Paz tropical
Nota: Eu aconselho a lerem de novo os capítulos 17 e 18 para entender melhor esse capítulo. O que ficou aberto nesses capítulos terá explicação nesse. E nele também tem um pequeno resumo de toda a história até agora.
Paz tropical
Eles estavam agora em frente em uma casa muito parecida com a qual se hospedaram em Honolulu, a não ser pelo tamanho. Era um bocado menor. Também parecia ser a alguma boa distancia de uma cidade e também era à beira mar. Mas o mar era mais calmo, e por isso parecia ser mais próprio para banhistas (e pessoas que fracassaram em inúmeras tentativas de ficar em cima de uma prancha).
Havia palmeiras e a areia era muito branca e parecia ser fofa, mas podia senti-la, pois estava em uma estradinha de pedras que em semelhança com a casa de Honolulu parecia que levava para alguma estrada que daria acesso para uma cidade.
Alguns pássaros brincavam no céu em meio ao azul celeste a o branco das nuvens. Lílian se perguntava por que Dumbledore falara que era um fim de mundo e Tiago concordava que era, temeroso. Ao menos que estejam em uma ilha deserta, o que a deixaria também temerosa. Entretanto ainda havia a estradinha e, apesar de não entender muito de ilhas desertas, não achava que o lugar se parecia com uma...
Onde nós estamos – por fim Lílian perguntou.
Ninguém parecia saber como responder, porque pareciam ter a mesma dúvida. Olharam para Tiago. Obviamente ele era o único que saberia a resposta.
Brasil.
A moça sabia tanto do Brasil como sabia de ilhas desertas. Porém aquilo não se encaixava com o que entendia. Seus tios mais ricos já foram para lá, na cidade do Rio de Janeiro. Tiraram muitas fotos e mostraram tudo para ela. Parecia ser incrivelmente lindo nelas. Pena que o tio morreu pouco tempo depois e a tia a partir disso mudou-se para a África do Sul por um motivo que não explicou para ninguém.
Então a única coisa que poderia dizer para todos é que pelas fotos parecia ser muito bonito.
Não é melhor irmos entrando? – perguntou Mandy.
Ninguém falou nada, simplesmente se encaminharam para dentro da casa.
A sala era toda em cores pasteis, talvez para disfarçar alguns grãos de areia que certamente invadiria a casa. Lílian já estava cansada de varrer a casa em Honolulu por ser muito colorida, onde qualquer sujeirinha seria facilmente vista.
O relógio na sala marcava que ainda era cedo.
Remo começou a procurar por alguma coisa.
Aluado, o que é que você está caçando aí? Você está com a cara que o Pontas usa quando está jogando quadribol – brincou Sirius quando viu que o amigo estava olhando atentamente para a sala. Realmente a expressão facial se parecia com a de Tiago: ele olhava para todos os cantos com os olhos cerrados, como se realmente houvesse um pomo de ouro por ali.
Remo não respondeu de imediato. Olhou mais uma vez para toda a sala antes disso.
O diretor certamente deixou uma carta para nós. Ele não nos deixaria aqui sozinhos sem nenhuma instrução.
Acho que ele vai fazer isso mais tarde, o melhor, vai vir – Lílian opinou. – Acho que depois do Caso da Loura ele vai ter muitas coisas para fazer. Ao menos nós conseguimos uma boa pista para descobrirmos a nojenta dessa comensal.
É – falou Tiago para Sirius baixinho, para somente ele escutar – Dumbledore vai fazer uma enorme caçada a todas as louras desse mundo, graças a pista muito seletiva.
Sirius começou a rir. Lílian, que durante a piadinha estava comentando uma coisa muito séria com Remo e Mandy, fuzilou ele com os olhos, antes de dizer que iria ver o quarto que iria ficar.
Mas ao contrário da casa de Honolulu, essa casa só tinha um andar. E também contrariando, tinha apensa dois quartos: um que tinha duas camas e outro que tinha três. A garota logo percebeu que era um quarto masculino e outro feminino. Parecia novamente que eles estavam sozinhos em algum lugar.
Ela assentou-se em uma das camas, pensativa.
Pensava em tudo aquilo que tinha acontecido na sua vida e mais ou menos um mês. A chegada de bruxos na sua rua e eles eram justamente a família de um dos seus melhores amigos; a entrada no edifício Villenueve por pura brincadeira de adolescente, vontade de usar a adrenalina; o encontro com começais da morte no prédio; ver a morte cara a cara, sendo salva por pura sorte; a mudança repentina para a casa nova de Mandy; o fato de Mandy ser agora vizinha de Tiago Potter, que dividia a quarto com Sirius Black; aturar um regime fechado de alguns dias onde só poderia ficar na redondeza das duas casas; quando finalmente podem sair de casa são perseguidos e os comensais tentam matá-los novamente; os rostos de Lola Fernandes e Annabel Reynolds, que apesar de terem passado tão pouco tempo juntas não as conseguia esquecer; a vinda repentina a cidade de Honolulu; conhecer surfistas de verdade e descobrir que nem todos eles são chatos que não sabem nada além de pegar uma onda; ser avisada que uma mulher loura está atrás deles...
... e que foi beijada por Tiago... e que brigou com Tiago, uma briga seríssima... e que foi novamente beijada por Tiago...
Lílian balançou a cabeça. As três coisas que tinha pensado ela agradeceu por ninguém ter sabido que ela se lembrava. Ela agradeceu que ninguém soubesse que ela pensava naquilo. Pensava nele.
Lílian deitou-se na caba e abraçou um travesseiro.
Tentou se lembrar como tinha acontecido tudo. Secretamente, durante alguns dias ela sentia-se incompleta. Era seu segredo. Ela queria saber o que era.
Cenas dolorosas vieram à tona. O grito que tinham ouvido no quarto andar do Villenueve; um comensal quase conseguindo pegar seu amigo Remo; os comensais atacando o café Cereja; Annabel sangrando; o grito de Sirius quando viu a mulher, pegando-a desprevenida, dormindo...
... a briga que teve com ele.
Ela apertou a almofada. Não queria lembrar-se disso novamente. Nem sabia explicar o porquê desta lembrança ser incluída nas piores que teve nas férias. Só sabia que seu inconsciente dizia que sim, que era.
Alguém bateu na porta.
Lílian estava tão perdida em suas lembranças que esqueceu-se de que estava e um quarto, com as luzes apagadas, porta fechada, abraçada em uma almofada como uma criança abraça em um ursinho. Na verdade sentia-se em um cinema assistindo um filme do qual não gostou muito. Por algum motivo ela sentiu que tinha uma lágrima na bochecha direita.
Pode abrir. A porta está destrancada – ela falou sem se levantar, somente limpando a lágrima.
Tiago entrou. Sua cara (analisada no escuro) parecia de quem não estava com a menor vontade de bater naquela porta e muito menos entrar naquele quarto.
O Remo pediu e o Sirius implorou para você descer depressa e tentar impedir que a Mandy faça um bolo.
Certo – ela falou, não se importando como o que a amiga fizesse ou deixasse de fazer. Ela não iria comer o bolo mesmo.
Por algum motivo, Tiago não saiu procurando coisas melhores para fazer. E por esse mesmo motivo, Lílian olhava para a almofada.
Potter... – disse ela, sem perceber o que estava fazendo.
Seus olhos se encontraram na escuridão.
Potter – repetiu ela – eu queria te pedir perdão.
Ela percebeu o que fazia. Teve uma vontade enorme de bater na boca. Mas sabia que sua boca não era a culpada. Era seu consciente, seus pensamentos, ela mesma que fizera aquilo. Como se fosse um pensamento alto. Era exatamente aquilo que ela queria falar.
Ele por sua vez, apenas acendeu a luz e olhou para ela demoradamente.
Bom... primeiro eu quero saber o que aconteceu naquele dia que você descontrolou.
Você mentiu, tinha dito que me ama... – e falou devagar, lembrando-se novamente da cena, dos mínimos detalhes – me beijou a força... – ela agora entendia quando aquele lágrima tinha caído dos seus olhos – tentou me humilhar da pior maneira possível – a irmã da lágrima descia em sua outra bochecha.
Tiago não entendia. Certo que ele tinha dito que amava ela pela milésima vez, e pela milésima vez ela não tinha acreditado. Deu um beijo nela, mas ele estava com muita raiva naquela hora, depois que ela tinha começado a rir. Quem não ficaria irritado depois que alguém risse quando disseque que a amava?
Entretanto a parte da humilhação ele não se lembrava. Com raiva ou sem raiva ele nunca seria capaz de humilha-la.
Humilhei você? Nunca fiz isso! Quando?
Humilhou-me sim! Me jogou na cara aquilo que eu não queria lembrar.
Como assim, Evans? Lembrei você de quê? Me desculpa, que queria lembrar você de nada. Nem sei na verdade do que você está falando.
Ela falou bem baixinho:
Mona.
Mona? Que Mona? Quem é essa tal Mona?
Ela olhou bem nos olhos dele. Não sabia nem porque ela queria ter começado aquela conversa. Estava muito bom do jeito que estava. Não, não estava, seu consciente logo a respondeu.
Você sabe. Remo não contou para você? Minha vizinha. Amiga da minha irmã. Acho que disso você não sabe. Mas sabe muito bem que ela me humilhava. E tentou me humilhar mais ainda usando as palavras muito parecidas com as quais ela usou uma vez. A pior vez que ela falou comigo. Foi simplesmente o pior dia da minha vida antes de acontecer aquele ataque no Villenueve.
Tiago parecia confuso. Ela dizia que ele sabia de tudo aquilo, mas não sabia de nada daquilo.
O que você está dizendo, Evans? O que é que eu tenho haver com uma vizinha que é amiga da sua irmã e humilha você e que se chama Mona?
Então você me diz que aquilo que você me disse, aquela coisa que só mudando algumas palavras vira aquilo que aquela lá tinha me dito, era pura coincidência? – falava ela irritada.
É! E mais: o Remo não poderia ter sabido de nada já que quando betou os pés na sua cidade, Dover, foi direto para a casa dele e ficou o tempo todo arrumando a casa, sem ter tempo de saber quem era essa tal de Mona.
Então era mero acaso que as palavras se pareciam? Se fosse, nunca tinha visto tanto acaso em toda sua vida. E piorando a situação, ela estava acreditando.
Parecia que tudo voltou ao anormal, como se nenhuma briga tivesse acontecido. Mas havia acontecia uma, e ainda não fora perdoada.
Você me perdoa? – perguntou Lílian.
Bom... – ele fingiu analisar a história, no que a moça acreditou – se você está dizendo que só ficou histérica por que pensou que pensou que eu estava tentando acabar com você do jeito que uma amicíssima sua faz, perdôo.
Hey, eu não fiquei histérica!
Tiago a ignorou.
Então, me diz: quem é essa Mona?
Mona é uma garota idiota. Minha irmã e eu éramos grandes amigas até que essa garota mudou para perto de nossa casa, quando eu tinha uns sete anos. Não sei como minha irmã começou a ficar amiga dela, mas depois de algum tempo, virarão amigas inseparáveis. Eu também não sei o que ela viu em mim, mas ela me odiou desde o primeiro momento que me viu. Quando elas ficaram muito amigas eu já estava em Hogwarts a uma semana, eu sei disso porque a Petúnia, minha irmã, tinha me escrito uma carta contando. E Mona começou a atiçar minha própria irmã contra mim. Quando voltei, não reconheci minha própria irmã! Ela fazia tudo aquilo que nós considerávamos errado. Durante todos esses anos ele me humilhava. Me dizia coisas horríveis! Eu odeio ela, odeio mesmo!
Lílian parou de falar. Nunca tinha tocado naquele assunto nem com Mandy que era sua melhor amiga. Não sabia porque tinha falado tudo para justamente o Potter, o menino que era a versão masculina da Mona.
Amigos? – perguntou ele depois do desabafo de Lílian. Aquilo que ela tinha dito não poderia significar que eram apenas desconhecidos ou que eram inimigos.
Amigos!
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