Capítulo 4



4) Capítulo 4

Cast me not away (Não me expulse)
Say you'll be with me (Diga que você estará comigo)
For I know I cannot bear it all alone (Porque eu sei que não suportarei tudo isso sozinha)


Evanescence -Understanding


Reconheceu Hermione simplesmente porque a face permanecia a mesma, embora estivesse incrivelmente pálida. Seu cabelo outrora castanho era negro e caia-lhe livremente pelos ombros. Trajava vestes negras e sensuais que deixavam a maior parte de seu corpo descoberta. De suas costas, duas asas negras, como as de um morcego batiam incontroladamente. Ela parecia pairar inconsciente, seus olhos ainda fechados.

Draco mal podia acreditar no que via, ao olhar em volta percebia que a excitação estava presente em todos os Comensais. Olhou para o teto da sala, e só agora percebera que estava aberto; a lua ainda permanecia vermelha no céu. Compreendeu que alguma maldição havia sido feita contra Hermione naquela noite. Aquele era o plano.

- Silêncio! – um dos Comensais gritou – O mestre vai falar.

- Meus fiéis servos, eis aqui hoje o derradeiro passo para o fim desta guerra. – Voldemort era ouvido atentamente por cada Comensal – E, sem dúvida, a vitória será nossa!

Os Comensais aplaudiram, e Voldemort fez uma ligeira pausa. Caminhou até Hermione, que ainda estava inconsciente, e sorriu.

- Hoje, eu consegui uma arma que impedirá Potter de contra-atacar. E o que é pior... Ou seria melhor? – todos riram – Ela o atacará sem piedade! A sangue-ruim é controlada por uma maldição antiga, a qual não há salvação... A não ser a própria morte. Através de um ritual negro, conseguimos amaldiçoá-la e dentro dela, agora, além de sua própria alma, há um demônio. Um demônio que está sob meu poder, e fará tudo que eu quiser...

O bruxo se afastou de Hermione, voltando ao seu trono. Acenou com uma das mãos para um Comensal, e este em pouco tempo trouxe um homem maltrapilho. Um prisioneiro, que foi colocado a alguns metros de Hermione.

- Agora, lhes darei uma demonstração – Voldemort sorriu – Afastem-se, aqueles que não desejam ter uma morte não muito agradável... – os Comensais deram um passo para trás. O homem tremia, atemorizado – Desperte, meu servo... Eu o liberto finalmente... Desperte e mate este homem em tua frente...

Hermione abriu os olhos, agora vermelhos, para mirar a presa. Sua pupila era um simples risco, como as pupilas de um felino quando há pouca luz. Suas asas aquietaram-se, e seus pés tocaram o chão. Entretanto, isso durou poucos segundos. Num único pulo, a mulher avançou sobre o homem, derrubando-o. Abriu a boca, mostrando duas enormes presas, para morder o pescoço do homem, fazendo-o gritar. Voldemort exibia um sorriso de satisfação nos lábios.

Ela não comia ou bebia o sangue que lhe escorria pela boca, apenas parecia saborear o fim daquela vida. Havia um sorriso maléfico em seus lábios. Talvez ficasse ali a noite toda, mas para o bruxo das trevas pareceu suficiente.

- Pode parar agora – ele disse. Contudo, Hermione não obedeceu – Eu mandei parar agora mesmo! – ela continuou sobre o homem, mas sua atenção estava voltada para Voldemort – Pare! – Hermione pulou, e avançou na direção de Voldemort. Contudo, ele a imobilizou com um feitiço.

Alguns Comensais pareciam assustados demais com a demonstração. Outros, como Lucius, estavam encantados. Draco mal conseguia respirar, e ainda não conseguia assimilar o que acontecia. Hermione acabara de matar um homem.

- Levem-na agora mesmo para as masmorras. – Voldemort ordenou – Não esqueçam de deixá-la amarrada.

- Sim, mestre. – um dos Comensais respondeu, e juntamente com outros dois, seguiram com Hermione para as masmorras. Aos poucos os Comensais começaram a deixar a sala.

- Será seguro tê-la conosco no castelo? – um Comensal questionou a Lucius. Draco fingiu não prestar a atenção, mas ouvia atentamente.

- Sim. Ela será apenas a sangue-ruim quando o mestre não estiver por perto para usá-la como bem quiser. – o loiro explicou.

- Mas ele não pareceu conseguir controlar o demônio.

- Não, o demônio apenas queria testar o poder do mestre. – Lucius disse – Ele não ousará desobedecer novamente, pois percebeu que o mestre é mais poderoso.

- E se o mestre não fosse mais poderoso? – o homem perguntou.

- Duvido que estaríamos tendo essa conversa agora. – Lucius sorriu, antes de se afastar.

Draco permaneceu na sala por mais algum tempo, até que resolveu voltar para seu quarto. Sabia que seria imprudência tentar ver Hermione agora. Além disso, acreditava que nada poderia fazer pela mulher. Chegando ao quarto, deitou-se. A imagem de Hermione atacando aquele homem não lhe saia da mente. Revirou-se na cama, não conseguia dormir. Tentou imaginar como a morena deveria estar.

- Maldição! – resmungou enquanto puxava as cobertas. Como ela deveria estar não importava. O mais apropriado a fazer era esquecer tudo relacionado a Hermione. Fechou os olhos, mas ainda demoraria algum tempo para adormecer...

*******************

Estava sentado tomando seu café da manhã, quando Lucius se aproximou. O homem exibia um imenso contentamento em sua face, desde a noite anterior.

- Vim avisar-lhe que continuará a alimentar a sangue-ruim. – Draco o encarou – Ou é uma tarefa muito arriscada para você?

- De modo algum.

- Ótimo. Assim que terminar leve algo para ela... – Lucius ordenou.

Em seguida, viu-se sozinho novamente. Pensou que não teria que ver Hermione novamente. Resmungou algo inaudível, e após terminar a refeição preparou algo para a mulher. Apesar de ter ouvido Lucius falar que ela seria apenas Hermione quando Voldemort não estivesse por perto, preferia não ter que encontrá-la novamente. Queria esquecer tudo relacionado a ela, mas pelo visto não seria tão fácil.

Quando chegou às masmorras, caminhou até a cela que Hermione estaria. Não havia Comensais por perto, mas ele sabia que os feitiços de Voldemort seriam suficientes para evitar que fugisse. Após murmurar alguns contra-feitiços, guardou a varinha e abriu a porta. Assim que entrou, a mesma fechou-se atrás de si imediatamente. Procurou Hermione com o olhar, encontrando-a num canto da cela.

Não podia vê-la muito bem, pois ela estava fora do alcance da pouca luz que adentrava na cela pela janela. Foi difícil conseguir avançar alguns passos, e Draco não sabia exatamente por que. Talvez estivesse com medo de ser atacado, talvez simplesmente temesse encará-la.

- Eu não vou matar você, Malfoy. – ouviu a voz dela. Era a mesma a qual estava acostumado.

- Quem me garante, Granger? – havia um discreto sorriso no canto de seus lábios.

- Eu garanto. – ela permanecia imóvel – Mas pode deixar a bandeja aí, se quiser, e ir embora.

- Não está com fome? – Hermione não respondeu – Ou você não quer que eu a veja?

- Os dois... Será que pode ir agora?

- Eu a vi ontem, Granger – ele disse – Para que se esconder?

- E você por acaso se importa? Já disse Malfoy, deixe a bandeja aí e saia! – ela aumentou o tom de voz.

- Não recebo ordens de uma sangue-ruim... – Draco deu um passo para trás quando Hermione levantou-se, suas asas reapareceram e ao movimentá-las voou em sua direção. Ela esquecera, contudo, que estava amarrada pelo pescoço, e acabou sendo puxada de volta, e caindo no chão.

- Maldito! – ela disse entre os dentes – Saia daqui!

Agora, ele pôde vê-la completamente. Ela ainda tinha as mesmas características da noite anterior, exceto pelos dentes e garras que estavam menores; percebeu também que Hermione tinha o controle sobre as asas, e podia fazê-las desaparecer. Draco a observou em silêncio por algum tempo. A mulher o olhou, fazendo-o perceber que não só sua íris estava vermelha, como também seus olhos, como se tivesse chorado.

- Deve estar adorando este momento, não é Malfoy? – ela falou, suas asas já haviam desaparecido – Aposto que sempre imaginou mil e uma formas de me ver humilhada... Será que não já teve o suficiente por hoje?

- Cala a boca, Granger – Draco disse irritado. Esquecendo-se do medo de ser atacado, ele se aproximou.

- O que... – ela surpreendeu-se quando o abaixar-se para ajudá-la a levantar.

- Você tem que saber uma coisa a meu respeito... – falou já de pé, em frente a ela – Eu odeio quando fala de mim como se me conhecesse.

- Eu sei, e eu lhe conheço.

- Não, Granger. Você acha que me conhece, mas isso não reflete necessariamente quem eu sou de verdade. – ele a aproximou de seu corpo, e a beijou intensamente.

Hermione correspondeu na mesma intensidade, enquanto suas mãos começavam a percorrer as costas dele com urgência. Draco cerrou os dentes quando a sentiu cravar as unhas em suas costas, mas nem por isso se afastou. Ele a encarou por um momento, e de certa forma sabia que ela não era a mesma. A mulher beijou seu pescoço, ao mesmo tempo em que o mordia ferozmente.

Beijou-lhe o colo e os seios, após abaixar o top que ela usava. Suas mãos acariciavam a barriga nua de Hermione, enquanto sentia as carícias dela em suas partes mais íntimas. Até o sorriso que havia nos lábios dela era diferente, mais sensual e provocante. Estava adorando aquele momento, mas sentiu falta da delicadeza que encontrou nela nas outras vezes.

Ela passou os braços pelo pescoço dele, e o envolveu pela cintura com as pernas. Segurando-a, Draco caminhou até a parede, para conseguir apoio. Os beijos eram cada vez mais selvagens, e sequer tiveram tempo de si despir. Ele abriu a calça com alguma dificuldade, e logo em seguida a penetrou. Hermione gemeu quando o sentiu dentro de si, e após o olhar bem nos olhos, o beijou. Ele começou a movimentá-la, e aos poucos foi aumentando o ritmo.

A mulher mordiscou sua orelha, e sussurrava pedidos para que continuasse. Draco parecia que iria à loucura a qualquer momento, o suor já começando a descer pelo seu rosto. Ela parecia desinibida, e quando estava chegando ao êxtase, gemeu no ouvido dele. Ele continuou por mais algum tempo, até que também obteve seu clímax. Com uma das mãos na parede, ele respirava com dificuldade, à medida que a olhava bem nos olhos. Hermione exibia um sorriso de satisfação, e em seguida, o beijou mais uma vez.

Ela se soltou dos braços dele, e ambos sentaram no chão. Ela recostou a cabeça sobre o tórax do homem, e logo ele a abraçou. Hermione fechou os olhos, e conseguiu finalmente adormecer após sua terrível noite. Draco permaneceu consciente. Percebeu que seu corpo estava vermelho, suas costas ardiam. Deu um pequeno sorriso ao lembrar do acontecido. Jamais imaginaria um episódio assim entre ele e Hermione. Depois, mirou a extensão do corpo dela.

- O que fizeram com você? – Draco perguntou, mas sabia que ela já estava adormecida. Passou os dedos delicadamente entre os cabelos dela.

Com cuidado, afastou-a de si a fim de se levantar, e a deitou lentamente no chão. Não poderia ficar ali muito tempo, sabia que era arriscado. Olhou para a bandeja de café da manhã, ainda intocada. Resolveu deixá-la ali, caso Hermione tivesse fome mais tarde.

**********************

- Há muito tempo não o via por aqui, Draco... – ouviu a voz de Lucius atrás de si. Ele fechou imediatamente o livro que lia, e recolocou na estante.

- Estava entediado, e pensei que talvez um livro ajudasse a passar o tempo. – ele disse. Estavam na imensa biblioteca do castelo de Voldemort.

- Compreendo.

- Encontrou algum interessante?

- Não – Lucius se aproximou da estante, seu olhar curioso buscando o livro que Draco lia. “Figuras mitológicas e suas influências na magia negra”, ele leu. Desviou a atenção do livro quando percebeu o outro movimentar.

- Que pena... Aonde vai? – ele questionou ao ver o filho caminhar em direção à porta.

- Vou sair.

- Para onde?

- Isso não lhe interessa – Draco disse rispidamente – Eu não sou mais seu filho, esqueceste?

- Eu seria mais cauteloso se fosse você, Draco.

- Eu dispenso seus conselhos. Agora, com licença... – ele se afastou, sem olhar para trás. Já tinha feito sua escolha, ninguém o faria desistir.

*******************

Naquela mesma noite, Draco voltou à cela de Hermione, algumas horas após ter levado seu jantar. Estava parado em frente à porta, como se hesitasse adentrar. Descobrira que no dia seguinte haveria uma batalha, a qual Potter fora “convidado” e que aceitara participar. Não sabia, entretanto, se deveria contar essa informação à Hermione. Respirou fundo, e abriu a porta, optando, no final das contas, em não contar. A encontrou perto da janela, observando o céu, que naquela noite estava incrivelmente estrelado. Draco se aproximou até parar ao lado dela. Hermione não precisou virar-se para saber que era ele.

- Mamãe costumava dizer que sempre que alguém morria, tornava-se uma estrela... – ela falou, fazendo-o revirar os olhos – As estrelas ascendentes.

- Não acreditava nessa bobagem, acreditava?

- Eu só tinha cinco anos, Malfoy. – ele deu um pequeno sorriso.

- Você é patética, Granger. – Draco falou, fazendo-a sorrir – Por acaso, não acredita que sairemos vivos daqui, casaremos e viveremos felizes para sempre, acredita?

- Não, eu não acredito. – respondeu sinceramente.

- Ótimo. Também não espere declarações de amor...

- Não é necessário – Hermione falou, fazendo-o sorrir discretamente.

O homem passou um dos braços envolta das costas dela, abraçando-a. Hermione encostou sua cabeça no ombro dele; ficaram daquela maneira por algum tempo, em silêncio, apenas observando o céu.

-Você lembra do dia em que foi seqüestrada? – ele questionou.

- Claro... Impossível esquecer.

- Foi naquele dia que eu deixei de ser filho de Lucius. – Draco contou – O Lucius sempre quis que eu fosse o melhor em tudo; e assim como o mestre, ele não aceita fracassos... Alguns “fracos” são poupados para fazer aquilo que os “fortes” repudiam.

- Você foi poupado porque precisam de alguém para alimentar a prisioneira.

- Também... O pior não é que eu fui poupado porque precisam de mim, eu fui poupado para ser castigado. A humilhação é a pior forma de castigo no círculo de Voldemort. As torturas com poções cicatrizam, a vergonha que uma posição inferior representa fica eternamente na memória.

- O que aconteceu? – Hermione procurou o olhar de Draco, mas este continuava mirando o céu.

- Eu deveria te capturar... Fui o Comensal escolhido, aquele que parecia estar mais preparado... Talvez, meu narcisismo tenha sido minha perdição. – o loiro finalmente a encarou – Meu ego estava maior que nunca, eu era o preferido do mestre.

- E Lucius?

- Orgulhoso, claro... Quando o Potter me deixou inconsciente logo no início da batalha, com aquele feitiço novo... Foi o fim! E no final das contas, o Lucius acabou tomando meu lugar... Ele te capturou. A intenção dele era que eu me tornasse o melhor Comensal, porque isso mostraria o poder da família Malfoy. E apesar de toda a glória que ele conseguiu capturando você, o meu fracasso jamais será esquecido... É como se eu tivesse manchado a reputação da família.

- Eu não estaria sendo sincera se dissesse que eu sinto muito pelo que aconteceu... – ele fez uma careta – Afinal, não estaríamos aqui, se isso não tivesse sido desta maneira.

- Não espere que eu vá agradecer ao Potter... – ela sorriu, e após acariciar sua face, o beijou.


N/A: Mais um capítulo para vocês, agora faltam apenas 2... =D Espero que curtam esse capítulo!! =D Fico feliz que estejam gostando, prometo tentar não demorar muito para postar o próximo!! \o/ Agradeço a todos que leram, comentaram e votaram!! Bjus!! Pink_Potetr : )

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