Testando Os Nervos

4 Testando Os Nervos



– Mione! Acorda Mione! – Gina tocava de leve no ombro da amiga, com medo de mais uma explosão igual à do almoço.


Hermione abriu as órbitas castanhas para dar de cara com os olhos verdes de Gina. Será se já era de manhã?


– Você dormiu a tarde toda. Fui te procurar na biblioteca, mas não te achei por lá. Quando vim no dormitório dei de cara com você dormindo. – Gina encarava a amiga preocupada – Fiquei preocupada, você não assistiu nenhuma aula da tarde.


Hermione não conseguiu absorver tudo o que Gina falara, ainda estava com sono e sentiu seu coração apertar quando a outra lhe disse que perdera todas as aulas da tarde. Espreguiçou-se lentamente para logo em seguida dar um pulo assustado da cama ao reparar que já era noite.


– Que horas são?

– Quando eu subi aqui eram 7:00.

– Já está na hora. – Hermione trocou de roupa rapidamente sob os olhos tristes de Gina – Desculpa Ginny pelo que eu falei. Não queria te deixar sem graça. De toda essa história você é a única que está me dando apoio.

– Não Mi. Eu que te devo desculpas. Você tem razão em tudo o que falou. Sei lá, acho que é a euforia pelo começo do namoro. – ela olhava para os próprios pés.


Hermione olhou tristemente para a amiga. Ainda sentia umas pontadas de ciúmes quando via os dois juntos, mas não podia simplesmente culpá-la por tudo como havia feito mentalmente quando soube durante as férias que dois dos seus melhores amigos começaram a namorar. Nunca confessara a Gina o que sentia por Harry, talvez por medo, talvez por receio. Mas sempre soube que Gina o amava, e isso a machucava muito. Não queria disputar Harry com a sua melhor amiga e se sentia um traste por todas as vezes que culpou Gina por Harry tê-la preferido. Devia ter ficado feliz com a notícia, sabia o quanto a sua amiga desejara por isso todos esses anos, o quanto o amara silenciosamente como ela também fazia, o quanto chorou quando a babaca da Chang estava saindo com ele. Nunca teve a coragem de dizer nada a ela e isso a machucava, a torturava.


– Sabe você a minha melhor amiga e eu não quero perder a sua amizade. É como se fosse a irmã que eu nunca tive. Isso faz falta quando se tem seis irmãos homens. – ela levantou os olhos marejados para encarar a castanha.

– Deixa de ser boba ruiva, você sabe que sempre vai ter a minha amizade.


Hermione não sabia bem o que fazer, simplesmente deu um abraço na amiga. Já há algum tempo afastara-se um pouco de Gina por tudo o que estava acontecendo, e sentiu-se uma boba por isso. Os olhos de Gina mudaram rapidamente de uma expressão triste para uma curiosa.


– Mas está na hora de quê? Vai se encontrar com o Miguel? Você sabe que não é correto ficar andando à noite pelo castelo.

– Não se preocupe Sra. Weasley – Gina sorriu com a comparação da amiga – não é com o Miguel que vou me encontrar, infelizmente. – sentiu-se triste por lembrar que não o viu durante todo o dia.

– Você está pensando em ir aonde?

– Ah, isso é uma longa e desagradável história. Eu te conto quando voltar, agora não posso.

– Mione, você sempre faz isso quando eu quero saber das coisas. Eu já te disse que sou curiosa, e você parece que adora me torturar.

– Olha que a curiosidade matou o gato.

– Hum. – Gina se olhou no espelho e deu um sorriso divertido para a castanha – Eu acho que não pareço muito com um gato. – Hermione sorriu para a ruiva que agarrou suas vestes com impaciência – Ai Mi, não vai mesmo me contar? – choramingou

– Olha, eu prometo que conto tudo assim que chegar, mas agora não dá mesmo. Não posso chegar atrasada.

– Ok ok, eu desisto. Mas não pense que vai escapar de mim quando chegar. – Hermione já atravessava a porta do dormitório quando escutou mais uma vez a voz de Gina. – Eles estão preocupados com você. – a castanha se deixou encostar-se à porta – Não que eu ache que eles estejam certos com todo esse ataque de ciúmes, mas não podemos esquecer que acima de tudo eles se importam com você.

– Eu sei disso. – suspirou – Mas essa é uma forma bem irritante de demonstrar preocupação. – ela já ia descendo as escadas quando escutou mais uma vez a voz de Gina.

– Talvez fosse melhor vocês três conversarem. Eles estão agora no Salão Comunal, seria uma ótima oportunidade.

– Depois eu converso com os dois, agora estou realmente atrasada.


Ela desceu as escadas correndo, fazendo cálculos mentais de quanto tempo demoraria para chegar à Sala de Teatro, não prestando atenção aos dois amigos sentados em duas poltronas que ficavam em frente à lareira. Rony foi o primeiro a falar, cruzando os braços e fazendo uma cara que não se saberia identificar se era de pai ou de irmão mais velho.


– Onde você está indo Mione? – Rony levantou de uma vez da poltrona assustando a castanha, que já ia correndo em direção à saída. – Você não está pensando em se encontrar à noite com aquele viad... – Harry lhe interrompeu com uma cotovelada – digo, com o Corner, está? – os dois esperavam pela resposta da amiga, um pouco apreensivos.

– Não, não é bem essa a minha intenção agora. – os dois respiraram aliviados. Hermione sorriu maliciosa. – Mas até que seria uma boa idéia. – dessa vez ela correu em direção ao retrato da Mulher-Gorda antes de qualquer outra objeção por parte dos amigos.

– Essa menina quer nos enlouquecer? – Harry olhava para o amigo com o cenho franzido, tentando encontrar calma onde não havia.

– Hoje de manhã, quando me olhei no espelho, vi pelo menos uns dez fios brancos ao invés de ruivos. – o moreno tentou segurar o riso – E parece que desde sábado esse número aumenta mais. – ele caiu de uma vez na poltrona.

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Hermione corria feito uma louca pelos corredores de Hogwarts. Se McGonagall já estivesse na sala era bem capaz dela levar mais um precioso sermão, e pior, na frente de todos.
Ela chegou à porta ofegante. Pensou em bater, mas algo a impediu: uma melodia que parecia tímida no início, mas que se intensificara logo. Era um som de um piano. Ela se deixou ficar na porta apenas admirando a melodia, que invadia seus ouvidos de uma forma doce e inebriante.
E ficou ali, parada em frente à porta, admirando a música que alguém de muito bom gosto tocava, e travando uma batalha interna para decidir se abriria a porta ou não. Talvez devesse saber quem estava tocando, talvez não. E se essa pessoa se assustasse? Pararia logo de tocar... Mas a curiosidade foi maior.

Quando Hermione se deu conta, já estava dentro da sala. Olhou em volta e não viu ninguém, exceto o piano que estava em um local mal iluminado e afastado do centro da sala. Não conseguia ver quem tocava tão bonita canção, talvez devesse se aproximar mais...

Ela foi se aproximando devagar, com receio de que a pessoa percebesse sua presença e parasse de tocar aquela música apaixonante. Aproximou-se mais... Já estava tão perto de descobrir quem era afinal. Quando chegou perto pôde ver de quem se tratava... aqueles cabelos loiro-platinados eram totalmente reconhecíveis seja onde estivesse.

Simplesmente não conseguia se mover. Era inacreditável que um sujeito tão tosco quanto Draco Malfoy soubesse tocar piano tão bem, e de uma forma que ela não conseguia parar de olhar... e de ouvir. “Será se é ele mesmo?” Era um som que a deixava flutuando, com a sensação de que tinha asas. Caramba!! Como é que ele conseguiu??

Ele parecia ter notado a presença de mais alguém na sala e logo parara de tocar. Se levantou do banco para encarar quem quer que fosse. Mas ao perceber de quem se tratava logo sua face se contorceu em uma expressão de puro sarcasmo e ironia.

– O que foi Granger? Agora deu pra me espionar? – ele cruzou os braços, mantendo sua expressão fria. A castanha continuava quieta com o efeito da sua descoberta. – O seu gato pulguento mordeu sua língua?

– “É ele mesmo!” – Pra início de história eu não estava te espionando. Vê se te enxerga! Eu tenho mais o que fazer. – alterou a voz. Era incrível como ele conseguia deixá-la com raiva depois de tudo que a música lhe causara. – Se estou aqui é por que McGonagall queria que chegássemos cedo e não por que estivesse a fim de ouvir esse troço que você estava tocando.

– Esse troço que você parecia estar gostando. – o sorriso de canto de lábios mais uma vez se fez presente – Vamos Granger, confesse. Você está apaixonada por mim!

– Eu... eu... TÁ DOIDO? NEM MORTA! – ele tentava abafar um riso, mas não conseguiu.

– Nem morta confessa? – sorria cínico

– Nem morta me apaixono! – cruzou os braços em sinal de irritação.

– Tsc tsc... Não se preocupe não te culpo por se apaixonar por mim. – olhava para ela com desdém – Eu sei que sou irresistível!

– Realmente você pirou Malfoy! O seu lugar não é aqui em Hogwarts e sim babando em cima de uma cama no St. Mungus. – ele ria do comentário da castanha deixando-a ainda mais irritada. – O que te faz pensar que eu poderia ser demente o suficiente para me apaixonar por um monte de excrementos de trasgo que nem você?

– Se eu sou um monte de excrementos de trasgo, tenho que dizer que sou o excremento mais bonito, cheiroso e gostoso que existe. – ela revirou os olhos – Então, me diz por que estava com cara de retardada ainda agora? – ela foi abrir a boca para contestar, mas ele a cortou – Eu sei que é o efeito que eu causo sobre as mulheres. Mas infelizmente esse efeito não sabe selecionar muito bem. – passava as mãos nos cabelos sedutoramente. – Esse meu charme enlouquece qualquer garota.

– Não sei como alguém pode achar que um verme tão asqueroso e nojento pode ter sequer um pingo de charme.

– Hahahahahaha... Você é muito engraçada! – Hermione bufava de raiva – Vamos Granger, pode dizer que me ama. Prometo que não vou contar pra ninguém. – fez biquinho – Eu sei que está apaixonada por mim. Mas sinto muito não pode corresponder. Não gosto de me envolver com meninas trouxas do cabelo de vassoura... mais especificamente você! – apontou para a garota à sua frente.

– MALFOY CALA ESSA BOCA! – bufava de raiva. Tentar se acalmar com aquele loiro antipático em sua frente era uma tarefa impossível. – VOCÊ TÁ MERECENDO É LEVAR UM TAPA IGUAL ÀQUELE DO TERCEIRO ANO!

– Há-há-há! Essa eu quero ver! – disse com desdém

– NÃO ME PROVOCA OU VAI DESEJAR UM DIA NÃO TER ME CONHECIDO!

– EU JÁ DESEJO ISSO HÁ MUITO TEMPO! – lançou um olhar desafiador para a garota – O que está esperando? Estamos só nós dois aqui!


Hermione apenas bufava de raiva. Pensou em apalpar as vestes para ver se encontrava a sua varinha, mas logo lembrou que deixara no quarto. E isso só fez sua raiva aumentar.


– Eu sabia! – ele começou a rir descontroladamente – Você não é de nada Granger. Não consegue bater nem em um mosquito.

– CALA ESSA BOCA IMBECIL!

– VEM ME CALAR SE TEM CORAGEM!


Hermione não pensou duas vezes antes de avançar em Draco. Os dois caíram no chão da Sala de Teatro: Hermione tentando bater em Draco e Draco tentando segurar as mãos de Hermione. Hermione estava por cima de Draco, tentando bater nele com toda a força possível, e Draco apenas ria das tentativas da castanha, deixando-a mais possessa ainda.
Draco rolou por cima de Hermione tentando prender as mãos dela no chão. Mas ela foi mais rápida e rolou por cima dele socando-o com toda a força. E ficaram um rolando por cima do outro pela sala, esquecendo que a qualquer momento a vice-diretora chegaria com os outros alunos.
A castanha já nem se importava mais se estava em cima do loiro ou não, só queria bater no lugar que conseguisse alcançar. Draco tentava de todo o jeito segurar as mãos da castanha que parecia descontrolada. A troca de posições já estava deixando os dois ofegantes, mas eles não parariam por nada. Hermione já estava em cima de Draco quando ele conseguiu segurar as suas mãos. Ela estava com as pernas em volta da cintura do loiro. Ele segurou os braços dela com tanta força que era inútil conseguir se livrar, em resposta ela o apertou com as pernas com toda a força que lhe restara, arrancando dele gemidos de dor. Ele num impulso conseguiu agarrar os dois braços dela com uma só mão, e com a outra tentava a todo custo tirar as pernas dela em volta da sua cintura. E cada vez que ele apertava mais o braço da castanha para fazê-la parar, ela o prendia ainda mais com as pernas, fazendo com que seu gemido de dor ecoasse pela sala vazia. Estavam tão envolvidos na briga que não reparam na situação em que se encontravam.


– MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – pelo jeito a sala não estava mais vazia.


Draco e Hermione gelaram ao ouvir a voz da professora e o riso de alguns alunos. Só aí que perceberam a situação em que estavam: Hermione, descabelada e com a saia um pouco levantada, estava sentada em cima de Draco com as pernas flexionadas em volta da cintura dele; Draco, com a metade dos botões da camisa abertos, estava deitado no chão embaixo de Hermione, segurando os braços dela com uma mão e com a outra a apertando a coxa esquerda da garota.
Havia cerca de sete alunos na sala, e todos olhavam boquiabertos aquela cena de tão duplo sentido. Minerva parecia chocada. Não podia acreditar que seus dois monitores-chefes estavam se agarrando em meio à Sala de Teatro.
Em meio a toda essa confusão, Hermione foi a primeira a se recuperar do choque.


– Professora... não é... nada disso... que a senhora... viu. – dizia ofegante se levantando de cima de Draco.

– Então me diga o que vi, senhorita. – a professora cruzou os braços e batia os pés no chão com impaciência.

– Eu... bem, é que... bom... nós... – a grifinória tropeçava nas palavras, não conseguindo pensar em uma desculpa sequer.

– Nós só estávamos ensaiando para a peça. – a castanha lhe fuzilou com o olhar

– Eu não sabia que teríamos cenas de espancamento. – uma garota do 4º ano da Corvinal sussurrava entre risos para sua amiga.

– Ou talvez de sexo selvagem. – ela sorria maliciosa, a outra tapou a boca para abafar os risos – Ora! Vai me dizer que não ouviu os gemidos?

– Sr. Malfoy, por acaso acha que eu nasci ontem? – Draco quase ia respondendo um “Tá na cara que não”, mas achou melhor ficar calado – E faça o favor de ajeitar a sua camisa! – as meninas suspiraram indignadas – Vocês não têm vergonha do que fizeram? Mas que cena deprimente! – ela levou as mãos à boca – Como tiveram a coragem de se comportarem desta forma sabendo que outros alunos estavam prestes a chegar? Vocês querem manchar o nome de Hogwarts com esse comportamento?

– Olha, professora...

– Silêncio Srta. Granger. – disse ríspida, fazendo Hermione corar até o último fio de cabelo – Não quero que haja interrupções até que eu termine o que tenho de falar. – ela olhou para os dois monitores que pareciam apreensivos com qualquer coisa que ela pudesse dizer naquele momento, e temerosos pelo risco de perderem o cargo mais almejado pelos alunos da escola: a monitoria-chefe. – Como eu estava dizendo, essa é uma escola de respeito. Vocês acham que Hogwarts tem todo esse respeito à toa? Essa é uma escola tradicional que preza pela educação do aluno. Nós cultivamos essa imagem há séculos, e vocês querem destruí-la em segundos. Eu como vice-diretora, e atualmente diretora substituta, devo dizer-lhes que estou chocada com o que vi... – Hermione desviou a atenção da professora para mirar duas alunas da lufa-lufa que a encaravam e cochichavam sem parar. Talvez cochichassem coisas sobre Miguel. E porque não? Quem sabe era melhor contar à professora o que realmente estava acontecendo. E se amanhã espalhassem que ela estava com o Malfoy? Miguel não ia querer mais olhá-la, e isso ela não queria de jeito nenhum. O que seria melhor? Ouvir os gritos de McGonagall agora ou ter que encarar todo mundo amanhã como a galinha de Hogwarts? Logo com o Malfoy... isso seria a morte. – Então, quero uma explicação agora mesmo para este incidente lastimável.

– Bom professora, é que... bem, eu e o Malfoy estávamos discutindo, e como ele é sempre esse ser tão insuportável, ele acabou brigando comigo. – ela abaixou a cabeça com a maior inocência possível. “Talvez fosse bom o Malfoy se ferrar um pouquinho, só pra variar o meu dia.”

– Eu? Tá doida? Essa doida aí que avançou em cima de mim! – ele apontou pra Hermione que continuava com seu fingido ar inocente – Só porque está a fim de mim, não quer dizer que estou disponível, Granger. – ele disse com seu costumeiro sorriso de canto de lábios, arrancando Hermione do seu fingido ar calmo.

– EU? HÁ-HÁ-HÁ! EU TENHO AMOR A VIDA SE QUER SABER! E FOI VOCÊ QUEM ME PROVOCOU PRIMEIRO!

– VOCÊ QUE AVANÇOU EM MIM AQUI, ENTÃO A VÍTIMA AQUI SOU EU!

– QUERO OS DOIS CALADOS JÁ! – McGonagall colocou as duas mãos sobre o peito procurando por ar. “Ai meu Merlin, ela vai enfartar, ela vai enfartar... Sabe, até que não seria uma má idéia.” – O que vocês dois tem na cabeça? São dois monitores-chefes e não foram escolhidos à toa para esse cargo. É a segunda que vocês me aprontam neste dia, nunca pensei que dois alunos pudessem me trazer tanta dor de cabeça. Querem perder os seus postos? – eles balançaram a cabeça negativamente. – Pois se não querem façam por onde! Vocês não são mais crianças, são dois adolescentes de 16 anos e muito breve conquistarão a maioridade. E pretendem ficar para sempre nessa briga boba? Não estou pedindo para que sejam amigos, apenas se tolerem. – eles se olharam de forma assassina – Pois bem – ela olhou para toda a sala – quero todos sentados agora. Vamos começar o que já deveríamos ter começado há alguns minutos.


Logo todos os alunos procuraram seus lugares. Sentaram no chão fazendo uma roda ao redor da professora para que todos tivessem uma visão melhor. Hermione procurou o lugar mais afastado possível de Draco, que não hesitou em fazer o mesmo.
Milhares de pensamentos rondavam a mente da castanha. Como era possível que aquele sonserino tão irritante conseguia tirá-la do sério só com um sorriso de canto de lábios? Como era possível conter a vontade de esganá-lo todas as vezes que ele fazia isso? “Como é possível que um imbecil daquele toque um piano tão bem? Ai Hermione, que horror! Ele não toca nada bem. Desafinou o tempo todo. E aquela música, aquela música... ahhh aquela música. AQUELA MÚSICA HORROROSA!”. Os pensamentos de Hermione foram interrompidos pelos olhares de dois primeiranistas da Corvinal, que ainda estavam rindo do sermão de McGonagall. Ela se limitou a lançar um olhar de desprezo para os dois, fazendo-os pararem de rir.
Olhou ao redor da sala. Ninguém, simplesmente ninguém da Grifinória. Será que ela teria que agüentar essa barra sozinha?


– Bom, conforme já adiantei hoje pela manhã para a srta. Granger e o sr. Malfoy, este ano Hogwarts proporcionará um encontro entre as três escolas bruxas mais importantes: Beuxbatons, Durmstrang e obviamente Hogwarts. – logo começou um burburinho na sala. A professora pediu silêncio e todos os alunos obedeceram imediatamente – Queremos proporcionar uma interação maior entre elas, e por isso resolvemos dar um pequeno baile. Convidamos os diretores das respectivas escolas. A data já está decidida, será 05 de outubro, assim teremos tempo suficiente para ensaiar a peça que será apresentada no dia.


– Mas professora, não teremos tempo suficiente. Isso é só um pouco mais de um mês! – Hermione falava escandalizada para a professora, que fazia pouco caso do comentário da grifinória.

– Para mim isso é tempo suficiente Srta. Granger! – disse ríspida, e continuando logo antes que outro aluno fizesse algum tipo de objeção quanto a data – O prof. Dumbledore já está viajando e fazendo os devidos convites e eu estarei aqui o substituindo na diretoria e ensaiando com vocês. – ela deu um sorriso amável para os alunos – A peça que iremos ensaiar será o grande clássico Pour Toujours Nous Deux. Como vocês já sabem, eu recomendei esse livro na lista de materiais desse ano e espero que todos tenham lido. – todos fizeram que sim com a cabeça, mas Hermione era a única que permanecia paralisada.


“Que livro doido é esse? Ela tá pirando?”


– Tenho que informar a todos que no final haverá uma prova somente para vocês em relação ao livro. Quero que saibam tudo: os personagens, a vida deles, os conflitos, os costumes, tudo, absolutamente tudo, até o que comiam o que bebiam o que faziam. Resumindo, quero que saibam de cada linha do livro. – nesse momento Hermione congelara. Todos pareciam tranqüilos e só ela estava apreensiva, ou era somente impressão? – E essa prova vai poder ajudar muito vocês se saírem-se bem, ela valerá metade de todas as notas das próximas provas. Caso contrário, metade de todas as notas serão tiradas, e isso pode muito bem implicar em uma reprovação instantânea. – Hermione parecia a única preocupada com tudo aquilo. A palavra reprovação ecoava na mente dela.


“Será se tão percebendo que eu tô peidando colorido aqui? Parece que eu sou a única que não sabia da existência desse livro! O que aconteceu pra eu não ver esse maldito livro na lista de materiais? Ah sim, claro, eu não vi a lista de materiais. Meus pais pegaram e foram direto comprar tudo sem mim, mas pelo visto esqueceram da porcaria do livro! Mas o que deu em mim pra não ler essa merda dessa lista? Isso não é comum, eu sempre leio primeiro, sempre vou comprar com os meus pais... Mas é claro Hermione, você estava muito ocupada chorando trancada no quarto depois de ler a carta do Harry onde ele narrava o início do seu romance (digno de conto de fadas) com a Gina. Sim, você estava se debulhando em lágrimas com a porra da carta na mão enquanto seus pais estavam comprando todos os seus materiais E ESQUECENDO DESSA BOSTA! Acalme-se Hermione, agora você já está ferrada mesmo! Isso é por acaso um complô de Merlin contra mim? O que eu fiz? Colei chiclete no túmulo dele por acaso? Harry, por que diabos você tinha que mandar essa carta fdp justamente no dia de receber essa bendita lista? Aiiiiii, mas eu ainda mato esse menino-que-sobreviveu!”


– É muito importante que saibam muito bem de tudo para ter um bom desempenho na prova. Espero que tenham se deliciado com a historio do livro, é muito emocionante. – McGonagall olhava sonhadora para qualquer ponto da sala.

– Esse troço é muito meloso, bahhh!! – Draco murmurou para um aluno do quinto ano da Sonserina, que pelo visto parecia ser o único garoto da mesma casa, fazendo uma careta de nojo. Mas conseguiu falar alto suficiente para tirar a professora do transe em que se encontrava.

– Como meloso Sr. Malfoy? Isso é um clássico francês! – fuzilava o loiro com o olhar – Está há semanas na lista dos best-sellers do Profeta Diário, foi o livro mais aplaudido pela crítica nas últimas décadas, e o senhor o chama de meloso? – Draco olhava para a professora com a cara entediada como se esperasse por mais um sermão do dia – Eu não entendo onde anda o senso crítico dos alunos. Vocês por acaso não têm noção do que é arte? Tenho absoluta certeza de que nós, professores de Hogwarts, sempre soubemos cultivar da melhor forma o dom artístico dos alunos, a sensibilidade para perceber o que realmente é uma obra de arte. E isso que o senhor chama de troço meloso é uma obra de arte, e das mais belas que já vi. A emoção que você sente ao ler cada linha, ao passar cada página, é indescritível. – ela abandonara o tom ríspido para ficar passeando pela sala, com um sorriso nos lábios, de forma sonhadora. Olhava para o teto como se lembrasse de coisas passadas – A sensação de ser transportado para um outro mundo, lembranças afloram sua mente, arrepios passam pela sua pele... – ela apagou o sorriso ao ver que tinha exagerado na sua explicação – Hum-hum. Como eu estava dizendo, esse livro não tem nada de meloso, é apenas romântico.


“Eu quero morrerrrrrrr!!!!! Ai droga, eu vou reprovar, eu vou reprovar, eu vou reprovar... Chega sua idiota! Respira, respira, respira... EU ME F*DIIIIII!! Ai caramba, eu vou reprovar! O que eu vou fazer? Só se eu me jogar de uma ponte, ou da Torre de Astronomia, ou talvez me enforcar no meio da Salão Principal! E o que iriam escrever no meu túmulo? ‘Aqui jaz Hermione Jane Granger, a garota mais burra e fdp de toda a história bruxa. Conseguiu o mérito de reprovar na primeira prova da escola’ Mas que porra é essa? Tá todo mundo contra mim? Me jogaram macumba? Por que eu acordei hoje?”


– Ah, e antes que eu esqueça Srta. Granger? – a castanha olhou para a professora com medo de mais um sermão. “Tudo, menos um sermão. Ai meu Merlin eu lhe imploro, que ela fale qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, menos mais um sermão. Eu não agüento mais! Ela pode falar qualquer coisa que eu tô rindo, mas, por favor, EU NÃO QUERO MAIS SERMÃO!!!” – Você vai cantar no final da peça. – Hermione arregalara os olhos.


“CADÊ O SERMÃÃÃÃOOOO!! Ô língua de trapo! O que é que eu fui pedir pra Merlin? Quando eu peço que o Malfoy se exploda ele não me atende, todas as vezes que pedi pro Harry se apaixonar por mim ele não me deu ouvidos, quando eu quero que o Snape seja abençoado com uma potente dor de barriga ele finge que não me escuta, quando a Chang beijou o Harry e eu pedi pra língua dela cair ele não me atendeu! É impressão minha ou ela tá se divertindo com a minha cara?”


– Mas eu tenho uma péssima voz!

– Não seja modesta! Eu sei que tem uma voz perfeita. Eu encontrei os seus pais comprando os seus livros na Floreios e Borrões e conversamos bastante. Eles me contaram que você já fez aulas de canto e que quando pequena cantava no coral da Igreja. – alguns alunos riram fazendo com que Hermione ruborizasse.

– Isso faz muito tempo.

– Eles me disseram que em todas as férias você sempre dá uma canjinha na igreja. – ela deu uma piscadela pra Hermione que a única coisa que queria fazer era sair correndo daquele lugar antes de acabar tendo que confessar que se vestia de anjinho – Então não tem desculpa. Por acaso achou que lhe escolhi para esse papel à toa? Não, de jeito nenhum, você é perfeita para o papel.


“Os meus pais querem me ferrar? Caramba, eu pensei que pais servissem para ajudar a melhorar a vida dos filhos e não pra piorar de vez. O que mais eles disseram? Que me vesti de coelhinho na Páscoa?”


– A Granger cantando? Hahahaha, vai estragar a peça. Tenho que lembrar de usar um tapador de ouvidos. – Draco falara baixo, mas com a intenção de Hermione escutar. Ele tinha que piorar as coisas mais ainda?


Hermione tentou ignorar o comentário de Draco senão era capaz de voar no pescoço dele, e mais um escândalo era o que menos estava precisando naquele momento.


– E a senhora poderia me dizer qual a música que ela canta pelo menos? – tentou controlar o máximo possível o tom de voz, nunca pensou que pudesse ser uma tarefa tão complicada.

– No livro só diz que ela canta uma música, infelizmente não diz qual é. – Hermione se desesperou por completo. O que ia fazer agora? Pular no pescoço de Minerva não seria uma má idéia.

– Então, isso quer dizer que...

– Isso quer dizer que vai ter que inventar alguma música. – “Me mata logo!” – Confio na sua criatividade. Não é por acaso que é a aluna mais inteligente do sexto ano.


“Pelo que eu saiba inteligência não tem haver diretamente com criatividade! Ela quer me matar? Por que ela não pega a varinha e joga logo um avada? É muito mais rápido e prático, porque desse jeito ela tá me deixando loucaaaa.”


– Aqui estão os papéis de cada um. – ela passou pela sala entregando para cada aluno um bloco de papéis – Aí estão todas as falas. Quero todas as falas decoradas. Se houver um deslize sequer no dia, perderá de imediato o direito de fazer a prova. Quero que tudo saia perfeito, caso contrário se verão comigo. – a sala ficou em completo silêncio. A profa. McGonagall realmente sabia como assustar um aluno.


Hermione lia e relia os papeis que acabara de receber das mãos da professora, e definitivamente não entendia nada. Ela se repreendia por tudo isso, deixara de assinar o Profeta Diário desde que começara os ataques constantes e diários à Harry, e ela odiava todas as vezes que abria o jornal pela manhã e via sempre as mesmas piadas com relação ao amigo. Ficou totalmente desinformada do que acontecia na Londres bruxa na época de férias, e agora ia sofrer as conseqüências por não saber da história de um livro do qual nunca ouviu falar.


– Eu quero tudo isso decorado para logo. Quero que tudo esteja na mais perfeita ordem no dia dessa apresentação, e mostraremos que somos uma escola de talentos. – todos os alunos concordaram com a professora, mas Hermione era a única que continuava paralisada sem saber exatamente o que fazer – Agora podem ir. O nosso próximo encontro será em breve, comunicarei a todos. Até amanhã, e tenham uma boa noite de sono. – todos os alunos já se dirigiam à porta quando a professora falou novamente – Sr. Malfoy e Srta. Granger, quero que permaneçam.


Eles paralisaram onde estavam. Será se ela ainda não estava satisfeita com a sessão de sermões durante o dia? Ia querer fazer isso a noite toda também?
Eles dois voltaram o caminho que faziam, Hermione mais pálida que antes e Draco tentando aparentar serenidade. Os dois se fuzilavam com o olhar, cada um preparando uma série de acusações sobre o outro.


– Pedi para que esperassem porque gostaria de informar-lhes que já podem assumir hoje mesmo os seus respectivos quartos de monitores-chefes. – os dois monitores suspiraram aliviados – As bagagens de cada um já estão nos quartos. Sr. Malfoy ficará com o quarto da direita e Srta. Granger com o quarto da esquerda.


Eles já voltavam o mesmo caminho que seguiam antes, cansados e agradecidos pela professora não ter mais mencionado o que com certeza amanhã seria o assunto do dia.


– E não pensem que esqueci o que aconteceu hoje. – Hermione murchou logo, Minerva parecia incansável. – Só espero que isso não se repita mais, senão serei obrigada a substituí-los por outros monitores. – ela mantinha o olhar severo sobre seus dois alunos que apenas confirmavam com um leve aceno de cabeça. – Já que estamos entendidos podem ir dormir. Não se atrasem amanhã para o meu horário.



– Burro! Poderia ter dado uma desculpa melhor! ‘Nós só estávamos ensaiando para a peça’ – imitava o loiro de uma forma infantil enquanto andavam pelos corredores em direção aos quartos.

– Ah claro! E por que não inventou algo melhor? Pelo que eu saiba a senhorita-sabe-tudo aqui é você! – ela rolou os olhos

– A sonserina aqui não sou eu. Poderia melo menos honrar aquela casa de cobras criadas e agir como um legítimo sonserino: mentiroso, hipócrita, imbecil...

– Maravilhoso, lindo, gostoso, sarado, charmoso, inteligente, esperto. – ele sorria, sabia como deixá-la com raiva – Entre outras inúmeras qualidades que não estou nem um pouco a fim de ficar listando para uma grifinória burra e sem graça.

– Eu que não vou ficar aqui ouvindo as baboseiras de um filhinho de papai mimado e egoísta.

– Ótimo, cai fora então.

– Cai fora você! Esse é o caminho do meu quarto.

– Você está querendo dizer meu quarto, e que inclusive eu vou chegar primeiro.

– Há-há, essa eu quero ver!

– Pois então apenas veja.


Draco passou correndo por Hermione, não era muito difícil deixá-la para trás. Mas ao contrário do que ele pensara ela não se daria por vencida tão facilmente, ou simplesmente nunca se daria por vencida. Passaram por tantos corredores, Hermione perdeu a conta de quantos. Subiram pelo menos umas duas escadas, e ela sentia que de alguma forma pegaram o caminho mais difícil para chegar aos quartos. Por que aquela escola tinha que ter tantos corredores? Não tinha como facilitar não?

Com muito esforço Hermione conseguiu ficar lado a lado com Draco, ele parecia correr tanto, mas ela nunca deixaria que ele passasse à sua frente outra vez. Como queria a sua varinha naquele momento e gritar um Estupefaça...

Os dois saíram correndo pelos corredores, por alguns instantes se questionaram se estavam seguindo o caminho certo, mas a estátua de Morgana, que estava ainda bem longe, confirmou que aquele era o caminho correto a percorrer.

A estátua parecia aproximar-se mais, Draco conseguiu uma boa vantagem sobre a grifinória e não deixou de dar mais um daqueles belos sorrisos que a deixavam em pleno ataque de nervos de tanto ódio. Hermione já não sabia se agüentaria mais um instante correndo daquele jeito, estava sem ar, com as pernas doloridas, com vontade de parar... “Isso NUNCA!”

E ele se aproximava mais e mais da estátua, seria o vencedor daquela disputa tão infantil, mas que para cada um era uma questão de honra. Draco se esforçava de todas as formas para manter a vantagem sobre Hermione, e parecia conseguir muito bem. Faltava só mais um pouco e se intitularia o grande vencedor da disputa. Suas pernas já estavam querendo ceder, mas não poderia deixar que isso acontecesse, não poderia deixar que a grifinória sangue-ruim amiga do cicatriz e do pobretão passasse à sua frente... “Isso NUNCA!”

Ele sabia que iria ganhar, a estátua estava a menos de doze metros de distância, e isso foi o suficiente para fazê-lo abrir mais uma vez seus lábios em sorriso triunfante para a castanha. Ele já não ligava mais para a falta de fôlego, só queria chegar antes dela. E isso ele iria conseguir.


– Está cansadinha, Granger?? – ele tentou respirar mais forte – Já devia saber que te supero em qualquer coisa. – ele tomou ar mais uma vez. Já estava chegando, mas irritar Hermione era seu hobby preferido. – Desiste logo, cabelo de vassoura ambulante.


Hermione não sabia bem o que tinha dado nela naquele momento, só sabia que tinha que colocar aquela raiva pra fora de alguma forma. Não era por simplesmente ele tê-la ofendido, isso era mais do que comum, mas por ele estar ganhando e sorrindo daquela forma vitoriosa que ela tanto odiava.

Sentiu algo crescer de dentro dela, uma força que nem mesmo ela sabia da onde vinha. A vontade de esganar o loiro que sentira desde o momento em que acordara tomara conta de vez de sua mente. Ela não conseguia ver mais nada a não ser Malfoy sorrindo e se aproximando da estátua, ele seria o vencedor e isso ela não podia permitir.

A vantagem que ele mantinha sobre ela parecia sumir a cada segundo. Não havia falta de ar que a segurasse de alcançar aquela maldita estátua primeiro. Mas ele parecia tão perto...
A última visão consciente de Hermione foi quando ainda pode ver quando Draco virando mais uma vez para sorrir indicando que a estátua estava a menos de dois metros dele, e quando percebeu mais uma vez a consciência de volta já estava pulando em cima dele.

Draco se assustou com a atitude da castanha, viu ainda a cara feroz da colega de monitoria antes de sentir o peso dela sobre o seu corpo. Sentiu que suas costas bateram de uma vez em algo sólido fazendo-o despedaçar em pedaços. A dor que sentiu vindo de encontro à sua espinha foi avassaladora e agradeceu por ter virado de frente para ela antes de vê-la voando em sua direção. Não queria nem imaginar se estivesse caído de frente e quebrado o seu lindo e perfeito nariz!

Hermione não sentiu muito o impacto, quando deu por si estava em cima de Draco. Cansaço, a única coisa que sentia era cansaço. O ar faltava em seus pulmões. Queria levantar, mas não conseguia, queria levantar para tomar consciência de tudo o que tinha acontecido.

Ela tentou levantar aos poucos, apoiou suas mãos em uma superfície macia. Não sabia o porquê de não se mover mais. Ela sentiu sob as suas mãos um coração bater acelerado e um peitoral subir e descer em busca de oxigênio, sentiu um sopro quente vir em direção ao seu pescoço. Não queria olhar onde estava apoiada, pois sabia que era no peitoral de Draco Malfoy.

Tentou inutilmente tirar as suas mãos de lá, mas parecia que elas tinham sido grudadas com cola. Tentou de todas as formas evitar olhar nos olhos dele, mas maldito o impulso que a fez abaixar o olhar e dar de encontro com aquele azul-cinzento que parecia mais um anúncio de tempestade e que hipnotizavam qualquer reles mortal com aquele olhar tão inexpressivo e ao mesmo tempo tão atraente.

Ela tentou dizer um monte de grosserias que vinham à sua mente, mas parecia que nenhuma naquele momento estava muito a fim de se pronunciar. A visão do peitoral dele subindo e descendo a procura de ar esvaziava todo e qualquer pensamento racional de sua mente. No lugar apenas surgiam flashes do sonho que tivera, aquele em que Draco Malfoy dirigia aquele mesmo olhar em direção à suas íris castanhas. Tudo parecia tão perfeito, aqueles lábios que sempre se formavam em um sorriso triunfante quando queria irritá-la, aqueles lábios que agora pareciam tão convidativos para um beijo, aqueles lábios que permaneciam fechados sem dirigir-lhe nenhuma grosseria que já estava acostumada a ouvir. Tudo perfeito de mais...


– Dá pra sair de cima de mim, Granger? Ainda não cansou de tentar me agarrar? Essa sua gordura está me sufocando. – ela acordou do transe

– Eu não sou gorda! – se irritou. O que passou pela mente dela afinal? – E muito menos quero te agarrar. Você me dá nojo!

– Te dou tanto nojo assim? – ele sorria. Por que sempre isso? – Então porque ainda não saiu de cima de mim?


A castanha corou por completo ao perceber que ainda estava sobre Draco e com as mãos no mesmo lugar de antes. Ela olhou para ele e a única coisa que viu foi indiferença. Ele nunca abandonava o seu ar superior seja em qual situação estivesse.

Ela sentiu por alguns momentos inveja dele. Como ele conseguia manter aquele olhar tão frio em qualquer situação? Parecia nunca ser atingido por qualquer coisa. Dava raiva saber que ele conseguia esconder tão bem o que se passava em sua mente com aquele olhar frio e indiferente, e ela não. E sabia que por isso ele sempre conseguia irritá-la de forma muito eficaz.
Tentou sair de cima dele o mais rápido que conseguiu. Se alguém pegasse os dois naquela situação pela segunda vez no dia não ia querer nem saber o que iriam inventar pela escola.


– Tsc Tsc Granger, tem que acabar com essa mania de me agarrar assim. O que iriam pensar de mim se me vissem com você?

– Iriam pensar que eu fiquei retardada o suficiente pra andar com uma serpente do meu lado. – ela parou de falar de repente, assustada com a visão dos destroços do que era há alguns minutos a estátua de Morgana. – Droga! Olha o que você fez?

– O que eu fiz? Não mandei ninguém pular em cima de mim. Ser irresistível tem mesmo o seu preço. – ele se encostou entediado na parede

– O que a gente faz agora? Minerva iria matar quem fez isso... ELA VAI ME MATAR! – Draco rolou os olhos

– E eu que pensava que você era mais inteligente, ou pelo menos mais óbvia. Esqueceu que é bruxa por acaso? – ela ficou completamente sem-graça – É por isso que não deveriam colocar sangues-puríssimos como eu pra conviver com sangues-ruins que nem você. – ela rolou os olhos, ele sacou a varinha e apontou pro resto da estátua. – Estátua Reparo

– Era mais do que obrigação sua fazer isso. Quem mandou cair em cima da estátua? – ela deu de ombros

– Quem mandou estar desesperada por mim? – ele gargalhou

– Ah, quer saber? Vai pro inferno! O meu dia hoje foi suficientemente ruim pra ainda perder meu tempo discutindo com uma doninha saltitante.


Ela foi caminhando direto para a porta que deveria ser do seu quarto, girou a maçaneta, mas a porta não abriu. Tentou outra vez e a porta não quis abrir novamente. Aquilo já tinha sido a gota pra ela, sem varinha pra gritar um Alohomorra ou Bombardia e explodir de vez essa porta ou logo o colégio todo. Tentou mais uma vez e mais uma vez, empurrou a porta com toda a força que pôde e nada, nada, nada. “Eu não deveria ter acordado hoje.” Bateu mais uma vez na porta, empurrou outra vez... Aquilo já estava tirando o resto de paciência que ela tinha. Stress, estava nesse semestre conhecendo muito bem essa palavra, mais até do que queria.

Ela desistiu de tentar de novo, olhou pelo corredor e achou até que não seria tão desconfortável dormir por lá. Viu que o loiro a encarava da porta do quarto com a cara mais mal-lavada do mundo prestes a cair em uma risada.


– Nem me olhe, Granger, não pense que vou te convidar pra dormir comigo. – ele fechou a porta do quarto de uma vez e se deixou cair na gargalhada o mais alto que conseguia para irritá-la.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!


POW! Ela chutou com tanta força a porta que quase achou que não tinha mais dedos. Sentiu seu sangue pulsar na ponta do dedão e achou que enlouqueceria de dor, mas pelo menos o intento tinha funcionado. Era incrível que uma porta emperrada tinha que fechar o dia com chave de ouro.

Logo toda a sua careta de dor se transformou em espanto. Estava parada diante do quarto dos seus sonhos. Ela deixou a dor no pé de lado e passeou por aquele que seria o seu quarto até seus últimos dias de monitoria, que agora ela esperava que realmente durasse até o final do seu próximo ano.

Sempre sonhara com um quarto parecido com aquele. Móveis com aspecto envelhecido davam um ar aconchegante ao local, uma enorme cama de casal em madeira com uma colcha rosa claro, um lustre no meio do quarto com algumas velas enfeitiçadas dava um ar elegante, uma escrivaninha com uma cadeira, ambas talhadas em madeira, ficavam próximas à cama. Ela passou por suas bagagens, pelo guarda-roupa, e parou em frente à porta do banheiro. Agora finalmente teria um só pra ela.

Ela abriu a porta e soltou um grito de satisfação. Aquele era o banheiro que sempre desejara, espaçoso, o box com o chuveiro ao fundo e uma enorme banheira um pouco depois da pia. Seria uma ótima idéia um banho agora pra tentar esquecer todos os desgostos do dia.


“Tudo que eu preciso agora é de um banho, só de um banho!”



No quarto ao lado a reação não foi muito diferente. Draco passava pelo quarto abismado, mas mesmo assim resmungando porque não tinha um quarto desses antes. Suas costas ainda estavam muito doloridas, mas não queria nem pensar nisso agora. Era injusto que em um castelo tão grande os alunos deveriam dormir agrupados no mesmo dormitório. E agora ele se sentia bem por ter um quarto parecido com o que tinha em sua mansão, talvez só um pouco menor.

Ele caminhou em direção ao banheiro e gostou do que viu: uma banheira esplêndida que parecia estar a sua espera. Rapidamente ele colocou a banheira para encher e despiu-se (N/A: *desmaia*), precisava mais do que nunca de um banho depois de ter pelo menos triscado na sangue-ruim da Granger. Ele entrou na banheira e deu um mergulho rápido para esfriar a cabeça, queria de alguma forma esfriar seus pensamentos que há essa hora já fervilhavam na mente. O que iriam falar amanhã? Que estava se agarrando com a Granger? “Eca! Ela é horrorosa, feia que dói mesmo!” Claro que não iriam pensar isso dele, nem um trasgo agüentaria aquela lá. “E o que a Pansy pé-no-saco vai dizer? Ah que se f**a!” Ainda ia ter que agüentar aquela mala que não largava do seu pé lhe perguntando onde passou a noite, por que não dormiu na Sonserina e o que tinha ido fazer àquela hora na Sala de Teatro. Se xingou mentalmente inúmeras vezes por ter ao menos tentado olhar pra ela de sutiã “Isso foi sem querer!” E se sentiu tão mal por ter quase se perdido no castanho dos olhos dela, da respiração ofegante, pelas mãos no seu peitoral de forma firme, que quase o fez esquecer por uns instantes de quem se tratava. “Que nojo Draco! Tenho que ficar pelo menos umas duas horas pra me limpar.” Mergulhou mais uma vez na banheira.



Ainda bufava de raiva do Malfoy, ele, sempre ele. Por que tinha que ser irritante daquele jeito, aquele loiro aguado imbecil. “Quem ele pensa que é pra achar que eu seria idiota o suficiente pra querer agarrá-lo? Só porque ele tem aqueles olhos hipnotizantes, aquele peitoral definido, toca piano tão bem e sorri daquele jeito... IRRITANTE, COMPLETAMENTE IRRITANTE!”

Hermione se deixou pensar enquanto estava na banheira. Não viu Miguel durante o dia. E como poderia? Dormindo a tarde toda no dormitório da Grifinória? Miguel realmente a deixava feliz, fazia esquecer das chateações do dia, e beijava bem... Ainda não entendia muito bem como ele pôde se interessar por ela: a típica menina feia, sem-graça e cdf, e ele o garoto lindo e cobiçado. Ele deveria ver bem mais do que peito e bunda nas meninas, certamente via a alma e isso deve tê-lo feito se interessar por ela. Como ele era fantástico, apaixonante. Será se ela estaria apaixonada? Não era difícil de isso acontecer... Amanhã certamente inventariam um monte de histórias dela com o trasgo do Malfoy e isso ela não queria nem pensar.


“Meu Merlin me proteja que amanhã vai ser um longo dia...”







N/A: Oi gente! *Se escondendo dos avadas, crucios e tudo o mais...* Mil perdões mais uma vez pelo atraso. Atrasar a postagem do novo capítulo não era bem o que eu queria, mas algumas coisas aconteceram esses dias que me distanciaram um pouquinho de escrever o término do cap. E aí, o que vocês acharam da Mione caindo sobre o peitoral do Draco Malfoy (que inveja!)? E do Draco ter ficado um pouco perturbado com a Hermione em cima dele? Tenho que admitir que quase eu colocava um beijo deles dois, mas aí a razão desceu sobre mim naquele momento e disse: Sua louca! Quer estragar a fic?
É impressão minha ou esses números de páginas estão aumentando? 5, 7, 12, 15... Prometo que vou tentar me controlar mais e colocar esses capítulos num tamanho menor pra não cansar muito vocês. E sobre a peça, eu sei que muita gente pensou que poderia ser Romeu e Julieta, eu quase coloquei sobre eles, mas aí conversando com um amigo meu pelo msn ele me disse que já estava muito batido. Então resolvi pedir ajuda pra uma doida que eu conheci que escrevia algumas fics e sabe um pouco de francês. Até que eu gostei da idéia.
Eu sei que é um saco ficar pedindo isso pra vocês, mas comentem please, isso é muito importante pra mim.

**Créditos à fic Apaixonada Pela Serpente e ao filme Get Over It pela Hermione cantar no final da peça, ok?

E agradecendo mais uma vez aos coments que eu amooooo:


Gabriela Twilight: com certeza dormir em quartos ao lado não é uma tarefa muito fácil pra esses dois. Espero que com o tempo eles consigam sobreviver com as diferenças antes que se matem (acho que isso não seria muito feliz huahuahua). Valeu mesmo por ter comentado.

Christine Martins: Fico muito contente que tenha gostado do capítulo. Espero de coração que tenha gostado desse aqui também. Continua vindo aqui, ok?

carol cardilli: o Draco mesmo inconsciente do que estava fazendo realmente queria ver a mione de sutiã. E acho que nós queríamos vê-lo de cueca huahuahua. Acho que nós somos duas loucas adolescentes com os hormônios pirando aqui dentro. Já estou passando mal só de imaginar a cena do Draco de cueca... quem sabe ele não aparece de cueca em algum capítulo? Não posso negar que esse é o meu sonho...

taaa_hp: o Miguel é uma graça mesmo – pelo menos do jeito que eu imagino ele – mas acho que já deu pra perceber pelo título da fic que ele vai aprontar alguma com a coitadinha (nem tanto!) da mione. Talvez isso aconteça lá pelo sexto capítulo.

LuanaH²: imagina o Malfoy a seu lado em um momento de carência, eu agarrava ele (acho que nem precisa de momento de carência pra isso hauhuahua). Obrigada pelo coment e espero q compense da próxima vez como prometeu... isso soou meio chantagista, não?

B. Black: que bom que gostou desse cap. *pulando* Tomara que eu não tenha te decepcionado nesse.

Ilaninhah: que bom que gostou da dedicatória do capítulo! Tô esperando atualização na sua fic viu? Os detalhes da peça ainda tô programando, acho que vou pedir ajuda pra uma amiga minha que é doida também por esse casal. Eu coloquei o link da tua fic em baixo. Continua vindo aqui tá bom?

Hanna Black Malfoy: desculpa mesmo pelo atraso da atualização! Eu também gostei dela ter sido sincera com eles, afinal ser deixada de lado é foda! E eu não preciso nem dizer que eu AMO o Draco também. O que achou desse momento entre Mione e o Draco? Continua vindo aqui tá bom?

Pri Potter: estou mega feliz por estar amando essa fic pq eu também estou amando muito escrevê-la. E fico muito feliz que tenha comentado, continua comentando viu?

Thaís Potter Malfoy: ainda estou pensando em relação aos sentimentos do Harry. Por enquanto esse ciúme ainda está um pouco oscilatório, até o momento é mais de amigo mesmo, mas quem sabe as coisa não mudam? Eu li a sua fic e gostei mesmo dela, estou esperando por uma atualização viu? Vou ficar sempre indo lá, espero que venha aqui mais vezes também!

Jéssy Granger Black Potter: a Mione é muito sortuda mesmo, ter ao lado um lindo e gato como o Miguel não é pra qualquer reles mortal. Mas o que será que ele vai aprontar com ela?

Licca_Weasley_Malfoy: que bom que gostou dos capítulos, tomara que tenha gostado desse também.

Lola_pottermaniaca: espero que tenha gostado do capítulo novo. Estou esperando pela atualização da sua fic, viu?

Anna fletcher: espero melhorar mais nos outros capítulos, mas já fico muito feliz que esteja achando ela boa. Não deixa de passar aqui, ok?

Cla Coral: gostei da sua fic e estou esperando logo por uma atualização. Fico feliz que tenha gostado dessa humilde (nossa!) fic aqui. Espero que volte aqui!

Mioneka Malfoy: Que pena que não deu pra ler a minha fic ainda, mas quero que saiba que curto muito a sua “Destino”, adorei o último capítulo. Espero que dê pra passar aqui outra vez.

Mione Malfoy: Não poderia deixar de falar ATUALIZA! Estou gostando muito mesmo da sua fic, curto muito o Harry ciumento, só espero que ele não tente estragar esse lance que está surgindo entre a Mione e o Draco, pq eu amo muitooo o Harry também!

Jacque Malfoy: o capítulo quatro está aqui, estou torcendo para que tenha gostado dele.

Juh Granger: foi mal pela atualização atrasada! Tomara que tenha gostado desse capítulo. Continua vindo aqui ok?

Sonekinha_89: a atualização está aí, espero que tenha gostado!

Lalah Evans Potter Lupin Black: acho que no capítulo passado, assim como no segundo, eles gostaram muito de gritar com a Mione. Será se eles vão perder essa mania? Acho que não... E a tua fic... tenho que te contar que aquela do Tiaguito foi de mais! O Sírius tá uma graça nessa fic, já dá até pra imaginar ele com aquela voz gay. E a barriga tanquinho? Abafa... Tá muito fofa mesmo, não deixa de atualizar.

- Júhhlinha. #): não sei se foi um presente de aniversário muito bom (e atrasado!), mas realmente as fic D/Hr são sempre bem legais. Obrigada mesmo por ter passado aqui. E feliz aniversário atrasada!

Evelin Lovegood Black: foi mal mesmo ter demorado pra atualizar. Mas estou super feliz que tenha gostado dos outros capítulos. Espero que continue vindo aqui.

Fernanda Black: nossa! Eu fiquei comovida com o seu pedido de atualização huahuahua... sério mesmo, desculpa pelo atraso do capítulo novo. Não deixa de comentar, ok?

Hermione J. Granger: ficou muito mas muito feliz que esteja gostando da fic, e mil perdões por ter atrasado, não estava bem nos meus planos. Então comenta viu??

JuOh Granger : li só os dois primeiros caps da sua fic, e gostei muitooo mesmo. Prometo que vou ler o restante dela ainda essa semana! Conforme te disse o link da tua fic tá bem aqui em baixo. E não deixa de passar aqui tá bom?



Umas fics bem legais pra quem quiser ler:


♥ ♥ ♥ - O diario de Hermione... Apaixonada?! {Draco/Hermione} - ♥ ♥ ♥
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=12731
é uma D/Hr da Ilaninhah

Simples Destinos
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14886
é uma H/Hr e D/Hr da JuOh Granger


 Se alguém quiser divulgar a sua fic por aqui é só deixar junto com o coment o endereço, ok?


Fico muito feliz com todos os coments, muito mesmo! Já comecei a escrever o capítulo 5, que eu espero de todo o coração que saia melhorzinho. Queria muito pedir pra quem estar lendo votar na fic! E claro, capítulo 5 somente com muitoooos coments. Bjimmmm e FUI!



Srta. Granger Malfoy

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