No ministério
Pela primeira vez na semana Harry acordou mais cedo que seu companheiro de quarto se vestiu silenciosamente para não acorda-lo, mais achou que mesmo se jogasse bombas de bosta no corredor, Ron não acordaria. Desceu as escadas silenciosamente e ao chegar no hall constatou que todos ainda dormiam, entrou na cozinha para preparar seu café e deparou-se com Gina, que se encontrava sozinha, sentada na mesa, abraçada a um embrulho, com os olhos muito vermelhos, denunciando que chorara a pouco:
- Gina você estava... – disse Harry comovido.
- Bom dia Harry, eu estava sem sono, então vim pra cá. – falou a menina tentando desviar o assunto – eu vou fazer o seu café da manhã. - Gina colocou o leite no fogo assim como a água para o café, e começou a preparar torradas. – Acho que os outros não vão demorar muito a acordar, sabe? – Harry percebeu que ela definitivamente não queria encará-lo. - Hoje é o seu teste de aparatação não, Harry?
- Eu imagino que você deve sentir muito a falta deles Gina.
- É eu sinto – duas grossas lágrimas escorreram pelo rosto da menina.
- Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu Gina, mas pense que pelo menos a sra. Weasley vai ficar bem, e se você quer saber, não deve demorar muito. – disse o menino tentando consolá-la. Gina fitou-o por alguns segundos com os olhos ainda marejados por lágrimas, antes de dizer:
- Você está enganado Harry, ela não vai melhorar. Ela não quer melhorar. – as palavras da menina surpreenderam Harry. Ele também achava que a sra. Weasley iria demorar um pouco até se recuperar do acontecido, mas Gina simplesmente pensava que a mãe não iria se recuperar. – ela prefere se entregar a dor do que viver Harry, e o pior, é que eu não posso culpá-la. Ela não vai melhorar, por mais que eu tente ter esperanças, no fundo eu sei que ela não vai conseguir. - Dizendo isso Gina retirou o leite, passou o café e colocou as torradas na mesa.
- Você precisa acreditar Gina, precisa ter esperanças. – falou Harry se sentando a mesa. A menina ia se retirando da cozinha quando Harry perguntou – você não vai comer Gina?
- Estou sem fome. – e dizendo isso a menina saiu deixando Harry sozinho, mas não por muito tempo, não demorou mais de cinco minutos até Harry ver que Ron e Hermione adentravam a cozinha.
- Bom dia Harry, você fez o café da manhã? – perguntou Hermione surpresa.
- Não, foi a Gina. – o menino parecia preocupado quando disse – sabe gente, eu estou começando a ficar preocupado, parece que ela está perdendo as esperanças. Parece que está se entregando ao sofrimento.
- Por que você acha isso Harry? Quer dizer, é obvio que ela está amuada desde a morte do papai, mas isso é normal, não? – Ron tinha um tom de censura na voz quando disse isso.
- Não é isso Ron. O problema é que ela não acredita que as coisa vão melhorar e isso me preocupa.
- Não esquenta Harry. – Falou Ron – Ela só precisa de um tempo, só isso.
- Eu concordo com o Ron, Harry – disse Hermione – ela vai se recuperar. – Harry decidiu encerrar o assunto ali, já tinha exposto suas desconfianças, e apesar de seus amigos não terem acreditado, eles não tinham ouvido o que Gina falara, nem como Gina falara, mas por hora nada podia fazer a não ser dar algum espaço pra menina. Não demorou muito até o resto dos moradores do Largo Grimmauld descerem para o café da manhã e na altura em que Quim Shacklebolt chegou na casa ( já que ele não morava ali ) Harry e Ron estavam muito ansiosos.
- Prontos para o teste, garotos? – perguntou o homem entrando na cozinha com animação.
- Bem, não, mas nós podemos ir se tiver na hora – disse Ron sentindo o seu estomago revirar.
- Vocês não precisam ficar nervosos – disse Quim enquanto Harry e Ron se dirigiam para o hall de entrada, ouvindo todos na cozinha lhes desejarem boa sorte. – Acredito que já aparataram antes, não?
- Pra falar a verdade, já. – dessa vez quem falou foi Harry. Ele tinha aparatado duas vezes no total, uma vez nas aulas que ele tinha nos sábados, em hogwarts, e a outra, como se lembrava muito bem, tinha sido com Dumbledore, no dia da morte do diretor. – mas eu não tenho certeza se vou me sair bem nesse teste, sabe, o nervosismo atrapalha bastante.
- Fiquem tranqüilos, vai dar tudo certo.
Harry, Ron e Quim pegaram o metrô, exatamente como no dia que o sr. Weasley levara Harry a uma audiência no ministério, ao invés de usarem a aparatação acompanhada. O resultado foi que quando chegaram até a ruela onde se encontrava a passagem para visitantes do ministério da magia, os três estavam bastantes atrasados.
-Me desculpem gente, eu não sabia que os meios de transporte trouxa demoravam tanto. – disse Quim enquanto eles penetravam pela rua deserta. Na opinião de Harry não eram os meios de transporte trouxa que eram muito lentos, mas os meios de transporte bruxo que eram muito rápidos, mais ele nada disse.
Eles se apertaram na cabine telefônica, e Quim retirou um pequeno papelzinho do bolso onde estava escrito um número de telefone, o homem discou o número e aparentemente a telefonista atendeu porque alguns segundos depois Quim estava se identificando:
- Quim Shacklebolt trazendo Harry Potter e Ron Weasley para um teste de aparatação. – Três pequenas etiquetas saíram do telefone e Harry percebeu sem grande surpresa que a cabine começava a descer lentamente, de fato, não se passou muito tempo até a rua onde os três se encontravam a poucos minutos atrás sumir do campo de visão do menino para dar lugar ao saguão de entrada do ministério da magia. Ron e Harry pregaram as etiquetas na roupa antes de saírem da cabine e passarem por uma bonita fonte de ouro no meio do saguão de entrada, Harry se recordava daquela fonte, ele mirou-a por algum tempo, conseguindo divisar no fundo de suas águas uma quantidade considerável de nuques, sicles e galeões que bruxos sempre jogavam ao fazerem desejos. Ele também, a mais ou menos dois anos atrás, tinha jogado várias moedas no seu leito ao ser absolvido em uma audiência no ministério, com essa lembrança revirou os bolsos a procura de alguma moeda, sem sucesso. Com algum pesar por não ter encontrado nenhuma moeda no seu bolso, e conseqüentemente não poder fazer nenhum pedido, Harry junto a Ron e Quim se dirigiram a uma balconista que recolhia as varinhas dos visitante, e esta pareceu chocada ao ver Harry deixando sua varinha com ela e indo em direção ao elevador. Na verdade não só a mulher mais todos que estavam no caminho acompanhavam Harry com o olhar, mas o menino não se incomodou, adentrou o elevador observando os conhecidos memorandos em forma de aviãozinho de papel sobre sua cabeça, e viu com apreensão que ele começara a se mover.
O menino sentiu o elevador começar a descer e seus pensamentos foram povoados por idéias um tanto quanto agourentas. Harry se lembrava da última vez em que estivera ali a alguns anos atrás, no mesmo dia em que Sirius morrera. Harry na ocasião se sentira culpado pela morte do padrinho, e apesar de já ter “superado” o sentimento de culpa, não conseguia evitar que seu peito doesse ao lembrar-se do acontecido. Estava completamente submerso em pensamentos infelizes de tragédias, quando foi tirado de seus devaneios por Ron, que havia lhe dado um cutucão, já que o elevador parara no andar de aparatação.
- Da última vez, eu fiz o teste em Hogsmead – disse Ron aflito entrando por um grande salão apinhado de gente.
- Eh, costumava ser lá. Mas quando Hogwarts foi fechada, o ministério resolveu transferir os testes e as aulas de aparatação pra cá. – Disse Quim enquanto tentavam encontrar sem sucesso, alguma cadeira vaga. – Bem meninos, acredito que afinal vocês não estão tão atrasados.
- Obrigado por nos trazer Quim. – disse Harry cordialmente, ele simpatizava bastante com o homem.
- Não foi nada garotos. Aqui, eu gostaria de esperar que vocês fizessem o teste, mas já estou muito atrasado para o trabalho. – Falou Quim, um tanto sem jeito.
- Não se preocupe com isso, não. Acho que eu e o Harry, conseguimos nos virar sozinhos daqui pra frente. – Ron tentava esconder seu nervosismo. Eles foram deixados sozinhos no meio de tanta gente, e Harry viu alguns rostos conhecidos no meio da multidão, certos alunos da sonserina que deveriam ser muito novos para terem feito o teste no ano anterior, e também Neville Longbotton, da grifinória como Harry e Ron e Ernesto Macmillian da lufa-lufa, de quem Harry gostava, apesar do seu jeito pomposo.
- Olá Ernesto, Neville. – Disse o garoto cordialmente, Ron também deu um oi abafado.
- Então, gente, como vão as coisas? – Disse Neville pesaroso – Eu soube do que aconteceu com o seu pai Ron. Eu sinto muito, foi realmente lamentável. – Ernesto abaixou a cabeça como em um sinal de respeito antes de falar:
- E a sua mãe foi internada, não foi Ron? Pelo que noticiou o profeta. Mais então como ele está?? – Antes de responder Ron notou o tom de fingido pesar com um misto de curiosidade na voz de Macmillian.
- Está bem, obrigada. – Um clima de desconfiança pairou pela sala e Neville mudou o rumo da conversa rapidamente.
- Humm.., então, acham que vão passar nos testes??
- Não sei Neville!! – Harry respondeu rápido ficando entre Ernesto e Ron. – Já aparatei duas vezes sabe, mas ainda tenho minhas duvidas se vou realmente conseguir, pelas exigências do ministério.
Neville assentiu com a cabeça e começou a andar de um lado para o outro, uma moça loira com vivos olhos castanhos entregou para eles um panfleto vermelho berrante com os riscos e as possíveis faltas que reprovam nos testes e Ron se sentou, correndo os olhos pelo papel parecendo cada vez mais assustado. Harry também não se sentiu muito bem ao saber que poderia deixar suas orelhas ou até mesmo baço e fígado para trás podendo causar até a morte. Nunca pensara que aparatar poderia ser tão perigoso e quando devaneava sobre as faltas que sua sorte o faria cometer a mesma mulher loira começou a dar as instruções:
- Bom dia! Eu sou Lisa Rice e vou explicar os procedimentos para todos os teste acontecerem da melhor maneira possível e com segurança. 1°- vocês serão chamados por duplas em ordem alfabética. 2° depois vão entrar por estas duas portas a minha direita e encontraram um instrutor a sua espera do outro lado. 3° ele os mostrara a área possível para aparatação de acordo com os três níveis exigidos pelo ministério. 4° não tentem aparatar fora da região exigida por seu instrutor. 5° Se acontecer algum acidente, tenham certeza que vão ser tratados da melhor maneira possível por medibruxos que estarão presentes no local. 6° receberam seu certificado ou horário para as aulas caso não passem instantaneamente quando estiverem terminado o teste e por ultimo mais não menos importante deveram sair por um corredor na lateral que termina no hall do ministério. Alguma pergunta?? Muito bem, então boa sorte para todos. Mary Anne e Mary Louis Across.- As gêmeas Across que Harry presumiu terem a mesma idade, como todos os presentes, que ele adentraram pelas portas um tanto quanto nervosas. Um tempo depois Lisa voltou a anunciar:
- Jack Blaine e Silas Bloom. Os dois garotos muito cheios de si entraram pela porta.
- Megan Carlton e John Carter. Megan e John, um garoto com cabelos muito castanhos e olhos expressivos. Também entraram. Muitos nomes depois:
- Luka Kovac e Neville Longbotton .Neville acenou para Harry e Ron com um tom amarelado na face e Kovac, um garoto alto com cabelos muito negros e bem bonitão fazendo-o se lembrar de Sírios quando jovem, lançou um olhar para a cicatriz de Harry um tanto quanto intrigado.
- Abby Lockhart e Ernesto Mcmillian. Ernesto se levantou e apertou a mão de Harry em forma de despedida esquecendo-se completamente de Ron, e Abby uma garota bem bonita de cabelos muito longos e castanhos seguiu para a porta com uma cara de enterro.
- Sam Newswave e Janice Owlly. Os dois ao que pareciam ser namorados se levantaram aos cochichos e ao chegar as portas se despediram com um beijo um tanto demorado.
Harry sabia que o próximo nome seria o seu e não se enganou quando ouviu a srt. Rice anunciar.
- July Pawtrol e Harry Potter. Harry deu tchau para o amigo e seguiu com July para as portas frente aos olhares de todos que pareciam não ter notado sua presença até o momento.
- Nervoso?? – ela perguntou antes de entrarem. – Que nada! - Respondeu ele tomando coragem e abrindo a porta.
Se viu sozinho em um corredor estreito, iluminado por archotes em ambos os lados, avistou um portal no final e apressou o passo, quando passou por ele se deparou com uma sala totalmente branca, tanto no teto como nas paredes e no piso, reparou em um homenzinho com cabelos muito brancos que mais pareciam feitos de algodão, usando óculos com aros bem grossos, vestes bruxa verde esmeralda com o logotipo do ministério no peito direito se aproximar e dizer um tanto quanto inconformado:
- Então sr.Potter?? Pronto para seu teste?? Eu sou o sr.Armstrong e vou te auxiliar.
- Hum.. acho que sim.., quer dizer..claro!!
- Vejo que está nervoso mais não tem porque se preocupar se estudou os 3 D’s e está preparado.Vamos começar então. – Harry não havia estudado os três D’s e muito menos estava preparado mais mesmo assim deu um passo a frente e disse – O que eu preciso fazer??
- É assim que se fala!! – disse o homenzinho que parecia muito desconfortável, embora Harry não soubesse o porque, ele então rapidamente conjurou uma linha a seus pés e um arco maior do que os que Harry havia praticado em Hogwarts. – Quero que se posicione nessa linha vermelha e aparate dentro daquele arco, se houver qualquer problema temos curandeiros prontos para ajudar. – e apontou para um banco ao seu lado esquerdo onde Harry viu três bruxos vestidos de branco sentados. – Não se preocupe, use o tempo que quiser.
O garoto se posicionou em cima da linha, visualizou o arco, fechou os olhos e se imaginou la dentro, lembrou-se dos três D’s, Determinação – Deliberação e Destinação, mas nada acontecia, nuca se sentira tão “sólido” em toda a sua vida abriu os olhos e viu que Armstrong o observava contrariado mais mudou rapidamente sua expressão ao ver que Harry o mirava desconfiado, então fechou novamente os olhos e tentou se concentrar mais nada que fizesse parecia move-lo um centímetro se quer, após decorridos 20 minutos o homem anunciou:
- Sinto dizer isso sr. Potter mas vejo claramente que o sr. não deve nem sequer saber aparatar e temo ter que te dizer o obvio, que você não passou no teste. – e conjurando um panfleto amarelo, entregando-o a Harry e disse. – O sr. vai ter que freqüentar as aulas de aparatação 3 dias por semana durante 2 mês e fará o teste neste mesmo lugar no final desse prazo. E se não passar terá mais uma chance mais se mesmo assim não conseguir estará claro que não é apto para utilizar esse tipo de magia e ficara proibido de aparatar em toda a Grã-Bretanha, podendo pagar severas penas se infringir essa lei.
Definitivamente Harry não sabia o que dizer, apenas assentiu com a cabeça e seguiu pelo caminho que os medibruxos lhe mostraram, passou pela porta lateral e deparou-se com o hall do ministério apinhado de gente, sentou-se ainda perplexo no primeiro banco que avistou para esperar Ron; não conseguia acreditar que não tinha passado nem da primeira etapa, ele já havia aparatado com Dumbledore por uma distancia enorme e apesar de ter falado para todos que estava receoso intimamente acreditava que conseguiria de primeira. Ficou encarando a porta pela qual saíra e minutos depois ela voltou a se abrir. Ron saiu radiante e disse:
- Eu passei cara, finalmente passei e vou esfregar isso na cara do Fred do Jorge!! Haa!! – Então Ron reparou na fingida cara de satisfação de Harry e controlando a alegria disse. – E você, passou né??
Não, mais tudo bem da próxima eu passo. – Depois de ouvir isso Ron tentou de todas as maneiras alegrar o amigo sem sucesso, mais como percebeu mais tarde era exatamente assim que se sentira quando falhara no seu próprio teste. E sabia que Harry ficaria assim por um bom tempo.
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