Prólogo



Autora: Humildemente Ju
Classificação: PG
Shipper: Draco/Hermione
Gênero: geral/romance
Spoilers: Enigma do Príncipe
Nota da autora: Como se não bastasse a guerra, Draco e Hermione precisam enfrentar um mistério perturbador. E pior: juntos.





Prólogo

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"O difícil sobre seguir o seu coração e que as pessoas deixam de dizer, é que às vezes seu coração te leva a lugares que não deveria. Lugares que são tão excitantes quanto assustadores, tão perigosos quanto sedutores... E às vezes o coração te leva a lugares onde nunca haverá um final feliz. E essa não é nem a parte difícil. A parte difícil é que quando você segue seu coração, você dá adeus a normalidade. Você entra no desconhecido... E uma vez que tenha feito isso, não pode voltar atrás"

(Elizabeth Parker)

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As pessoas costumam dizer que o amor é tudo.

Não pessoas como você, óbvio.

Sei que você é daquelas pessoas que ao ouvir alguém falar sobre sentimentos, dão um sorriso de desprezo. Também sei que se a pessoa insiste no assunto, você faz uma piada sarcástica e desagradável, ainda sorrindo daquele seu jeito superior e nojento.

Eu sei porque você fez comigo. Duas vezes.

Na primeira vez isso me perturbou. Não gostei de ser contrariada. Adormeci te maldizendo e ao acordar me dei conta de que talvez eu não entendesse tanto do assunto.

Agora sei que não entendo.

As pessoas dizem que o amor salva, cura, traz felicidade, liberta, conforta, preenche. Mas também dizem que é difícil, que dói, prende, sufoca, confunde, machuca...

Apenas uma palavra. Tantas contradições.

A segunda vez foi há pouco tempo, enquanto ainda caminhávamos por Tintagel. Naquele momento suas palavras me soaram mais rudes do que nunca e provocaram em mim algo mais forte. Fizeram-me duvidar.

E se eu dissesse que te amava, naquele momento, você acreditaria? Você ficaria? Por nós? E quanto a mim? Estaria sendo verdadeira? Realmente arriscaria tudo por você?

Maldita palavra. Ela bagunçou minha vida.


Os motivos, eu nunca cheguei a compreender. Se é que pode haver alguma explicação para a vida que vai seguindo, atropelando a todos com suas surpresas e mudanças súbitas. Seria pretensão procurar respostas para os mistérios do mundo? Seria mais ainda pensar que desde o primeiro pisar no banheiro da Murta, naquele enevoado setembro, todos os astros conspiraram para que aquele encontro acontecesse?

Não. Eu sabia que essa não era a resposta, e me sentia realmente ridícula quando procurava razões e algo para culpar. Tudo aconteceu porque eu quis, eu realmente quis te tocar naquela noite.

Eu ainda quero.

Então lembro de como minha cabeça doía, enquanto avançava decidida pelos corredores da escola. Lembro da violência com que o vento balançava as vidraças. Lembro de como estava prestes a explodir de raiva e de como, apesar do frio, eu me sentia quente. Desde o primeiro ano, era o mesmo ritual: toda briga com Ron pedia uma ida ao banheiro da Murta para chorar. Eu não chorava naquela noite. Mas pelo hábito ou talvez por vontade de ficar sozinha, me dirigia para lá. Mais uma vez.

Ao chegar à porta, olhei para os lados, checando se havia mais alguém no corredor. Estava vazio. Entrei.

E então congelei.

Você estava caído no chão, bem no meio do banheiro feminino.

Difícil descrever todos os pensamentos e impressões que tive naquele momento.

‘Há comensais no castelo, oh Merlin, há comensais e eles o mataram. Ou talvez ele só esteja dormindo. Talvez ele apenas tropeçou e desmaiou. Talvez isso tudo seja uma cilada para pegar o Harry. Talvez...’

Eu estava sendo patética.

Hesitei por um instante, ainda próxima à porta, as mãos tateando o bolso interno das vestes até alcançar a varinha. Quando decidi por me aproximar, foi lentamente, pois poderia ser uma armadilha. Já eram tempos difíceis, aqueles. E se o ministério e o bom senso nos recomendavam duvidar até dos amigos, com os inimigos era prudente sermos ofensivos. Tudo bem que McGonnagal o tinha aceitado de volta à Hogwarts, mas você ainda possuía a marca negra. E se até Dumbledore fôra morto por um comensal, comigo seria mais fácil ainda de acontecer.

Com a diferença que eu não confiava em você. Nem um pouco.

- Malfoy? – chamei. Você nem ao menos se moveu.

Você. Desmaiado (ou morto?) no banheiro feminino. Da Murta! As coisas poderiam ficar mais estranhas?

Poderiam.

Eu estava mais perto, quase debruçada sobre você, quando reparei que a expressão em seu rosto era de alguém que estava tendo um sonho muito ruim. Você soltou um pequeno gemido e eu não pude evitar me identificar contigo naquele instante. Há tempos vinha sofrendo com terríveis pesadelos e sabia o quanto eles poderiam ser cruéis.

Então, mesmo prevendo a briga que nós teríamos depois, resolvi usar um feitiço para reanimá-lo. Mas foi aí que...

- Hermione! Oh, não, Hermione, não...

Pulei com o susto. Meu nome. Você chamou meu nome. No seu sonho. Eu ouvi, era certeza, não estava surda. “Será que ele está caçoando de mim?” – pensei.

Senti que corava. Não sabia ao certo se estava assustada, irritada ou incomodada. Minhas mãos tremiam. Decidi ir embora e te deixar ali. Foi quando vislumbrei a marca.

A cobra e a caveira.

De súbito, me senti zonza. E mesmo que a razão me gritasse para fugir, descobri que ainda queria te acordar. E também ver aquela tatuagem mais de perto. Agachei-me junto ao teu corpo.

Foi aí que tudo me pareceu muito errado, como se nenhum de nós devesse estar ali. Nós realmente não devíamos.

Então eu soube, senti muito forte dentro de mim, que não queria mais ficar naquele banheiro.

Mas minha mão direita parecia ter vontade própria. Então observei com terror, meus dedos se aproximando cada vez mais do seu braço.

Nossas peles se tocaram.

Eu desmaiei calada.

Você despertou gritando.




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