A volta dos que não foram

A volta dos que não foram



Batata. Muita batata. Era o prato de entrada que a garçonete levava para uma mesa onde um grupo alegre se reunia para comemorar o décimo primeiro aniversário de um garoto.
Um garoto magricela, não muito alto para a idade, olhos verdes atrás de óculos redondos. Seus cabelos eram negros e pareciam nunca ter visto um pente na vida, eram tão bagunçados quanto os de seu pai, e a mera menção de um pente os deixavam mais arrepiados.
O resto do grupo era composto por pessoas mais estranhas do que o garoto. A pessoa à esquerda dele era uma mulher mais velha, ruiva e tinha olhos muito verdes, a direita dele havia um homem muito parecido com o garoto, exceto pelos olhos, que eram castanhos. O último homem já sentado à mesa era baixinho, e lembrava vagamente um rato.
Logo que as batatas foram depositadas na mesa, a porta do pub se escancarou, revelando dois homens barulhentos e espalhafatosos, fazendo com que várias pessoas olhassem torto. Eles, aparentemente, não se importavam que todos olhassem, e pelo visto estavam acostumados a ser o centro das atenções, e então eles se dirigiram para mesa onde a batata acabara de ser servida.
O mais baixo tinha um ar doentio, tinha o cabelo e olhos claros, aparentava ser inteligente. O mais alto era bonitão, tinha cabelo e olhos negros e ar de quem era o dono do lugar, acabara de tacar um pacote em cima do garoto.
“Parabéns pelo seu décimo primeiro aniversário, Harry”, Ele exclamou animado. “Sua carta de Hogwarts já chegou?”
“Obriga...”, começou Harry.
“Sirius, seja mais discreto! Estamos num pub tro... de gente normal!”, a mulher ruiva chamada Lily, interrompeu Harry com um susurro exasperado.
“Calma, Lily, ninguém está prestando atenção na gente”, disse o homem à direita, chamado James.
Lupin, o homem que acabara de chegar, lançou olhares irônicos para James.
“Ok, ok... algumas pessoas estão olhando, mas tudo bem! Todo mundo olha pra todo mundo alguma hora, não?”, arrematou James.
“É, nós fizemos um pequeno estrondo, mas quem liga! Meu sobrinho está fazendo 11 anos hoje.”, Sirius entrou no meio da conversa.
“Só agora? Você faz o maior bafafá em todo lugar que você vai, SIRIUS!”
“Ahn, amo-or... err... você está encima da mesa”, disse James.
“Lily, você jogou minhas batatas no chão.”, choramingou Peter.
“E quem liga para as suas batatas quando se tem uma discussão importante acontecendo aqui!”, disse Harry, que parecia estar se divertindo muito com a cena.
“Importante?”, perguntou Peter, com uma voz irritante.
“É, importante sim! Nós estamos falando sobre pessoas espalhafatosas demais, que ficam fazendo coisas que chamam atenção demais para coisas que não podem chamar atenção demais”, disse uma mulher irritada, em cima de uma mesa, chutando batatas. O que, claro, não chama nem um pouco atenção demais.
“Bom, então eu posso te perguntar uma coisa?”, arriscou Sirius.
“Não!”.
“Sobre o que você está, exatamente reclamando?”.
“Sobre pessoas espalhafatosas demais, que ficam fazendo coisas que chamam atenção demais para coisas que não podem chamar atenção demais! Eu acabei de falar isso.”
“Mas, eu posso te lembrar de uma coisinha pequenininha quase sem importância nenhuma?”
“Não!”.
“Quem aqui está em cima de uma mesa mandando batatinhas pelo ar e berrando feito um hipogrifo bêbado?”.
“Mamãe, o que seria um hipogrifo bêbado?”, perguntou uma garotinha trouxa inocente na mesa ao lado.
“Descobriu qual era a coisinha pequenininha quase sem importância que eu tinha pra te falar, Lily querida?”, perguntou Sirius sarcasticamente.
Nesse momento a mulher desceu da mesa resmungando baixinho, e se sentou como se nada tivesse acontecido.
“Não, Sirius querido. O que era?”, retrucou Lily mais sarcástica ainda, pegando a bolsa na cadeira e puxando Harry e James pelo braço.
“Pra onde diabos você tá levando a gente?”, perguntou James, curioso, chamando com um aceno de mão o resto da patota.
“Isso, no momento, não interessa, só vem e cala a boca, e isso se aplica a todos vocês”, concluiu.
“Lily Evans querida do meu coração, qual é o seu problema?”, perguntou Sirius com falsa curiosidade e muita ironia.
“Trauma de infância”, bufou Lily enquanto passava pela porta do pub e observava Lupin deixar dinheiro para pagar a conta sobre a mesa.

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