O COMEÇO DE TUDO: O CHAPÉU SEL



O COMEÇO DE TUDO: O CHAPÉU SELETOR


(With a Little Help from my Friends - Beatles)

"What would you do if I sang out of tune?
Would you stand up and walk out on me?
Lend me your ear and I’ll sing you a song
And I’ll try not to sing out of key

Oh, I get by with a little help from my friends
Oh, I get high with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends

What do I do when my love is away?
(Does it worry you to be alone?)
How do I feel by the end of the day?
(Are you sad because you’re on your own?)

No, I get by with a little help from my friends
Oh, I high by with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends"




01/SETEMBRO/1970

Antes que a turma de alunos do primeiro ano saísse completamente do controle, a Professora McGonagall foi até eles e tentou acalmá-los, explicando brevemente o que iria acontecer. Mas era uma missão quase impossível. A bruxa alta e magra, vestida de verde esmeralda, tentava fazer sua voz sobrepor-se ao murmúrio geral:

- ... A Seleção é uma cerimônia muito importante... Existem quatro Casas nessa escola, criadas pelos quatro fundadores. Sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão às aulas com os alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa... Cada Casa tem a sua história honrosa... Seus símbolos animais representam sua virtude característica principal: a mente aguçada da Águia representa a inteligência da Corvinal... o Leão, a coragem da Grifinória...

Os alunos novatos, ansiosos, não conseguiam ouvir mais do que uns fiapos da explicação, mas isso não fazia a menor diferença.

- Quietos, agora! Façam uma fila bem organizada, por favor! Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam. – Concluiu a professora, lançando um olhar severo na direção de um grupinho especialmente barulhento de meninos. Pouco a pouco, toda a turma foi fazendo silêncio, conforme a expectativa crescia. Depois de um intervalo, que pareceu de horas, a professora Minerva finalmente voltou e os colocou em fila para a entrada no salão. Imediatamente, o medo e a ansiedade de todos foram substituídos pelo deslumbramento.

Mesmo para aqueles que, sendo filhos e parentes de bruxos, já tinham ouvido falar muito sobre Hogwarts, a primeira visão do Salão Principal era uma emoção de tirar o fôlego. Havia de ser inesquecível aquela sensação, as portas se abrindo pela primeira vez. O Salão muito amplo, iluminado por milhares de velas flutuando no ar. O pé-direito muito alto, terminando num teto enfeitiçado para parecer, sempre, um lindo céu de noite enluarada. As quatro mesas muito compridas, onde os alunos mais velhos já estavam sentados, aguardando a cerimônia, cheios de expectativa. As mesas postas com pratos e talheres dourados. Misturados aos alunos, dezenas de fantasmas, brilhando feito uma névoa prateada. E, lá na frente, a mesa comprida e solene dos professores.

Enquanto os calouros admiravam, boquiabertos, todo aquele espetáculo, a professora tinha colocado um banquinho diante do primeiro da fila. Sobre o banquinho, ela colocou com cuidado um chapéu de bruxo, muito velho e remendado, que, para a surpresa da maioria dos novatos, começou a cantar. Assim que acabou, foi saudado por uma explosão de aplausos.

- Quando eu chamar seus nomes, vocês devem pôr o chapéu na cabeça e se sentar no banquinho para a seleção. Abbott, Helen!!

- LUFA-LUFA! – anunciou o chapéu, depois de uma pequena pausa.

- Black, Sirius!

- É a minha deixa, meninas... – sussurrou o garoto moreno, com ar galante, na direção das meninas logo atrás dele na fila.

Ao sentar-se, porém, ele perdeu o ar displicente. Fechou os olhos com força, apertou as bordas do banquinho e pensou “Sonserina, não, Sonserina, não!”

“Hmmm… Mas, que interessante! Sonserina, não, hein?- a vozinha sussurrou imediatamente em resposta. – Toujours pur ... A nobre e mais tradicional família Black... Você pode ser grande, você faz parte de uma longa tradição, você sabia, não é?”

“Sonserina, não! Eu odeio isso! Eu odeio essa mania de pureza! Sonserina, não, por favor!” – o garoto pensou, já tremendo de ansiedade.
“OK, então. Vejo que você tem muita coragem, meu rapaz... Tem uma mente aguçada... Tem muita vontade de provar seu valor... É capaz de tudo por um amigo… e há de ser implacável com os inimigos... Ah, com certeza, você vai ficar melhor na...”

GRIFINÓRIA!! – foi o só o que o resto do Salão ouviu depois de uma pausa longa.

Ao invés da explosão de aplausos, fez-se um silêncio cheio de espanto. Sirius se ergueu ainda trêmulo do banquinho e olhou de relance para a mesa da Sonserina, onde todos estavam boquiabertos. Sentiu o olhar penetrante da prima Bellatriz, um misto de desaprovação, espanto e curiosidade, dirigido a ele. O professor Slughorn, Chefe da Sonserina, sentado na mesa dos professores, parecia ter sofrido uma punhalada pelas costas. Mas Sirius estava tão feliz e aliviado que nada o incomodou. Nem a fraca recepção dos ainda espantados companheiros da Grifinória. Enquanto isso, a seleção continuou:

- Boot, John!!

CORVINAL!!

- Avery, Thomas!!

SONSERINA!!

E assim foi indo. Sirius, nervoso no seu canto e ainda desentrosado, aplaudia as escolhas.

- Lupin, Remo!!

“Você tem uma grande sede de conhecimento, eu posso ver isso. E um senso de justiça que seria muito adequado à Lufa-Lufa... Mas há muita coragem no seu coração… sim, coragem para encarar as dificuldades, o preconceito... Sim,! Com certeza, é isso o que eu mais sinto em você. Sem dúvida, seu lugar vai ser…” - a vozinha murmurou na cabeça dele, concluindo em voz alta:

GRIFINÓRIA!!

Ele se acomodou ao lado do garoto moreno que tinha provocado a maior comoção da cerimônia ao ser escolhido para a Grifinória. Com o coração batendo forte, ele recebeu uma acolhida animada do colega.

- Oi! Eu sou o Sirius Black... Mas não deixe que isso conte pontos contra mim... – o garoto completou rindo.

- Ah, oi! Eu sou o Remo... – o outro riu também. Já se sentia quase tão feliz do que quando tinha recebido a confirmação de que poderia, mesmo, ir para Hogwarts

- Pettigrew, Pedro!!

Um menino gordinho, o mais baixo de todos, engoliu em seco. O garoto tímido caminhou com as bochechas muito coradas até o banquinho e se sentou, com o Chapéu Seletor quase afundando na cabeça. Mas o que o Chapéu enxergou foi uma coisa muito diferente.

“Hmmm... Mas que interessante! Muito interessante!! Você vai fazer parte de algo grande, garoto! Você terá que fazer escolhas de muita coragem... Para o bem ou para o mal... Para trazer as Trevas, ou a Ordem... Escolhas muito, muito importantes! Você tem muita coragem, por incrível que pareça! Afinal, é preciso coragem para escolher, para lutar ou trair... Pode parecer estranho, mas seu lugar é na...”

GRIFINÓRIA!!

O garoto desceu do banquinho, ainda suando, para se juntar aos colegas que aplaudiam entusiasmados, com uma única certeza: nunca diria a ninguém o que o chapéu tinha lhe dito.

- Potter, Thiago!!

“Ah! Vejo que o garoto Black vai ter um parceiro à altura! Você tem a mente aguda da águia, uma inteligência privilegiada, garoto! Vejo muito talento em você! Poderia se dar muito bem na Corvinal, sem dúvida… Muito orgulhoso, também... Mas tem o coração de ouro... leal e justo... tem a coragem do leão! Com certeza, seu lugar é na...”

GRIFINÓRIA!!

Os quatro garotos sorriram e se cumprimentaram. Felizes e famintos, os quatro começaram a atacar o banquete, enquanto conversavam animados. Nenhum dos quatro nunca tinha se sentido tão feliz na vida.

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