Walsh, Weasley e Potter

Walsh, Weasley e Potter



- Então, você não tem formação em nada? ? Perguntou Tom enquanto olhava Gina parada em frente ao balcão do Caldeirão Furado parecendo perdida e sentindo-se extremamente burra.

- Não, não tenho. Mas ia me especializar em feitiços e poções. ? Como teria qualquer tipo de experiência? Tinha dezesseis anos pelo amor de Deus! Não poderia fazer nada que envolvesse qualquer tipo de formação acadêmica. Para o resto de sua vida.

- Ia?

- Sim, ia.

- Não vai mais?

- Não, não vou.

- Porque?

- Eu... ? Quer se dane, pensou. ? Eu engravidei... Tenho que criar uma filha.

Tom a olhava desconfiado.

- Você não é a menina Weasley?

- Sim, sou Gina Weasley.

- Veja bem, não posso oferecer muito dinheiro, não ganhamos muito aqui, mas se você aceitar, pode trabalhar em troca de casa e comida.

- Casa? ? Gina sorriu. Um sorriso genuíno apareceu em seu rosto, algo que não acontecia há muito tempo.

- Temos quartos sobrando aqui na hospedaria, se você quiser, pode trabalhar em troca de um deles e de refeições. Agora... A menina...Não sei como você vai...

- Eu vou dar um jeito. ? Disse rápido. ? Quando posso começar?

Tom jogou um avental por cima do balcão.

- Agora mesmo. ? Disse.

- Ok... Eu preciso pegar minha filha com uma amiga e já volto. ? Começou a andar em direção a rua onde Nicole estava com Nicole (isso ainda soava estranho em sua cabeça). ?

- Como você quiser.

- Obrigada. ? Sorriu. ? Obrigada mesmo.

Tom acenou com a mão e deu um leve sorriso.

Gina saiu o mais rápido possível do bar e viu Nicole parada na porta com sua filha nos braços.

- Consegui. ? Gina disse. ? Em troca de casa e comida.

- Parabéns. Estávamos aqui discutindo esse assunto e nós duas concordamos que você tomou uma boa decisão ontem à noite.

Gina sorriu e pegou a filha nos braços.

- Eu decidi como ela vai se chamar.

- Vejo que meu sofá-cama permitiu que você pensasse em muitas coisas.

- Nicole.

- Pois, não?

- Não... O nome dela, é Nicole. Nicole Weasley.

Nicole sorriu e deu um abraço estranho em Gina devido a nenê nos braços da outra.

- Não precisava.

- Eu sei que não precisava, eu só gostei do nome e pelo menos sei que vai ter um significado. Não vai ser inútil como ?Virginia?.

- Então acho que você vai se mudar?

- É... Vou... Hoje à noite passo para pegar minhas coisas...

- Ok. Bom, tenho que ir, ou aquele motorista rabugento vai pegar no meu pé o dia inteiro amanhã.

- Tchau... ? Disse Gina.

- Tchau, Virginia... Tchau Nicky.

- Tchau, tia Nicole. ? Nicole virou e foi andando. Gina a observou sumir na movimentada avenida e entrou novamente no bar.

****

Alguns dias depois, Gina estava atrás do balcão do Caldeirão Furado segurando Nicole. Era uma tarde quente, tudo que queria era ir tomar um banho em sua minúscula suíte que agora poderia ser chamada de ?sua casa?. Parecia pouco, para muitos morar em um quarto de estalagem pareceria o fim-do mundo. Mas não era, para Gina era o começo de uma vida nova.

Nem Harry nem os Weasley haviam dado qualquer sinal o que a deixava um pouco nervosa. Era como se eles fossem uma bomba e estivessem esperando para explodir. Podia jurar que conseguia ouvir o ?Tick... Tick... Tick...?. Agora estava preocupada quando seria o ?Boom?.

- Gina, duas cervejas amanteigadas na mesa seis. ? Disse Tom.

- Ok. ? Gina descobriu que trabalhar com uma filha nos braços é muito mais complicado do que se imagina. Tinha sorte por Nicole ser um bebe muito calmo.

Com um braço segurava a filha e com o outro carregava uma bandeja com qualquer coisa que pedissem.

- Bom dia, Tom. ? Um homem velho e curvado entrou no bar pela entrada do Beco Diagonal. Cumprimentou a maioria das pessoas presentes dando a impressão de que freqüentava o Caldeirão Furado sempre naquele horário. Sentou-se com dificuldade em uma das cadeiras do balcão e olhou para Gina que tentava colocar uma das canecas de cerveja amanteigada sem deixar Nicole cair.

- E quem é essa?

- Não a reconhece,Walsh? É a menina Weasley. Chegou há alguns dias me pedindo emprego.

- Weasley? Weasley... Filha de Arthur Weasley? Sim, sim? Recordo-me vagamente. Mas... Pensei que a mais nova dos Weasley tinha apenas dezessete.

- E tem. Parece que se encrencou com algum rapaz antes do tempo.

Gina olhava os dois senhores que conversavam como se ela não estivesse a menos de um metro de distância.

- Desculpe, - Começou. ? Mas minha situação não é engraçada de nenhuma forma.

- Na verdade querida, é mais ou menos engraçado que você esteja tentando equilibrar um bebê e uma bandeja.

Gina abriu a boca para responder, mas antes que pudesse faze-lo, Walsh continuou:

- Passe ela pra cá. - Disse.

- Como?

- Passe sua filha pra cá. Posso segura-la enquanto você serve cerveja aos irmãos Dalloway.-Gina hesitou. Não gostava da idéia de deixar sua filha com um homem estranho, mesmo que fosse um senhor que jamais teria condições de sair correndo com um bebê na mão, aliás mesmo que fosse um senhor que não teria condições de sair correndo de nenhuma forma. Acabou cedendo e passou Nicole por cima do balcão para o velho Walsh.

- Qual o nome dela?

- Nicole.

- Nicole... Um nome muito grande para um ser humano tão pequeno se quer saber a minha opinião. ? Disse o velho pegando Nicole e sentando-a no balcão a sua frente.

- Cheme-a de Nicky. ? Disse dando a volta com a bandeja. ? E ela não será um bebê para sempre.

- Oh... ? Disse Walsh sacudindo o dedo indicador. ? Isso é verdade, não será não, meu filho iria se chamar Christian, mas ao ver aquela coisinha pequenina percebi que Christian era um nome muito grande,então o nome dele é simplesmente John. Agora, hoje em dia, vejo que Christian seria um nome ideal porque ele realmente é muito grande e não tem cara de John, tem cara de Christian.

Gina sorriu enquanto levava as cervejas à mesa dos irmãos. Tentou ignorar os sorrisinhos que ambos lhe deram e voltou ao balcão.

- Oh Walsh... Você deveria parar de contar histórias sobre seu filho... São chatas.

- Chris... John é um rapaz adorável. Você devia conhece-lo. ? Disse a Gina.

Gina só sorriu e balançou a cabeça. Pegou Nicole do outro lado do balcão. Começou a desconfiar que algo poderia estar errado com a menina, ela simplesmente não produzia um sequer ruído. Fora jogada de um lado para o outro nos braços da mãe nas últimas horas e soltou leves gemidinhos, mas nada do estridente choro que produzia enquanto vivia na Toca. No aconchego da Toca. Menina estranha... Pensou.

- Então menina Weasley, o que leva uma garota de boa família como você a trabalhar em um buraco de rato como esse?

- Gravidez, eu acho.

- Não vai se casar?

- Na verdade, - Começou. ? Meu casamento deveria ter acontecido há uns dias...Mas acho que eles devem ter percebido que eu não compareci ao evento.

Tom deu uma risadinha e Walsh a olhava com um olhar penetrante.

- Você fugiu, menina.

- Não... Tecnicamente eu só me mudei. ? Disse.

- Você fugiu do casamento e da sua família somente com essa menina.

Gina não sabia o que responder.

- Ela é só o que tenho. ? Murmurou. Olhou para Nicole que olhava a mãe como se fosse realmente capaz de entender o que estava acontecendo e todos os sentidos das palavras. ? Somos só nós duas, certo? ? Beijou a testa da filha e voltou a fitar Walsh que sorria.

- Gosto disso em você. Muito corajosa. É preciso muita coragem para fugir do que você fugiu.

- Bem, obrigada.

- Ah, não tem de que. ? Disse balançando a cabeça. ? Agora, você considera trabalhar aqui pra sempre? ? Perguntou.

- Não... ? Na verdade, não pensou no que faria de sua vida. Estava tentando aproveitar o máximo possível do momento. Havia arrumado um lugar para trabalhar e um para dormir, isso era bem mais do que ela jamais imaginou que fosse arranjar.

- Tom, aproxime-se. ? Gritou Walsh com sua voz rouca e Tom aproximou-se dos dois.

- Diga Peter, como posso lhe ser útil? ? Disse o outro em tom de zombaria.

- Você está oferecendo dinheiro à menina? ? Apontou para Gina.

- Não, estou dando casa e comida em troca de trabalho.

- Você é um velho mão-de-vaca. ? Sacudiu a cabeça em descrença. ? Bom, Gina Weasley, ofereço-lhe um emprego na minha livraria, Floreios & Borrões, pago 30 galeões por mês para você, mais 10 para sua filha.

Gina o olhava assustada. Não poderia largar o emprego ali, se largasse o emprego ali, perderia o buraco que agora chamava de casa.

- Eu... Não posso...

- Claro que pode. Tom, você vai oferecer de muito bom grado o quarto que essa menina está utilizando, de graça.

- De graça?! ? Perguntou Tom.

- De graça...? ? Repetiu Gina pensativa olhando de um velho biruta para outro velho biruta.

- Sim, de graça, se fosse sua filha Tom, você iria preferir que ela tivesse algum dinheiro no bolso?

- Mas... Não posso abrir mão de um quarto por nada. Tenho que ter um tipo de pagamento, você sabe disso, Peter.

- Você sempre foi chato. ? Walsh resmungou. Deu um longo suspiro e então continuou. ? Eu pago pela hospedaria dessa jovem, mas, veja bem, faça um desconto para velhos amigos, huh?

- Você não precisa! ? Disse Gina falando mais por educação do que por vontade de trabalhar por casa e comida.

- Cale a boca e faça o que é melhor para você. ? Respondeu Walsh sacudindo a cabeça. Gina ficou horrorizada, mas não conseguiu achar nenhum tipo de resposta. Ficaria quieta e faria o que era melhor para ela e Nicole.

- Tudo bem... Tudo bem... Faço em 25 galeões por mês... Mas, veja bem, menina, não vou querer bagunça, então nada de choro de bebê atormentando nossos hospedes.

- Nicole não vai fazer nenhum tipo de barulho. ?

- Então é um acordo.

-Ótimo! ? Disse Walsh batendo as mãos. ? Você começa a trabalhar na livraria amanhã, e veja se abre uma conta no Gringotes... Agora me passe uma caneca de cerveja amanteigada.

Gina sorriu e começou a encher a caneca.

****

Gina caminhava pelo Beco Diagonal com Nicole nos braços durante aquele final de tarde. Pensou em tomar um sorvete para comemorar uma semana de sobrevivência totalmente independente de qualquer pessoa. O emprego na livraria ia bem, não era tão difícil pegar livros com Nicole nos braços. Peter Walsh demonstrou ser um senhor muito bondoso, dando a Gina um adiantamento de salário permitindo que ela comprasse algumas coisas para Nicole e um sorvete pra si mesma.

Rose, uma bruxa baixa e gorda, que trabalha na Floreios & Borrões junto com Gina, ajudava-a durante o trabalho e pareceu se afeiçoar a Nicole tanto quanto Walsh.
Continuava caminhando pelo Beco até que ouviu uma voz a chamar. Virou-se. Queria correr, pra longe, mas não conseguiu. Eles foram mais rápidos. E correndo Beco Diagonal abaixo vinha o Trio.

Hermione ao lado de Rony e Harry vindo logo na frente.

Corra! Gritava sua voz interna Corra e se esconda!

- Gina! ? Harry disse ao se aproximar dela. ? Que diabos...? Sua maldita... Porque você... Droga! ? Disse ele ofegante avançando pra ela. Gina recuou. Nicole soltou um leve gemido e voltou a apoiar a cabeça no peito da mãe.
Rony passou por Harry e avançou pra ela.

- Você está maluca?! Tem idéia do que você fez?! Mamãe não para de chorar há uma semana!Está tudo um caos lá em casa!

- Rony... Você não entende. ? Gina disse baixo. Não queria gritaria. Algumas pessoas já olhavam para eles.

- Sugiro que você pare de ser infantil e de brincar de casinha e volte já para casa! Não seja burra, Gina.

- Gina... ? Começou Hermione. ? Gina, volte pra casa.

Hermione segurava Rony pela gola da blusa. Harry olhava Nicole fixamente e não parecia achar palavras para dizer tudo que estava passando por sua cabeça.

- Hermione, eu agradeço muito a sua preocupação, mas não entre nisso. ? Gina disse olhando Hermione que recuou um pouco para trás. Não se meteria. Não dessa vez.

Harry olhava Gina como se estivesse tentado colocar em palavras tudo que estava sentindo.

- Gina, pare de brincar. Você tem uma filha pra criar. Pense nela.

- Rony, pensei nela. Pensei em nossa felicidade e decidi que isso seria algo impossível de se alcançar casando-me com Harry, uma pessoa que não me ama. Consegui me arrumar aqui. Minha vida está boa. Eu ia procurar vocês ainda essa semana e desculpar-me por todo esse mal que você diz que estou fazendo. Mas, entenda, que eu nunca seria capaz de dar felicidade a minha filha casando-me sem amor. Não acho justo nem com Harry nem comigo.

Rony balançava a cabeça.

- Você é burra, Gina.

- Se você veio atrás de mim para me dizer isso, sugiro que vá embora e não volte! ? Gina aumentou o tom de voz. Rony ergueu a cabeça e olhou a irmã com raiva.

- Está me mandando ir embora? Porque se é isso que está fazendo, está a ponto de cometer um grande erro.

- Se você veio até o lugar onde moro, para chamar minhas decisões que visam pelo melhor de minha filha, idiotas, vá embora! Não quero você em minha vida nem na de Nicole.

- Nicole?

- Sim. Vá embora, Rony. ? Gina apontou para o Caldeirão Furado. Rony só virou as costas e foi. Pegou Hermione pela mão e os dois saíram. Hermione sussurrava palavras e conforto para Rony que só resmungava.

Talvez esse tenha sido o momento em que cometeu o maior de todos os seus erros. Sentiu um estranho vazio enquanto observava Rony andar para longe. Como se esse tivesse sido um ato onde não existem voltas. Havia perdido seu irmão e amigo, para sempre.
Harry se virou para ir embora. Estava cansado. Apavorado. E mais que tudo, estava sozinho.

- Harry... ? Gina disse. ? Acho que precisamos conversar.
Harry virou-se para olha-la e balançou a cabeça.

- Nicole? ? Ele perguntou. Olhou a filha nos braços da mãe e deu um leve sorriso.

- Nicole Virginia Weasley.

- É um lindo nome. ? Ele disse dando um pequeno sorriso. ? Posso...?

- É claro. ? Gina passou a filha para Harry.

- Me desculpe, Harry. Eu sinto muito, de verdade. Mas você entende?

- Sim, entendo... ? Ele olhava Nicole que encarava o nada. ? Olá, Nicky. ? Sussurrou.
Ficaram em silêncio por um tempo até que Gina falou:

- Harry... Só porque não estamos juntos, não significa que Nicole não é mais sua filha. Ela precisa de um pai...

- Eu sei. ? Ele balançou a cabeça.

- Promete que vai ser um pai? ? Disse ela olhando pra ele com lágrimas nos olhos. ? Eu sei que não posso te pedir nada, eu perdi esse direito. Mas não peço pelo meu conforto ou para meu bem, peço pelo bem de nossa filha.

- Prometo. ? Ele disse não podendo falar muito.

E naquela tarde os três passearam pelo Beco, comprando coisas e divertindo-se como se fossem uma família. Naquele momento, Gina teve a impressão de que tudo daria certo, tudo ia ficar bem. Os dois seriam felizes e Nicole seria muito amada por ambos os pais. Mesmo que tenham tomado caminhos separados, Nicole sempre seria uma ligação entre eles. Ela seria o lugar onde os dois seriam felizes juntos. Estava enganada...

Querida Nicole,
Não sei como ou porque, acho que não existe, mas escrevo pra você hoje. Uma nenê que nãotem nem cinco meses de vida. É estranho até. Mas fui me deitar hoje com a impressão de que algo não estava bem, algo não ficaria bem. Talvez seja inútel pois você jamais irá ler essa carta e talvez eu até mesmo a perca.

Hoje virei as costas para a minha família, para a família que você pertence. Só o tempo irá realmente me dizer se foi a decisão certa. Não importa que Nicole tenha dito que era, ninguém pode dizer isso.

Seu pai me fez uma promessa hoje. A promessa de que ele estaria aqui. O meu maior medo é que ele não esteja. Seu pai é um garoto com tantas responssabilidades, ele leva o mundo nas costas. Mas, no entanto, hoje ele me prometeu que estaria presente por você. Que pensaria em você como uma filha, um ser único e especial, e não como um fardo.

Eu preciso de alguma forma, pedir desculpas por ele, agora, nessa noite, se ele quebrar a promessa.

Amor,

Mamãe


****

N/A: Essa fic não será um romance. Selecionei Harry/Gina pois não existia a opção de não ter um shipper. Peço desculpas pela demora na atualização, a fic já está inteira esboçada e as continuações também, tive alguns problemas familiares. Tentarei postar novos capitulos pelo menos uma vez a cada três dias.

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