Cap. Único
Nome da Fic: O Desafio
Autor: Lara Sidney Snape Croft
E-mail/MSN: [email protected]
Shipper: SS/HG
Censura: G
Gênero: Romance
Status: Completa
Spoilers: Do 5º.
Resumo: Em resposta a um desafio do SnapeMione FanFics: Severo Snape passa uma noite na sede da Ordem, e exausto, procura um quarto vazio e lá dorme. Mione, que também estava exausta, sobe até seu quarto e deita em sua cama para dormir. Na manhã seguinte, a Sra. Weasley vai acordar Mione e leva um susto ao se deparar com Mione e Severo dormindo juntos.
A sede da Ordem da Fênix estava cheia de bruxos eufóricos com a última aparição de Voldemort. Dumbledore e ele se enfrentaram, mas não houve vítima ou vencedor. Além da morte de Sirius, que deu muito pano para manga: a sua finalmente provada inocência e então morte. Tudo isso deixou todos aqueles bruxos que acreditavam cegamente no Ministro da Magia, com muito remorso.
Faltava apenas um mês para as aulas em Hogwarts começarem, e Harry, Rony e Hermione já estavam na sede, a pedido de Dumbledore. Afinal, eles estariam indo para o sexto ano, podiam fazer muito pela Ordem, mesmo ficando presos lá dentro. E agora já podiam participar das reuniões. Além deles, Fred e Jorge também participavam, e só a pequena Gina ficava de fora.
A última foi uma das mais importantes e decisivas: Severo Snape se renderia, seria levado à Azkaban. Lá dentro usaria toda a sua sagacidade para arrancar informações dos Comensais presos. Então, no dia do julgamento, Dumbledore usaria seu poder de persuasão para libertá-lo. Era uma missão muito difícil, mas Snape era o único que poderia cumpri-la, não iria se acovardar.
A missão seria no dia seguinte, ele precisava dormir muito bem. Então foi até um quarto que aparentemente estava vazio, deitou-se na cama e dormiu, para acordar só no dia seguinte.
Harry, Hermione e Rony estavam muito cansados e preocupados com a missão de Snape. Não que a preocupação fosse com ele, mas se Snape fosse descoberto, todos os membros da Ordem, inclusive o trio, se daria muito mal.
Hermione subiu até seu quarto. Pensou em que bom era ter, finalmente, um quarto só para si. Na casa de seus pais, dividia o quarto com uma prima, e na Ordem, no ano passado, dividia o quarto com Gina. Agora ele era só seu. Ao entrar, estava tudo escuro, sem uma mísera vela acesa. Tudo bem, estava exausta, mesmo. Simplesmente deitou em sua espaçosa cama, sem nem trocar de roupa, e dormiu no canto direito, que era seu preferido, no segundo em que pôs a cabeça no travesseiro.
Na manhã seguinte, a Sra. Weasley fora aos quartos acordar as crianças, e comentou com Harry e Rony que não vira o professor Snape em quarto algum. O último que visitou fora o de Hermione.
- Hermione, querida, acor… AAAH!! O QUE SIGNIFICA ISSO?!
Ela levantou-se assustada, completamente confusa. E mais confusa ainda ficou ao ver um professor de poções também em pé, parecendo atordoado e muito vermelho.
- Sr. Snape! Ela é uma criança!
- Por favor, Sra. Weasley… - tentou ele desesperado.
- Como pôde?! O que irei dizer aos pais dela! Francamente, eu não esperava isso de um homem como o senhor! E você, Hermione! E eu achava que você tinha juízo!
- Sra. Weasley, eu realmente…
- Não adianta desculpas, mocinha. Vou falar com Dumbledore imediatamente! O senhor, em… uma missão difícil pela frente… Hunf! - muito vermelha, a Sra. Weasley saiu do quarto, batendo os pés, deixando Hermione e Severo pasmos.
Eles se olharam, mas logo desviaram o olhar, corados.
- Ah… perdoe-me, Srta. Granger, mas esse foi o único quarto vazio que achei. Quando cheguei, não havia ninguém.
- Eu… eu entrei ontem e não acendi a luz… simplesmente deitei. Não poderia imaginar que teria um homem em minha cama…
- Vamos descer e esclarecer tudo, antes que aquela maluca saia gritando para Deus e o mundo que nós… eu… é… - Hermione segurou uma risada. Nunca vira seu professor tão corado e embaraçado.
- Tá, eu sei. - ela também corou violentamente.
Os dois desceram silenciosamente, sem trocar ao menos um olhar constrangido. E ao chegarem, vêem, a um canto, Harry, Rony, Fred, Jorge e Gina segurando risadas, e um Dumbledore sorrindo.
- Creio que houve um mal entendido aqui, não é? - e olhou diretamente nos olhos de Snape, esperando uma explicação.
- Sim, diretor, houve. - e lançou um olhar fulminante para a Sra. Weasley, só então se voltou para Dumbledore para responder. - Foi tudo culpa minha, Alvo. - quem ria, parou para ouvir atentamente, impressionados de ver Severo Snape assumindo culpa. - Ontem à noite fui à procura de um quarto… encontrei um vazio, e estava exausto demais para perceber que havia pertences de outra pessoa lá dentro. A Srta. Granger, creio eu, chegou mais tarde e também estava cega pela exaustão.
- Sim, entendo… Bom, problemas resolvidos. Agora vamos ao trabalho. Severo, partiremos em uma hora. Apronte-se.
Ele olhou para Hermione, então virou-se, esvoaçando sua capa como um morcego, e foi em direção à cozinha. Já Hermione olhou ameaçadoramente para o canto onde os meninos e Gina estavam.
Depois eles também foram para a cozinha. Snape ainda estava lá e virava uma caneca de café. Hermione olhou para ele, mas seus olhares se cruzaram, e ela tentou disfarçar, constrangida.
Aquela uma hora passou rápida, então alguns dos membros da Ordem se despediam de Snape e desejavam-lhe boa sorte. Hermione queria fazer o mesmo, mas estava sem coragem. E não queria admitir, mas estava receosa pelo que poderia acontecer ao seu professor, afinal aquela missão era a mais difícil, mais arriscada, mais importante e mais decisiva até agora.
- Srta. Granger?
Hermione deu um pulo de susto; estava perdida em seus pensamentos. Olhava para frente, mas não via nada nem ninguém, e ao perceber aquele homem tão alto, não conteve o gritinho.
- Professor Snape! Assustou-me!
- Eu vim desculpar-me mais uma vez. E quem sabe, se acontecer algo e Dumbledore não achar logo um professor de Poções, a senhorita poderia dar uma ajuda.
A garota mal acreditava em seus próprios ouvidos; acabara de receber um elogio, mesmo que indiretamente, mas não pôde deixar de se preocupar com o que disse seu Mestre de Poções.
- Que é isso, professor? Não acontecerá nada de ruim, só de bom. O senhor conseguirá, tenho certeza. É só… tomar cuidado.
Ele apenas fez um mero aceno com a cabeça e virou-se para ir embora. Harry e Rony se aproximaram:
- Mione, o que aquele velho seboso e pedófilo queria com você?
- Rony! Não fale isso! Tanto ele quanto eu já dissemos: foi acidente! Nada foi intencional!
- Da sua parte pode até ser, mas da dele…
- Ah, Rony. Cala a boca! Ele está indo para uma missão muito difícil e decisiva, e você aí, só xingando e resmungando. Hunf! - e saiu, deixando os amigos sem resposta.
Hermione subiu até seu quarto. Lá deitou na cama e assustou-se ao sentir o cheiro do professor impregnado em seus lençóis. Mas de susto foi para interesse e saudades [eu disse saudades?!]. Ela sentou-se na cama e abraçou seu travesseiro, inalando aquele cheiro de ervas, sentindo água pesar em seus olhos. Sempre odiara seu professor, é verdade, mas só de pensar em todos os perigos e torturas que ele teria de passar, de pensar em nunca mais ouvir aquela voz, ver aquela figura, aquele "A" em suas provas, aquelas palavras, aquele jeito tão lúbrico, porém involuntário… ela queria chorar, sentia o desespero tomar conta de si.
"Não é possível", pensou, "eu sempre o odiei tanto!… e agora que a possibilidade de perdê-lo está presente…"
- Hermione?
- Ah, oi, Harry - disse limpando as lágrimas.
- Você está bem?
- Estou.
- Ele te fez alguma coisa, Mione? Você estava chorando. Não vá me dizer que está com saudades do Snape…
- Harry! Não! É que…
- Está com medo de que se ele morrer não haja um professor à altura para nos ensinar poções? - perguntou com sarcasmo.
- Não, Harry. Mas… é essa guerra idiota, essa situação. E, Harry, ele é um ser humano e pode morrer!
- E você se importa tanto assim com ele?
- Não com ele, e sim com todos os membros da Ordem e inocentes. Por mais que não gostemos dele, o Snape está do nosso lado, e Dumbledore confia nele.
- Tá, Hermione, mas não é motivo para choro.
- Ah, Harry, você é um insensível!
Depois da pequena discussão, Hermione e Harry não se falaram por todo o dia. A menina tentava esconder, mas na verdade estava nervosíssima com a missão de Snape. Mas de nada adiantava o nervosismo.
O mês passou rápido, e já era hora de voltar à Hogwarts. Severo Snape ainda estava em Azkaban, e o ano letivo começaria com o próprio Dumbledore dando aulas de poções. Na escola todos ficaram felizes com a notícia, pois não sabia das atuais condições do Mestre de Poções.
Meses se passaram, quase cinco. Hermione não esqueceu do professor, mas já estava conformada. Mesmo assim, todos as manhãs, sem deixar passar um dia, sequer, lia o Profeta Diário em busca de notícias de Azkaban, mais precisamente de Severo Snape.
Ia sozinha em direção à sala de Feitiços, quando ouviu o nome de seu professor de poções. Ficou curiosa, então foi atrás do dono da voz. Viu, a um canto, Dumbledore e Minerva. Os dois cochicharam alguma coisa e foram em direção à sala do diretor. Hermione não agüentou, seguiu os dois professores.
Eles entraram na sala de Dumbledore. Hermione não tinha como entrar. Resolveu desistir e ir para a sua aula. Mas estava decidida de que logo que tivesse tempo iria falar com o diretor.
Hermione olhava atentamente para a mesa dos professores. Dumbledore ainda estava com ar de preocupado e ainda cochichava com Minerva McGonagall. E antes que eles saíssem da mesa, Hermione foi até eles.
- Professor Dumbledore, preciso falar com o senhor. Será que podemos ir até sua sala?
- Claro, Srta. Granger.
Os dois saíram do Salão Principal e foram até a sala. Ao entrarem, Dumbledore fez um carinho em Fawkes e depois foi sentar-se. Convidou Hermione a sentar-se também.
- Parece preocupada, Srta. Granger. Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu, diretor. O professor Snape entregou-se aos Dementadores faz quase cinco meses! E vai ficar por isso mesmo? - Hermione não percebeu que seu tom de voz estava um pouco acima do normal, e isso assustou um pouco o diretor.
- Calma, Srta. Granger. O professor Snape já está conosco.
Os olhos de Hermione brilharam. Então ela se levantou.
- Onde?! - perguntou com a voz um pouco alterada.
- Sente-se, criança. Vamos conversar.
Hermione tentou se acalmar um pouco, então sentou.
- Trouxemos Severo para cá ontem. Como deve imaginar, ele não está muito bem. Mas felizmente conseguimos tudo o que precisávamos, Severo recolheu informações decisivas. Agora só nos resta cuidar dele e usar de todas as nossas armas para destruir Voldemort.
Hermione estava tão ansiosa que nem ao menos o nome Voldemort a afetou. E não saberia dizer o porquê, mas precisava muito ver seu professor.
- Professor Dumbledore, eu posso vê-lo?
Ele sorriu ternamente.
- Claro, Srta. Granger. Mas receio que não o possa fazer agora. O professor Snape ainda precisa se recuperar de todo esse tempo passado em Azkaban. E será um tanto complicado para Madame Pomfrey fazer isso e cuidar da Ala Hospitalar ao mesmo tempo.
- Ora, professor. Eu posso fazer isso. E faria com o maior prazer!
Era de se esperar que Hermione se oferecesse, mas Dumbledore estava tão preocupado que tal idéia não passou por sua mente.
- Tem certeza, Srta. Granger? Isso pode te atrapalhar…
Mas ela não deixou o professor terminar.
- Diretor, confesso que Severo Snape nunca foi e duvido que um dia seja meu amigo, mas eu gostaria de ser amiga dele. Mesmo com… aquelas coisas que ele faz na aula, tirar pontos e tal, eu o respeito, e se precisa de minha ajuda, não hesito em dar. Não sei o porquê de tudo isso… talvez seja uma das características de um grifinório.
Dumbledore ficou sem palavras.
- Claro, Srta. Granger, está mais que certa. Mas receio que sua presença não seja desejada…
- Eu sei, professor. Mas queira ele ou não, Madame Pomfrey é muito ocupada, e por culpa dele mesmo não há outro professor ou aluno que se disponha a ajudá-lo.
- É, é verdade. Mas é melhor eu falar com ele primeiro. E a senhorita, por favor, não deixe que isso atrapalhe seus estudos, sim? Agora vamos até os aposentos de Severo.
Os dois seguiram pelo corredor até as Masmorras. Dumbledore parou em frente a uma porta da qual ela nunca tinha passado: a porta para os aposentos de Snape. Dumbledore pediu que ela esperasse do lado de fora, então entrou.
Logo o velho professor estava de volta.
- Srta. Granger, ele hesitou um pouco, mas acabou aceitando. Por favor, seja paciente com ele. Não aceite provocações. E tudo o que ele precisa são poções para abaixar a febre, comer bem e ingerir muita água. Qualquer coisa é só chamar a mim ou Madame Pomfrey.
Hermione agradeceu e Dumbledore foi embora. Ela olhou para a porta e respirou fundo. Então a empurrou lentamente.
- Com licença, professor?
- Entre, Srta. Granger. - ela entrou e fechou a porta, então logo viu Snape sentado em uma poltrona de frente para a lareira. - Não sabia que tinha virado curandeira.
- Não, professor. Mas não há ninguém a disposição de cuidar do senhor. E eu posso fazer isso.
- Sou bem grandinho, senhorita, não preciso que uma miniatura grifinória cuide de mim.
- O senhor poderia ser mais gentil. Eu quero apenas ajudar.
Ele virou-se para ela e a fitou com o seu olhar mais ameaçador que podia. Hermione sentiu-se tremer, mas disfarçou bem. Não iria dar o prazer de parecer intimidada.
- Não, Srta. Granger, não sou, nunca fui e jamais serei gentil, ainda mais com uma grifinória. - e voltou o olhar para a lareira. - Pode ir, não preciso de você.
- Não, Severo Snape, eu não vou. Dei minha palavra a Dumbledore que cuidaria do senhor, e pretendo cumprir o que disse. Quer o senhor queira, quer não, eu vou ficar aqui até que ceda.
- Típico comportamento grifinório… reconheço sua ousadia, porém é uma ousadia sem limites. É bom começar a medir as conseqüências de agora em diante, senhorita. E não sei se ainda se lembra, Srta. Granger, mas sou seu professor, tenho autoridade sobre você e sou mais velho. É bom me respeitar e obedecer às minhas ordens, se não quiser perder pontos para a sua casa.
- Pouco me importam pontos! E não sei se o senhor se lembra, mas eu sou um ser humano e também mereço respeito!
Snape levantou-se e olhou bem no fundo dos olhos da menina, e então se desequilibrou, tendo de segurar no braço da poltrona. Hermione adiantou-se para apoiá-lo.
- Professor, o senhor ainda está fraco. É melhor ficar sentado e ser um bom garoto.
Novamente olhou-a ameaçadoramente, mas Hermione não se intimidou. Então Snape sentou-se e deu um longo suspiro.
- Tudo bem, Srta. Granger. Mas não saia por aí dando com a língua nos dentes. Ninguém na escola sabe que estou aqui e não saberão até eu estar disposto a dar aulas.
- Sim, senhor, pode deixar.
Durante uma semana Hermione teve de cuidar do professor. Ele tinha pesadelos à noite e muita febre, além de alguns delírios. E quando estava acordado, tossia a todo o momento, além de vomitar de vez em quando. E parecia fazer de tudo para que Hermione desistisse dele, mas ela não o faria.
- Professor Snape, cheguei!
- Que ótimo! - disse ironicamente.
- Como passou a noite?
- Srta. Granger, por que insiste em me tratar como criança?
- Perdoe-me, professor, mas o senhor é tão teimoso quanto uma.
Hermione riu e se afastou da cama que ele estava deitado. Já Snape a olhou com fúria.
- Isso lhe custará caro, mais tarde. Isso e todas as brincadeirinhas tolas que já fez comigo.
- Ora, professor, temos que descontrair um pouco! E duvido muito que depois de uma semana que eu passo o dia quase inteiro aqui, o senhor ainda queira olhar para a minha cara.
Novamente ela riu e novamente Snape não gostou.
Ele não conseguia admitir, mas ele não duvidava nada de que começasse a arranjar desculpas para continuar vendo Hermione mesmo depois de estar bom.
Hermione voltou a se aproximar e encostou as costas da mão na testa do professor, medindo sua temperatura.
- Que bom, hoje acordou sem febre. - então se afastou novamente. - Professor, posso lhe perguntar uma coisa?
- E tenho, eu, escolha?
- Bem… não, hehehe. É… o que aconteceu lá?
- Lá aonde?
- Em Azkaban. O que aconteceu? O que conseguiu te deixar de cama?
- A senhorita deveria saber dos efeitos dos Dementadores. Não enlouqueci por pouco.
- Sim, isso eu sei. Isso justifica pesadelos e essas coisas… mas e essa gripe que veio junto? Uma gripe que nem as melhores poções curam?
Dumbledore já havia dito a Snape que não poderiam esconder por muito tempo. Essa pergunta já era temida.
- Eu temia que perguntasse isso… não é da sua conta, Hermione.
- Mas… ei!, você me chamou pelo primeiro nome!
- Não foi minha intenção…
- Ah, foi sim! Quando eu fiz a pergunta o senhor fechou a expressão, pareceu… triste. E quando disse meu nome, parecia estar sentindo compaixão… Por favor, me diz o que está acontecendo!
O brilho de pavor nos olhos de Hermione comoveu o Mestre de Poções. E sabia que mais cedo ou mais tarde teria de contar a verdade.
- Srta. Granger… não precisa se preocupar, está tudo bem. Logo eu já estarei lhe tirando pontos na aula de poções.
- Isso era tudo o que eu mais queria… - disse Hermione baixinho, sem pensar, mas o professor ouviu.
- Como assim?
- Ah… é… não, eu… … Tá, tá bom! É que eu… gosto do senhor.
- Como?
- Eu gosto do senhor, de verdade. Eu… só quero que fique bom logo para me tirar pontos na aula de poções, assim como disse.
- Srta. Granger, é melhor trocarmos de lugar. Deite aqui para eu cuidar da senhorita. Acho que a senhorita é quem está delirando.
- Não me venha com ironias agora, Severo Snape! Será que não consegue entender que não vai chegar o dia de sua morte sem que antes tenha sido amado por alguém?! Mesmo com toda essa sua… arrogância, estupidez e ironia idiota, suas qualidades também são vistas. Você é inteligente, é do bem e… é o Mestre de Poções! Alguém um dia teria de enxergar isso, e eu enxerguei! Tenho certeza de que você é um homem no mínimo cortês, quando não está preocupado em espantar os outros.
Snape olhou-a incrédulo. Que tamanha ousadia!
- E vai ficar aí me olhando com cara de taxo?
- Muito bem, Srta. Granger. O que pretende fazer agora?
- N-nada… eu apenas queria que soubesse…
- Agora já sei.
- E que eu sinto isso desde aquele dia, ou noite, na Mansão Black.
Snape empalideceu. Durante aqueles quase cinco meses em Azkaban, só conseguia pensar em Hermione, o verdadeiro incentivo à vida dele. Viveria por ela, para dizer que a amava, então só depois morrer em paz. E agora que tinha a chance, fazia descaso da presença da garota, a tratava mal, dizia palavras ruins, e mesmo assim ela não saía. Talvez ela sentisse o mesmo por ele.
- Srta. Granger, não faça isso, não fale isso. Não é justo consigo mesma. Eu sou um homem adulto e rude, enquanto você é apenas uma garota de 16 anos. E você disse tudo isso sem nem ao menos deixar eu responder à pergunta anterior…
- Então fale!
- Eu não vou sobreviver, Srta. Granger.
- O quê?!
- Eu sei que pareço bem, apenas uns pesadelos e náuseas. Mas em Azkaban fui envenenado, e posso morrer a qualquer momento, sem ter tido antes fraquezas ou coisas assim. Talvez eu só esteja durando tanto tempo porque a senhorita está cuidando de mim.
- Mas… não… não pode! Eu sabia! Eu sabia! Desde o dia que te vi partir para essa missão idiota, desde aquele dia… eu me senti mal, eu pressenti…
- Calma, menina. Eu fui sabendo do que poderia ocorrer. Não é novidade para mim. - ele já estava de pé, perto de Hermione, acariciando seus cabelos.
Hermione tinha seu rosto entre as mãos, chorando. Levou um susto ao sentir a mão do professor em seu cabelo.
- Mas… não é justo!
- Nada nessa vida é justo.
- Tem que ter uma cura! VOCÊ É O MESTRE DE POÇÕES!
- Não adianta, não há nada.
- MAS VOCÊ TEM QUE AO MENOS TENTAR!
- Eu já disse que não adianta! E pare de gritar comigo!
- O-o que… o que te envenenou? - perguntou Hermione entre soluços.
- Injetaram veneno de Aragogue no meu sangue. Isso mata de repente: pode ser logo depois como pode levar anos. E não há cura. Eu não posso lhe dizer quanto tempo de vida ainda tenho. Pode até ser 2 minutos.
- Ai, não fale isso! Professor, juntos, você e eu, e mais a ajuda de Dumbledore, Medibruxos e muitos livros, podemos achar a cura!
- Não se iluda, Srta. Granger.
- Não estou me iludindo! Por Merlin, é a sua vida! Você tem que lutar pela sua vida!
- E por que eu faria isso?
- Ora, o interesse é seu. É a sua vida. Você que escolhe se quer morrer ou viver.
- E seu eu não quiser mais viver? - Hermione mordeu o lábio inferior. - Afinal, essa vida não serviu para nada. É uma vida dura e sem sentido.
- Se você não quer viver, eu quero que viva.
Hermione saiu, deixando um Snape de queixo caído. Foi até Dumbledore.
- Professor Dumbledore, o senhor sabe o que está acontecendo com o professor Snape, não sabe?
- Sim, senhorita.
- E o senhor sabe que com esforço meu e dele, mais a ajuda de outras pessoas, conseguiremos encontrar a cura, não sabe?
Dumbledore suspirou.
- Hermione, você está certa. Mas depende apenas dele. Apenas o próprio Severo Snape que pode decidir. Ele acha uma perda de tempo… pode morrer a qualquer hora, a senhorita sabe.
- Nunca seria uma perda de tempo!
- Então deve insistir com ele, Hermione.
- Com licença, professor Snape?
- Já não me venha com aquele papo novamente…
- Sinto muito, mas o senhor vai me ouvir.
- Poupe sua saliva, Srta. Granger.
- É, tem razão, pouparei minha saliva. E para isso, resumirei tudo em uma curta frase: mexa-se, nós iremos encontrar a cura.
Não teve jeito. Não havia argumentos contra Hermione, então Snape se viu obrigado a lutar pela própria vida, o que realmente era uma ironia.
Os dois trabalhavam juntos todos os dias, após o jantar. Para os amigos, ela inventava qualquer desculpa, quando Madame Pince perguntava para que tantos livros medicinais, ela dava mais desculpas. Dumbledore também, sempre dando desculpas para os professores ou alunos - da Sonserina - que perguntavam sobre o paradeiro do Mestre de Poções.
- Professor, olha isso aqui! - falou Hermione ansiosa mostrando um livro ao professor.
- É… talvez essa seja a chave! - disse ele tentando disfarçar um entusiasmo além do real.
- Talvez não, é! Olhe, professor Snape, de acordo com os nossos estudos, tudo o que está nos faltando é algo que sirva de efervescente e ao mesmo tempo não se misture com os outros ingredientes, mas que deve ser tudo ingerido ao mesmo tempo. Como não pensamos nisso antes?! Severo, está tudo escrito aqui!
Ele a olhou espantado, e logo o sorriso dela desapareceu, ao perceber o que havia dito, totalmente vermelha..
- Me desculpe, professor, eu… eu m-me empolguei… eu… saiu sem querer. Sério, eu não… queria…
Mas ela não pôde terminar com suas desculpas, teve sua boca calada por um beijo inesperado do professor, um beijo quente e molhado, delicioso… tudo o que ela queria. Mas ele se afastou antes do que ela esperava.
- Ah… perdoe-me, Srta. Granger. É melhor… a senhorita ir embora. O que eu fiz não tem perdão… não é certo… eu não devia. Saia, por favor.
- Não! Você… digo, o senhor tem que assumir as conseqüências!
- Eu sei… peço que não me odeie por isso, não por isso. Mas… por favor, saia.
- Nada disso! Já parou para pensar? Lembra aquele dia… que eu disse que gostava do senhor?
- Isso não justifica. Eu sou um adulto… você é só uma criança.
- Não sou criança não! Tenho 16 anos!
- Mas isso que eu fiz… não, você ainda é criança. Posso ser processado por isso.
- Mas não vai, porque eu quero você, eu gosto de você!
- Por favor, não insista.
- Deixa de ser bobo!
Ela passou os braços em volta do pescoço dele e o beijou mais intensamente do que havia sido beijada.
Mais tarde Hermione estava sentada no tapete que havia no chão logo à frente da lareira do Salão Comunal, lendo um livro distraída.
- HERMIONE!!
- AI!!! O que foi?!!
- Pôxa, Mione, estou te chamando há um tempão e você não me ouve!
- Ah, desculpa, Rony. Mas é que esse livro está tão interessante…
- Deve ser mais interessante ainda se for lido corretamente.
Hermione não entendeu. Olhou para o livro; ele estava de cabeça para baixo.
- E então, no que é que estava pensando?
- Rony, deixa de ser indiscreto! E cadê o Harry?
- Está na cabana do Hagrid. Eu vim buscá-la para irmos também.
- Ah, não, Rony, eu estou com sono. E isso por acaso são horas?!
- Hoje é Sábado, podemos ficar por aí até mais tarde, lembra-se?
- É mesmo…
- Agora me fala no que estava pensando. Você estava sorrindo demais para o meu gosto… o que aconteceu?
- Eu já disse para não ser indiscreto! Agora com licença e boa noite. - Hermione levantou-se e foi em direção ao dormitório das meninas, deixando um Rony espantado com a reação dela.
Ao chegar lá, deitou em sua cama e continuou pensando no professor. O tão odiado professor… o que seus amigos e colegas diriam? A chamariam de louca, na certa. Mas ela o amava, não podia lutar contra. E parecia que ele também gostava dela. Maravilha!
Levaria cerca de dois meses para a poção ficar pronta; Severo parecia mais animado em preparar seu antídoto, agora que ele e Hermione estavam juntos. E ele estava cada vez melhor, seus pesadelos aparecendo com menos freqüência, a febre sumindo, a saúde aumentando, juntamente com uma felicidade inexplicável.
Hermione entrou na Masmorra e viu um Snape sentado à frente da lareira, lendo um livro, muito concentrado.
- Oi, Severo.
- Hermione! Que bom que chegou.
- E aí, está tudo bem?
- Está.
- Que livro está lendo?
- Ah… aquele livro trouxa que você me indicou. Realmente, são muito boas essas crônicas de Luiz Fernando Veríssimo. Mas… você realmente leu?
- Claro que sim. O que é que tem?
- Muita coisa…
- Nem vem dar uma de moralista para cima de mim! Oras, eu já tenho 16 anos! Acho que não há problema nenhum eu ler isso.
- Claro, quem decide é você.
Eles se fitaram por alguns segundos. Hermione caminhou até seu professor-paciente-amante e deu-lhe um beijo carinhoso. Até sentir duas mãos apertando forte seus braços e a puxando para o chão, junto dele. Ele a deitou e ficou por cima. Fitaram-se por mais alguns segundos, ela sentindo a necessidade nos olhos dele. Beijaram-se mais ardentemente.
Hermione ergueu-se um pouco para retirar o sobretudo, enquanto Snape tirava o dele. Tudo muito rápido entre beijos ardentes e necessitados. Hermione já estava sem sapatos e Severo com a blusa aberta, quando ele parou repentinamente e olhou bem no fundo dos olhos da menina.
- Hermione… tem certeza?
- Tenho. Eu… só não sei o que ou como fazer.
- Isso pode deixar que eu te ensino.
Ele se levantou e a colocou nos braços. Então a levou até sua cama e a depositou, sem deixar de fitá-la nos olhos por um segundo sequer. Então ele capturou os lábios dela com voracidade, a deixando quase sem fôlego.
Os dois se amaram a noite inteira. Hermione teve as melhores sensações de sua vida. Nunca se sentiu tão amada, tão desejada quanto àquela noite. E ela também amava e desejava muito aquele homem.
Na manhã seguinte ela acordou e se viu abraçada a Severo na cama, cobertos por apenas um lençol fino. Teve vontade de rir ao ver o temido professor Snape naquele estado de puro cansaço. Mas lembrou-se que tinham aulas e levantou-se rapidamente, mas foi puxada de volta.
- Vai embora assim tão rápido? - perguntou Snape com a voz um pouco rouca e sonolenta.
- Ora, temos aulas hoje!
- Ah, temos, é? Que horror! Aulas em pleno Domingo! - falou irônico.
Hermione teve de rir de si própria. Claro! Era Domingo!
- Hehehe. Tinha me esquecido.
- Percebe-se.
Vestiram-se e ficaram ali mais um pouco namorando, conversando… Chamaram um elfo doméstico e tomaram café ali mesmo, juntos, para só mais tarde Hermione deixar Severo e ir até o Salão Principal. Sentou-se ao lado de seus amigos e tomou um copo de leite para não dizerem que ela não comeu nada.
- Mione, parece feliz. - observou Rony, falando com a boca cheia de pão.
- Pareço? Hm… eu estou normal.
- Podemos perguntar uma coisa?
- Claro, Harry.
- Aonde passou a noite? - foi Rony quem perguntou.
Hermione quase se afogou com o leite. Só depois de algumas tosses e recuperar o fôlego é que se lembrou que não havia inventado desculpa alguma. Tinha de pensar em algo logo.
- Eu… estava no… lá…
- Lá aonde? - perguntou Harry impaciente.
- Eu estava lá fora, ontem à noite… fui dar uma olhada no céu para a aula de astronomia… daí eu sentei debaixo de uma árvore para fazer anotações… acabei dormindo.
- Aham…
Seus amigos pareceram não acreditar muito, mas ficaram quietos, e Hermione agradeceu por isso.
Só no dia seguinte, à noite, Hermione voltou para as Masmorras. E quando chegou lá, seu professor estava preparando a poção.
- Oi, Hermione. Só falta um pouco… em uma hora a poção já estará pronta.
- Que bom! Deixe eu te ajudar.
Os dois conversavam e preparavam a poção. Mas algo inesperado aconteceu: Severo sentiu-se muito mal, de repente, juntamente com uma falta de ar. Segurou-se em Hermione antes de cair.
- Severo!!
Ele desmaiou. Hermione se desesperou. Ela sabia que finalmente aconteceu aquilo que ela tanto temia. Mas faltavam apenas quinze minutos de cozimento e a poção estaria pronta. Não, ele não podia morrer, não agora que eles estavam tão bem.
Hermione dirigiu-se até a lareira, pegou um pouco de Pó de Flu e chamou Dumbledore e Madame Pomfrey.
- Professor, Severo desmaiou! E não está respirando! Por favor, faz alguma coisa. Só faltam dez minutos para a poção ficar pronta!
- Madame Pomfrey, precisamos mantê-lo respirando enquanto a poção não fica pronta. - falou Dumbledore muito sério.
A bruxa assentiu com a cabeça e os dois abaixaram-se perto do professor caído, na esperança de mantê-lo vivo.
Hermione estava desesperada, não sabia o que fazer, não conseguia manter a atenção na poção, e ela precisava continuar mexendo, senão estragaria. Fez o máximo que pôde para não errar, para não mexer errado. Tinha que ser voltas perfeitas no sentido horário. Tinha que acertar.
- Terminei! - falou ela de repente.
- Coloque a quantidade necessária dentro de uma garrafinha. Rápido! Não conseguiremos faze-lo respirar por muito tempo! - falou Dumbledore aflito.
Hermione foi correndo numa estante pegar uma garrafa.
- Não tem nenhuma vazia!
- Dê um jeito, depressa!
Ela olhou e viu uma garrafa que seria a perfeita, mas continha Poção Polissuco, dentro. Não importava. Depois ela faria outra. Pegou a garrafa e jogou todo o conteúdo dentro de uma pia. Depois lavou a garrafa muito bem e foi até o caldeirão. Mediu bem a quantidade, três conchas e meia da poção, nenhuma gota a mais, nenhuma gota a menos. Então deu a garrafa à Madame Pomfrey.
- Tem que ser tudo de uma vez só, não pode derrubar nenhuma gota.
- Pode deixar.
Dumbledore e Hermione ajudaram Severo a sentar. O velho professor fez Severo ficar com a boca aberta e Madame Pomfrey jogou a poção lá dentro, fazendo-o engolir. Depois se afastaram e ficaram esperando ele reagir.
- Vai, por favor, reage… - murmurava Hermione para si mesma.
Os três ficaram observando esperançosos por dois minutos. Mas nada acontecia, e Hermione já estava se desesperando.
- Professor, por que ele não está reagindo? Estava tudo certo. Tudo! De acordo com tudo o que estudamos, não tinha porquê ter dado errado!
- Hermione, tente manter a calma. Ele vai reagir.
Como se as palavras de Dumbledore tivessem feito mágica, Severo Snape ergueu-se bruscamente, de súbito, voltando a respirar. Hermione correu para ele.
- Professor! O senhor está bem? Por favor, fale alguma coisa!
- Não… se preocupe… estou… vivo.
Hermione realmente não sabia como pôde agüentar tudo aquilo. Ela não falava a Severo, mas todos os dias ela ficava em estado de nervos, achando que ele poderia cair a qualquer momento. Até que um dia isso aconteceu, mas não sabe se por sorte ou milagre, conseguiu salva-lo, conseguiu traze-lo para a vida.
Era dia de formatura, Hermione estava ansiosa. Logo começaria a faculdade, onde ela estudaria para ser professora de Feitiços, e isso a deixava alegre, pois faria aquilo que ela mais gostava. Mas além deste fato, ela iria se casar com Severo assim que as aulas terminassem, notícia que deixou a todos boquiabertos.
- Severo, acha que estou bem? E meu cabelo? A maquiagem?
- Calma, Hermione. Não precisa de tanta euforia. Vai, você está linda!
- Tem certeza?
- Claro que sim.
Outro motivo para a euforia dela é que receberia o prêmio de melhor aluna em sua época. Claro que ninguém duvidava que isso aconteceria, até ela mesma sabia, mas agora, na presença de toda a escola, receberia um prêmio - o quê exatamente ela não sabia - das mãos de Dumbledore.
- E agora, depois de tanta festa e tantas comemorações, irei entregar o prêmio de melhor aluno de toda a Hogwarts pelos últimos sete anos. Por favor, Srta. Granger, venha até aqui. - chamou Dumbledore. Ele mesmo parecia estar numa alegria tremenda.
"Meus parabéns pelo seu esforço e dedicação. Acredito que será uma das melhores na profissão que escolheu seguir. E aqui está seu prêmio: um troféu para guardar, mil galeões em sua conta e uma certidão. E é claro que uma salva de palmas não pode faltar".
Toda a escola a aplaudiu. Hermione estava quase chorando de felicidade, e agora partiria para uma vida nova ao lado do homem que tanto amava.
Severo Snape foi à frente, chegou até a Hermione e a beijou, sob aplausos ainda mais intensos, sentindo um calor e um orgulho tomar conta de si.
___________
Nota: tá, o fim não ficou muito legal… não era exatamente isso que eu tinha em mente. Mas a idéia fugiu, então ficou isso mesmo. Mas espero que a leitura não tenha sido em vão. Obrigada a quem teve a paciência de ler.
Terminada em 11 de junho de 2004.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!