Uma Carta Cheia de Catarro

Uma Carta Cheia de Catarro



Capítulo 3
Uma Carta Cheia de Catarro

- FRANCAMENTE, RONALD BILLIUS WEASLEY! EU NUNCA ESPEREI TAL COISA DE VOCÊ!
Ron estava encolhido na poltrona do Salão Comunal, enquanto sua namorada esbravejava. Harry e Ginny haviam virado suas poltronas para a lareira, para evitar que rissem da cena - e se rissem, para evitar que Ron ou Hermione o visse.
- E o que você queria que eu fizesse? - defendeu-se Ron num murmúrio - Ela estava no meu cangote!
- ELA NÃO ESTAVA NO SEU CANGOTE, ELA ESTAVA COM A MÃO NA SUA...
- Sorte que eles escolheram discutir quando o salão estivesse vazio - murmurou Ginny para Harry. O garoto concordou.
- VOCÊ DEVERIA TER MAIS FORÇA DE VONTADE! - continuava Hermione - COMO VOCÊ ESPERA QUE EU CASE COM VOCÊ, SE VOCÊ ENLOUQUECE COM QUALQUER UMA???
- Francamente, Hermione - disse Harry cautelosamente - Merteuil não é qualquer uma...
- Até você, Harry? - foi a vez de Ginny se surpreender.
- Eu não disse que me senti atraído por ela, apenas que...
- Apenas que você sentiu atraído por ela - completou Ginny com um sorriso - Calma, você é humano também.
Harry soltou um suspiro, aliviado. Mesmo assim... talvez tivesse sido melhor se Ginny mostrasse um pouco de ciúme sequer...
- FODA-SE, RONALD BILLIUS WEASLEY! - continuou Hermione - VOCÊ ME TRAIU, OU QUASE O FEZ, NA MINHA FRENTE E AINDA ME OBRIGOU A PASSAR A MAIOR VERGONHA NO MEIO DO SALÃO PRINCIPAL!
- Hermione, eu só me sujei... - a voz de Ron diminuía até se tornar um murmúrio indistinguível, enquanto ele próprio encolhia até o tamanho de uma bola de lã.
- O IMPORTANTE É COM O QUÊ O SENHOR SE SUJOU, RONALD BILLIUS WEASLEY! - protestou Hermione - SE AO MENOS VOCÊ ME SUJASSE COM ISSO...!
- Mas foi isso que aconteceu! - disse Ron surpreso.
Harry e Ginny se entreolharam. Oh não... Ele tinha que entender essa, se não é um completo mongolóide...
Hermione, por sua vez, lançou um olhar fulminante ao namorado.
- PUTA MERDA, VOCÊ É TÃO LESADO, RON! - berrou Hermione - NÃO SE FINJA DE DESENTENDIDO, VOCÊ SABE O QUE EU QUERO DIZER!
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Ron, voltando-se à sua posição normal na cadeira. O ruivo estava cada vez mais confuso.
- VOCE ESTÁ FINGINDO QUE NÃO ENTENDEU OU QUER QUE EU DIGA COM TODAS AS LETRAS? - berrou Hermione, cada vez mais irritada - EU QUERO IR PARA A CAMA COM VOCÊ!!
Harry e Ginny soltaram risadinhas por baixo das mãos. Os dois não conseguiam de deixar de pensar que, se Hermione fosse gorda como uma barrica, baixa e tivesse cabelos ruivos, seria um clone da Sra. Weasley.
A expressão de Ron, todavia, era indescritível. Ele estava com uma expressão tão mongolóide, tão pateta, e tão lesada, que Harry apertou as bochechas até enterrar fundo as unhas, para não gargalhar convulsivamente. Ele ainda não parecia ter entendido. Até que finalmente disse:
- Eu estou tentando entender...
- Mas agora parece que não faz tanta diferença, não é mesmo? - continuou Hermione, numa voz anormalmente calma - Se você quer foder Merteuil até que ela lhe arranque o pau fora, já não é problema meu.
E assim, a garota orgulhosamente subiu as escadas para o dormitório feminino, batendo a porta ao entrar.
Ron, por sua vez, ainda estava com sua expressão de completo idiota.
- Ela é doida? - perguntou finalmente, enquanto Ginny gargalhava abertamente, e Harry conseguira, a muito custo, controlar seu riso.
A irmã de Ron, ainda rindo profusamente, se levantou e encarou o irmão.
- É esse o problema, ela não é nenhuma louca - e depois seu rosto se tornou sério: - Ronnie, por favor, tenha cuidado da próxima vez com Kathryn Merteuil. Ela é uma viúva negra, e só está esperando um amante para saciar a fome.
- Isso deveria valer para você também, não é?
Harry se levantou e encarou Ginny, os olhos verdes preocupados.
- O que você quer dizer com isso?
- Valmont, é claro. Ele e Merteuil são meios-irmãos, e um é tão simpático quanto o outro.
- Bobagem, Harry - disse Ginny - Valmont não é nenhum Comensal da Morte.
- E como você pode saber? - inquiriu Harry.
Ginny não respondeu.
- E mesmo se não for, há muitas maneiras de pessoas serem perigosas além de sendo seguidores de Voldemort.
Ron e Ginny estremeceram.
- Não use o nome dele, por favor - pediu Ron tremendo.
- Ah, não sejam covardes - disse Harry com desprezo.
- De qualquer modo, não precisarei ter cuidado com ele - disse Ginny em tom final. - Vou me deitar, vocês dois não vão?
- Eu vou - disse Harry imediatamente.
- E não - disse Ron - Ainda preciso escrever uma carta para mamãe para dizer que chegamos vivos e inteiros. Vocês sabem que ela ficará neurótica se não chegarem notícias amanhã de manhã.
Harry e Ginny assentiram e subiram.
Ron esperou as portas dos dormitórios se fecharem, para depois pegar pena e pergaminho. Se sentou numa das mesas, e realmente escreveu uma carta tranqüilizante para a Sra. Weasley - no entanto, não foi a única coisa que fez. Logo depois de enrolar e selar a carta para sua mãe, ele iniciou a seguinte carta:

Querida Fleur,
Como está Miami? Ouvi dizer que os
brujos haitianos não são nada amigáveis. Espero que, entretanto, estejam aproveitando a areia e as palmeiras de Ocean Beach. E Bill, como está? Imagino que esteja com a pele fazendo concorrência a nosso célebre cabelo vermelho.
Chegamos em Hogwarts bem, e não ocorreu nada de preocupante na viagem de trem, tampouco em nossa chegada. Todos ainda lamentam a morte de Dumbledore, mas principalmente a nova direção da Profª Minerva McGonagall, que provavelmente governará a escola com punho de ferro.
Sei que não preciso fazer uma carta muito esclarecedora, pois Mamãe mandará notícias a vocês dois, todavia preciso falar com você em particular sobre certo assunto. Hogwarts entrou em um programa de intercâmbio com Beuxbatons e recebemos quatro estudantes franceses que são, no mínimo, interessantes. Um deles chama-se Sebastian Valmont e está se insinuando inquietantemente sobre sua cunhada mais nova, Ginny. Eu gostaria que você me informasse mais sobre Valmont, pois ele realmente não parece ser gente boa, e Hermione também o possuiu em péssima conta na primeira vez que o viu.
Lembranças para meu irmão e espero que estejam aproveitando muito a lua-de-mel em Miami, e obrigado pela atenção.

Sinceramente seu,
Ron Weasley.





Depois de ter ido dormir aproximadamente às cinco da manhã, Lamaison Rosemonde não estava com o mínimo humor para se levantar aquela manhã. Não estava a fim de assistir às aulas e muito menos de encarar o sorriso sarcástico de seu primo Sebastian durante o café-da-manhã. A única coisa que o fazia sorrir naquele momento fôra a interessante conversa que tivera com Kathryn. E em começar a pôr em prática o que haviam planejado.
Kathryn estava confortavelmente deitada sobre sua cama de dossel verde, a escrever algumas cartas, quando alguém na porta bateu.
- Entre.
A porta de interligação com o quarto de Lamaison se abriu e o próprio entrou no quarto.
- Não esperava que estivesse dormindo mesmo.
- Kathryn, você sabe que não consigo dormir sem um pouco de companhia.
Kathryn sorriu.
- Eu posso ajudá-lo, nisso, mas não espere que eu seja o tipo de companhia ao qual está acostumado.
Lamaison sorriu e sentou-se na cama ao lado dela.
- Não agora, pelo menos.
O sorriso de Kathryn se fechou bruscamente. Seu rosto estava com uma expressão de que seria capaz de devorar Lamaison naquele mesmo momento.
- O que você quer dizer com isso? - sibilou.
- O que eu quero dizer é que eu tenho mais chance de ganhar a aposta de meu querido primo, já que foi ódio à primeira vista para Hermione Granger.
Um sorriso malicioso foi exibido no rosto dela.
- E o que pretende fazer com isso?
- Hermione Granger só seria capaz de dormir com um único homem no mundo: Ronald Weasley. Entretanto, este é tão idiota que sequer pode adivinhar que a garota está com segundas intenções para com ele. Todavia, se Weasley de repente se tornasse, digamos, esperto, o quadro mudaria de figura.
- Certamente - respondeu Kathryn, começando a se interessar - No entanto, Weasley é tão tapado que dormiria comigo pensando que fosse Granger.
Lamaison sorriu.
- Você está começando a pegar a minha idéia... Segundo sei, a qualquer momento o Prof. Slughorn, que adora puxar o saco dos alunos mais propensos à grandeza, poderá fazer alguma de suas festas. Durante uma destas, você poderá facilmente distrair Weasley e trazê-lo para cá, para, digamos, ser maternal com ele. Enquanto isso, eu me encarrego de Granger.
- E como fará para levá-la para a cama? - perguntou Kathryn. - É o que mais quero saber e você ainda não respondeu.
Lamaison fez uma reverência exagerada e apresentou sua idéia:
- Poção Polissuco. Por isso seria tão necessário você trazer Weasley para seu ninho primeiro. Você poderia levar a transa para um lado mais animal, e arrancar alguns fios de cabelo dele.
Kathryn deu um sorriso de orelha a orelha.
- E ele é tão energúmeno que sequer repararia que alguém teria entrado no quarto! Perfeito!
Entretanto, logo em seguida o sorriso maléfico de Kathryn murchou.
- Levaria um mês para fazer uma Poção Polissuco, e não temos tanto tempo até a primeira festa de Slughorn, que não tardará. Além de você não possuir as habilidades necessárias para fazer uma.
Lamaison deu um sorriso triunfante.
- E quem disse que serei eu a fazê-la? Tenho meu próprio fornecedor, que guarda estoques de todas as poções possíveis.
Kathryn sorriu.
- No entanto, não creio que isto sairá de graça, não é mesmo?
- Certamente que não. Faremos um trato. Quando eu engravidar Granger, você dormirá comigo.
- E se você não conseguir?
- Eu vou conseguir. Sucesso absoluto e certo. Não há erro. Além de ser um trato justo, pois você terá o que quer, e eu terei o que quero.
Kathryn sorriu.
- Parece justo. - e logo acrescentou: - E também parece justo que, por ter tido uma perspicácia e uma maturidade de pensamento rara e nunca vista em você, receba uma... digamos, recompensa.
- E qual seria esta? - perguntou Lamaison, sorrindo maliciosamente.
Kathryn tirou a varinha do bolso e pediu:
- Abaixe as calças.
Lamaison se levantou e o fez imediatamente, de frente para ela. Kathryn sorriu ainda mais maliciosamente.
- Para o outro lado.
- Que di...?
- Apenas confie em mim. Não vai doer.
Lamaison virou-se, com as nádegas para sua amiga.
- Vibrato - murmurou a garota, e enfiou a varinha no amigo.
Lamaison começou a gemer - principalmente quando percebeu que Kathryn havia enfiado o outro extremo da varinha em si mesma. E puxou-o para a cama.
O estudante primeiro sentiu uma sensação estranha, depois começou a gostar. À medida que o ritmo aumentava gradativamente, Kathryn começou a lamber-lhe as costas. Lamaison gemia, enquanto Kathryn passava sua língua por seus ombros e por sua nuca. Sentia a varinha pressionar-se cada vez mais, enquanto vibrava e realizava movimentos silenciosos e mortalmente excitantes.
Entretanto, estava claro quem era o dono do jogo. Quando Lamaison tentou estender as mãos para trás, para apertar-lhe os seios, Kathryn conseguiu forças para dar-lhe um doloroso tapa no ombro e gemer:
- Fique quieto.
Assim, Lamaison ficou quieto, completamente inerte e imóvel, enquanto o prazer se espalhava por cada centímetro de seu corpo e era exalado de seus poros. O ritmo tornou-se cada vez mais frenético, os olhos do estudante cada vez mais esbugalhados e a língua para fora, quando ocorreu a explosão, e ele soltou o derradeiro gemido. Simultaneamente, Kathryn gemeu e deixou-o deitado sobre ela por um tempo, até jogá-lo para fora da cama.
- Isto é só uma prévia! - disse ela provocantemente, prostrada na cama e com o dedo sobre os lábios.
Lamaison se levantou e levantou as calças, tirando a varinha de dentro de si. Estava quase saindo do quarto, quando ouviu a voz de Kathryn:
- Aonde pensa que vai? Lave a minha varinha. Higiene é fundamental, seu porco.




Ron Weasley desceu para o café-da-manhã. Estava praticamente dormindo em pé, já que ficara no corujal até a meia-noite, tentando convencer Pigwidgeon, sua minúscula coruja, a enviar duas cartas, sendo que havia acabado de chegar ao castelo. Não que geralmente não se sentisse terrivelmente excitada ao mandar uma carta, mas havia acabado de chegar ao castelo e estava cansada da viagem. Não esperava que tivesse que mandar outra carta tão cedo. Assim, depois de ralhar com Pig e enviar a carta, o garoto foi se deitar e teve uma noite insone.
Esse era o principal motivo pelo qual o ruivo não sentia vontade alguma de sair da cama. A discussão com Hermione na noite anterior também não era um grande estimulante...
Ron, que não sentia vontade alguma de se levantar, foi chamado à realidade por um travesseiro aterrissando desembestadamente em seu rosto.
- Acorde, seu dorminhoco! - disse Harry, já vestido, tentando acordar o amigo.
- Deixe-me dormir nos braços de Morfeu - respondeu Ron com a voz arrastada, o rosto enfiado em seu travesseiro.
- Se você prefere os braços de Morfeu aos de Hermione...
Ron se sentou na cama e olhou para o amigo sério.
- Isso é um assunto sério, cara, não brinque com isso...
- Está bem, não está mais aqui quem falou - e Harry puxou-o da cama.
- Onde estão Neville, Dean e Seamus? - perguntou o ruivo, vasculhando sua mala para encontrar as vestes.
- Já desceram - respondeu Harry. - E o que o senhor foi fazer no corujal na calada da noite?
- Mandei a carta para Mamãe e uma outra para Fleur - respondeu Ron evasivamente.
Harry se sentou na cama, esperando por Ron.
- E qual seria o conteúdo da carta para Fleur?
- Ora essa, perguntei sobre nossos amigos da Beuxbatons. Apenas pediria para que não dissesse o que fiz a Ginny.
- Tudo bem.
Ron terminou de se vestir e os dois amigos desceram para o café-da-manhã.




- Loony!
- Lá vai a Loony Lovegood! Será que seu pai vai viajar no mundo da Lua novamente?
- Loooony!
- Eu odeio quando fazem isso - disse Luna, entrando na sala de Poções ao lado de Ginny Weasley.
- Simplesmente não ligue - disse Ginny.
Na verdade, a ruiva apenas respondera de tal forma porque estava com os pensamentos em outro lugar... mais precisamente em Sebastian Valmont. A garota tinha ido dormir, na noite anterior, com seu sorriso gentil e seus cabelos loiros, e sonhara com os lindos olhos azuis e sua expressão faceira. Ginny não sabia o que estava acontecendo. Não parava de pensar no estudante da Beuxbatons.
As duas tomaram lugar perto do caldeirão fumegante do Prof. Slughorn, e o próprio saiu de sua sala - ou melhor, a enorme pança saiu antes dele. Como sempre, os botões de suas vestes pareciam estar prestes a estourar a qualquer momento.
- Ginny, minha garota! - disse Slughorn, cumprimentando a ruiva e ignorando completamente Luna Lovegood. Era hábito de Slughorn ignorar seus alunos menos brilhantes.
- Olá, professor - respondeu Ginny polidamente.
- Sabe, darei uma de minhas festas neste fim-de-semana - disse Slughorn - e gostaria de saber se poderei contar com sua presença.
- Certamente que sim, professor - respondeu Ginny.
Slughorn provavelmente adicionaria mais alguma coisa a seu comentário, entretanto ouviu-se uma batida insistente na janela da masmorra.
- Que di...? - Slughorn virou-se e seu bigode de morsa atingiu a janela.
Uma coruja minúscula se batia freneticamente contra o vidro da janela.
- Esta não é a coruja de seu irmão, Ginny? - perguntou Slughorn abrindo a janela.
- É Pigwidgeon, sim - respondeu Ginny, pegando a coruja nas mãos.
- Pigwidgeon? - surpreendeu-se Slughorn - Que nome mais horrível para uma coruja!
O professor não percebeu a gafe que havia cometido, afinal havia sido Ginny quem batizara a coruja com tal nome. Entretanto, a garota apenas se contentou em se sentar ao lado de Luna e abrir a carta que Pig trazia.
- Estranho - disse Ginny - É uma carta de Catarro. Nós não nos damos tão bem assim para ela me mandar uma carta...
- Então abra e veja logo o que sua cunhada quer - disse Luna, com um suspiro indiferente.
Ginny rasgou a carta e se pôs a lê-la.

Querida Ginevra,
Eu e Bill estamos passando uma lua-de-mel maravilhosa aqui em Miami. O sol está sempre presente e o mar é tão azul quanto meus lindos olhos. Nosso único porém foi o fato de Bill ter pegado insolação em nosso segundo dia aqui, entretanto seu querido irmãozinho já está melhor.
Recebemos uma carta tranqüilizadora de minha querida sogrinha, avisando que a viagem até Hogwarts foi ótima e sem incidentes. Entretanto, algo mencionado ocasionalmente me inquietou. É sobre o intercâmbio de Beuxbatons, e sei que entre os estudantes franceses está um rapaz de nome Sebastian Valmont.
Valmont é um Don Juan da pior espécie. Não apenas conquista todas as criaturas que possuam saia, como destrói suas vidas e as humilha publicamente. Muitas garotas já derramaram lágrimas por causa de Sebastian Valmont. Se ele se aproxima de alguma, sempre está com terceiras ou quartas intenções, até mesmo cruéis. Possui uma péssima reputação a prezar.
Valmont chegou até mesmo a me desgraçar. Partiu meu coração e me humilhou em público, apenas pela vitória de conquistar uma descendente de
veela e pelo que tal faria por sua infame reputação.
Não se aproxime de Sebastian Valmont a qualquer custo. É uma viúva negra. Sempre tenha um pé atrás com ele e evite contato se possível. Tome muito cuidado com Valmont.
Espero que todos vocês tenham um bom ano em Hogwarts e que nada aconteça a vocês durante sua estada aí.
Sinceramente sua,
Fleur Delacour


- Isto é o que posso chamar de uma carta estranha - disse Ginny, depois de lê-la para Luna. As duas haviam lançado um Muffliato para não serem ouvidas pelo Prof. Slughorn.
- Na verdade, não é nada estranha - respondeu Luna em seu natural tom indiferente - Se Fleur Delacour, uma conquistadora por sua natureza veela, foi abatida por Valmont, é porque ele é realmente carinhoso.
- Então você acha que devo acatar a sugestão de Catarro e me afastar dele?
- Certamente. Há apenas um empecilho: Slughorn provavelmente convidará os estudantes franceses para sua festa no sábado.
- É claro, ele nunca perde uma chance de exibir seus contatos.
- Tenha cuidado, então. Numa festa dessas, você sabe que pode acontecer qualquer coisa.
- Eu terei. E também é bom avisar Hermione sobre o que descobri sobre Valmont.




A Profª Minerva McGonagall estava sentada à sua escrivaninha, trabalhando na Diretoria. Sua mente, entretanto, não estava nos papéis à sua frente. Era impossível se concentrar com o retrato de Albus Dumbledore roncando audivelmente ao seu lado, apenas para lembrá-la de que o grande diretor - e homem de sua vida - não estava mais ao lado dela, para apoiá-la, para sustentá-la no momento em que fraquejasse, para chorar em seu ombro quando achasse que estava tudo perdido...
Ninguém no mundo sentia tanta falta de Albus Dumbledore quanto ela.
É claro, ele não pudera casar-se com ela. Bom e correto, o velho Albus. Sabia que se casar com o homem mais poderoso da bruxidade seria assinar uma sentença de morte, ao tempo que assinava a certidão de casamento. Os inimigos de Albus a usariam para fazê-lo sofrer. E ele nunca permitiria que McGonagall se ferisse por causa dele. E Minerva nunca permitiria que ela fosse usada para ferir seu bem-amado.
Ouviu-se um bater na porta, que dispersou os pensamentos da Profª McGonagall.
- Entre.
A figura jeitosa e bem delineada de Kathryn Merteuil abriu a porta e subiu as escadas para encarar a diretora.
- Que deseja de mim, madam?
- Sente-se, por favor, Mademoseille Merteuil.
Kathryn obedeceu prontamente, lançando um sorriso encantador para a Profª McGonagall.
- Madame Maxime não deixou de me enviar uma carta mencionando o comportamento escandaloso de seu irmão - prosseguiu McGonagall.
- Meio-irmão, madam.
- Como queira. O fato é, Valmont não pode e não deve exibir este tipo de comportamento na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
- Perfeitamente compreensível. Abomino completamente o comportamento destrutivo de meu meio-irmão. Entretanto, asseguro madam de que ele não age assim por falta de alertas!
- Certamente que você procura evitar que Valmont exiba tal comportamento, Merteuil. Madame Maxime também não deixou de ressaltar suas qualidades de menina-modelo e suas boas notas durante sua permanência em Beuxbatons.
- Fico satisfeita em saber que Madame Maxime me tem em tão alta conta.
- Eu também. E é por isso que lhe pediria um singelo favor.
- E qual seria este? - Kathryn ergueu uma sobrancelha, com uma expressão compenetrada.
- Gostaria que mantivesse um olhar vigilante sobre seu irmão durante a permanência dele em Hogwarts.
- Meio-irmão, madam.
- Certamente não gostaríamos de nos meter em encrencas internacionais, agora que necessitamos tanto a união de nosso povo.
- Certamente. Pode se tranqüilizar, madam. Cuidarei para que Sebastian não se meta em encrencas.
- Agradeço muito a sua atenção, Merteuil.
Neste momento, Albus Dumbledore soltou um sonoro ronco, de seu quadro ao lado de Armando Dippet na parede. A Profª McGonagall soltou um suspiro e uma lágrima rolou incontinenti por seu rosto.
- Que há com madam? - perguntou Kathryn, fingindo preocupação.
- Não é nada, Merteuil. Obrigada pela atenção, mas não há nada com o que se preocupar.
Kathryn olhou atentamente para a diretora.
- Vamos, madam não choraria sem razão alguma - disse ela calorosamente.
A Profª McGonagall olhou por um momento para Kathryn, e depois explodiu em lágrimas, no maior berreiro. A garota se levantou e abraçou calorosamente McGonagall.
- É Albus - explicou a professora - Eu não consigo esquecê-lo... É duro sentir a falta dele...
- Calma, está tudo bem - murmurou Kathryn no ouvido da Profª McGonagall.
- O mais difícil, porém, é o fato de eu nunca ter ido para a cama com ele... e nunca fui capaz de ir com mais ninguém... sequer beijar alguém que não fosse ele...
Kathryn olhou para McGonagall, segurando-lhe a cabeça.
- Madam nunca dormiu com ninguém? - disse ela fingindo surpresa - É até mesmo BV?
- O que é BV? - perguntou McGonagall, ainda entre lágrimas.
- Boca Virgem - explicou Kathryn, acariciando o coque grisalho da diretora - Mas eu não acredito que uma senhora tão elegante nunca tenha sido beijada por ninguém!
- Não! - gemeu McGonagall, e desatou a chorar novamente.
- Sabe, eu posso te ajudar.
- Como?
- Abra sua boca.
McGonagall encarou Kathryn firmemente.
- Merteuil, você não está pensando...
- Eu só estou querendo ajudar - cortou Kathryn, com a voz mais doce do mundo - Agora, se madam não quer perder o BV e nem ganhar experiência...
A Profª McGonagall pensou. Pensou muito. Ferveu seus neurônios até chegar à fatídica conclusão: ela nunca teria outra chance de ser beijada por alguém.
- Eu quero.
- OK - Kathryn aproximou o rosto da diretora e olhou fundo nos olhos dela - Primeiro daremos só um selinho, para madam perceber como é.
E a garota colou os lábios nos da Profª McGonagall. Esta última sentiu a boca queimar com o calor, o contato se espalhando por cada centímetro de seu corpo, enquanto a aluna massageava seus lábios lentamente, num movimento dentro-fora, fazendo biquinho para se encostarem. Então, Kathryn se afastou.
- Que tal?
- Brilhante - respondeu McGonagall, os olhos fechados e os lábios ainda fazendo biquinho.
- Agora eu farei um beijo de língua. Eu vou meter a minha língua dentro da sua boca e quero que você a massageie com sua língua.
McGonagall assentiu, e Kathryn grudou os lábios novamente com ela.
Desta vez, o calor foi muito mais intenso e queimante, enquanto a língua de Kathryn perscrutava todos os cantos de sua boca, e depois, lentamente, McGonagall começou a esfregar sua língua na dela, enquanto a troca de salivas se efetuava.
Kathryn apertou o coque da professora e o desfez, enquanto McGonagall acariciava seu rosto.
Por fim, Kathryn se afastou - deixando para trás um filete de baba e uma Profª McGonagall completamente embasbacada.
- Por Merlin, não pare - pediu ela.
Depois puxou Kathryn para si e a fez se sentar sobre ela, enquanto a garota voltava a grudar seus lábios com gosto de mel nos dela.




Ginny Weasley saiu da sala de Slughorn, acompanhada de Luna Lovegood. As duas conversavam compenetradamente sobre a carta de Fleur. Ginny estava, afinal, se convencendo das boas intenções de sua cunhada, apesar da carta ter sido um tanto inesperada.
- Ginny!
A ruiva olhou para trás, para ver quem era o dono da voz entusiasmada, e verificou que Sebastian Valmont corria o corredor em direção a ela.
- Olá, Valmont - disse Ginny friamente.
O sorriso de Sebastian se desfez.
- Que recepção calorosa! O que aconteceu com o “Sebastian”?
- Saiu voando, quando uma certa carta chegou, me alertando da sua reputação em Beuxbatons.
O rosto de Sebastian se tornou inquisitivo.
- Carta de quem? Seria do seu irmãozinho Roland?
- É Ronald - corrigiu Ginny irritada - E ele não precisaria me mandar uma carta, já que não apenas vivemos sob o mesmo teto, mas na mesma torre.
- De qualquer modo, se não foi Roland quem foi?
Ginny e Luna se entreolharam.
- Ninguém que lhe interesse - as duas responderam em uníssono, e deram as costas ao garoto, prosseguindo pelo corredor.
- Ginny, espere!
Sebastian correu pelo corredor, tentando segurar a ruiva pela mochila. Entretanto, o loiro imprimiu mais força do que pretendia e a mochila rasgou, com todos os livros de Ginny caindo no chão.
- Valmont, seu idiota! - disse Ginny se virando.
Sebastian puxou a varinha, e com um gesto todos os livros e pedaços de pergaminho estavam seguros no braço dela.
- Obrigada - ela disse ferozmente e deu-lhe as costas. O garoto ficou a observá-la partir.
- Não pense que será tão fácil assim - murmurou, um sorriso zombeteiro nos lábios.
Em seguida, ouviu um barulho atrás de si, e houve uma revoada de alunos do sétimo ano. Eles passaram por Sebastian - entretanto uma dupla de amigos lhe chamou a atenção. Um deles era baixo, tinha cabelos curtos e nariz pontudo. O outro era o raro exemplar de um afro-britânico com cabelos cortados rente. Ambos sorriam. Sorriam demais. O braço passado pelo ombro do outro, o aperto de mãos, o brilho nos olhos. Tudo perfeito entre amigos. Perfeito demais. Sebastian tinha experiência suficiente para saber que havia tropeçado numa mina de ouro.
O loiro puxou o braço de Neville Longbottom, que passava acompanhando Harry Potter e Ron Weasley. Sebastian ignorou os dois últimos e perguntou:
- Longbottom, que são aqueles dois que acabaram de passar?
- O negro é Dean Thomas; o outro é Seamus Finnigan. Surpresa você não saber, Thomas ficou com Ginny Weasley o ano passado.
O rosto de Sebastian se iluminou. Ele havia tropeçado numa mina de ouro.
- Obrigado.
- Venha, Neville - disse Ron, puxando o braço do garoto para continuar a acompanhá-los. Sebastian seguiu pelo corredor, enquanto Harry e Ron se entreolhavam.
- Ele está tramando algo - disse Harry.
- Pode apostar.
- Eu disse algo que não deveria? - perguntou Neville.
- Talvez, não sei - respondeu Harry - Creio que devemos ter mais cuidado agora com ele.
Ron sorriu.
- Mais do que estamos tendo?




- Sente-se e tome uma cerveja amanteigada.
Dean Thomas sentou-se na confortável poltrona de couro do quarto de Sebastian Valmont, e encarou o mesmo, sentado á sua frente na cama.
- Por que você me chamou? - perguntou Dean.
Sebastian deu um sorriso.
- Tenho a impressão que nos daremos muito bem, Thomas.
Dean olhou para ele.
- Vá logo ao que interessa. Odeio pessoas que enrolam.
Sebastian assentiu.
- Se é o que você quer... Eu vi o jeito que você olha para Finnigan, e se você me permite dizer, o jeito que ele também olha para você. O jeito de vocês estarem juntos e blábláblá.
O garoto arregalou os olhos, surpreso.
- O que você quer dizer com isso???
Sebastian deu um gole de sua cerveja amanteigada.
- Você entendeu. É fácil perceber quando alguém está apaixonado.
Dean se levantou bruscamente.
- Com licença, senhor...
- Valmont. Sebastian Valmont. E posso ajudá-lo com Finnigan, embora minha especialidade seja garotas.
Dean hesitou.
- Vamos, você quer ajuda ou não?
O garoto pensou, e depois voltou a se acomodar na poltrona.
- Você realmente acha que eu tenho alguma chance com ele?
Sebastian sorriu.
- Ora, vamos! O olhar dele é um espelho do seu. Vocês têm até mesmo o mesmo medo de tentar alguma coisa.
- É porque eu nunca me perdoaria se saísse algo errado. Se ele me rejeitasse.
- Perfeitamente compreensível.
Então, Dean lançou-lhe um olhar desconfiado.
- Por que está fazendo isso? A experiência me diz que ninguém nunca oferece algo de graça, sem esperar nada em troca.
Sebastian sorriu.
- Você é bem esperto, Thomas. Já ia chegar lá. Eu gostaria de pedir um pequeno favor em troca. Poderia fazê-lo?
Dean ficou ainda mais desconfiado.
- Depende do que for... Você não está me pedindo...?
Sebastian crispou os lábios.
- Não. Não sou gay. - e depois mudou o tom de voz. Para o tom característico do executivo que está fechando um negócio - Você ficou com Ginny Weasley o ano passado, certo?
Dean sorriu.
- Não que eu me sentisse realmente atraído por ela, entretanto precisava disfarçar ou então o pessoal de Griffyndor ficaria desconfiado.
- Este não é o problema. Mesmo tendo terminado com ela, você ainda é muito amigo dela, certo?
- Claro. Nós nos falamos de vez em quando.
- Então, você acha que poderia conseguir uma informação para mim? Porque agora sou eu o interessado em Ginny, e alguém lhe mandou uma carta lhe recomendando que se afastasse de mim. Você pode descobrir quem mandou a merda da carta?
Dean sorriu.
- Na verdade eu até tenho um palpite. A pessoa que mandou a carta precisaria tê-lo conhecido em Beuxbatons, certo?
Sebastian fechou a cara.
- Você quer dizer que acredita na carta?
- Não. Apenas que ninguém o conhece aqui na Inglaterra.
- Bem, neste caso, creio que sim.
- A pessoa mais óbvia do mundo, então: Fleur Delacour.
A boca de Sebastian Valmont se escancarou.
- Delacour? Mas como...?
- Ah, vejo que a conhece... No último verão, Fleur se tornou a cunhada de Ginny casando-se com seu irmão mais velho, Bill.
Como se fosse possível, a boca de Sebastian se escancarou mais ainda.
- Mas afinal, o que aconteceu entre você e ela para Fleur te odiar tanto?
Sebastian suspirou.
- Você pode imaginar... Ela é uma veela... lançou seu encanto sobre mim e eu caí feito um patinho... Depois, quando percebi que era só um feitiço, e quis partir para outra, ela ficou com raiva e jurou destruir a minha vida.
Era óbvio que toda esta história era inventada, entretanto Sebastian não poderia abrir o jogo para Dean Thomas. Não no momento, em que precisava dele.
- Obrigado pela informação. Agora, você quer ajuda com Finnigan ou não?
- Claro!
- Então é isso que você precisa fazer...

(N/A: Este capítulo ficou mais longo do que eu pretendia, prometo que os próximos serão mais curtos... É que eu precisava chegar logo na chegada da carta, e minha imaginação fértil criou mil e uma enrolações... De qualquer modo, a trama começa a tomar forma... Se estiver boa como eu espero que esteja, QUERO VOTOS E REVIEWS!!)

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