O Último Vôo



N.A.: Well, aí está o último capítulo de Matar ou Morrer!

Ana_Weasley_Black: Bem, obrigado pelo capítulo ousado. Mas ficou ruinzinho assim mesmo. Isso é o que dá bloqueio mental. Obrigada pelo comentário!

Gabriela Twilight: Sério que você acha que cada capítulo seu fica péssimo? Eles ficam sempre ótimos! A verdade é que eu tava com bloqueio, por isso saiu tão ruim assim. Nossa, a história tomou rumos que eu não imaginava. Hihihi... Bem, obrigado pelos elogios. 'Para ler uma fic da Lizzy. você tem que compreender tudo do começo ao fim. Uma distraída que você dá, já perdeu o fio da meada.' Uau... Obrigada, Gabi! Beijos!

N.A.: Curtinho, mas até que ficou legal. Melhor que o quatro, pelo menos.

Capítulo 5: O Último Vôo



— Está complicado — disse Bill. — A magia é muito forte. Ela é muito forte, e não quer que a barreira se desfaça agora.

Tonks suspirou. Já não havia mais lágrimas para chorar. Apenas dor. Dor e silêncio.

— Continue a fazer o serviço, Weasley — disse Kingsley, tomando a voz. — De um jeito ou de outro, é só o que resta a fazer.

“Se não conseguimos encontrá-lo vivo, pelo menos poderemos encontrar a maldita Comensal e o corpo dele. Inteiro, até.”, foi só o que conseguiu pensar. Logo em seguida, repreendeu-se pelo pessimismo.

— Tomara que ela não esteja fazendo muita coisa com ele — sussurrou baixinho Williamson para Dawlish.

— Acho que não — ele sussurrou. — Ela gosta de matar lentamente. — E, mais alto, para Bill: — Ei, a barreira tem algum feitiço acústico?

— Sim — disse Bill frustrado, olhando para a barreira invisível. — Não dá pra ouvir nada do que eles falam, mesmo que gritem.

Robards olhou para Williamson, que olhou para Dawlish, que olhou para Kingsley, que olhou para Tonks que não olhou para ninguém; sentara-se no sofá e encolhera a cabeça entre os braços. Dir-se-ia que estava dormindo, se não fosse pelos soluços esporádicos que escapavam-lhe do peito.

— Não podemos deixar ele morrer… — sussurrou Kingsley. — Não podemos deixar ele morrer.




Remus levantou. Estava atônito.

Primeiro ele olhou para Bellatrix na cama, embaixo dos lençóis, e nunca soube dizer se seu coração se enterneceu ou se ele continuava querendo matá-la. Depois, seus olhos passaram para a varinha dela, a varinha que, até algumas horas — ou minutos, apenas? — atrás, estava apontada para seu pescoço. Então, pensou em Tonks, lá embaixo, chorando, com medo de que ele estivesse morto.

E daí concluiu que finalmente enlouquecera.

— Por Merlin, eu endoidei.

— É — concordou Bellatrix, que também parecia não acreditar no que eles tinham feito —, você endoidou.

— Tonks está lá embaixo, quem sabe chorando, porque pensa que eu estou morto… e eu aqui a traindo. — Suas faces ficaram muito vermelhas. — O que foi que eu fiz — sussurrou.

— Moralista como sempre — disse Bellatrix, levantando-se nua, sem pudor algum. Remus engoliu em seco quando ela começou a se vestir.

— Entenda… não é com você — disse inseguro. — Você é linda, é desejável. É uma mulher que qualquer um daria tudo para ter. É comigo… e com Tonks. Ela… me ajudou tanto… nós somos tão felizes… ou éramos… e eu a amo.

— Eu sei que você a ama — disse Bellatrix paciente. — Dá pra ver nos seus olhos que você a ama pelo que ela é. Existe uma coisa, Lupin, chamada desejo. Digamos que uma grande parte dos homens não sabe controlá-lo direito. Imagino que você saiba, mas está frágil e não resistiu.

— Eu sou um idiota, Bella. Fui um idiota com ela e com você. Por Gryffindor, não sei se quero sair vivo deste quarto.

Bellatrix pestanejou e se aproximou dele.

— Lupin… Remus, pense em tudo o que você tem a viver pela frente. Com ela. Nos filhos que vão ter. Nas noites. Você tem que viver para que possa amá-la como sempre amou.

— Você fala como se não fosse me matar.

Ela apenas o encarou. E ele subitamente compreendeu.

— Você não vai me matar?

— Não.




Lá fora, um vulto castanho postou-se embaixo da janela do quarto de Lucius e Narcissa Malfoy. Sua capa era escura o suficiente para confundir-se com as árvores, e nenhum dos aurores, nem do lado de dentro nem do lado de fora, o viu.

Ele tinha ciência da péssima situação da Comensal no andar de cima. Ouvira cada uma das palavras dos aurores; sabia que ela estava tentando matar Lupin — o porquê, ele não podia imaginar, mas supunha que tinha algo a ver com a tal história sobre Wormtail — ele mataria aquele rato nojento — e cartas marcadas.

Viu Bill Weasley tentando romper a barreira. Tolice. Bellatrix tinha magia suficiente para manter aquela barreira firme por mais de doze horas.

E ficou esperando, embaixo da janela. Uma hora, ela teria que sair. E nem que tivesse que esperar dia e noite, ele estaria lá quando ela saísse. Para que ela aprendesse quem era o peão.

E o brilho prateado de uma faca lampejou embaixo de seu casaco.




— Mas, se você não vai me matar, você vai morrer! — exclamou Remus.

— Agora conte alguma novidade.

— Mas… mas… isso não é justo! Isso não é certo!

— O que não é certo é você morrer só por causa que um rato idiota quer assim. O resto, a gente se acostuma.

Remus fitou Bellatrix com seus doloridos olhos castanhos.

— Eu não quero que você morra.

— E eu não quero que você morra. Você me ensinou algumas coisas. Mas não adiantaria nada estar viva e ter aprendido sem você estar vivo. E, mesmo que eu mate você, a chance de sair daqui viva é difícil. Eu não duvido nada que sua amada Tonks me mataria se eu te matasse. Isso sem falar no sem-número de aurores lá fora. E no que o Lorde vai fazer quando eu voltar sem o que ele pediu. Minha vida não vai durar muito depois que eu sair daqui, de qualquer jeito, Remus.

— Mas… Você… Isso não é justo. Não é justo que você morra por minha causa… Eu nem sou uma grande pessoa…

Bellatrix riu.

— Remus, você é melhor que todos eles.

— Não sou! Eu quis me vingar, eu quis matar você sem conhecê-la. Eu agi contra meus princípios. Eu não pensei. Eu nunca… nunca poderia sonhar que você não merece tudo o que está vivendo.

— Você continua sendo melhor do que todas as pessoas que eu conheci nessa minha vida desgraçada. E eu não vou deixar a melhor pessoa que eu conheci morrer.

— Bellatrix… Bella…

Ela se afastou em direção à janela.

— E que as barreiras se desfaçam — ela disse, fazendo um gesto com a varinha.




— É, bem, o cara deve ter morrido há horas — sussurrou Williamson para Dawlish.

— Com certeza — respondeu Dawlish em tom baixo. — Nem sei o que estamos fazendo aqui ainda, com esse deformado tentando abrir uma passagem não sei do quê.

— Se não tivéssemos nos importado com o tal do Lupin, poderíamos tê-la prendido e matado. Não ficar tendo toda essa mão-de-obra. E se ela escapar?

— Se ela escapar? Bem, daí a gente lava as nossas mãos e escreve que não foi nossa culpa no relatório para Scrimgeour.

— É, não foi nossa culpa. Foi culpa de Tonks, Shacklebolt e de Robards. Nossa não, que nós tentamos.

— E, sinceramente, já aconteceu coisa pior. Tipo aquela vez em que Sirius Black escapou de Hogwarts debaixo do nariz de Fudge.

— Mas Black era inocente.

— É, mas mesmo assim, que vexame.

— É, e teve a vez que você, Shacklebolt, Umbridge e Fudge deixaram Dumbledore escapar…

— Ah, mas era Dumbledore! Além disso, bem, Fudge e Umbridge foram tremendos incompetentes.

— E teve aquela vez…

— Vamos parar de lembrar dos meus fracassos? Nem sempre dá pra ser bom em tudo.

Entretidos na conversa, Williamson e Dawlish tentaram se apoiar na barreira invisível. E então, pegos de surpresa, caíram de costas no chão.

Todos os olhares voltaram-se surpresos para os dois aurores estabacados. Kingsley compreendeu num átimo:

— Ela desfez a barreira!

Foi ele dizer isso e Tonks pulou do sofá, correndo para as escadas.




— Adeus, Remus. Obrigada por tudo — sussurrou Bellatrix, colada na janela.

— Como você pretende sair? — disse Remus, os olhos arregalados.

Nesse instante, Tonks adentrou o quarto atabalhoadamente. Olhou para Bellatrix, olhou para Remus — e então atirou-se a ele, às lágrimas.

— Oh, Remie, você está vivo, pensei que tinha te perdido!

Remus olhou para a garota que agora chorava em seus braços, e sentiu-se estranho. Numa mescla de culpa por tê-la traído, e de alegria por tê-la ali, ele a enlaçou, sentindo seu corpo junto ao seu.

Mas seu olhar continuava fixo em Bellatrix. E ela os olhou, triste e sorrindo ao mesmo tempo. Nunca Remus a achou tão angelical.

— Ei — ela chamou. — Tonks, não é?

Espantada, a garota voltou seu olhar para Bellatrix, sua tia. E, por um instante, viu seu sorriso angelical. Ela nunca tinha notado o quanto Bellatrix era parecida com Andrômeda, sua mãe; os longos cabelos, o rosto bem-feito, o nariz e os mesmos olhos negros.

— Cuida bem dele — sussurrou Bellatrix. — Cuida bem dele porque ele merece.

Remus a olhava, lágrimas descendo de seus olhos castanhos.

— OK — disse Tonks, como que compreendendo a solenidade do momento. — Eu vou cuidar.

Bellatrix sorriu.

Repentinamente, Kingsley, Robards, Bill, Dawlish e Williamson irromperam pela porta.

— Parada aí, Lestrange! — gritou Dawlish.

Bellatrix não pôde evitar uma risada. Com um movimento sinuoso, abriu a janela, sentou-se no parapeito e jogou-se.

— Por Hufflepuff, ela é louca! — exclamou Robards, denunciando a casa a qual pertencera em Hogwarts.

Ela rasgou o ar, belo anjo caindo em seu último vôo; sua capa negra sacudida pelo vento, e seus longos cabelos — tão bonitos —, se agitavam pelo ar.

Remus e Tonks, ainda unidos num abraço singelo, correram para a janela, olhando para baixo, no que foram seguidos por todos os outros.

Bellatrix pousou suavemente nos braços de alguém. Ao olhar, surpresa, quem aparara sua queda, se deparou com Rodolphus, seu marido.

— Rodie?

— Bella — disse Rodolphus com um sorriso maníaco.

Estavam todos congelados. Ninguém ousava fazer um movimento. Bellatrix olhou para Rodolphus e Rodolphus olhou para Bellatrix; e então o brilho de uma faca cortou o ar.

— NÃO! — exclamou Remus, ao ver o sangue da Comensal voar no ar. Tonks o apertou junto a si.

Rodolphus sorriu para Bellatrix. O sangue de sua esposa esguichava da ferida aberta em seu peito, manchando as roupas dela e também as dele. Mas, surpreendentemente, ela sorria.

— E agora, Bellatrix, quem é o peão? Quem?

— Ah, Rodolphus… — ela sussurrou. Ficava mais pálida a cada instante. — Você continua sendo o mesmo tolo de sempre.

Rodolphus a olhou chocado. E, no instante seguinte, ela desfaleceu em seus braços.

Morta.

— Rodolphus Lestrange, você está preso em nome da Magia! — exclamou Robards, se acotovelando na janela.

Mas Rodolphus nada ouvia, segurando o corpo de sua esposa entre os braços. E, pela primeira vez, compreendeu que a amara. De seu estranho jeito de amar, como o seu estranho jeito de dedicar-se. E entendeu que nunca mais a teria nos braços. Apertou o corpo junto ao peito e ali ficou.

Dawlish, querendo aparecer, empurrou todo mundo para o lado e gritou, apontando a varinha para o vulto:

AVADA KEDAVRA!

— Não, Daw! — exclamou Kingsley, tentando detê-lo.

Mas já era tarde demais. Rodolphus Lestrange caiu na neve, com o corpo de Bellatrix sobre o seu.




Pouca coisa posso dizer do que aconteceu depois disso. As versões mudam, de uma história para outra.

Todas as histórias concordam num ponto: Remus e Tonks continuaram vivendo felizes, se amando incondicionalmente. Seu romance foi duradouro e feliz, e, até o último dia de suas vidas, continuaram um amando ao outro.

Agora, sobre os outros, as histórias divergem: há quem diga que Dawlish foi exonerado da posição de auror, enquanto outros dizem que ele e Williamson morreram alguns anos depois, num acidente com veículos trouxas. Há quem diga que Robards chegou a chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, mas outras versões dizem que ele ficou de saco cheio de tantos serviços e passou para o lado dos Comensais. Há quem diga que Bill Weasley teve um monte de garotinhas com aparência de veela, mas há também quem diga que ele teve um monte de filhos ruivos.

Há só uma coisa que é certa.

Em volta de Stonehenge, no distrito de Wiltshire, há um cemitério de bruxos. Enquanto os trouxas imaginam o que será aquelas estranhas construções de pedra, os bruxos aproveitam para visitar seus mortos.

Lá, há uma ala somente para Comensais da Morte. Seus túmulos viraram curiosidade pública; quase um atrativo turístico para bruxos vindos de fora. Porém, por mais que sejam vistos ou visitados, grande parte das lápides permanece suja e abandonada.

Há uma lápide, porém, que fica num canto afastado do cemitério. É uma lápide que todos evitam, por seu nome e sua fama, e são os poucos os que se atrevem a parar diante dela e contemplar a última morada de Bellatrix Lestrange.

Mas a lápide nunca deixou de ter flores.


N.A.: OK, um dia eu vou lançar uma coletânea chamada "Insanidades da Lizzy". E essa fic vai entrar nisso. Por Slytherin, que doidera!

Vou repetir o aviso que eu coloquei na Perfume de um Lírio: estou entrando de férias. Ou seja, essa fic será concluída, e, só após um bom período, vou entrar com outra.

O nome dessa outra fic é Secrets and Memories, é universo alternativo e Lupin/Tonks. Nela, Remus é um renomado psicológo que vive atormentado pela morte prematura da esposa. É quando ele conhece Tonks, uma garota rebelde, indisciplinada e traumatizada por algum acontecimento em seu passado. Na tentativa de descobrir o que ocorreu com a garota, Remus vai descobrir segredos que põem em xeque a integridade da importantíssima família de Tonks: a família Black.

Ou seja, esperem que eu volto!



Quem se interessar, leia:

O Perfume de um Lírio
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=13620

Incondicionalmente
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650

Shining Like a Diamond
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14686

Os Outros
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14942

Você Não me Ensinou a te Esquecer
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15847

Fogo
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=16020

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.