O presente de Hermione



Harry acordou naquela manhã quente e ensolarada com seu primo, Duda Dursley gritando.
Se levantou vagarosamente e abriu a janela.
Aquele era o melhor dia de todo o verão, com certeza.
Passara dias muito monótonos na casa dos Dursley. Seus tios por sua vez estavam mais cautelosos e não implicavam tanto(eu disse tanto) com Harry, que não entendia o porque de tudo isso.
Ainda faltavam duas semanas para o aniversário de Harry, mas mesmo assim recebera cartas constantes de Hermione e Rony.
Ouviu novamente o primo, Duda gritar, mas nem se importou, aquele tinha tudo para ser um dia perfeito e Harry não queria estragar ele.
Cambaleou até o banheiro e jogou água fria no rosto.
Vestiu-se e desceu até a cozinha.
Logo que estava descendo as escadas pode ver o primo chorando como uma criança.

-Isso não é justo! Não é! – ele gritou para Valter e Petúnia que pareciam não saber o que fazer.

-Duduzinho...meu amor...como isso foi acontecer... – tia Petúnia lastimava. Harry riu sozinho da cena, mas não se atreveu a se meter na briga, sempre sobrava para ele.

-EU NÃO QUERO FICAR ASSIM PARA SEMPRE! – Duda gritou.

Em segundos, tio Valter se virou para Harry e pareceu surpreso.

-Moleque – gritou olhando furiosamente para Harry – Desça aqui imediatamente!

Harry hesitou, mas resolveu descer.

O rosto de tia Petúnia estava pálido e Duda não parava de chorar.

-Olhe o que você fez! – vociferou tio Valter.

-Eu fiz? – Harry perguntou.

-Duduzinho...não chore queridinho da mamãe – tia Petúnia disse se aproximando do filho que por sua vez, se afastara dela.

-Por que é que o Duduzinho está chorando? – Harry perguntou tranqüilamente.

-Não-fale-assim-do-meu-filho! – sibilou tio Valter.

Harry sentiu uma imensa vontade de rir da cara gorda do tio, mas se segurou.
No mesmo instante se arrependeu de ter descido. Devia ter ficado no quarto arrumando minhas coisas, pensou.
Harry deu as costas e quando ia dar o primeiro passo para voltar pro seu quarto, tio Valter gritou:

-AONDE VOCÊ PENSA QUE VAI?

-Pro meu quarto – Harry disse.

-Não vai não!

-Certo – Harry tornou a dizer, a voz mais calma do que nunca – O que eu fiz?

-Um de seus amigos esquisitos te mandaram um presente.

-Um presente? – Harry perguntou surpreso e deixando escapar um sorriso.

-Isso, um presente – tio Valter repetiu furioso.

-E onde ele está? – Harry perguntou.

-Como assim onde ele está!?

-Ué...simples...diga onde está o meu presente, para que eu possa abri-lo.

-Acho que você não entendeu muito bem Harry – tio Valter tornou a dizer.

-O que aconteceu? – perguntou Harry impaciente.

-Dudinha...por uma curiosidade...normal na idade dele...tentou abrir o seu presente...Mas parece que aqueles seus amigos imundos...

-Não fale assim deles!- Harry gritou, mas o tio o ignorou.

-Como eu ia dizendo...o Dudinha tentou abri-lo e...olha o que aconteceu com o meu filhotinho! – disse quase chorando.

Tio Valter saiu da frente.
Primeiramente Harry viu o rosto pálido e magro da tia. Ela parecia realmente assustada.
Duda, por sua vez, estava com a mão no rosto e continuava chorando.

-Meu filhinho querido...calma...vamos te ajudar – sussurrava tia Petúnia preocupada.

-O que tem de errado com ele? – Harry perguntou.

Tio Valter respirou fundo e pela primeira vez, Harry viu que o rosto gordo do tio parecia assustado.

-Dudinha...tire a mão do rosto para que ele possa ver...vamos...

Duda hesitou, mas depois , vagarosamente tirou a mão do rosto.
Harry se segurou para não rir.
O rosto fofo do primo estava vermelho como um pimentão e a escrita “xereta” estava estampada na sua testa.

-Hermione! – Harry exclamou sorrindo. Com certeza aquele presente era de Hermione. Só ela o enfeitiçaria para que ninguém, ao não ser Harry, abrisse o seu presente.

-O que! – gritou o tio Valter.

-Hermione – Harry repetiu, ainda sorrindo – Ela me mandou esse presente, eu acho. Duda não devia ter aberto ele...estava enfeitiçado.

-Oh Meu Deus! – exclamou tia Petúnia abraçando o filho.

-Enfeitiçado!? Agora! Nesse instante, volte o rosto dele ao normal! – vociferou tio Valter.

-Não posso – Harry disse tranqüilamente ainda sorrindo.

-Como não pode! – tia Petúnia gritou.

-Não posso fazer magia aqui. Mas creio que o feitiço, infelizmente, não dure tanto tempo.

-Como assim! – gritou Duda assustado – Vou ficar assim quanto tempo!?

-Não sei...talvez dois dias – Harry disse.

-DOIS DIAS! – gritaram os três Dursley juntos.

-Talvez três – Harry disse sorrindo.

-Para de sorrir moleque! – tio Valter gritou.

Harry pegou seu presente, um embrulho de tamanho médio e dourado, deu as costas e subiu para seu quarto, ainda sorrindo.
Pode ouvir seu tio e sua tia gritarem e Duda continuava a chorar.
Harry se sentou em sua cama e notou que havia uma carta colada ao pacote.

-Edwiges! Psiu! – Harry disse para a coruja que estava piando como uma maluca, querendo sair da gaiola – Daqui a pouco eu solto você!
Harry abriu rapidamente a carta e a leu:

Querido Harry

Falta pouco tempo para nos vermos! Isso é ótimo, não?
Estou morrendo de saudades de você.

Harry sorriu ao mesmo tempo sentiu um frio na barriga. Continuou a ler a carta.

Como sabe estou passando as férias aqui no Pólo Norte com meus pais. Resolvi mandar o presente em correio mesmo. Fiquei com medo de enviar uma coruja...aqui neva muito, sem contar que seria difícil eu pedir uma coruja aqui no hotel, já que só tem trouxas aqui.
Mas isso não vem ao caso.
Abra o presente e prometa que não irá rir, ok?
Até breve!

Beijos
Hermione


Harry terminou de ler a carta e abriu rapidamente o presente. Estava curioso em saber o que tinha ali.
Tirou do embrulho um porta-retrato dourado.
O virou rapidamente viu Hermione acenando para ele.

Ela está tão diferente, pensou Harry.

Hermione estava vestida com roupas de trouxas. Seus cabelos não estavam mais armados. Estavam com cachos definidos e um pouco mais curtos, batendo agora no ombro.
Seu sorriso estava lindo e Harry sentiu novamente um frio na barriga.
A foto de Hermione, por sua vez, continuava acenando e sorrindo.
Harry ficou algum tempo olhando para o retrato.

Ela está...tão...bonita, pensou.

Por um impulso Harry se levantou e começou a arrumar suas coisas; ainda sorrindo.

Em pouco de duas horas, estaria indo para Hogwarts.
Isso mesmo. Para Hogwarts.
No começo das férias, Dumbledore havia lhe enviado uma carta avisando que iriam tira-lo da casa dos Dursley mais cedo esse ano. Harry, por sua vez, não sabia o motivo.
Mas estava feliz por poder sair da rua dos Alfeneiros mais cedo.


Harry arrumou suas coisas e arrastou sua mala até a sala. Depois voltou e pegou a gaiola de Edwiges e a colocou no chão.

-Pelo amor de Deus! – gritou tia Petúnia – Tire esse bicho da minha sala!

Mas antes que Harry pudesse responder que não iria tirar de jeito nenhum sua coruja dali, um barulho chamou sua atenção.
Olhou para a lareira.
Primeiro Olho-Tonto Moody saiu cambaleando com seu chapéu de coco verde, o que o deixava muito engraçado.
Depois Lupin, sorrindo como sempre. Logo atrás veio Tonks, desta vez com os cabelos longos, batendo na cintura, lisos e cor de abóbora.

-Olá, Harry – Lupin disse se aproximando.

-Oi – Harry disse surpreso.

-E aí, Harry? Como foi de férias? – Tonks perguntou.

-Ah...bem – Harry respondeu.

-Ninguém lhe incomodou, né Harry? – Olho-Tonto Moody perguntou girando seu olho mágico para os Dursley.

Tia Petúnia, tio Valter e Duda deram um pulo para trás e Harry percebeu que o tio estava branco de medo. Duda ainda estava com o rosto danificado e o escondia com as mãos.

-Bem – Harry começou a dizer; a voz mais calma do que nunca – Digamos que...

-Claro que não incomodamos Harry – tio Valter disse suavemente.

-Ele é um filho para nós! – tia Petúnia disse parecendo indignada e fingindo muito mal.

-Bom mesmo – Moody disse fingindo que acreditara e piscando para Harry – Se aconteceu alguma coisa, Harry nos contará, não Harry?

-Claro – Harry confirmou, agora rindo baixinho ao ver a cara de espanto do tio.

-Bem, vamos indo, então – Tonks disse sorrindo e jogando seus cabelos para trás.

-Como vamos? – Harry perguntou – Com Pó de Flu?

-Exatamente – Lupin respondeu – Deixe me pegar suas coisas – ele disse pegando a mala de Harry e a arrastando para perto na lareira. Tonks, por sua vez, pegou a gaiola de Edwiges.

-Algum problema? – perguntou a tia Petúnia que a olhava com um ar de espanto. Provavelmente pela cor de seus cabelos.

-N-Não – tia Petúnia respondeu rapidamente.

-Ótimo – Tonks disse sorrindo – Vamos indo, Harry.

-Eu vou na frente para te esperar do outro lado, Harry –Moody disse suavemente – Tonks e Lupin vão ter que fazer...bem, um serviço para – Moody se abaixou e disse baixinho, o que causou curiosidade nos Dursley – Lupin e Tonks vão fazer um serviço para a Ordem...depois levam suas coisas.

-Ok – Harry disse.

Olho-Tonto Moody se aproximou dos Dursley e disse com tom ameaçador:

-Já sabe, não senhor Dursley? Harry me contará.

Depois disso, entrou na lareira dos Duersley, para desespero de tia Petúnia, que não permitia bagunça em sua casa, ajoelhou-se e ordenou jogando o Pó de Flu:

-Largo Grimmauld, número doze!

Moody desapareceu em segundos.

-Vamos, Harry, sua vez – Lupin disse.

Harry se abaixou e entrou na lareira. Mais uma vez tia Petúnia murmurou.
Harry pegou o Pó de Flu e ordenou:

-Largo Grimmauld, número 12!

A cabeça de Harry começou a girar. Ele manteve os olhos bem fechados. Quando parou de girar abriu os olhos e se deparou com Moody, que lhe estendeu a mão.

-Ah, obrigado – Harry disse saindo da lareira.

De repente sentiu uma tristeza invadir seu coração. Estava ali, na casa de Sirius e não fazia nem um ano que o mesmo havia morrido.
Harry sempre pensava no padrinho, mas aos poucos estava superando.

-Sei que é difícil Harry – Moody disse.

-O que? – Harry perguntou rapidamente.

-Voltar aqui...depois da...

Mas antes que ele pudesse terminar, Harry o interrompeu. Não queria ouvir o resto da frase.

-Tudo bem – ele disse, tentando forçar um sorriso que não saiu.

Ouviu passos se aproximarem e avistou Sra. Weasley.
Quando ela o viu, correu em sua direção e lhe deu aquele abraço apertado de sempre.

-Oh Harry! Como é bom ter você conosco de novo querido!

-Ah, é muito bom Sra. Weasley – Harry disse sorrindo.

-Harry! – uma voz gritou.

-Ron! – Harry gritou e se aproximou do amigo.

- E aí, Harry? – Rony disse com a voz engraçada de sempre – Tudo bem?

-Tudo e com você?

-Também! Quer dizer...agora tudo bem...estávamos expulsando o mostro que tinha no armário da sala...ele voltou.

-Hum...e conseguiram?

-Não. Lupin disse que depois tenta – Rony disse.

-Ei, Harry!

Harry se virou e viu Gina.

-Ah, oi Gina.

-Olá! – a garota respondeu rapidamente e se aproximou – Como vai?

-Bem.

-Que bom – a garota disse corando.

-Então...onde está Hermione? – Harry perguntou, surpreso pelo seu interesse de saber onde a amiga estava.

-Ela ainda não chegou – Rony respondeu, agora com a boca cheia de torta de abóbora – Parece que amanhã ela vem.

-Ah, certo – Harry disse e se sentiu estranho quando percebeu que não agüentaria esperar até o dia seguinte para ver a amiga.

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