Coicidências



Estava uma noite calma e ouviam-se uns ruídos de música e os gritos de várias pessoas delirando que invadiam toda a rua e se ouvia em todas as esquinas, contando que aquele era um bairro calmo, chamava-se Privet Drive onde todos os vizinhos eram muito fofoqueiros e por isso passavam a vida na janela, porém nessa noite apenas um rapaz se encontrava empoleirado numa janela do 1º Andar, tinha cabelos pretos a caírem sobre a testa e nesta podia-se ver uma profunda cicatriz.
O rapaz tinha aparência de 14 anos e observava monotonamente a casa do lado que estava repleta de luzes e era exactamente de onde vinha a música e todo o barulho de festa, o rapaz bocejou sentindo-se francamente aborrecido não só porque sabia que seu primo Duda estava lá se divertindo com os seus amigos, como também não comera toda tarde e pensava como aquela festa podia estar repleta de doces.
"Ele deve estar se empanturrando..." Pensava Harry, esfregando sua cicatriz. Havia uma semana que ela formigava e ele sabia que algo se aproximava, mas resolvera não alertar nenhum dos seus amigos, pois achava que era algo sem importância.
Porém nem tudo estava tão calmo assim, de repente, Harry ouviu a música parando e uma adolescente gritava bem lá do fundo e outro que tinha aparência de ser alguns anos mais velho que a garota a puxava com uma agressividade nunca vista para fora da casa. Harry, por momentos esqueceu a dor da cicatriz, se o primo se estava a divertir se não e ficou de olhos postos em ambos.
- Me deixa em paz! - Gritava ela, tentando se soltar dele. Mas este ignorou o desespero da garota e apenas apertou o seu braço com mais força. - Você não manda em mim! - Voltou a gritar.
Este continuou a ignora-la e continuou arrastando a jovem.
Harry conseguiu ver o rosto dela, era bem garotinha devia ter a mesma idade que ele, o rapaz que a puxava, pelo contrário, tinha ar de 20 anos, pensou ele.
O rapaz mais velho abriu a porta de um automóvel e empurrou a garota lá para dentro, fechando a porta, entrou ele também no carro e fez-se á estrada.
Harry seguia o carro com o olhar, os olhos lacrimejando por causa do vento que fazia, o tempo tinha mudado de repente, ele não sabia o porquê, mas agora também não lhe interessava para nada a mudança repentina de tempo, ficara a pensar na garota que gritava e tinha sido obrigada a entrar no carro com tanta agressividade.
"E eu reclamo dos meus tios..." Pensava ele, fechando a janela, visto que os convidados estavam saindo da casa e o seu primo já estava de volta comentando em voz alta com os pais o sucedido.
Nessa noite Harry deitou-se pensando do que poderia ter acontecido àquela garota quando saísse do carro, onde poderia ela estar naquele momento...
E adormeceu com esse pensamento.
Desde aquela estranha noite, nunca mais ninguém voltou a ouvir falar daquela moça ou do tal rapaz.
Harry não pensou mais no assunto, ainda mais porque no dia seguinte de manhã era dia de voltar a Hogwarts. Abriu os olhos encontrava-se na toca e tinha acabado de ter um sonho estranho da marca negra, por causa da taça mundial de Quadribol, mas o sonho não tinha a ver com o acampamento, o sonho misturava-se com o sucedido naquela última noite em Privet Drive.
Harry resolveu partilhar com Ron e Hermione, mesmo sabendo que eles iam achar bobagem. A partir daí não tocaram mais no assunto durante a viagem do expresso para a escola.
Ao atravessarem o salão principal, Harry observava todos os alunos que jantavam e conversavam alegremente uns com os outros, como se procurasse algo. Veio à sua mente a tal garota, ele lembrava-se dela a sua cara não lhe era estranha.
Percorreu todas as mesas, uma por uma, chegou na mesa da Sonserina e lá estava ela, a tal garota estava lá, mas como era possível? Seria brincadeira do destino?
- Harry, que ouve? - Perguntou Hermione, olhando-o, ansiosa.
- Nada. Está tudo...Bem...! - respondeu, meio pensativo e não tirando os olhos da mesa. - Está tudo bem.
Segurou na mão de Hermione e foram sentar junto de Ron.
Agora reparara bem que já a tinha visto, várias vezes e agora estava a vê-la talvez pela milésima vez, mas como ela realmente era, muito bonita, tinha cabelos lisos a dar pelos ombros e as luzes do salão principal davam-lhe um aspecto avermelhado, tinha olhos esverdeados e a pele muito branca com algumas sardas no rosto, ele geralmente ele não costumava reparar nos sonserinos, não sabia o porquê de aquela garota lhe ter chamado tanto à atenção.
Ela estava no lado de um rapaz muito alto com ar de quem tinha repetido muitos anos, Harry reconheceu-o imediatamente, não só por ser o mesmo daquela noite, mas também por ser quem ele estava farto de ver desde o seu primeiro ano, era Marcus Flint, o capitão de Quadribol.
Este tentava segurar a mão da garota por baixo da mesa, ela apenas forçava um sorriso como quem dizia "este não é o melhor momento", estando pouco á vontade.
Flint pelo contrário fazia comentários porcos com os amigos, rindo-se das suas piadas, que envolvia todo mundo.
- Não acho graça, Marcus. - dizia ela.
- Oh, vá lá fofa, você tem de admitir que tenho aquele "Power" - falou piscando para ela, tentando chegar com a mão num lugar que fez ela lhe dar um tapa logo de seguida, provocando o riso dos sonserinos em geral.
Levantando-se da mesa, a garota atravessou o salão até ao Hall de entrada.
"Como ela consegue namorar aquele idiota?" Pensou Harry, indignado olhando a garota sair e olhado para o sorriso estampado no rosto de Flint que comentava com os amigos que ela ia acabar por voltar.
Ficou enojado quando viu ele puxando Pansy Parkinson quando esta passou.
"Pobre garota. Merece alguém melhor que esse cara”. Pensou, abanando a cabeça e se levantando.
- Aonde você vai, Harry? - perguntou Ron. - Ainda não serviram os doces.
- Sabe o que é Ron...- falou hesitante - estou sem fome. Acho que vou andando para o dormitório, até depois.
Todos ficaram observando ele sair até voltarem a juntar de novo as cabeças, cochichando.
A garota estava sentada nos degraus da grande escadaria, com o rosto entre as mãos, Harry teve a impressão que ela chorava. Ele aproximou-se lentamente dela com algum receio.
”Ela é Sonserina... Os sonserinos te odeiam, Harry...” Pensava ele, mas algo lhe dizia “mas ela está triste...” ·
- Ahm... – fez Harry. A garota levantou a cabeça para olhar ele.
- Desculpe, não pude deixar de reparar como você estava triste. – continuou ele.
A moça tinha o rosto vermelho e ainda limpava algumas lágrimas, mesmo chorando continuava muito bonita, pensava Harry. Ficou por momentos a observá-la.
- Está tudo bem. – respondeu. – não se preocupe.
Harry suspirou de alívio, por momentos pensou que ela ia gritar com ele ou dizer algo desagradável como era costume dos sonserinos.
- Você quer que eu acredite nisso...? – Perguntou olhando nos olhos da garota e sentando no seu lado.
Ela voltou a tapar o rosto com as mãos e acenou negativamente com a cabeça em sinal de resposta.
- Só queria te ajudar... – Disse Harry sentindo uma enorme vontade de passar a mão no cabelo da moça. Ele não sabia porquê, mas tinha desenvolvido um carinho tão especial por ela desde que tinha visto o que acontecera naquela noite, era sobrenatural, talvez até mais forte do que ele.
A garota não respondeu, Harry estava se sentindo preocupado, o que fazer para que ela se sentisse melhor?
- Olhe...Meu nome é Harry. E eu não quero te fazer mal... – Arriscou quase num sussurro, com o rosto muito perto do ouvido da jovem e lentamente afastou os seus cabelos.
Ela levantou a cabeça lentamente, esboçando um sorriso fraco.
- Qual seu nome? – perguntou ele, enxugando o rosto da moça levemente.
- Thanye Crouch. – respondeu num pequeno murmúrio.
- Bonito nome. – Disse Harry, sorrindo. – Você é algo ao Bartemius Crouch do ministério?
Ela retribuiu o sorriso, mais calma.
- Sim, ele é meu pai... – murmurou muito baixo. – infelizmente.
- Sabe, por momentos pensei...
Thanye olhou esperando ele terminar a frase.
- Pensei que você fosse brigar comigo. – Disse ainda parecendo surpreendido.
- Porque faria isso com você? Foi tão simpático em se preocupar... – respondeu, ainda sorrindo.
- Deixa para lá. – Disse Harry, encolhendo os ombros. – Então, porque estava chorando?
- Não é nada demais. Não se preocupe.
Ficaram uns momentos em silêncio olhando um para o outro, pareceu uma eternidade e Harry não se atreveu a romper o silêncio. Apenas deixavam o olhar falar...
- Acho que...Está na hora de eu ir. – Disse ela. – Desculpe. Gostei muito de te conhecer. – completou.
- Oh, claro. Realmente, está ficando tarde...- Disse lentamente Harry, olhando o relógio, já passavam das onze da noite e Harry compreendeu porquê a pressa da garota quando olhou para o Hall de entrada, o jantar já tinha terminado. Queria dizer que já estavam ali sentados há demasiado tempo.
Harry viu a garota descer para as masmorras e subiu a escadaria para a sala comunal da Grifinória rapidamente para não ter de responder às perguntas dos amigos.
Hermione entrou na sala comunal, Ron tinha subido para os dormitórios sem dizer uma única palavra, apenas se encontrava Harry a um cantinho perto da lareira.
Hermione aproximou-se e passou a mão suavemente pelo cabelo do amigo, este olhou para cima e ela sorriu.
- Que você faz aqui tão sozinho, Harry?
- Estava pensando. – Respondeu, retribuindo o sorriso de Hermione. – Que ouve com Rony?
A amiga suspirou.
- O mesmo de sempre. Ele anda sendo idiota. – Disse ela, sentando-se no sofá do lado de braços cruzados.
- Vá Mione, não fica assim...- Disse ele. – Não vale a pena. Você já sabe como é o Rony.
- Você não compreende, Harry! – falou, levantando-se. – Ninguém compreende que ele me está magoando.
- Mione, eu...
- Me deixa Harry. – bradou com os olhos vidrados, indo logo de seguida para o dormitório.
Harry suspirou e se deixou ficar, olhando as chamas da lareira.
Nessa noite voltou a sonhar com a marca negra, acordando várias vezes banhado em suor e com a respiração acelerada.

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