Laços do Destino



N.A.: Mil perdões pela demora do capítulo, mas é que ele estava ficando uma porcaria, daí tive que reescrevê-lo todo... Finalmente, ele está aí, para quem quiser ver.

Ana Carolina_Patil: É, ser servo do Lorde não é o mar de rosas que todo mundo pensa... Eu coloquei mais ou menos como imagino que sejam as coisas. Que bom que você gostou!!!

Gabriela Twilight: Você acha a idéia boa mesmo? Achei um tanto viagem, mas quando eu vi já estava saindo... E falando em atualizar, quando é que você atualiza Fria e Calculista de novo? Tô morrendo de vontade de ler! E cá está o novo capítulo... Espero mesmo que você aprove! Beijos!

Ana Hel Bla¢k: Oi... Você passou na Shining Like a Diamond também, né? Desculpe a demora em comentar lá nas suas fics, é que eu andei cheia de coisas pra fazer no feriado, mas hoje ainda eu passo lá! Leia mesmo! Valeu!

luiz black: E aí, tô esperando por atualização sua! Espero que você me avise quando for atualizar as suas, porque eu não consigo ficar olhando... Que bom que gostou dessa daqui também, tomara ue goste do capítulo 2! Abraços!

Ana Bolena Black: Remus/Bella não é um gênero muito comum em português... Excetuando as minhas, eu só li três até agora... Mas acho a idéia fantástica, é muito delicioso de escrever. Você já leu a minha song "Os Outros"? É no mesmo estilo! *escarlate* Uma das melhores da Floreios? Imagina... Espero que aprecie o capítulo 2 como tem gostado da Perfume! Beijos!

Capítulo 2: Laços do Destino



— Remus! Remus! — gritava Tonks.

Junto com Harry, Ron e Hermione, ela vasculhava todos os sete andares da sede da Ordem, abrindo por porta por porta atrás de Remus. E não o encontrando atrás de nenhuma.

— Ele deve ter saído, Tonks — sugeriu Hermione. — Em missão.

— Pelos cronogramas, ele deveria estar de folga! — exclamou Tonks nervosa. — Se não está, deve ter acontecido algo sério!

— Calma, Tonks — disse Harry, tentando tranqüilizá-la. — Os tempos são difíceis, mas não é para tanto.

— Ele deve ter ido tomar um ar — comentou Ron. — Espairecer, sabe.

Remus não era homem de espairecer, principalmente em tempos tão complicados. Muito menos sem deixar um simples bilhete para algum possível indivíduo histérico, como Alastor ou ela mesma…

— Ei, achei alguma coisa! — exclamou Hermione.

Tonks praticamente saiu correndo em direção à garota, que estendia um pedaço de pergaminho no ar. Tomando o pergaminho nas mãos, ele encontrou algumas palavras naquela caligrafia fina e floreada:

Querida Tonks, e a quem mais possa interessar,

Eu ficarei ausente por uns tempos. Não sei exatamente o quanto. Sei somente que não agüento mais estar assim… Desejando vingança, querendo justiça, e apenas de braços cruzados.
Agora que consegui me resolver comigo mesmo, chega a hora de resolver-me com os outros. Não tentem me deter. Ninguém vai conseguir me deter com a minha consciência.
Se você, Tonks, estiver lendo isso, peço-lhe que não se preocupe nem fique aflita. Você já ficou aflita demais por minha causa. Quando puder, voltarei para seus braços…

Abraços,
Remus Lupin.


Lágrimas doloridas irromperam dos olhos castanhos de Tonks.

— Oh, por Merlin, ele não vai fazer isso… Ele não vai fazer isso…

— Que foi? — perguntou Ron, se acotovelando por cima dos ombros de Hermione.

— O Prof. Lupin saiu para acertar as contas com alguém — disse Hermione com a voz estranhamente abafada.

Os queixos de Harry e Ron caíram.

— Ele vai o quê?

— Que confusão é essa? Assassinaram o arquiduque? — perguntou uma voz.

A voz vinha de um retrato em cima da velha tapeçaria da casa dos Black. No original, era uma paisagem com um campo e um lago um tanto sombrios, mas, por cima da paisagem, havia o rosto de um homem de barba escura terminada em ponta e um ar de inteligência e arrogância.

— Phineas Nigellus — disse Harry com certa desanimação na voz.

— Harry Potter — disse o retrato com a voz sarcástica. — Você é tão caricato quanto eu, sabia?

Lágrimas continuavam correndo pelo rosto de Tonks e Phineas Nigellus começou a fitá-la estranhamente.

— Você me lembra Lucretia — falou, pensativo. — Antes de se casar com Ignatius, sim, porque Ignatius — ali ele bufou —, Ignatius nunca foi homem para uma Black.

Estranhando as palavras de Phineas, ela ergueu brevemente os olhos; ondas de cabelos castanhos cacheados e estranhamente desbotados caíam sobre seus ombros e ela percebeu que estava tendo problemas com a transformação.

— Oh, céus… Só me faltava essa agora — suspirou.

— Também me lembra um pouco Andrômeda — disse Phineas, ainda pensativo. — Andrômeda poderia ter salvo a família, se quisesse, mas era muito idealista.

Nenhuma das palavras chegava aos ouvidos de Tonks, perdida em pensamentos. Onde ele estaria agora? Como estaria? E se ele tivesse saído se saber que Bellatrix Lestrange queria matá-lo, e se ela o alcançasse?…

— Ela está triste por causa do Prof. Lupin — segredou Hermione ao retrato.

— Professor quem?

— Lupin — disse Harry. — Cabelos castanhos, grisalhos, roupas puídas, um ar um tanto bondoso e uns 40 anos…

Phineas pareceu tentar se lembrar.

— Ah, sim. O que vai se vingar de Bellatrix.

Foram precisos alguns segundos até que a frase de Phineas penetrasse totalmente na mente dos garotos.

— O que vai o quê?! — exclamou Ron.

— Se vingar de Bellatrix Black Lestrange, a filha mais velha do meu bisneto Cygnus Black. Esse tal Lupin pegou um retrato de Sirius Black III nas mãos, ficou observando-o e explicando para o retrato porque teria que vingar-se, algo muito imaturo na minha opinião, e então levantou-se e saiu. Ainda parou para escrever alguma coisa.

Se antes o que se apossava de Tonks era aflição, agora ela caía em verdadeiro desespero. Remus saíra procurando uma mulher que precisava matá-lo para sobreviver! Remus saíra procurando a morte!

A metamorfomaga desatou a soluçar com aflição e dor.

— Calma, Tonks, calma… — disse Hermione preocupada, colocando uma das mãos no ombro da outra.

— Ele saiu procurando a morte!… Ele saiu procurando a morte!

— E vai encontrá-la — sentenciou Phineas. — Bellatrix nunca foi de desistir do que queria. Tem uma vontade ferrenha, mas nunca foi o espírito criativo de que a família necessitava…

— Dá pra não agourar, por favor?! — questionou Ron, aborrecido.

Phineas suspirou longamente.

— Adolescentes. Quando querem alguma coisa de nós, são dóceis e prestativos, mas, quando conseguem o que querem, se tornam perfeitas criancinhas de oito anos.

— Deixa, Ron — disse Hermione rapidamente, ao perceber que o amigo iria retrucar.

Harry se adiantou a Tonks e colocou também a mão no ombro da garota.

— Calma, Tonks — disse com firmeza. — Vamos chamar o Moody, alguém. A gente vai encontrar o Lupin antes que aconteça algo mais sério.

— Além disso, Tonks, se ela o encontrar… — murmurou Hermione —, Lupin é forte, é um exímio duelista, foi professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, ele não vai se sair mal! Não adianta nós ficarmos aqui nos lamentando, senão ela vai realmente conseguir o que quer!

As palavras de Harry e Hermione estavam certas… Não adiantava ficar se lamentando quando Remus corria perigo. Não quando o seu Remus corria perigo…

— Vamos… — disse Tonks, se levantando decidida. — Vamos procurar Mad-Eye.




— A Mansão Malfoy?

Bellatrix se certificou se realmente ouvira direito. Afinal, para que o Lorde das Trevas a mandaria para a infecta mansão onde habitara a sua fraca irmã Narcissa, o seu decepcionante sobrinho Draco e o seu fracassado cunhado Lucius, e que agora deveria estar entregue às traças?

— Sim, Bella — confirmou a voz fria do Lorde.

— E o que exatamente eu farei lá?

— Irá pegar todo o ouro de Lucius.

Bellatrix caiu num silêncio intrigado. Nunca o Lorde pedira dinheiro aos seus Comensais — afinal, todos haviam aprendido que o ouro é supérfluo e muito pouco valoroso frente ao verdadeiro poder. O Lorde não precisava de dinheiro para prover seu sustento, nem para executar seus planos. Eles não eram meros assaltantes.

Que mudança era aquela?

— Desculpe perguntar, milorde, mas… qual seria o objetivo de saquear os cofres de Malfoy?

— Não deve questionar minhas ordens, Bella — respondeu o Lorde friamente.

— Oh, nem me atrevo, perdão, milorde…

— Contudo… — seus lábios se abriram num sorriso fino —, se realmente deseja saber… O ouro é o mais nobre dos metais, Bella… Lembra do uso do ouro em poções?

— O ouro possui uma enorme capacidade de se moldar, como os pensamentos e lembranças…

O Lorde olhou para Bella num brilho de vermelhidão viperina, e ela compreendeu:

— Então necessita do ouro para poções alucinógenas? De memória forjada?

— Creio que o segundo tipo me seria bem mais atraente.

Bellatrix sorriu, demonstrando o velho ardor da garota de dezessete anos nos olhos negros. Nada mudara.

— Então terá o que necessita, milorde.

— Assim espero, Bella. Se falhar…

— Não falharei — disse Bella com uma acentuada inflexão na voz.

— Conto com isso. Agora, vá.

Bellatrix se levantou, num longo sacudir dos cabelos negros, e partiu. Perdida em seus próprios problemas que se tornavam cada vez mais sérios.




— Tem certeza de que a informação é confiável?

— Tanta como que meu nome é Will, Lupin. Vai haver uma batida lá na mansão dos Malfoy de Wiltshire, e a Lestrange é a encarregada. Vai estar sozinha.

— E vai ser…?

— Amanhã à noite.

Esse curioso diálogo tinha lugar no Hog’s Head, o barzinho sujo localizado no povoado de Hogsmeade, conhecido como um lugar onde quem fala mais do que deve acaba sendo ouvido. Já fazia uma semana desde que Remus deixara a Ordem para ir atrás de sua vingança para Bellatrix.

Desde então, saíra atrás de informações, em todos os lugares possíveis e imagináveis, desde o Leaky Cauldron até a Knockturn Alley. E, depois de muito e muito rodar, conseguira encontrar alguém que soubesse onde ia estar Bellatrix Lestrange.

Com um suspiro, tirou alguns galeões dos bolsos puídos, economias de muitos e muitos meses quase passando fome. Estendeu ao homenzinho magro e de aspecto esquivo e ratinheiro, cujos olhos, negros e miúdos, brilhavam de cobiça com as reluzentes moedas.

— Que esses galeões tenham sido bem gastos, Will — disse seriamente. — Tenho alguns amigos que não iriam gostar nada de saber que alguém anda passando informações sobre Comensais por aí.

Na verdade, Remus se referia à Ordem, mas, pelo pavor que surgiu nos olhos de Will, ele julgara estar falando com algum membro de uma matilha de lobisomens.

— Foram bem gastos sim, Sr. Lupin — garantiu ele, trêmulo. — Claro que foram. Tenho fontes muito confiáveis.

— Então, obrigado. E adeus — concluiu Remus, se levantando e saindo para o ar frio da noite.

Sentia falta de tudo, falta de seu lar na Ordem, falta dos braços de Tonks; mas sua sede de vingança era ainda maior. Agora, tinha encontrado a oportunidade perfeita para pegar a maldita Lestrange e fazê-la se arrepender amargamente do dia em que tinha atirado Sirius atrás de um véu maldito. Se surpreendeu com os próprios pensamentos.

— Calma, Remus — sussurrou. — Não se deixe levar pelas emoções fortes. Vingança tem que ser algo extremamente bem calculado e frio…

E, ainda imerso em perguntas, desaparatou. Nunca soube o que aconteceu no bar, alguns minutos depois de sua partida.

Will pediu um uísque de fogo para o velho barman, que o serviu com os olhos acesos de desconfiança, piscando. O homenzinho riu, apenas, estendendo um dos galeões, e sorveu um certo tanto de uísque com prazer, sentindo o líquido queimar sua garganta de um modo rascante. Enquanto bebia, brincava com os galeões, fazendo-os tamborilar na mesa, correndo com eles de uma mão à outra e lançando olhares ávidos ao redor como se temesse que alguém o roubasse.

Isso até sentir uma mão forte tocar seu ombro

— Queira me acompanhar ao Departamento de Execução das Leis da Magia, por favor…




Quartel-General dos Aurores.

— A sua informação é verídica? Confiável, Sr. Davenport?

— Will, por Merlin, Will! — reclamou o homenzinho em tremeliques de nervoso. — E, sim, Sr. Robards, a informação é confiável.

Agora, de um lobisomem gentil, Will tinha passado a ser interrogado por ninguém menos que Gawain Robards, o chefe do Quartel-General de Aurores, conhecido pela sua determinação ferrenha e ambição ainda maior. Esse interragatório curioso era assistido por todos os aurores de plantão.

A um canto, porém, havia uma auror que não demonstrava grande interesse pela cena. Aliás, havia dias que seu trabalho perdera a eficiência; que passara a ser a mais cabisbaixa do grupo e que seus cabelos castanhos formavam ondas e cachos desbotados e sem vida.

Ela ergueu os olhos quando sentiu uma mão se depositar em seu ombro.

— Vamos lá, Tonks temos que prestar atenção — disse Kingsley gentilmente. — Você não quer levar uma prensa de Robards, quer?

— Eu não quero prestar atenção… Eu só quero sumir.

— Tonks, Lupin não vai aparecer se você insistir em ficar assim.

Tonks poderia ter retrucado várias coisas, como que seu estado de espírito era natural visto que Remus estava desaparecido há uma semana, e que se animar não faria com que Remus brotasse da terra a qualquer instante, mas estava tão cheia de desânimo que simplesmente suspirou e começou a prestar atenção.

— E de quem você recebeu a informação, Davenport?! — exclamou Robards com o fervor da profissão. — De um Comensal?!

— Will! Meu nome é Will! E não foi de um Comensal, foi de um duende, ele às vezes vem comprar algumas coisas comigo e ninguém nunca sabe onde é que esses caras arrumam tantas informações sobre tudo!

— E para quem você passou? Quem era o homem que estava conversando com você no Hog’s Head?!

— Um lobisomem.

— Ah, um lobisomem. Não acha que a sua história está ficando um tanto… que diabos significa isso, Srta. Tonks?!

Sim, porque, sem se preocupar com seu emprego ou com interrogatório ou com Robards, Tonks invadira a sala especial para interrogatórios e agora sacudia Will.

— Um lobisomem?! Era um lobisomem, você disse?!

— Era, era! — guinchou Will assustado com tamanha violência. — Era um lobisomem, ele mesmo me disse!

— Srta. Tonks, largue esse homem imediatamente!

— E como ele era? Descreva-o!

— Bem, ele… — Will foi sacudido mais algumas vezes — …ele tinha cabelos castanhos, claros, grisalhos, olhos ambarinos, usava roupas piores que as que eu visto…

Kingsley entrara no recinto.

— Agora chega, Tonks.

— Era ele, Kingsley! Era o Remus, era ele, tenho certeza!

— Do que é que ela está falando, Shacklebolt? — exclamou Robards exasperado. — Ela enlouqueceu, finalmente?

— Não era esse o nome do lobisomem, Will? Remus Lupin?

— Era!

— Viu, Kingsley?

— Quem é Remus Lupin? O que ele tem a ver com você, Srta. Tonks? Tonks, Shacklebolt, eu exijo saber o que está acontecendo!

Agora, todos os aurores tinham entrado na saleta, ansiosos para ouvir a excitante história.

— Remus Lupin é o meu noivo, desaparecido há uma semana! Ele saiu de casa atrás de vingança contra Bellatrix Lestrange!

Murmúrios excitados do tipo “noiva de um lobisomem?”, “vingar-se de Bellatrix?”, “finalmente saímos da rotina…”, percorreram o grupo.

— Srta. Tonks — disse Robards, cujo tom era o de uma pessoa que se esforça para trazer a conversa a um nível que possa entender —, quer dizer que sabe quem é o lobisomem?

— Sim! Céus, ele é uma boa pessoa, incapaz de fazer mal a quem quer que seja! Um homem digno, inteligente, já foi professor em Hogwarts…

— Sr. Robards… — disse Kingsley com sua voz grave. — Creio que deveríamos visitar a Mansão Malfoy, amanhã à noite.




Dia seguinte. Manhã.

O Sr. Theodore Nott morava num respeitável apartamento em Houndsditch. Morava. Corriam-se rumores à sua volta sobre como tinha abandonado a mulher e o filho de agora dezessete anos. Alguns falavam em preferências sexuais, outros em uma mulher loura que passara pelo apartamento, outros em um filho desconhecido e uma bela americana. Mas o homem de cabelos castanhos que agora andava ali por baixo sabia muito bem o que havia acontecido com o Sr. Theodore Nott.

Rodolphus Lestrange se sentia no mato sem cachorro. Fazia já uma semana que buscava o lobisomem, Remus Lupin, e, de repente, qualquer vestígio da existência do homem sobre a Terra havia desaparecido. Ele procurou nos becos mais imundos, nos lugares mais infectos, falando com lobisomens e chegando mesmo a ir na casa de sua sobrinha por casamento — quando ela não estava, óbvio. Nada.

Estava pensando nisso quando uma mulher cruzou com ele. Num relâmpago, Rodolphus reconheceu sua esposa, Bellatrix. E segurou-lhe o braço bruscamente.

— Ai! — reclamou Bellatrix, se desvencilhando. — O que está fazendo aqui, Rodie?

— Vim pedir informações à mulher do Nott — disse Rodolphus. — O que é que você está fazendo aqui?!

— Vendo se o pequeno Nott conhece algo sobre a Mansão Malfoy — disse Bella de um modo estranhamente evasivo.

As sobrancelhas de Rodolphus se ergueram num arco único.

— Bella, você acha que eu sou tolo?

— Por que eu acharia, Rodie?

O homem preferiu ignorar o tom de zombaria explícito na voz da mulher.

— Não adianta me fazer de tolo, Bella. Eu ei bem que você morou na casa de Narcissa, antes dela fugir. Você seria capaz de andar na Mansão Malfoy de olhos fechados. O que veio fazer aqui?

— E o que você veio fazer aqui, Rodie? Se é tão esperto assim?

— Nott trabalhava no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, o chefe de gabinete da Seção de Conduta dos Lobisomens. Eu estou atrás de informações sobre um lobisomem. Por que você estaria atrás de um lobisomem?

— Não seja idiota, Rodolphus — disse Bellatrix esquiva, virando-lhe as costas para partir.

Rodolphus sentiu a raiva rasgar o ar na sua frase:

— O que aconteceu na Spinner’s End?

Bella estacou e se virou. Um sorriso vitorioso surgiu nos lábios de Rodolphus enquanto ele fitava seus olhos negros. Ele perdera a capacidade de ler aqueles olhos, se é que algum dia realmente a tivera.

— Por que teria acontecido algo naquela pocilga que o Snape chama de casa? — perguntou ela lentamente, como que avaliando Rodolphus.

— Algumas histórias estranhas chegaram aos meus ouvidos, Bella… Algo envolvendo Wormtail e cartas marcadas…

— Histórias? — riu Bella. — Ih, Rodie, se eu tivesse ligado para metade das suas histórias, não teria me tornado uma Comensal.

— Eu exijo saber o que está acontecendo.

— Com que direito?

— Com o direito de seu marido.

A risada de Bellatrix, fria como o ar matinal, fez-se ouvir ao longe. Num gesto um tanto viperino, ela passou a língua demoradamente nos lábios, como uma cobra prestes a destilar todo o seu veneno.

— Sinto muito, Rodolphus, mas há muito deixamos de ser marido e mulher. O serviço ao Lorde nos pôs em patamares diferentes. Você falhou e eu prossegui. Hoje, não somos mais que estranhos. Ou, talvez, você seja um mero peão num jogo em que sou a rainha.

E, com uma risada arrogante, desaparatou. Deixando para trás um Rodolphus que tremia.

— Veremos, Bella… veremos…




Noite. Wiltshire.

A Mansão Malfoy se localizava em Salisbury. Era um prédio imponente, quatro andares com fachada em mármore branco e polido, degraus do mais puro granito, e, por dentro, uma sucessão de quartos e salas luxuosos, em piso de madeira.

Seria um lugar muito agradável de se estar se não fosse pela pequena câmara de tortura no subterrâneo, onde manchas de sangue seco deixavam um possível visitante relativamente desconfortável.

E seria mais agradável ainda se pragas e ruídos não se fizessem audíveis no mesmo corredor, dando a impressão de que um espírito agourento rondava a casa abandonada.

— Droga!… Diabos, a Cissy vai me pagar!!!

Não era outra senão Bellatrix.

Procurando desesperadamente os galeões de Lucius, vasculhara todo o subterrâneo atrás do já conhecido cofre Malfoy. E, ao abri-lo, se deparou com algo definitivamente desagradável.

— A Cissy fugiu com o imprestável do Draco e rapou o cofre antes de ir!

Agora ela estava mal. Se não voltasse com o ouro do Lorde, seria esquartejada e seus pedaços ficariam expostos para o deleite dos outros Comensais. Podia até imaginar o sorrisinho satisfeito de Snape. O Lorde não seria complacente com outro fracasso dos Lestrange.

Lestrange. Maldita a hora em que Druella Black veio correndo espevitada para ela dizer que Rodolphus Lestrange havia pedido sua mão em casamento; e maldita a hora em que ela havia aceitado sem nem pensar direito.

Depois, tinha tudo sido uma sucessão de fatos sem que ela soubesse direito o que estava acontecendo — e estava na cama com Rodolphus, e ele a possuía agressivamente, dolorosamente.

Tivera aventuras. Ah, quem nunca as teve? Mas pouco restou daqueles dias. Sua lembrança mais vívida depois da noite de núpcias com Rodolphus era a noite em que se tornara uma Comensal da Morte.

Ah, fora feliz. Como não poderia ser feliz, crescendo cada vez mais na admiração do Lorde, sendo respeitada e invejada por muitos homens? Lutando por uma causa pela qual se valia a pena lutar, sentindo o ardor da batalha correndo em suas veias, querendo mudar o mundo e nada menos? Ela nunca saberia quando a tortura passou a ser prazerosa, a morte passou a ser comum, e ela apenas sobrevivia, a mais forte, a mais fiel.

Mas tudo caiu quando o Lorde caiu. Ela se lembrava bem daquela noite. Uma noite em que se extinguira em lágrimas contra o travesseiro… Tudo desmoronado, agora eram meros fugitivos, meros idiotas…

Então surgiu uma pista. Alguém disse pra alguém que disse pra alguém que disse para um duende no Hog’s Head que falou para Rabastan que Frank Longbottom sabia do paradeiro de Lord Voldemort.

Foram horas de delícia; não havia prazer maior do que ver o maldito Longbottom gritando, gritando, seus olhos girando, enquanto gritava que não, não sabia… Enquanto tentava inutilmente se defender… Mas fora apanhada. Ela, Rodolphus, Rabastan e aquele incompetente do Barty Crouch Jr. E lá ficou, enterrada em Azkaban, sonhando, esperando, ansiando pelo dia em que o Lorde voltaria… Em que deixaria a prisão abjeta para retornar como rainha do mundo…

E, um dia, a mão de Lucius Malfoy passou através das grades e segurou a sua, e ela de repente se viu livre. Foi como se sua vida voltasse num turbilhão. Outra vez a favorita do Lorde, outra vez a grande Comensal, outra vez o mundo mudando…

Mas então, o Ministério, a profecia. Matara o seu primo incômodo, verdade — e fora o que a salvara —, mas perdera a profecia e perdera o reconhecimento aos olhos vermelhos do mestre — e agarrava os cabelos, urrando de insatisfação, tentando desesperadamente recobrar o antigo posto. E, para piorar, Snape, a morte de Dumbledore, de repente o seu antigo posto estava ocupado por aquele seboso traidor, e ela tinha virado garota de recados. Garota de recados!

Como se pudesse piorar muito, agora aquele maldito lobisomem. Ficou sabendo da missão de Rodolphus, mas, ah!, Rodolphus que se ferrasse! Ela tinha que garantir o dela. Mas não encontrava o lobisomem em lugar nenhum — e tinha procurado por tudo quanto era lugar…

Seus pensamentos foram subitamente interrompidos por um barulho vindo do andar de cima.




Remus se paralisou por quase um minuto, após ter pisado um pouquinho mais alto no hall de entrada.

Sim, ele se metera na mansão de Wiltshire. Ele planejara tudo detidamente; vigiava a mansão desde as sete da noite e sua audição aguçada captara os passos de Bellatrix. Então, esperou ela entrar e aguardou algum tempo; tempo suficiente para que ela se pavoneasse e baixasse a guarda. Então, invadiu a mansão, andando vagarosamente para que a Comensal não escutasse. Pegá-la desprevenida, antes que ela tivesse tempo de armar mais uma de suas teias traiçoeiras.

E enfrentá-la num duelo justo em que um dos dois não visse mais o sol nascer. E ele tinha sérias intenções de que fosse ela.

Ouviu passos e correu a se esconder atrás de uma cortina de um tecido branco suave e macio. E ficou à espera.

Ela entrou na sala, seus olhos negros vasculhando tudo, passando por trás de cada poltrona fofa, cada mesinha de madeira de lei, cada móvel bem escovado. Fazia quase um mês que Narcissa tinha deixado a casa e ela continuava tão bem limpa como se a mulher ainda estivesse ali, fiscalizando a limpeza, o nariz torcido atrás de sujeirinhas microscópicas.

Súbito, seus lábios se abriram num sorriso de prazer. Remus prendeu a respiração.

— Pode sair daí, mestiço.

Remus suspirou. Com as mãos erguidas, a varinha no cinto, saiu de trás da cortina. O sorriso de Bellatrix se alargou.

— Então eu procurando o mestiço imundo e ele vem até mim?

— Me procurando? — sorriu Remus. — O que quer dizer com isso, Bella, se é que me permite chamá-la assim?

— Ah, algo envolvendo cartas marcadas e um rato sujo que você conhece bem. A verdade é que eu preciso matá-lo se não quiser morrer…

— E eu preciso matá-la se quiser continuar a viver.

Os dois sorriam como se estivessem discutindo a questão durante um jantar amigável.

— Uma disputa interessante, não? — riu Bella. — Matar ou morrer.

— Me sinto mais inclinado à primeira opção.

— Eu também. Que tal…

Um grito furou os tímpanos dos dois; alertas, eles deram um salto de susto, se virando para a origem do som; vinha de lá de fora.

Uma voz magicamente amplificada gritava:

— BELLATRIX LESTRANGE! VOCÊ ESTÁ CERCADA! ENTREGUE-SE OU SOFRERÁ AS CONSEQÜÊNCIAS!

Incauto, Remus correu e espiou entre as cortinas. Praticamente todo o Quartel-General de Aurores havia se sitiado ali na frente; pareciam dispostos a esperar bastante tempo pela saída de Bellatrix.

— Parece que você será presa se não agirmos logo… — comentou, antes de sentir duas mãos finas lhe agarrarem pelo pescoço com tal firmeza e precisão que seus membros se amoleceram.

Sorrindo, Bellatrix apontou a varinha para a garganta de Remus, abriu as cortinas com violência e arrastou o licantropo até a abertura.

— FAÇAM QUALQUER COISA E EU MATO O INFELIZ!!!


N.A.: Coisas a esclarecer que eu esqueci de esclarecer:

Travers e Yaxley: Eu não gosto muito de inventar POs. Daí eu aproveitei os Comensais; eu realmente desconfio que o Comensal loiro era o Yaxley.

Rodolphus foragido de Azkaban: Não tinha jeito, né? Se ele não fugisse a história não rolava!

Snape visitando Tonks: Sevie não é traidor! É só algum estratagema do Dumbie bem bolado, ele nunca traiu ninguém! (Não que Dumbie não esteja morto.)

Phineas falando da família: Eu imagino o Phineas assim, já que ele é o fundador da família Black, e assistiu o fim das próprias gerações. Além disso, a história do arquiduque, é uma referência à Primeira Guerra Mundial.

Ron: Deu pra perceber que eu não gosto dele?


Quem se interessar, leia:


O Perfume de um Lírio
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=13620

Incondicionalmente
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650

Shining Like a Diamond
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14686

Os Outros
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14942


Próximo capítulo: Ações e Conseqüências

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