O reencontro
Harry saiu em disparada até seu quarto.
Seu corpo tremia todo e ele não tinha muita noção do que estava fazendo.
Morria de medo de ser mais uma peça de Voldemort.
E se ele fizesse como fez no quinto ano?
Sirius não estava lá e ele acabou colocando em risco a vida de todo mundo.
Mas ele não tinha tempo para pensar muito nisso.
Hermione estava sofrendo, ele sentia isso!
E não poderia ficar de braços cruzados.
Alias, sabia que alguma hora isso aconteceria.
Dumbledore disse a Harry que estava chegando o momento dele enfrentar Voldemort.
Com certeza a hora era aquela.
Medo?
Não.
Harry não sentia medo de Voldemort.
Tinha medo de perder Hermione.
Somente de perde-la.
Ele pegou sua capa de invisibilidade.
Mas quando estava saindo do quarto, ouviu a voz sonolenta de Rony.
-Harry? É você?
Harry gelou.
Não podia contar a ele onde estava indo.
Senão com certeza ele iria junto, e Harry não queria que nada de mal acontecesse ao melhor amigo. Ele iria fazer isso sozinho.
-É. Sou eu – Harry disse baixinho escondendo a capa de invisibilidade nas costas.
-Aonde você vai? – Rony perguntou lentamente.
-Hum...até...o banheiro – Harry disse depois de pensar na pior desculpa de todas.
-Ah certo.
Dizendo isso, Rony voltou a dormir como uma criança.
Harry o fitou por um tempo. Não gostava de mentir para ele. Não gostava!
Mas não tinha opção.
Não agora.
O garoto passou pelo retrato da Mulher Gorda e colocou a capa de invisibilidade.
Peraí, onde eu estou indo? , Harry perguntou parando no último degrau da escada, perto do Salão Principal.
Pensou, pensou e pensou.
Claro!
Hermione tinha dito que sua corrente podia estar onde fora à aula de Trato das Criaturas Mágicas, que no caso, foi na direção da floresta, perto da cabana de Hagrid.
O garoto correu até lá em busca de uma pista.
Qualquer coisa que fosse.
Mas de repente, ouviu vozes.
Encolheu-se na capa e se encostou em uma árvore.
Mas levou um susto quando viu quem estava lá.
Era Gina...com Draco.
-Eu já te disse, Draco – ela repetiu – Eu não vou fazer isso.
-Por que? Você não me ama?
-Já disse que sim – ela respondeu com a voz doce – Mas não posso. E a minha família?
-Gina, você sabe que eles nunca vão aceitar, você sabe. Acham que eu ainda sou que nem o meu pai...mas você sabe que eu não sou.
Gina respirou fundo e sorriu.
-Eu sei disso. Você mudou muito. Nem atormentar o Harry você atormenta mais...
Harry estava mais surpreso do que nunca.
Gina namorando Draco?
-É, eu não atormento mais ele – Draco disse finalmente – E nem tenho mais motivos pra isso. Eu era um idiota. Você fez milagres.
Gina sorriu.
-Certo. Eu vou pensar no caso. Vou tentar falar com meus pais, mostrar que você mudou de verdade...se não der certo, a gente foge.
Harry soltou um suspiro.
Fugir?
Ela era louca!?
Gina deu um beijo no rosto de Draco e os dois seguiram para o castelo.
Harry ainda estava muito surpreso com a conversa que acabara de ouvir, mas não tinha muito tempo.
Precisava achar uma pista de Hermione...precisa achar o mais rápido possível.
Entrou na floresta e logo viu a corrente dela pendurada num tronco de uma árvore.
Sorriu pela facilidade de encontrar o objeto e correu até a corrente.
Logo que tocou nela, sentiu uma dor horrível na cicatriz. Uma dor muito pior que as outras.
Depois de segundos sentiu um gancho puxando o seu umbigo.
Não!
Era uma Chave do Portal.
A cabeça de Harry deu mil voltas, ele sentiu muita tontura e sua cicatriz deu mais algumas pontadas de dor.
De repente tudo parou de rodar.
Ele abriu os olhos e se levantou com a mão na cabeça.
Deparou-se com uma sala muito espaçosa.
Toda vermelha com algumas tochas de fogo acesas.
Alguém morava ali.
Mas quem?
Passou pela cabeça que podia ser a casa de Voldemort.
Por não?
Hermione provavelmente encostara na corrente e fora transportada para essa mansão.
Mas onde ela estava!?
Onde!?
Harry ia se desesperando cada vez mais.
Sentia uma angustia enorme.
Não tinha certeza se ela estava bem, se estava sofrendo, se estava viva.
Harry tirou a varinha do bolso e caminhou com ela apontada; sua mão tremendo.
Passou pela sala e entrou em uma ampla sala de jantar.
Uma mesa enorme de madeira ocupava quase todo o espaço e havia muitos quadros ali.
Harry continuou e saiu numa espécie de jardim.
Havia um balanço solitário num canto, mas essa era a única parte bonita que havia ali.
O resto do jardim era tomado por túmulos.
Diversos deles.
Harry andou mais para frente, a varinha ainda apontada em defesa, e logo a viu.
Hermione estava amarrada em uma corda e se debatia. Seu rosto estava pálido e ela parecia muito assustada.
Harry sorriu aliviado, abaixou a varinha e correu até ela.
-Mione! – ele exclamou.
-Harry! –ela disse rapidamente – O que você está fazendo aqui!?
-Eu vim te salvar! Vamos! Venha eu vou te tirar daqui!
-Não! Vá embora! – ela pediu chorando – Vá embora! Me deixe aqui, fuja! Vamos Harry fuja!
-Ficou louca!? Eu não vou te abandonar aqui!
Mas antes que Hermione pudesse dizer qualquer coisa, Harry ouviu alguém tossindo intencionalmente.
Ele se virou e logo viu que havia mais alguém ali.
Voldemort.
Era ele.
Estava sentado em uma cadeira, com uma capa preta e um capuz da mesma cor cobrindo quase todo seu rosto.
As mãos juntas e um sorriso melancólico nos lábios.
-Finalmente – ele disse com a voz fria – Chegou a hora.
Harry apontou a varinha novamente.
Sabia que era a hora.
Ele iria enfrentar Voldemort e morreria se fosse preciso.
-Você deve ter esperado por muito tempo esse momento, não? – Harry disse rispidamente.
-Desde de que matei seus pais.
Harry sentiu o sangue subir.
-Cale a boca – gritou.
-Ora, ora...me ameaçando? Tem certeza que é tão bom assim para lutar contra mim?
-Eu lutei uma vez no quarto e te venci...não será diferente agora.
Voldemort deu uma risada.
-Ah, Harry...será sim. E você nem imagina o porquê.
-Então me conte – o garoto disse friamente.
-Agora é hora de resolvermos a profecia.
Harry ouviu um suspiro de medo de Hermione e se virou para ela.
-Vai dar tudo certo – ele disse – Eu vou te tirar daqui.
-Harry, por favor, fuja! Fuja enquanto você tem tempo!
-Ele não tem mais tempo – Voldemort disse com ar de desdém.
Harry se abaixou e pegou na mão da garota.
-Eu vou te tirar daqui, eu juro.
Depois se levantou e virou-se para Voldemort.
-Então, vamos resolver isso de uma vez – disse apontando a varinha novamente.
Voldemort deu mais risada.
-Não, não. Antes você terá que me ouvir.
-E se eu não quiser? – Harry disse rapidamente.
-Não me provoque! Não tente ser como o idiota do seu pai!
-Meu-pai-não-é-um-idiota! – vociferou Harry.
-Não? Então como me explica o fato dele ter deixado eu matar ele? Sem ter nem tentado lutar, hein?
Mas agora foi a vez de Harry rir.
Se Voldemort ao menos imaginasse que seu pai estava vivo...
-Vamos, estou a todos ouvidos. Conte-me tudo – ele disse se sentando com um sorriso no canto dos lábios.
Voldemort o encarou durante algum tempo e tirou o capuz revelando um rosto muito pálido e cadavérico.
-Antes de tudo, eu tenho que lhe contar que eu não estava sozinho. Claro que não...eu tinha um aliado em Hogwarts....durante todo esse tempo.
Harry gelou.
Como assim um aliado?
O garoto se levantou rapidamente.
-Quem?
-Vejam só...tão esperto e não conseguiu descobrir? Harry, Harry...cada vez mais parecido com o seu pai...
-Quem!? – Harry insistiu.
-Pois bem – o bruxo disse com um olhar fuzilador – Hora de abrir o jogo. Você vai saber quem é, Harry Potter.
O garoto o encarou.
Hermione se debateu mais uma vez e deu um gemido de dor.
Harry deu um pulo para trás quando viu surgir da escuridão e se juntar a Voldemort, um rapaz louro, de olhos azuis, alto...Tom.
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