Capítulo 3



Harry voltou até a sala comunal, mas não encontrou Hermione. Sentou numa das poltronas e ficou a pensar como contaria verdade à amiga, sem magoá-la. Tentava criar explicações em sua mente, mas sabia que de um modo ou de outro acabaria deixando-a triste. Respirou fundo, enquanto seu corpo afundava mais na poltrona. Optou por parar de pensar nas possíveis reações de Hermione.

Um par de mãos, então, cobriu seus olhos delicadamente, e ao mesmo tempo ele pôde sentir um perfume agradável. Soube na mesma hora que se tratava de Hermione, e involuntariamente um sorriso esboçou-se em seus lábios. Em seguida, sentiu a respiração da garota em seu pescoço.

- Não vai tentar adivinhar quem é? – ela brincou, sussurrando perto do ouvido dele.

- Não preciso nem tentar adivinhar – Harry falou. Ela sorriu e retirou as mãos, depois caminhou e ficou em frente a ele – Seu perfume lhe denunciou.

- Ah...

- Bom... E se me permite comentar, é um perfume muito bom – ela ruborizou levemente com o comentário, fazendo achar graça e sorrir ainda mais – Espero que não fique resfriada por causa da chuva.

- Não precisa se preocupar – Hermione sentou ao lado de Harry, deixando-o nervoso. Precisava ter coragem para contar toda a verdade à Hermione, mas parecia-lhe que não conseguiria naquele momento. Ficaram vários minutos em silêncio, até que ela percebeu que havia algo errado – Está tudo bem?

- S-sim...

- Tem certeza. Desde hoje de manhã você parece preocupado, Harry – ela falou suavemente – É algum problema? Eu posso ajudá-lo?

- Mione... É que... – Harry parou no meio da frase. O olhar e o sorriso de Hermione de certa forma impediam que ele continuasse. Tocou levemente a face da amiga.

- Pode falar, Harry... – ela insistiu, contudo, Harry não poderia contar a verdade. Suspirou frustrado, mas logo colocou um sorriso nos lábios.

- Esqueça... Está tudo bem.

- Tem certeza? – ele apenas balançou a cabeça – OK – a garota sorriu. Ele ainda acariciava o rosto de Hermione, e sem nem perceber começou a aproximar sua face, e a beijou.

“Por Merlim, o que estou fazendo?”, ele se questionou, mas nem por isso interrompeu o beijo. Aquela ação que antes lhe parecia totalmente fora de questão, agora era viciante. Aprofundou mais o beijo, e antes de finalizá-lo mordiscou levemente o lábio inferior de Hermione. Sua testa estava encostada na dela, quando ouviram uma tosse. Afastaram-se rapidamente, e encontraram Rony.

- Harry? – o ruivo ergueu a sobrancelha. O moreno estava agora completamente corado.

- Eu posso explicar... – ele falou.

- Nós estamos... Ficando – Hermione contou, também corada. Harry ficou em silêncio, sem saber o que fazer.

- Verdade? – Rony ainda tinha expressões de incredulidade na face.

- Sim... – Harry virou-se para Hermione – Será que você me dá licença só um minutinho?

- C-claro... – a garota o viu se afastar, e ao encontrar Rony, arrastá-lo para um canto da sala comunal.

- Eu pensei que ia contar a verdade... E não pedir mais beijos – Rony falou. Agora ele estava visivelmente chateado.

- Eu ia contar, mas não consegui – Harry explicou.

- Harry, você não percebeu que está cada vez mais se enrolando nessa mentira? A Mione vai querer matá-lo quando descobrir ou pior... Ela pode deixar de ser sua amiga!

- Nem fala uma coisa dessas... Olha... Isso não vai acontecer, está bem? Já sei o que vou fazer!

- E o que é?

- Bom... Eu vou ficar com a Mione por algum tempo e depois... Bom... Depois eu digo que quero terminar, sabe... Que confundi meus sentimentos – ele explicou – Eu só não posso contar a verdade, Rony... A Mione se sentiria terrível.

- E se a Mione se apaixonar por você? – Rony perguntou.

- Como assim?

- Se ela realmente se apaixonar por você nesse meio tempo? O que fará? – o moreno não soube responder – Você não acha que a magoará mais?

- Isso não vai acontecer, Rony – o moreno olhou ligeiramente para Hermione que estava sentada o esperando.

- Você não pode controlar o sentimento das outras pessoas, Harry.

- Eu sei, mas não se preocupe... Logo depois do baile eu terminarei com ela... E a Mione concordará comigo que será melhor sermos apenas bons amigos.

- Esse é seu plano? – o ruivo ergueu a sobrancelha.

- Sim...

- Oh meu Merlim... É pior que meus planos – Harry sentiu-se ofendido e o empurrou de leve, fazendo o amigo sorrir – Mas eu vou torcer para que dê certo.

- Obrigado – ele agradeceu.

- Então vai mesmo levá-la para o baile?

- Vou sim... Depois conversamos mais sobre isso, preciso ir que marquei de almoçar com a Mione – Harry explicou.

- Certo, Romeu – Rony brincou com o outro, fazendo-o olhar feio em sua direção.

Harry aproximou-se de Hermione, a qual assim que o viu levantou. O moreno sorriu antes de se desculpar.

- Perdoe-me ter feito você esperar.

- O Rony... Ele não ficou chateado porque nós...

- Não, não... Era outra coisa – ele disse – Não se preocupe.

- Podemos ir agora? – Hermione perguntou.

Ele apenas fez um gesto com a cabeça e logo sentiu uma das mãos de Hermione envolver a sua. Deu um pequeno sorriso para a morena e juntos caminharam até o retrato da mulher gorda. Enquanto caminhavam, várias pessoas pareciam reparar no casal. Pensou em como Rita Skeeter ficaria eufórica se pudesse estar ali e escrever uma de suas histórias. Certamente começaria dizendo que estava certa em suspeitar da amizade entre Harry e Hermione.

Balançou a cabeça para afastar tal pensamento quando estavam perto de entrar no salão principal. O aparecimento de Malfoy e seus companheiros, contudo, os impediu de adentrar no salão.

- Olha só... O Potter resolveu assumir o namorinho com a sangue-ruim Granger... – o loiro provocou.

- Eu não a ofenderia novamente se fosse você, Malfoy – Harry alertou visivelmente irritado.

- Não ligue para ele, Harry. Vamos ignorá-lo que é melhor – Hermione sugeriu.

- Pelo visto é a sabe-tudo quem manda na relação, não é Potter? – os amigos de Draco começaram a rir.

- Diferente das relações que deve estar acostumado, Malfoy, não há dominação por aqui, mas sim respeito e carinho... – Hermione disse – Agora... Se você está tão acostumado a ser dominado em suas relações que sequer consegue distinguir as coisas... Já não é problema nosso! – Harry sorriu.

- Sua maldita – Draco ia erguer a varinha, mas Hermione balançou a cabeça negativamente.

- Eu não faria isso se fosse você, Malfoy... Estamos bem perto do salão principal e provavelmente há vários professores por lá... – a garota avisou – Sei que seu comportamento não está sendo nada exemplar e já recebera diversas detenções este ano. Atacar dois alunos indefesos poderia acarretar até numa expulsão dependendo do feitiço usado.

O loiro bufou de raiva antes de guardar a varinha. Ele fez um gesto para os amigos e assim que começou a andar, os outros o seguiram. Ainda estava relativamente perto, quando Harry gritou.

- E depois o dominado sou eu...

- Harry – a garota o reclamou, mas não conseguiu impedi-lo de gargalhar, aumentando a raiva de Malfoy que resmungava enquanto se afastava.

- Você é incrível, sabia? – ela corou com o elogio.

- Não... Eu apenas dei sorte – Hermione o encarou – Eu ouvi, sem querer, a Mc Gonaggal reclamando o Malfoy quando tive que ir à sala dela, semana passada.

- Sem querer? – ele ergueu a sobrancelha – Ouvindo a conversa dos outros, srta. Granger?

- Foi sem querer sim, Harry... Eu jamais ficaria ouvindo atrás da porta de propósito e... – ele a silenciou ao tocar-lhe levemente os lábios com as pontas dos dedos.

- Eu sei – disse suavemente – Estou brincando.

Ela apenas sorriu. Ficaram mais um tempo ali parados, somente se olhando. Harry aproximou-se e a beijou levemente nos lábios por breves segundos.

- Vem... Vamos almoçar – segurando-a pela mão, ele a guiou até o salão principal.

***************

Mais de uma semana havia se passado desde o dia em que Hermione pegou por engano a carta de Harry. Durante esse tempo, os dois continuavam se encontrando, e por toda Hogwarts comentava-se sobre o “namoro” de Harry Potter com sua melhor amiga. Harry jamais saberia como aquela notícia pôde se espalhar tão rápido a ponto de até a Rita Skeeter ficar sabendo.

- É realmente inacreditável – Hermione fechou o Profeta Diário e praticamente o jogou na mesa da Grifinória, após ler a matéria feita por Rita.

- Eu sinto muito, Mione – Harry se desculpou.

- Não é sua culpa, Harry... – ela deu um pequeno sorriso. O moreno a beijou levemente na testa. Rony que estava no lado oposto da mesa, sorriu e balançou a cabeça.

- Em partes é; mas eu não queria te expor assim...

- Vamos tentar esquecer isso – Hermione propôs.

- Certo, não vamos deixar a Rita estragar nosso fim de semana.

- Vocês vão mesmo para Hogsmead? – Rony questionou.

- Vamos sim – ela respondeu – E quanto a você e Lilá?

- Nós vamos também.

- Melhor nos apressarmos, certo? – Harry sugeriu enquanto levantava.

- OK – os dois amigos fizeram o mesmo e seguiram para a porta do Salão Principal.

- Bom... Eu ainda vou encontrar a Lilá na sala comunal, então podem ir na frente, se quiserem... – o ruivo falou.

- Até depois, Rony – Harry se despediu, e seguiu de mãos dadas com Hermione.

- Ainda vamos procurar fantasias para o baile? – ela perguntou.

- Sim, tudo bem?

- Claro – Hermione sorriu, e juntos caminharam até a entrada principal do castelo.

Não demoraram muito para chegar à cidade. Estava um dia nublado, e fazia um pouco de frio. À medida que adentravam no vilarejo, eles procuravam uma loja na qual pudessem comprar fantasias. Apesar de Hogsmead estar bastante movimenta, com bruxos andando de um lado parar o outro, Hermione conseguiu encontrar uma loja, e após avisar Harry, seguiram para a mesma. A loja estava cheia, e muitos alunos de Hogwarts também escolheram o lugar para comprar a fantasia.

- O que acha dessa? – Harry questionou apontando para uma fantasia de múmia.

- Muito simples... – ele sorriu, seu olhar percorrendo as fantasias.

- Talvez aquela... – o moreno indicou duas fantasias, um vestido imenso e bastante bordado, ao lado de um traje masculino da mesma cor; ambos lembravam roupas da nobreza de filmes.

- Muito exagerado – ambos riram – E nem pense em indicar aquele garfo ao lado daquela faca...

- Era minha próxima indicação... – Harry brincou.

- Melhor pedirmos ajuda à atendente – o casal se aproximou de uma moça que arrumava algumas fantasias – Com licença.

- Sim? – ela virou para encará-los.

- Estamos procurando fantasias... Bacanas! – Hermione forçou um sorriso ao perceber a terrível fantasia em forma de aranha que a mulher segurava.

- O Rony iria adorar essa... – Harry sussurrou em seu ouvido, fazendo-a sorrir.

- Venham comigo... – eles a acompanharam – Aqui temos algumas fantasias para casais. Talvez gostem de alguma delas.

As fantasias eram bem mais bonitas naquela sessão, e Hermione pôde encontrar diversas variedades. Entretanto, ela não demorou para escolher, pois assim que viu uma determinada fantasia, ela se decidiu. Agradeceu a ajuda da moça, e ficou mais uma vez sozinha com Harry.

- O que acha? – ela perguntou ao moreno.

- Acho que ficaria linda assim... – Harry respondeu, fazendo-a corar. Ainda não se acostumara com os elogios do amigo.

- Você gostou da sua?

- Bem melhor que o garfo – ela sorriu – Não vai experimentar?

- Não, eu quero que só me veja vestida no dia.

- Está bem, e se o vestido não der?

- Esses vestidos vêm com ajuste mágico, não se preocupe – Hermione disse – Ah... E se quiser, no dia posso fazer um feitiço nos nossos dentes. Eu acho que esse baile será maravilhoso, provavelmente bem melhor que o do nosso quarto ano.

- Você acha? – ele tocou a face dela, e a acariciou.

- Sim. Victor, eu mal conhecia, não estava tão à vontade. Mas você... Bem... Nós nos conhecemos há tanto tempo, eu me sinto muito bem ao seu lado, Harry.

- Eu também.

- Eu não sei o que acontecerá conosco, Harry, mas garanto que não me arrependo de ter nos dado essa chance. Você se arrepende? Ficar comigo está sendo como você esperava? – ela perguntou. Ele ficou em silêncio por alguns instantes, enquanto ainda acariciava a face dela. Não podia dizer que se arrependia; agora, mais que nunca não se sentia arrependido.

- Não, eu não me arrependo, Mione – Harry a beijou levemente nos lábios – E ficar com você é... Bem melhor que eu um dia poderia imaginar.

- E se... E se um dia tiver que terminar, eu vou lembrar com muito carinho dos nossos momentos.

- Eu também – ele deu um pequeno sorriso. “Mas eu não quero que acabe”... Ele disse para si mesmo, antes de beijá-la.

N/A: Bom... xD Mais uma fic que demorei em atualizar, mil desculpas... Aqui está mais um cap, espero que gostem... =D Deve estar perto de terminar \o/Outras atualizações desse domingo: "A garota do quarto ao lado" e "Estranho jeito de amar". Feliz Natal para vcs!! :D E obrigada a todos qe leram, comentaram e votaram!! Bjaum!! Pink_Potter : )

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