A pior de todas a brigas



A pior de todas a brigas




Como o garoto praticava exercícios físicos, que no caso era quadribol, ele chegou rápido no quarto de Lílian. Nem ao menos se importou se a porta estava fechada para bater, ou se a garota poderia estar decente, para não abrir e invadir o quarto dela.

Logo que entrou nada discreto, chamou a atenção de Lílian que ainda estava à chorar na penteadeira. O que era meio impossível de não perceber, pelo fato dele ter acendido a lâmpada.

Quando virou a cara molhada, quente e vermelha só um tom mais clara que os cabelos para olhar quem tinha acabado de chegar. Ao ver Tiago, logo virou para frente (às costas de Tiago) para limpar os olhos sem ele ver. O que foi um erro, devido ao fato de ter um belo e grande espelho à sua frente, que mostrava tudo que fazia.

- O que é que você quer, Potter? – fingiu que não estava acontecendo nada antes dele cegar lá.

- Lilly, por que você não admite de uma vez.

Ele foi em direção de Lílian de um modo perigoso, com os olhos brilhando de um jeito piscado. Ela, por sua vez, não entendia nada do que ele falava. Estava tão confusa que ainda não tinha gritado com ele por causa do Lilly.

- Admitir o que? – apesar de tentar colocar rancor em sua voz, não conseguia. Só consegui no máximo disfarçar um pouco o tom choroso.

- Você sabe, Lilly. Nós dois – fez uma pousa significativa. Por quanto tempo ele esperou para que a moça descobrisse que gostava dele, para agora ficar sem saber o que falar. Estava com raiva de si mesmo. E ela ainda não entendia nada. – Você sabe! Tá na sua cara.

Para Lílian ele não falava coisa com coisa. Nada do que ele falava não lhe fazia sentido algum. E Ah!, será que ele não poderia terminar logo com suas idiotices para que ela pudesse voltar a chorar em paz!?

- Potter, não tem coisa nenhuma na minha cara. Será que você não podia sair daqui logo. Eu estava fazendo umas coisas importantes.

- Chorando por minha causa! – Tiago a provocou sem querer, já adiantando bastante o assunto.

- Potter, eu tenho cara de quem chora por causa de você.

Tiago afirmou com a cabeça.

- Lílian, não adianta disfarçar – Tiago arranjou algumas palavras de não sabe-se lá onde. Já que estava lá, que falasse tudo de uma vez! – Lilly, você está apaixonada por mim – terminou com a voz de chocolate.

Outra pausa significativa, mas esta fora para Lílian pensar.

“O quê? Euzinha apaixonada por essezinho? Nããão! Onde é que ele tirou isso? Deve ser lá onde ele tira suas idéias. Ham! Onde é que se viu. Eu, Lilly Evans, gostar dele, Tiago Jumento Potter? Eu não sou uma jumenta apara gostar de jumento! Isso é realmente uma besteira total! Sinceramente, Dumbledore fez mal em traze-lo pra cá. A casa é muito afastada de um centro psicológico. Que definitivamente esse ai precisa de um tratamento metal dos bons. Apaixonada por ele, que piada sem graça.”

E Lílian começou a rir sem motivo algum, pelo menos para Tiago. Aquela idéia começou a lhe parecer incrivelmente absurda, e de piada sem graça passou a ser uma piada digna de prêmios.

- O que tem de tão engraçado em seus sentimentos? – Tiago já estava se irritando com aquela risada toda. – O que tem demais de me amar?

- Tudo! – Lílian mal conseguia responder por causa de seu ataque de risos. Parecia que anos de risadas reprimidas vieram a calhar. – Mas agora fale a verdade. O que queria falar comigo?

- Isso!

- Você veio até aqui para fazer piada?

Ai Tiago se irritou mesmo (imaginem o efeito que aquela crise de risadas provocava em qualquer um cara que descobria que sua amada gostava dele.).

- Olha, Lilly não adianta fingir mais nada? Você me ama e eu te amo. E por que você não deixa de ser uma idiota e sai comigo logo?

- Por que eu deveria sair? – Lílian já não chorava a um bom tempo. Agora estava muito ocupada em o provocar. Uma coisa que pelo prazer que fez no memento parecia ser seu hobby predileto.

- Por isso.

E novamente em menos de um mês a agarrou e a beijou. Mas dessa vez não por estar no auge da paixão, foi por estar no auge da raiva mesmo.

Foi tudo só para provocá-la, como ela o irritou por causa daquelas risadas. A pegou e a inclinou para traz, como num daqueles de cinema. Uma coisa perfeita, que iria fazer qualquer garota, qualquer uma mesmo, incluindo na lista Lilly Evans, se arrastar por qualquer cara, se não fosse o simples fato dele estar sendo o menos romântico possível, segurando a garota, que não estava fora de si, com força para não escapar.

Pelo menos se naquele momento ele nem pensaria em fazer aquilo.

Mas para o alívio de Lílian, o casal não estava sozinho no quarto.

Allegra veio do nada (isso na opinião de Lílian, na verdade, ela estava empoleirada em cima do espelho da penteadeira, se preparando para atacar ao menor sinal), e sem pensar duas vezes, deu uma bela bicada no pescoço do idiota quem agarrava “desumanamente e agressivamente” sua pobre e indefesa e frágil e delicada e bondosa e maravilhosa e inocente dona, de quem amava muito.

E foi uma daquelas muito fortes, que quase arrancou pedaço. Imediatamente tirou as mãos de cima da moça para colocá-las na nuca, na qual saia um filete de sangue. E Lílian não mediu esforços para dar uma bela bofetada nele, uma que estava preso dentro de si mesma a um bom tempo. Uma que não deu para usar no dia que chegou à rua Oxford, quando ele fez aquilo com ela.

Ninguém sabia o quanto a mão da bela pesava, mas agora Tiago sabe. Por pouco ele não caiu no chão por causa do impacto da frágil mão. E como aquilo doía! Ele deu uma olhada no espelho da penteadeira. Ele teria morrido de rir se tivesse visto alguém levar uma daquela a cara, e depois riria mais por causa do vermelho vivo que havia ficado. Mas naquela hora, na sua própria pele, não tinha graça nenhuma.

- Ai! Essa doeu. Por que você fez isso?

- Tem uma lei de Newton que fala que para cada ação, há uma reação. Você agiu e eu reagi. Só isso. Não contrarie a física.

- Mas não tinha nada o que fazer isso! – Tiago estava usando sua voz mais arrogante – Por que você é a minha garota e eu tenho todo a direito de te agarrar.

Lílian não agüentou, foi em direção e estendeu a mão com a intenção de fazer novamente o que ele já tinha feito num lado. Mas dessa vez Tiago não iria deixar. Parecia que estava fora de si. A segurou com bastante força, que fez Lílian choramingar:
- Ai, Potter, você está me machucando! Me solte agora.

- E por que eu deveria te soltar?

Allegra novamente tentou afastar aquele tirano de perto de sua dona, mas não deu certo. O menino com bastante raiva dela, se virou e deu um belo tapa nela. E a coruja sofreu o impacto: fora arremessada para a cama de Lílian com forma e pelo obvio, havia quebrado no mínimo uma asa.

- Potter, deixa a minha Allegra em paz! – Berrava Lílian.

- Por que eu deveria, ela tentou me atacar! – Tiago berrava no mesmo tom, se não mais alto.

- Porque você tentou me estapear.

- Quem atacou quem primeiro?

- Você queria um motivo, pois eu tenho vários deles. E esse é um. Quem que eu repita?

Parecia que Tiago tinha esquecido de quem estava a sua frente. Alias, já tinha esquecido tudo. O mundo é que se dane!

- Não, Potter. Porque eu não sou uma cadelinha que fica sentindo coisas por você – as palavras eram praticamente cuspidas da boca dela.

- E por que estava chorando? – Tiago a desafiava.

- Eu não estava chorando. E mesmo se estivesse fazendo isso, nunca seria por você e muito menos algo que devesse dar alguma explicação para você.

- Então você só estava fingindo enxugar lágrimas quando cheguei? E seu rosto só estava quente e molhado porque estava num quarto fechado, num dia tão quente como esse, numa temperatura de mais ou menos vinte e cinco graus?

- Tá! Eu estava chorando. Mas não por tua causa! – Lílian virou o rosto com rancor, provocando-o, mesmo não se esquecendo do que ele tinha feito.

- Não, imagina! –sarcasmo.

- Claro que eu nunca choraria por você. Não choro por vermes!

- Não sou um verme. Não adianta fugir do fato, Lílian Evans. Nós somos da mesma raça. Nós somos feitos um para o outro. Só que você é mais deprimente do que a mim. Você é cruel, Lílian, dizendo coisa sobre mim. Você faz exatamente o contrário do que você quer. Ou até pior. Nunca entendeu ninguém, só quer se por superior com os outros, exatamente como eu faço. Você é como eu.

Se ele soubesse com o que alquilo que disse parecia, senão nunca falaria aquilo, mesmo naquela hora de pilha de nervos.

Lílian empurrou Tiago sem mais nem menos para fora, não sai lá como, mas vencendo a força dele. Dentro de si, estava cheia de recentimento e raiva.

Já na porta, o empurrou com força para fora, e isso o fez cair não chão. Nem se importou com isso. E abriu o maior berreiro.

- Potter, nunca mais diga besteiras como essas! – e recomeçou a chorar, se lembrando das palavras que foram ditas no passado. – Nunca mais fale essas besteiras de que me ama, que sou igual a você. Nunca mais apareça na minha frente. E é Evans!

E fechou a porta na cara dele, sem saber o que de tão mal tinha dito. E depois se lembrou do beijo, já dentro de si. E se sentiu muito mal.

La dentro do quarto, Lílian desabou no chão, chorando ainda pelo passado, ignorando os pios de dor de Allegra.



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