Capítulo I
Disclaimer: Não me pertencem.
Ele não queria ser um estraga-prazeres. Não mesmo. Mas estava lhe parecendo quase impossível.
Harry observava num canto qualquer, um copo de suco de abóbora na mão, as pessoas dançando animadas ao som da banda do casamento de Gui e Fleur. Por um momento imaginou ele e Cedric dançando juntos. Sua mão automaticamente colocou-se em seu pescoço, tocando a corrente onde tinha o anel que ganhara do loiro.
Balançou a cabeça, espantando aqueles pensamentos. Devia era aproveitar aquele raro momento de alegria, antes que a realidade monstruosa caísse em sua cabeça novamente.
- Terra para Harry.
O moreno quase pulou ante a frase ecoada do seu lado. Então estreitou os olhos.
- Isso não tem graça Hermione.
Ao lado da garota, de mãos dadas, estava Rony. E ele ria um pouco.
- Você está mais distraído que o normal Harry, aproveite a festa! – seu olhar ficou sério – Por favor?
Os olhos verdes se reviraram.
- Eu já disse que eu estou bem.
- Mentiroso.
A voz de Hermione cortou direto em sua mente. Odiava quando ela estava certa.
- Gui!
Mas então, toda sua atenção foi desviada para a voz que ecoou no espaço do quintal da Toca, uma voz que não conhecia. Harry se virou e viu Gui ir até uma jovem e abraça-la apertado, quase a levantando do chão. Eles começaram a rir e conversar animadamente. Logo o noivo chamou Fleur e apresentou-a a jovem.
- Quem é ela?
- Não faço idéia. – disse Hermione.
- Ela me é familiar... – ponderou Ron.
A jovem logo entregou um presente de casamento e pediu licença aos noivos, vindo na direção deles, já que estavam ao lado da mesa de comidas. Harry aproveitou e observou-a atentamente.
Ela usava uma roupa bem diferente, uma espécie de vestido oriental de manga curta preto com flores vermelhas bordadas, os dois rachos de cada lado deixando a mostra um pedaço das pernas longas. Os cabelos eram pretos e compridos, presos numa enorme trança. Mas o que lhe chamou a atenção foram os olhos. Eles eram azuis faiscantes, lhe lembravam muito os olhos de...
- Ron! Você está enorme, há quanto tempo não nos vemos! – a jovem cumprimentou o ruivo, que ainda a olhava atordoado.
- Er...
- Você não se lembra de mim não é? Tudo bem, você era muito novinho quando eu vim aqui visitar o Gui, e foi só uma vez. – sorriu radiante e logo se virou para a garota – Você deve ser Hermione não é? A melhor aluna que Hogwarts já conheceu!
Harry realmente quis rir da maneiras que as bochechas da amiga coraram. Mas então aqueles olhos faiscantes pousaram sobre si.
- E você, claro deve ser Harry Potter. – ela estendeu a mão – É um prazer conhece-lo. Meu nome é Selene Dumbledore.
Nada no mundo o teria preparado para isso. Ele sabia que não só ele, mas Rony e Hermione também estavam de boca aberta, fitando a jovem como se ela tivesse duas cabeças. Selene riu.
- Acho que foi uma maneira equivocada de me apresentar, poucos me conhecem assim. – ficou séria e completou – Mas diante da situação que teremos, acho justo que saibam realmente quem sou.
Agora sim Harry sabia de onde lhe lembrava aqueles olhos. Eram tão azuis e faiscantes quanto os do diretor Dumbledore. Ele apertou o medalhão em sua calça, que carregava consigo o tempo todo, sua voz finalmente saindo, passado o choque.
- Mas...como?
- Aposto que não esperavam por essa né? Mas entendo. Pouquíssimos sabem que ele teve uma filha e muitos acham estranho eu ser tão...
- Nova? – sugeriu Hermione.
- Sim. – a morena sorriu – Eu me formei em Hogwarts junto com o Gui.
- É daí que eu me lembro de você! – exclamou Rony subitamente – Você passou as férias de verão aqui em casa.
Selene riu e pegou algo para comer.
- Acertou Ronzinho.
Agora Harry não se segurou, ele riu. Hermione ergueu a sobrancelha ironicamente.
- Ronzinho?
- Longa história, a mãe dele o chamava assim o tempo todo. – disse a morena, dando de ombros, como se não fosse importante. O ruivo tinha o rosto da cor dos seus cabelos.
Logo Harry voltou seus olhos para a jovem. Bebeu um gole do suco de abóbora para tirar a secura da garganta.
- Mas...o que lhe fez aparecer tão repentinamente?
- A morte do meu pai. E a missão que ele me deixou.
Os três ficaram em silêncio. Ela deu um gole em sua bebida e disse.
- Antes de morrer ele me enviou uma carta e foi bem claro. – seus olhos pousaram no moreno – Ajude Harry a encontrar e destruir as horcruxes.
Os olhos verdes pareciam querer saltar da cabeça de tanto que Harry os arregalou.
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- Como você sabe dessa história?
Foi a primeira coisa que Harry disse quando ele e a morena ficaram a sós. Depois do fim da festa, Molly deixara a jovem passar a noite na Toca e naquele momento Rony fora ‘visitar’ Hermione no quarto dela, dando privacidade ao amigo.
Selene agora usava uma camisola emprestada de Ginny, roupa que mal chegava aos seus joelhos. Ela sentou-se na poltrona, abraçando as longas pernas.
- Meu pai me contou tudo que você sabe. Nos comunicávamos por cartas, por um meio bastante seguro, afim de que o Ministério não nos rastreasse.
- E onde você esteve todo esse tempo?
- No oriente. Fui aperfeiçoar meus estudos sobre magia natural e evocações.
Harry piscou, confuso. Ela riu.
- Foi meu caminho escolhido após deixar Hogwarts. Nunca pensou nisso?
O moreno suspirou e desviou o olhar quando se lembrou de como queria se tornar Auror. Isso agora parecia fazer parte de uma outra vida.
- Não penso mais nisso. – disse por fim, voltando a encara-la – Bom, isso significa que você sabe que eu irei atrás das horcruxes e não pode me convencer a não faze-lo.
- Longe disso. – ela levantou-se da poltrona – Eu vou junto com você. Era o que meu pai queria que eu fizesse, afinal ele me informou de tudo que preciso saber sobre elas.
Harry levantou-se, ainda temeroso de confiar naquela jovem que aparecera tão repentinamente na sua vida.
- Eu parto amanhã. Estou indo para Godric’s Hollow
- Ótimo. Tenho uma pista que talvez comece por lá.
- Sério mesmo? Mas...como? – disse Harry impressionado.
- Tenho meus métodos. – disse misteriosamente, dando boa noite e saindo do quarto.
Quando a morena fechou a porta, o bruxo teve certeza que ela era filha de Dumbledore. Eles tinham a mesma irritante mania de deixar as coisas no ar.
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- Nós vamos com você. E nada do que disser vai nos convencer do contrário.
O grifinório grunhiu algo, indignado. Como Hermione tinha a audácia de dizer isso para ele? Aquele era um assunto seu e de mais ninguém!
- Nem tente Harry. – completou Rony, seu olhar determinado como o outro nunca vira.
- Deixe-os vir. Quanto mais gente melhor, é o que eu digo. – disse de repente Selene, encostada na soleira de entrada da Toca. Vestia calça jeans e uma blusa de manga comprida roxa, simples.
- Vai se intrometer nisso também? – comentou Harry irônico.
- Relaxe um pouco Potter. Eles são seus amigos e só querem ajudar. Além disso, eu também tenho o que dizer nessa história, esqueceu?
- E porque isso?
- Eles mataram meu pai. – disse apenas.
Harry nem tinha como argumentar contra isso. Ele bufou e apenas revirou os olhos.
- Ta, podem vir. Mas me prometam que quando eu pedir, vocês se afastam. – disse. Já bastava os adultos ficarem no seu pé querendo saber o que faria dali em diante.
- Só nos afastaremos se soubermos que você está a salvo. – disse Hermione e o seu tom fora definitivo, da maneira que convencia até ao moreno.
- Então vamos indo antes que a sua mãe apareça Ron. – comentou Selene.
- Vamos sim. – respondeu o ruivo.
Em completo silêncio eles se dirigiram ao quintal e logo aparataram de lá, Harry se segurando a morena, já que era o único que não fizera os exames ainda, apesar de já ter a idade certa para isso. A busca estava por começar.
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Godric’s Hollow atualmente era completamente diferente do que fora nos dias que precederam a morte da família Potter. Naqueles dias, era uma das vilas mais procuradas por bruxos jovens para iniciar suas famílias ou para morarem sozinhos, longe dos pais. O vilarejo tinha seus próprios encantos, com as ruas limpas de pedra, construções harmoniosas e um comércio agradável.
Mas isso fora antes de 17 anos atrás. O local que Harry e os outros observavam agora era como uma cidade fantasma. De fato, poucos moradores ainda tinham ficado no local após a morte de James e Lílian, mas desde que Voldemort voltara, o vilarejo fora abandonado outra vez.
O clima ameno na manhã daquele final de verão, não amenizava aquela leve névoa que encobria as ruas de pedra. Todas as casas estavam fechadas, com madeiras e feitiços nas portas e janelas, exceto pela prefeitura que ficava no centro do local. Mas ele fora abandonado também após a notícia da morte de Dumbledore.
- Foi aqui...que eu nasci? – perguntou o moreno para si.
- Acredite...era mais vivo esse lugar. – respondeu Rony, tentando conter um arrepio que aquele vilarejo lhe trazia.
- Precisamos ir para o cemitério. – comentou Selene – Quero mostrar algo a vocês.
Os três adolescentes concordaram e foram seguindo a jovem pela rua principal, observando o silêncio sepulcral que dominava naquele lugar. Chegaram a uma praça que ficava de frente para a prefeitura e tomaram o caminho da esquerda, onde se localizava um pequeno bosque, onde o cemitério fora construído. Aos poucos o sol surgia mais forte e a névoa começava a sumir, deixando o caminho mais claro.
Logo viram a clareira que estava repleta de lápides e flores, depositadas provavelmente pelos parentes dos mortos. O moreno seguiu por entre elas, sem esperar pelos outros, até achar o que procurava. Ajoelhou-se diante da lápide de seus pais, apertando a horcrux falsa dentro do bolso.
- Ela era bonita. – comentou Hermione num tom baixo, ajoelhando-se ao lado dele, seus olhos pousados na fotografia dos pais do grifinório dançando juntos em um baile, que estava sobre a lápide.
- Sim, era. – respondeu, sorrindo melancolicamente – Não sei como aceitou sair com alguém como meu pai. – disse, sorrindo ainda, lembrando-se do que vira na penseira no seu quinto ano.
- Talvez ele fosse agradável como você.
Harry voltou seus olhos para Selene, que parara ao lado da lápide. Rony a encarava.
- Porque nos trouxe aqui?
- Obrigada por me lembrar Ron. Aqui tem mais alguém morto além dos seus pais que você deve conhecer Harry.
O moreno olhou-a, confuso e os três seguiram com ela para uma lápide mais ao longe, de uma data mais antiga. O grifinório olhou para o nome por cinco segundos, antes de arregalar os olhos.
- Hepzibah Smith?!
- Te lembra algo? – disse a morena, num sorriso triunfante – Você sabia que ela morou aqui em Godric’s Hollow?
- O que? – o moreno voltou-se para ela.
- Hey, essa não é uma das últimas descentes da fundadora da Lufa-Lufa? – comentou Hermione.
- Inteligente como sempre querida. – sorriu – E ela tinha uma coleção de objetos raríssimos...incluindo uma taça dourada da própria Helga Hufflepuff e...
- Um medalhão de Salazar Slytherin. – completou Harry.
- Não acredito nisso? Aquele mesmo medalhão que está com você? – exclamou Rony.
- É isso aí.
A morena sorriu e então se virou para os três grifinórios.
- Nesta vila está nossa primeira pista: a hocrux conhecida como a taça dourada de Helga tem grandes chances de estar na casa de Hepzibah.
- Ótimo. É hora de visita-la. – disse Harry num tom sério.
CONTINUA
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