Uma Ninfa



Capítulo 1


Harry se jogou no banco duro do refeitório do salão principal de Hogwarts como se este fosse uma bóia salva-vidas. Estava encharcado, faminto e de péssimo humor. Ron e Hermione se juntaram a ele parecendo igualmente emburrados.
- Boa noite. Mais um ano letivo que se inicia... – disse Nick-Quase-Sem-Cabeça pomposamente aos garotos.
- Boa noite para quem? – perguntou Harry torcendo o tênis – Só espero que a seleção acabe logo. Estou morto de fome.
Era o início do seu quarto ano, mais precisamente a primeira noite e tinham acabado de chegar à escola debaixo de uma chuva torrencial. O salão principal estava esplêndido como sempre, cheio de velas flutuantes, e ao olhar para os pratos e taças de ouro Harry sentiu seu estômago roncar. Olhou impaciente ao redor.
- Ah, eu poderia devorar um hipogrifo. – gemeu ele.
Mal tinha acabado de falar e as portas do salão se abriram para a Profª Minerva McGonagall que entrou carregando o chapéu seletor, sendo seguida por aluninhos do primeiro ano, todos pingando água. O silêncio mal começara a se fazer quando um burburinho incomum começou na mesa da Slytherin, a mais próxima da entrada, e se alastrou rapidamente para as demais. Os garotos esticaram os pescoços tentando enxergar o motivo da agitação. Harry vislumbrou a expressão de concentrada interrogação de Hermione e o queixo caído de Ron. Foi quando a viu. Atrás da fila dos pequenos, uma ninfa caminhava ereta, milagrosamente seca, olhando impressionada para os alunos, como se eles e não ela, fossem motivo de surpresa.
- Wow ... – anunciou Ron – eu nunca vi essa garota por aqui.
- E nem poderia. – disse Hermione subitamente severa – Obviamente é uma aluna nova, ou você ficou tão ofuscado que não percebeu que ela está na fila para a seleção das casas?
- Mione, - piscou Ron – essa menina deve ter mais ou menos a nossa idade, como poderia estar entrando em Hogwarts agora?
Hermione se virou para responder, mas notando a expressão de incredulidade de Harry, se limitou a cutucar Ron.
- O que foi Harry? – perguntou a amiga.
Ele continuou observando a garota caminhar até a frente do salão “Mas não é possível... Não pode ser...” até que exclamou:
- Mas eu conheço essa garota!!
A coisa tinha acontecido em meio a fatos tão inusitados que Harry nunca mais havia pensado no assunto. Mas era verdade, ele havia conhecido aquela garota há cerca de um ano, mais precisamente na noite em que transformara a tia Guida em balão, fugira de casa e quase fora atropelado pelo Nôitibus andante.

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Harry entrou no Nôitibus, conduzido por Lalau Shunpike, e num momento de insegurança disse se chamar Neville Longbottom. Naquele momento pensou que os funcionários do Ministério da Magia estivessem à sua procura para tirar sua varinha. Transformar a tia em balão era uma coisa altamente proibida, tinha certeza, ainda mais sendo menor de idade. Então decidiu dar o primeiro nome em que pensou.
Eles andaram em meio a camas com estrados de latão e Lalau apontando para uma disse:
- Você fica com essa aí. – empurrou o malão para baixo da cama, logo atrás do motorista. – Ei Neville, este é o nosso motorista, Ernesto Prang. E Ernesto, este aqui é Neville Longbottom.
- Longbottom? – uma voz de garota perguntou logo ao lado de Harry.
Ele olhou rapidamente para a dona da voz e ficou muito embaraçado. Com enormes olhos violeta e longos cabelos cor de mel, aquela era a menina mais bonita que já tinha visto na vida.
- Ahh... olá. – disse ele ajeitando os óculos, colocando as mãos no bolso e coçando a nuca, tudo ao mesmo tempo.
A menina se aproximou com um olhar grave.
- Oi Neville, eu sou Celina. – ela estendeu a mão para Harry.
- Ei, estamos na hora! Manda ver Ernesto! – gritou Lalau indo se juntar ao motorista.
Harry pegou desajeitadamente na mão que ela lhe estendia e notou que ela o olhava fixamente. Uma sensação incômoda se espalhou por seu corpo, era como se a garota pudesse ver através dele. Já ia soltar sua mão quando ouviram um estampido assustador, no instante seguinte Harry se viu achatado contra a cama, atirado para trás pela velocidade do Nôitibus e, para seu perfeito horror, com a garota em cima dele. Nada, ele pensou, poderia ser tão constrangedor, então ela olhou direto para sua cicatriz abrindo mais ainda os olhos.
- Me desculpe... foi, sabe... sem querer. – ele murmurou tentando achatar a franja na testa.
Foi quando aconteceu uma coisa muito, muito estranha. A garota começou a rir. A princípio lentamente, mas enquanto ele se levantava a coisa foi piorando e agora de pé ele observava atônito, a menina rolar na cama numa crise se risos como ele nunca imaginara. Gargalhava tão histericamente que acordou uma passageira que dormia mais para o fundo.
Harry, já achando que ela era demente, viu Lalau se aproximar curioso e também começar a rir, como se estivesse se contagiando.
- Ei Neville, porque vocês estão rindo? – Lalau perguntou.
Harry, que tinha a boca entreaberta sem rir de nenhum modo imaginável, viu que a pergunta parecia ter piorado a crise de risos da garota que agora estava quase sufocando. Ele olhou de um para outro “Entrei numa ambulância de loucos”.
Passou-se um longo tempo até a garota se controlar. Estava sem forças, tinha o rosto vermelho, os olhos molhados de riso e pareceu a Harry que fazia muito esforço para não voltar a rir quando o fitava. Ele devia estar com uma cara muito assustada porque daí a pouco ela disse sorrindo:
- Não precisa se assustar, sou uma louca mansa.
O Nôitibus seguiu seu caminho e a intervalos regulares Harry lançava olhares enviesados para Celina, como se ela pudesse surtar novamente a qualquer momento, mas ela, já sentada em sua própria cama, parecia não notar.
Lalau lia o jornal do Profeta Diário e quando Harry se espantou de ver a foto da capa, o condutor se pôs a explicar:
- Este é Sirius Black, o foragido mais procurado pelo Ministério, você não sabia? – entregou o exemplar para Harry, e enquanto este lia começou a monologar – Um criminoso... terrível fama...
- Ele matou treze pessoas? – ofegou Harry terminando a leitura.
- Claro, e com testemunhas! – disse sabidamente Lalau – Black era um grande colaborador de Você-Sabe-Quem.
- Nem tudo é como o diabo pinta. – disse Celina que voltara a ficar grave e sombria.
- Bah!!! Vai me dizer que acha que Black é inocente? – Lalau pôs a mão na cintura.
- Só acho que toda estória tem dois lados – disse a garota se recostando na cama.
Lalau olhou para Harry, e apontando para Celina fez um sinal de loucura com a mão.
O Nôitibus continuou correndo, se chocando com tudo que vinha pela frente. As coisas agora pareciam mais calmas, mas Harry continuava inquieto, e vendo os olhos de Celina brilhando na escuridão descobriu que não era o único insone naquela noite.

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“Grande, como é que eu fui me meter numa enrrascada dessa?” pensou Celina pela enésima vez naquela noite. Olhou para Harry, “E tudo o que eu precisava agora era de uma maldita celebridade viajando no mesmo ônibus que eu”. Não precisava ser nenhum gênio para perceber que se o famoso Harry Potter, o garoto mais vigiado de todos os tempos, dera um nome falso para embarcar, alguma coisa ele estava aprontando, quem sabe estava fugindo como ela? Se estava, provavelmente todo o Ministério da Magia estaria atrás. Uma razão a mais para a fuga desesperada dela se transformar num perfeito fiasco. Ainda não sabia direito o que a levara a este ato insano, vai ver que a pressão ficara forte demais e ela simplesmente estourou, ou então vai ver que tinha mesmo um parafuso solto.
“- Eu acho sinceramente que você não é normal. – a voz de Dimitri ecoou na sua memória.
- Já pensou se for genético? – ela rodopiava em volta dele com as sapatilhas pretas de balé, completamente molhada de chuva. – Ah se eu ganhasse um galeão todas as vezes que escuto isso...
- Aí você podia pagar um tratamento no St Mungus. – ele a puxou para si – Mas minha vida ia ficar bem menos interessante.”
Faziam quinze dias que Dimitri morrera... a lembrança a fez se arrepiar violentamente. Quinze dias em que tudo acabara de forma definitiva e irrevogável. Para sempre.
“- Você me ama? – a voz dele ainda falava em sua cabeça.
- Para sempre. – ela respondera sentindo um aperto na garganta.
- Então me promete que você vai viver sua vida sem aceitar tudo o que os outros decidiram por você, sem aceitar que eles tracem seu destino. Porque se você fizer isso vai ser como se os dois estivessem fazendo.”
Os olhos dele ardiam enquanto falava e ele segurou sua mão com toda a força que podia. Mas sua força já era quase nada naqueles dias finais. Ela se recordava de ter concordado, é claro que ela faria tudo o que ele quisesse, é claro que enfrentaria o mundo como os dois haviam decidido há tanto tempo. Seriam guerreiros, teriam seu próprio castelo onde se embriagariam com cerveja amanteigada sempre que quisessem, e o mais importante, estariam sempre juntos.
Infelizmente a realidade era mais forte, e se apresentava diante de seus olhos na figura de um adolescente de quinze anos consumido pela doença. Ele iria embora, ela realmente iria perdê-lo. Fora seu primeiro amigo, seu namoradinho de infância, seu professor de pequenos feitiços quando ela mal sabia falar. O companheiro de tantas aventuras, seu primeiro beijo, seus dez mil primeiros beijos. Seu primo querido, seu primeiro amor.
Depois que tudo acabara, velório, flores, lamentos, ela saiu daquele topor e seu cérebro pareceu acelerar, brigou com o pai, com a avó e teve sua primeira discussão séria com a mãe. Estava descontrolada e exigia, E-XI-GI-A, ter uma vida normal. É claro que eles recusaram, é claro que tinham medo. Ela deveria compreender, diziam eles, que ela era muito importante para o futuro daquela família. Mas naquela hora nada tinha importância, a família que se explodisse, ela não pedira para nascer com aquele nome, com aquele segredo pesado sobre as costas. Quinze dias depois fugiu.
E agora se via naquele veículo maluco, espantada pela inusitada companhia e mais ainda por ter tido uma explosiva crise de risos. Onde estava com a cabeça? Dimitri morto e ela rindo. Sempre fora assim, sempre teve muita dificuldade em chorar, quando uma coisa a afetava acabava explodindo ou rindo sem parar, esse temperamento com certeza já tinha colocado-a em várias enrrascadas. Mas pensando bem, o que mais poderia ter feito naquela situação? Tinha fugido de casa, entrado em um ônibus roxo praticamente desgovernado, caíra em cima de um garoto, e este era nada mais nada menos que Harry Potter, a pessoa que sem saber tinha a vida tão interligada com a de sua família. Era ironia demais para uma noite só. Melhor parar de pensar nisso ou contra todo e qualquer bom senso ela recomeçaria a rir.

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Ernesto aparentemente havia freado o Nôitibus, porque Harry sentiu-se derrapando pelo colchão.
- Caldeirão Furado, Neville, sua vez de descer! – gritou Lalau já arrastando o malão e abrido a porta de saída.
Mas antes que Harry pusesse os pés para fora, um homem corpulento com chapéu coco verde limão exclamou entrando no ônibus:
- Ah, aí está você, Harry! – disse a voz excitada de Cornélio Fudge. – Nos deu um trabalho danado encontrá-lo.
- Ministro? – ofegou Lalau – Ernesto venha ver quem está aqui com Neville!
- Neville? – indagou o Primeiro Ministro da Magia – Este é Harry Potter...
Harry se sentiu afundar no chão.
- Eu sabia! – gritou Lalau radiante – Ernesto! É o Harry Potter! Venha ver a cicatriz dele!
Harry achatou a franja novamente e pensou em se esgueirar para fora, mas Fudge o segurou pelo ombro e esticou o pescoço para além do garoto dizendo:
- Oh... é claro, senhorita McGregor, seu pai também a está esperando aqui fora.
Todos olharam em direção à Celina, que parecia querer sumir sobre o colchão. Ela suspirou, se levantou e jogou os ombros para trás resignadamente.
- Como vai Ministro? – disse enquanto caminhava em direção a eles.
- Melhor agora, melhor agora. – respondeu Fudge apressado, já descendo do ônibus.
A garota se despediu de Lalau e Ernesto com um desanimado aceno de mão e parou na frente de Harry.
- Bom, fim de linha pra nós dois. Fugir de casa não é bem o nosso forte, não é? – disse ela perspicaz. E provavelmente notando o forte rubor do garoto continuou – A propósito, eu conheço Neville Longbottom desde os seis anos de idade, e você não se parece nem um pouco com ele. – e dando um sorrisinho condescendente saiu para a noite.

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Fora esta a primeira e última vez que viu aquela garota, e agora estava aparvalhado sem entender que diabos ela fazia ali. Tentou cochichar para os amigos como se dera o fato, mas o zum-zum-zum atrapalhou bastante suas intenções.

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Parecia que havia uma festa primitiva de tambores no corpo todo de Celina, tal era a excitação em que se achava. Finalmente, depois de tanto tempo, de mil promessas feitas aos pais, de muito treinamento em magia avançada e um árduo período em fora uma perfeita santa, ela conseguira ir para Hogwarts. O primeiro passo em busca da liberdade tão sonhada. Até que enfim ia freqüentar uma escola de verdade, conviver com pessoas da sua idade. Naquele momento Hogwarts era um imenso parque de diversões cheio de descobertas a serem feitas.
Ela parou na frente do salão junto aos pequenos, e entre as centenas de cabeças curiosas viu Neville Longbottom sorrindo tímido para ela, observou alguns parentes distantes que ela mal conhecia e viu um garoto louro acenando da primeira mesa. Reconheceu este último como sendo filho de um conhecido de seus pais, Draco Malfoy, então lhe acenou de volta discretamente.
O chapéu pensante estava cantando logo à sua frente, mas ela não conseguiu prestar muita atenção. Então a Profª Minerva desenrolou um comprido pergaminho e olhou severamente para o salão, fazendo os alunos finalmente se aquietarem.
- A seleção irá começar, este ano além dos alunos de primeiro ano também será selecionada uma aluna para o quarto ano. – e sem maiores explicações se voltou para a fila – Quando eu chamar pelo nome, ponham o chapéu e sentem-se no banquinho, quando o chapéu anunciar sua casa vão se sentar à mesa correspondente.
Um a um os alunos foram sendo chamados e escolhidos, e finalmente:
- McGregor, Celina Lux!
Ela caminhou até o chapéu e o colocou sobre a cabeça com as mãos trêmulas, ouvindo imediatamente o que ele falava:

”Ahh... Bela,bela, sim eu te reconheço.
Reconheço tua bela alma e reconheço não apenas a nobreza de teu sangue,
mas, principalmente, a nobreza de teu coração.”

E sem pausas gritou para todo o salão:
- Gryffindor!
Ela abriu um enorme sorriso indo se sentar à mesa escolhida sob estrondosas palmas.
Harry, aplaudindo automaticamente, vislumbrou o rosto pálido de Malfoy do outro lado do salão e ficou intrigado. O slytherin estava com cara de quem comeu palha-fede.
Celina atendeu ao chamado de um rapaz que lhe acenava enfaticamente e sentou-se a seu lado. De repente viu-se cercada de dezenas de garotas curiosas e rapazes empolgados. Todos pareciam falar ao mesmo tempo. Deve ter escutado uma dúzia de nomes e apertado outra dúzia de mãos até que o rapaz que a chamara interrompeu os colegas.
- Calma, calma, sentem-se agora. Depois teremos tempo para apresentações. Está na hora do discurso de Dumbledore – enquanto os colegas voltavam relutantes a seus lugares ele aproveitou a deixa, dizendo em voz baixa – e à propósito meu nome é Mark Norton, sou Monitor Chefe da Gryffindor, pode contar comigo para lhe mostrar o castelo e explicar o seu funcionamento.
- Obrigada – ela agradeceu quase ao mesmo tempo em que Dumbledore começara a falar.
O diretor disse algumas palavras e os mandou atacar o banquete, mas ela não sentia fome, estava empolgada demais para comer.
Aquele banquete foi surpreendente em muitos sentidos. Houve uma teatral entrada do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, o ex-auror Alastor “Olho Tonto” Moody, a criatura mais bizarra em que Celina já tinha posto os olhos, e a julgar pela expressão dos colegas, ela não era a única. Mas a coisa mais extraordinária foi o anúncio de Dumbledore de que naquele ano Hogwarts cediaria o Torneio Tribruxo e receberia as escolas de Beauxbatons e Durmstrang para a competição. Celina estremeceu ao escutar o nome de Durmstrang, era lá que Dimitri estudara. Aquela sensação de vazio, como uma fisgada, a pegava nas horas mais inesperadas. Era comum ela pensar nele como estando vivo. Ainda tinham longas conversas, só que em sua cabeça. Mas sempre aparecia algo que a lembrava que o tempo dos dois havia sido roubado e que agora ele só permanecia vivo dentro dela.
Procurou afastar este pensamento e se concentrar nas palavras de Dumbledore sobre o torneio, os colegas pareciam eletrizados, o que era ótimo. Significava que ela deixaria de ser novidade bem depressa, podendo se misturar aos alunos confortavelmente.
Quando foram dispensados pelo diretor o Monitor Chefe fez questão de conduzí-la até a torre da Gryffindor, sua nova morada. Enquanto eles andavam ele discorria sobre diversos assuntos à respeito do castelo, quais escadas subir, que passagens evitar. Ela deixou que ele falasse como se não soubesse de nada, mas na verdade já tinha estado no castelo antes, em companhia da avó materna. Lilith Lux era amiga de longa data de Albvs Dumbledore e levara a neta em algumas de suas visitas. Nunca eram em período letivo e a garota gastara longas horas percorrendo o castelo, de modo que não era tão ignorante a respeito de sua geografia. Além disso já tinha lido tudo em que pudera pôr as mãos sobre a escola.
- ... mas com o tempo você vai aprender direitinho. – Mark finalizou olhando para a garota curioso – Me diz uma coisa, você deve ter uns dezesseis anos, porquê só agora veio para Hogwarts?
- Tenho quatorze anos.
- Mesmo? – ele pareceu avaliá-la, mas ela não fez caso.
Então ela respondeu a pergunta que iria precisar repetir centenas de vezes nas próximas semanas:
- Eu estudava em casa, com minha avó. – e vendo a careta do rapaz continuou – É eu sei... mas não era tão ruim assim, ela é uma bruxa e tanto. Também viajávamos um bocado e eu cresci junto dos meus pais.
- E será que você vai se acostumar? Sabe... ficar longe deles e tudo... – ele disse pensando que ela podia ser bem desenvolvida para a idade mas na verdade era quase uma criança.
- Você está brincando, Hogwarts vai ser incrível! Já está sendo! – ela respondeu tão segura que ele achou que, afinal, ela não era tão criança assim. Ainda bem.
Ao chegarem ao salão comunal da Gryffindor Celina até que conseguiu passar discretamente pelos colegas, já que o assunto que corria de boca em boca era o Torneio Tribruxo. Despediu-se de Mark agradecendo a companhia e deixou que a monitora Déborah Hills a levasse até o dormitório. Mas com as garotas do quarto não conseguiu brincar de invisível. Elas estavam empolgadíssimas com a novidade de terem uma nova colega de classe. Lavender Brown e Parvati Patil a bombardearam com perguntas e examinaram maravilhadas suas roupas e pertences colocados em cima da cama. Celina, com um sorriso fixo no rosto, explicava pacientemente suas intermináveis indagações. Por fim as colegas iniciaram outro tópico de conversas, sobre o torneio, e Celina observou que havia outra garota no quarto, com fartos cabelos castanhos e expressão divertida.
- Olá, sou Hermione Granger. Seja bem vinda à Hogwarts.
- Celina McGregor. – as duas apertaram as mãos e Celina olhou de viés para as outras colegas – Então você também está no quarto ano, junto com elas...
- Estou sim. – e Hermione cochichou – Não se preocupe, elas não são sempre assim.
- Não?
- Geralmente são piores.
As duas riram. Para duas completas desconhecidas, elas simpatizaram de cara uma com a outra. Ficaram conversando por algum tempo e quando finalmente todas foram dormir, Hermione notou que Celina não se deitara mas estava sentada à janela segurando com força algo em um fino cordão prateado em seu pescoço, talvez um pingente.

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