Última Pessoa Que Poderia Apar
Capítulo 8 – Última Pessoa Que Poderia Aparecer
-Tá difícil hoje, hein? – disse Hermione com a voz alterada, indo na direção da cozinha da sede e sendo seguida por Harry que ainda estava muito nervoso.
-Porque está irritada?
-Porque sim. – ela deu de ombros e encheu um copo com água, bebeu e ficou encarando ele, assim como ele fazia da porta – Não me olha desse jeito, por favor.
-Que jeito? – o moreno começou a se aproximar dela. “Merlin, o que essa garota tem que me faz ficar assim?” pensou ele muito próximo dela agora. Mione ainda o olhava nervosa, não gostava daquele olhar dele, significava algo para o qual ela não estava pronta, algo que nem deveria existir.
-Desse jeito. – ela tentou desviar das mãos dele, mas foi tarde demais, ele já a prensava na pia e enlaçava sua cintura com certa força – Não... Para...
-Porque? – perguntou no ouvido dela, sentindo o cheiro de morango que saia de sua pele e de seus cabelos o entorpecendo por inteiro.
-É errado. – disse ela firme fugindo dos braços dele – Harry, acorda!
Ele olhou para ela confuso, já ia perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas alguém o cutucou com força no ombro e ele abriu os olhos, encontrando um par de olhos verdes lhe olhando e para completar a visão um sorriso lindo de uma ruiva maravilhosa.
-Bom Dia. – disse Gina empurrando o marido para fora da cama e saindo do quarto sorridente. Harry olhou para o teto se esticando inteiro, porque estaria lembrando daquilo bem agora? “Algo me indica que aí vem tempestade.” pensou ainda olhando o teto e ficando preocupado, e se tivesse outro sonho desse e falasse o nome dela bem ao lado de Gina? O que não sabia é que do outro lado da cidade uma outra pessoa acordava também assustada com o sonho que teve, algo na magia entre o mundo deles havia feito com que sonhassem a mesma coisa.
Hermione se sentou na cama e viu uma mancha vermelha jogada ao seu lado, sorriu ao reconhecer Ron dormindo feito uma pedra. Era a terceira noite que ele dormia lá e eles passavam a madrugada toda conversando e vendo filmes, claro que algumas vezes Ron a beijava e outras ela o beijava, mas algo dentro deles impediam que a coisa fosse mais adiante. Nem ela sabia bem o que era, mas aquele sonho lhe atormentou. “Afinal, passado é passado. Não é?” se perguntou tentando achar a resposta mais certa, mas não conseguiu porque o ruivo a puxou pelo ombro, fazendo com que se deitasse outra vez e sorrisse ao ver ele já acordado e a encarando com um sorriso malicioso.
-Sabia que ronca? – perguntou ela passando a mão bem leve sobre o rosto dele.
-Sabia. – se aproximou dela e lhe deu um leve beijo nos lábios – Mi, tenho que ir.
-Tudo bem. Sua mãe deve mesmo estar se perguntando onde você está outra vez. – riu vendo ele fazer uma careta e se levantar vestindo a camisa amassada que estava jogada no chão – Passa aqui que horas amanhã?
-Lá pelas sete. – respondeu corando levemente, estava ansioso pela noite seguinte.
-Tá bom. – ela se levantou e seguiu com ele até a porta, quando foram se despedir Ron lhe agarrou pela cintura com força e a puxou para um beijo selvagem deixando a morena sem ar. Se olharam alguns momentos e ele se foi, ela ainda olhava boba para o elevador e passava os dedos de leve nos lábios que a minutos estavam colados aos dele.
-Oi, Nick! – disse uma voz conhecida do outro lado da linha, ela nem olhou o visor do celular quando o atendeu, afinal estava dormindo quando ligaram, a noite de serviço tinha sido cansativa, três danças particulares regadas de dinheiro.
-Oi Pri, fala.
-Amiga preciso de um favor. – nesse momento Nick abriu os olhos e fez uma careta para o teto, sabia o que a amiga ia pedir para ela, cobri-la bem na sua folga – Sabe o que é? É que não consegui pegar o trem para voltar a tempo e eu sei que hoje é sua folga... tem como?
-Tá, tudo bem. – respondeu meio brava, naquele dia ia ser seu primeiro encontro oficial com Ron, depois de 3 semanas dele indo visitá-la nas folgas o ruivo criou coragem e a chamou para sair e agora ela não ia mais poder ir.
-Valeu, amiga. Vou ligar para o Danny e avisar para ele descontar do meu salário esse dia e jogar no seu, ta bom?
-Claro! – ela respondeu mais animada, agora ia receber pelo favor.
-Valeu, mesmo! – falou a amiga totalmente feliz – Beijos!
-Beijos! – e desligou. A parte mais difícil era agora, ligar para Ron e dizer que não teria como saírem naquela noite porque ela resolvera dar uma de “boa samaritana”. Discou o número que ele lhe dera d’A Toca, ficou esperando e no quarto toque alguém atendeu:
-Alô? – a voz era de homem, mas ela não reconheceu.
-Alô, quem é?
-Jorge, quem é?
-Hermione. – respondeu estranhando que os gêmeos estivessem lá, mas não era de seu interesse isso.
-Olá, bela Hermione.
-Olá, belo Jorge. Como estás? – perguntou ela entrando na brincadeira.
-Melhor agora! – respondeu ele rindo – Quer falar com Ron?
-Sim. – respondeu rindo da primeira frase dele.
-Pera aí que eu vou chamar. – ela ouviu o telefone sendo colocado em algum lugar e os passos dele se afastando.
Ron estava mexendo na cerca do quintal da casa e se virou quando gritaram seu nome.
-O que?
-Telefone. – gritou Jorge da porta da cozinha e viu o irmão mais novo começar a correr em sua direção.
“Hermione” foi a única coisa que passou por sua cabeça enquanto corria para a porta e entrava pela cozinha quase derrubando Jorge. Foi até a sala e pegou o fone do telefone tentando acalmar a respiração.
-Oi. – disse ele ainda ofegante.
-Oi, tudo bem? – ele sentiu a voz dela um pouco triste.
-Tá sim, e você?
-Também.
-Que bom. Fala, Severus. – disse Ron cumprimentando Severus que acabava de chegar.
-Snape tá aí a essa hora? – perguntou ela incrédula.
-Pois é, as coisas mudaram muito. – respondeu o ruivo.
-Então ta, né? – riu baixo – Ron, hoje não vamos poder sair. – dessa vez a voz dela saiu totalmente triste.
-Porque? – ele perguntou decepcionado.
-Vou cobrir o horário de uma das garçonetes. Pode ficar para depois de amanhã? Na sexta?
-Pode, tudo bem. – meio contrariado ele concordou e depois de combinarem horário e outras coisas desligaram.
Ron se sentou no sofá e viu Snape lhe encarar da porta da cozinha.
-O que foi, Weasley?
-Mione vai trabalhar hoje.
-E? – perguntou tentando não parecer interessado no assunto.
-Tivemos que remarcar nosso encontro para sexta. – ele se levantou e dando um meio sorriso para Snape saiu pela cozinha e voltou a mexer na cerca. Severus ficou a fitar o tapete da sala e em sua mente uma idéia começou a se formar.
Colocou a saia curta preta de pregas que as garçonetes usavam e a blusa extremamente decotada também preta, botas de cano longo e salto, prendeu o pouco cabelo que tinha e começou a servir. O bom era o horário que faria, das 19 horas até a 1 da manhã, sairia e poderia dormir bem mais do que de constume.
-Nick, chegou um cara muito estranho e pediu por você. – falou Lily chegando perto dela e quase derrubando a bandeja cheia de copos vazios.
-Onde? – perguntou Nick estranhando o pedido e olhou para onde a loira apontava, mas não conseguiu ver quem era por causa da escuridão do lugar onde a mesa do homem ficava.
-Vai lá! – disse Lily pegando algumas bebidas e saindo.
Nick entregou os pedidos que carregava em sua bandeja e foi na direção da mesa do homem, o rosto dele ficou coberto pela escuridão mesmo quando ela parou na frente da mesa.
-O que deseja? – perguntou forçando a vista tentando ver que ele era.
-Whisky de Fogo. – disse Severus saindo das sombras e sorrindo para ela, que também sorria.
-Sabe que não temos isso aqui. – disse rindo e cruzando os braços – Como está?
-Bem, e você? – perguntou a olhando nos olhos e percebendo que a cor deles estava diferente.
-Na mesma. O que faz aqui? – viu ela dar de ombros e continuou – Posso te trazer alguma outra coisa?
-Whisky com gelo. – respondeu vendo ela anotar o pedido e sair na direção do balcão. Poucos minutos depois ela voltou com sua bebida, colocou um guardanapo na mesa e a bebida em cima – Obrigada. O que fez com seus olhos?
-O que? – perguntou ela cruzando os braços novamente.
-A cor de seus olhos, i que fez? – explicou bebendo um pouco do Whisky.
-Ahh, são lentes de contato. – viu que ele continuava a lhe olhar sem entender – É um tipo de lentes de óculos, mas de plástico. Algumas servem como substitutas do óculos e tem grau, outras como a minha servem só para mudarem a cor dos olhos.
-Compreendo. – ele terminou de beber o resto do copo em um só gole, deixando ela surpresa – Her... Nick, saí que horas?
Nick ficou avaliando a pergunta por alguns segundos, reparou que ele estava lhe olhando nos olhos, as feições estavam severas, mas apertava uma mão contra a outra indicando ansiedade.
-Daqui... – olhou no relógio e se espantou em como as horas tinham passado rápido – 1 hora.
-Podemos conversar quando sair? – ele continuava com a mesma expressão e apertava as mãos tentando em vão fazer com que parassem de suar.
-Claro. – ela sorriu e piscou para ele saindo para atender outras mesas. Severus ainda se recuperava da resposta dela e tentou ao máximo desviar o olhar do rebolado dela, mas foi impossível.
“Será que ele também quer saber o que houve comigo naquelas noites?” pensou ela se trocando no camarim. “Ora, só pode ser isso. Afinal, por qual outro motivo ele viria aqui?
“Pra te ver.” respondeu aquela voz mais brava dentro de si, mas ela fingiu não escutar. Vestiu uma calça jeans preta, blusa branca, casaco preto, sandálias pratas baixas e soltou o cabelo. Se olhou no espelho, pegou a bolsa preta e se dirigiu na direção da cortina vermelha-sangue que dava para o clube.
-Quem era o cara estranho? – perguntou Lily quando Nick atravessou a cortina e parou perto do balcão.
-Um velho amigo. – respondeu rindo. “Amigo? Você pode achar isso, já ele...” falou outra vez aquela voz mais dura.
Nick a ignorou outra vez e seguiu na direção da mesa de Severus que a recebeu com um sorriso. Ela também sorriu e se sentou ao lado dele, os dois de frente para o palco. Severus olhou para ela de conto de olho e ficou analisando seu rosto. “Como ficou linda.” pensou ele, mas logo sua razão lhe chamou, não deveria entrgar o jogo de cara. “Primeiro veja o que se passa com ela.” decidiu. Se aproximou do ouvido dela e disse baixo:
- “Roxanne, you don’t have to put on that red light
(Roxanne, você não precisa colocar essa luz vermelha)
Walk in the street’s for money
(Andar nas ruas por dinheiro)
You don’t care if is wrong or if it is right
(Você não liga se é errado ou se é certo)
Roxanne, you don’t have to ware that dress tonight
(Roxanne, você não precisa usar esse vestido essa noite)
Roxanne, you don’t have to sell your body in to the night
(Roxanne, você não precisa vender seu corpo para a noite)
Why does my hearth cry? Fellings I can’t fight
(Porque meu coração chora?, Sentimentos que não posso evitar)
You’re free to live me, but just don’t decieve me
(Você é livre para me deixar, mas não me engane)
And please believe me when I say “I Love You”.”
(E por favor acredite quando eu digo “Eu Te Amo”.”)
Mione se arrepiou com aquelas palavras que ele disse, respirou fundo e se virou devagar o olhando nos olhos, viu que eles tinham um brilho que nunca tinha visto antes, um brilho que indica que a pessoa está viva. Percebeu que ele lhe dava um sorriso pelo canto da boca, sorriu em retorno e por alguns segundos pensou em algo para dizer em retorno, lembrou-se de uma música perfeita para a ocasião.
Severus viu quando ela se aproximou de seu ouvido e sentiu a respiração dela bater contra sua pele, o fazendo estremecer, então ela disse em uma voz baixa e suava:
- “Though I've tried, I've fallen, I have sunk so low
(Apesar de ter tentado, eu caí, Me afundei tanto)
I have meseed up, better I should know
(Eu errei muito, devia saber que era errado)
So don’t come around here
(Então não venha aqui)
And tell me “I Told You So”.”
(E me dizer “Eu Te Avisei”.”)
Severus a olhou intrigado. “O que ela quer dizer com isso?” pensou ele enquanto ela se afastava e ficava a fitá-lo. Só agora a música e as vozes das outras pessoas voltavam a chegar em seus ouvidos, desde que ela sentara ao seu lado ele parou de escutar tudo ao redor e passou a prestar atenção nela.
Mione o analisava calmamente, queria ver a reação dele sobre suas palavras, mas ele somente ficou a olhá-la com uma expressão indiferente.
-Belas palavras. – ele disse saindo do transe que estava e olhando para o palco.
-As suas também. – olhou para o palco e viu Carmen dançando, voltou a olhar para ele – De onde tirou as suas?
-Uma antiga história sobre um rapaz que se apaixonava por uma cortesã. – ele se virou para olha-la – O que disse é parte de uma música que ele fez para ela em um momento de ciúmes e angustia.
-Que lindo! – exclamou ela se surpreendendo que Snape pudesse conhecer história dramáticas.
-E as suas?
-Uma música que escutava quando era mais nova. Sempre achei que uma hora essa música entraria na minha e falaria por mim. – respondeu sorrindo e colocando uma teimosa mecha de seu cabelo para trás da orelha.
-Vejo que agora faz. – disse ele mais nervoso do que gostaria – Bom, deve querer descansar, então me vou.
-Vou com você até lá fora. – saíram em silêncio e parando na frente da porta do prédio dela ficaram frente a frente – O que veio fazer aqui de verdade?
Severus considerou algumas respostas e até ações que pudessem responder aquela pergunta, deu um passo para frente e ainda a olhando nos olhos abriu a boca para falar, mas nada saiu. “Diga qualquer coisa, menos que veio vê-la” disse sua razão bem brava.
-Vim vê-la. – “Burro.”.
Ela sorriu e abaixou a cabeça tentando esconder o quão surpresa e constrangida estava. “Alô? Ele é o Snape.” sua mente tentou alertá-la, mas ela a ignorou completamente e se aproximou dele, lhe dando um beijo no rosto, o olhou nos olhos e sorrindo disse:
-Pois venha mais. – e abriu a porta e entrou.
Severus se surpreendeu com a reação dela e, quando ela fechou a porta do prédio ainda sorrindo, ele nem ao menos olhou para os lado para aparatar, queria guardar aquele sorriso na memória.
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