados como duas crianças.
- Feche a boca e pare de babar, Draco – me repreende Jane O’Neal sentando no meu colo – Você ainda gosta dela? – ela pergunta no meu ouvido.
- Não no meu juízo perfeito – eu respondo, agora ligeiramente melancólico, já que o efeito do álcool estava se dissipando lentamente – Mas às vezes eu tenho alguns momentos de insanidade.
- Eu sei como é isso – confidencia a garota cheia de compreensão, dando uma rápida olhada para o lugar em que Harry e Gina dormiam.
A ruiva tinha a cabeça repousada no peito do esposo e os dois braços em volta dele num abraço amoroso, mas levemente possessivo. Como para não deixar dúvidas para “certas” jogadoras da Irlanda de quem era o rapaz em questão. Harry também tinha os braços em torno dela. Jane suspirou fundo e deu mais uma olhada discreta na direção do casal antes de dizer:
- Gostaria honestamente que alguém um dia me amasse assim. Você sabe... Dormir assim nos braços de uma pessoa...
- Eu sei o que você quer dizer – disse olhando bem dentro dos olhos azuis-esverdeados da ex-sonserina. Ela não estava brincando nem sendo irônica me confessando aquilo. O que era ligeiramente surpreendente em se tratando de Baby Jane. E os seus olhos estavam brilhando quando disse aquelas palavras.
- Desculpa, Draco – Jane me diz ligeiramente encabulada depois de algum tempo, ainda sentada no meu colo, a cabeça escondida na curva do meu pescoço – Acho que bebi hidromel demais e fiquei meio piegas.
- Sabe aquilo tudo que eu desejei para o Harry? – eu perguntei, surpreendendo-a.
- Gostei da parte dos lençóis de linho – ela respondeu dando um sorriso bonito. Aquele que reservava para as capas de revistas. E às vezes, quando eu tinha sorte, para mim.
- Há váriias camas nos quartos da mansão com lençóis de linho – eu disse antes de beijá-la. E ela retribuiu com entusiasmo. Pelo resto daquela madrugada.
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AQUI ESTÁ, GENTE! EU SEI QUE DEMOROU, MAS NO PRÓXIMO CAPÍTULO:
- A BOMBÁSTICA (OU NEM TANTO!) ENTREVISTA COM HERMIONE!
- NOVIDADES ALARMANTES (OU NEM TANTO!) NO LAR DOS POTTER!
- AS ARMAÇÕES MAQUIAVÉLICAS (OU NEM TANTO!) DAS TREVAS!
- BEIJOS E AGUARDO COMENTS .
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