Prólogo
-Acho que devemos voltar aos dormitórios – disse Sirius Black, tentando conter os beijos da prima.
-É cedo ainda – respondia Belatriz Black, pois não queria parar o momento com o primo. Embora não fossem raros, ela sempre queria mais.
-Mas podem nos encontrar – retrucava – não tenho mais horários livres para detenções por suas semanas.
Belatriz parou no mesmo instante.
-Você não costumava se importar. – disse, com frieza, e arrumando as vestes e o cabelo.
Sirius suspirou. Não queria que ela soubesse da verdade, que estava escondendo dela há algumas semanas.
-Estou cansado, e tenho montanhas de deveres para fazer. Além disso, as detenções estão me matando, e daqui a três semanas, é lua cheia...
-E o que isso tem a ver? – perguntou Belatriz, desconfiada.
O garoto já tinha uma resposta pronta para essas ocasiões:
-Essa é época em que os estudos entram melhor na nossa mente. Sempre deixo as noites de lua cheia para estudar e fazer os deveres com um prazo maior.
-Pois então – disse Belatriz, reanimando-se – Deixa pra fazer os deveres quando for lua cheia. Assim podemos deixar essa noite só pra nós... – e puxou Sirius pela gravata. Mas o garoto a cortou no mesmo instante.
-Não, Bela. Eu realmente estou cansado. Deixa pra amanhã. – e deixou Belatriz sozinha, no pequeno armário de vassouras.
Ele seguiu por um corredor que levava apenas ao retrato da Mulher Gorda, pelo qual Belatriz realmente não iria seguir. Sentiu um pouco de culpa por tê-la deixado sozinha, mas aquilo, outrora prazeroso, o estava deixando louco.
Sirius e Belatriz tinham uma relação de amor e ódio desde o quinto ano em Hogwarts, e disso, todo mundo sabia (menos eles mesmos. Para eles, era só ódio). No sexto ano, tinham se beijado algumas vezes, e em todas elas, sentiram ódio de si mesmos no dia seguinte.
Porém, no começo do sétimo ano, Sirius havia pedido a prima em namoro. Tudo havia sido perfeito: dia de sol, na beira do lago, com James e Lily ao lado deles. Embora tenha sido impulsivo, por motivos óbvios, Sirius a havia pedido, com a frase clichê, e um anel, também clichê. Ele ainda se lembrava da felicidade que o rosto da prima irradiava, deixando-a mais ainda bonita do que era. Ele se sentiu realmente satisfeito. Sabia como Belatriz era desejada por quase todos os garotos de Hogwarts. Sabia também, que o mesmo ocorria com ele. Era desejado por todas as garotas de Hogwarts, e, como havia descoberto uma semana antes, por alguns garotos. E ali estavam eles, juntos enfim. E é claro: quando tudo é perfeito demais para ser verdade, acontece algo inexplicavelmente inesperado e inusitado, para estragar a vida.
Era o que havia acontecido em fevereiro, à uma da manhã do dia 14 (dia dos namorados no Reino Unido). Era uma noite de lua cheia, e como de costume, ele e os outros marotos haviam saído para acompanhar Remus em sua transformação. Naquela noite, porém, os centauros resolvem atacar o lobisomem, que impedia seus filhotes de dormir. Remus ficou gravemente ferido, a ponto de voltar a ser humano. Os amigos o levaram imediatamente para a enfermaria, espalhando sangue pelo caminho.
Madame Kling, a responsável pela área hospitalar daquela época, olhou com certo receio e pena. Disse que ia fazer de tudo para curá-lo, embora achasse que as chances de recuperação eram pequenas, mesmo com o uso da magia.
Remus ficou hospitalizado durante 17 dias, dentre os quais seis ele ficou entre a vida e a morte. Foi nesse período que Sirius percebeu que, embora fosse apaixonado por Belatriz, era Remus quem ele amava.
Agora, qual seria a diferença entre amor e paixão? “Ah, amor é uma paixão muito forte!”, diria um. Mas não. Amor e paixão são coisas bem diferentes, isso se não são opostas. Mas Sirius ainda não sabia a diferença, e isso estava prestes a levá-lo à ruína, enquanto se dirigia ao retrato da Mulher Gorda.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!