A Separação
Capítulo 17 – A Separação
Alivio o fez acordar. Metade do quarto estava escuro e a outra metade era iluminada pela luz do luar que adentrava pela janela. Ele se sentou na cama escondida pela escuridão e olhou em volta. Seus olhos pararam sobre a poltrona que ficava perto da janela, onde uma bela mulher repousava tranquilamente. Suas pernas guiaram-no até ela. Os cabelos negros brilhavam a luz e a face era iluminada, parecia um anjo. Sua mão direita retirou os cabelos dela de perto do rosto, enquanto se ajoelhava.
Com o carinho, os olhos acinzentados dela se abriram e um leve sorriso tomou seus lábios. Sob a luz do luar ele estava ligeiramente sombrio, os cabelos negros e bagunçados brilhando e sombreando os olhos azuis. Um sorriso idêntico ao dela surgiu na face dele.
- Oi... – sussurrou ela.
- Oi... – ele respondeu da mesma maneira.
- Você esta bem? – ela se ajeitou na poltrona a fim de ficar mais próxima dele.
- Sim. E você?
- Estou bem. – respondeu ela, sincera.
- Sarah... – ele a olhou no fundo dos olhos e depois olhou o pescoço dela – perdoe-me. – pediu ele, suplicante.
- Está tudo bem, Owen. – ela o abraçou com força.
Eles ficaram abraçados por um longo tempo, até que ele a soltou.
- Sarah... – ela o olhou – você usou o “Paraíso dos Sonhos” em mim?
- Sim, por quê? – ela se preocupou.
- Você o realizou com perfeição. Parabéns. – ele sorriu ainda mais ao ver a preocupação da noiva.
- Sério?! Você teve bons sonhos? – ela se alegrou.
- Sim, ótimos sonhos. – ele a beijou de leve.
- Mas, - ela olhou-o, novamente preocupada – se eu realizei o feitiço com perfeição, por que você já esta acordado?
- Não sei. Uma sensação de alivio me fez acordar. – ele estranhou aquilo pela primeira vez.
- Vai ver... – ela pensou por alguns segundos e sorriu ainda mais – Vai ver seu pai destruiu o medalhão.
- Será?! – Owen achou a noticia tão boa que duvidou que fosse verdadeira.
- É claro. – ela pulou sobre ele, abraçando-o, e fazendo com que caíssem no chão.
- Missão cumprida. – ele riu, abraçando-a.
- Ainda não. – ela perdeu um pouco do sorriso, erguendo-se para olhá-lo.
- Eu sei. – o sorriso dele não diminuiu – Faltam mais quatro.
- E você não está preocupado? – ela estranhou o bom humor dele.
- Não. Agora já sabemos o que não devemos fazer. – ele a puxou para um caloroso beijo.
- Espero que nossos filhos tenham esse seu bom humor. – ela riu entre o beijo.
- O que?! – ele se assustou, sentando-se e a levando junto.
- Estou brincando. – ela sorriu marotamente.
- Vejo que o espírito maroto do seu tio também habita você. – ele a beijou novamente.
- Falando no Sirius. – ela interrompeu o beijo e o olhou – Eu acabei de sonhar com ele.
- Sério? – ele cruzou os braços nas costas dela.
- Sim. Ele estava bem e feliz. Era uma festa. Nós estávamos lá. Harry e os outros também. – ela franziu a testa, forçando-se a se lembrar – E... ah, era em Hogwarts. Tinha um bocado de gente. Minha mãe estava muito feliz, era a mesma de quando eu era criança.
- Por quê? – Owen se interessou imensamente pelo sonho.
- Porque Sirius havia retornado. – o brilho da lua a deixava parecida a um anjo, mas aquela fala soou sombria aos ouvidos de ambos.
=-=-=
Harry voltou correndo para a cachoeira. Ele sorriu e se aproximou de Hermione.
- Agora pode ler. – disse ele, completando para que somente ela ouvisse – Aproveite e se encontre.
Ele voltou ao seu lugar, mas não olhou Liandro, ficou encarando a amiga. Hermione o olhou de forma a deixar claro que estava perdida.
- Vamos Mione, leia. – Rony estava eufórico.
- Ok. – ela se aproximou da pedra e respirou fundo – Aqui está escrito: “Ao término da Primeira Guerra dos Dragões nascerá uma nova era de extremo equilíbrio e paz. Na Guerra, o Dragão Negro e o Dragão Branco cairão. A alma do Guerreiro Trevas vagará durante séculos pelo tempo e espaço e seu corpo será destruído. Eis que quando um ser odiar seu próprio povo, a alma do Guerreiro Trevas estará nesse ser e ele será chamado de Herdeiro Trevas. Porém, o corpo e a alma do Guerreiro Luz se perderão no tempo e espaço.” – citou ela, que parecia estar em transe.
- É a profecia de Merlim. – Rony não aguentou e interrompeu a morena.
- É a profecia que Cassius nos contou. – confirmou Gina, percebendo os olhares mortais de Harry e Hermione.
- Hermione... – Harry retirou os olhos dos ruivos e focalizou a morena – continue.
- Obrigada. – a morena voltou a olhar a pedra e pareceu entrar no mesmo transe de antes – “Mas a luz vai retornar ao mundo para deter as trevas. Eis que o Guerreiro Luz voltará nos quatro elementos.
“O ‘Ar’ será aquele que viverá dezoito anos nas trevas da ignorância, sem saber quem realmente era e de onde vinha, será aquele que viverá onze anos longe do seu povo.
“O ‘Terra’ será aquele que descenderá dos mais corajosos e leais do seu povo e, entre os seus, será o mais corajoso e leal, será aquele que enfrentará a morte por muitas vezes pelo bem dos que ama.
“O ‘Água’ será aquele que descenderá dos mais corajosos e leais, será aquele que virá depois de seis gerações de iguais, será aquele que, embora pareça frágil, será o mais forte e imponente dentre os seus.
“O ‘Fogo’ será aquele que enfrentará suas próprias trevas e sempre vencerá, será aquele que sofrerá pela vida, mas que nunca deixará de ser bondoso e misericordioso, será aquele que o Herdeiro Trevas escolherá e marcará como irmão e como igual.”
Hermione proferiu a última palavra com o último fio de fôlego que possuía. Todos se olharam. Cada parte da profecia, cada elemento, batia com um deles.
- É você Harry! – Gina apontou a ele.
- É por isso que você está agindo de maneira diferente, você despertou o Merlim que havia dentro de você. – falou Rony.
Harry riu alto, numa risada solta e alegre.
- O que deu nele? – perguntou Gina à Hermione, então, reparou que a amiga não retirava os olhos da pedra – Mione?! O que deu em você?
Hermione não piscava. Rony olhou-a com um pouco de preocupação. Gina retirou os olhos dela o fitou Harry. Ele possuía um brilho diferente no olhar, um brilho de entusiasmo. Como se ele esperasse, ou até ansiasse, por algo.
- Por que não me disse antes? – Hermione olhou nos olhos de Harry, sua voz era mais leve e suave.
- Primeiro porque eu não sabia. E segundo porque se eu o dissesse, não sofreria o mesmo efeito. – ele apenas sorriu.
- Hey! O que está acontecendo aqui? – Rony não entendera nada.
- Aja. Conte a eles. Você a criou, então faça com que compreendam. – disse Harry para Hermione.
- Rony. Gina. – Hermione se virou para eles, sua voz agora era banhada de sabedoria – Nós somos o Herdeiro Luz.
Rony olhou todos e gargalhou. Gina achou que Hermione estava pirando, entretanto, deixou isso só para si.
- O que deu em vocês? – Rony ficou muito sério – Primeiro o Harry e agora você Hermione?! O que aconteceu que eu não vi?
- Nós despertamos. – Harry estava muito sério também, sabia que seria difícil, porém, a atitude de Rony era pior do que ele havia imaginado.
- Despertaram o que? – Rony fitou o amigo que já não reconhecia.
- Escute bem Rony. – Hermione olhou no fundo dos olhos azuis e verdes dele.
“O ‘Ar’ será aquele que viverá dezoito anos nas trevas da ignorância, sem saber quem realmente era e de onde vinha, será aquele que viverá onze anos longe do seu povo.” – ela citou novamente.
- Eu ouvi isso, o que tem?
- Refere-se a mim. Dezoito anos Ronald, a idade que tenho hoje, sem saber que sou ¼ do Herdeiro Luz. Onze anos Ronald, onze anos longe dos bruxos, povo ao qual faço parte. Entende que sou eu?
- Não. Eu entendo que é o Harry. – Rony apontou para o moreno.
Hermione se virou para Harry e ficou muito séria.
- Não dava pra ter dado ao menos 1% da nossa sabedoria para ele? Ele está com a cabeça vazia. Só tem músculos, aos quais o cérebro não entra em questão.
- Hermione, lembra-se do que você me falou há dois meses? – perguntou Harry, com calma.
“O que tem ‘aquilo’?” - perguntou-o ela mentalmente.
“É por isso que ‘aquilo’ existe. Você o ajudará à entrar em equilíbrio e ele à você”. – respondeu Harry da mesma maneira.
- Sem comentários. – Hermione voltou-se para Rony.
Gina tentava compreender. Quem eram eles? Onde estavam sua melhor amiga e seu amado? Por que, definitivamente, aqueles não eram eles.
- Preste atenção Rony, é muito importante. – Hermione parecia levemente irritada.
“O ‘Terra’ será aquele que descenderá dos mais corajosos e leais do seu povo e, entre os seus, será o mais corajoso e leal, será aquele que enfrentará a morte por muitas vezes pelo bem dos que ama.” – novamente ela citou.
- Qualquer semelhança com o Harry é mera coincidência, mas com você não. Essa parte refere-se a você. Os Weasleys sempre foram da Grifinória, não? A Grifinória é a casa dos corajosos e leais. E você é o mais corajoso e leal entre os seus irmãos. Sem contar que você já enfrentou situações que colocaram em risco a sua vida e você lutou bravamente, defendendo todos nós. – explicou Hermione, devagar.
Houve alguns segundos de silêncio. Gina compreendia que aquela parte referia-se ao seu irmão. Mas ela também se referia, com ainda mais enfoque, à Harry. Rony pensou o mesmo.
- Mas... o Harry continua sendo a pessoa mais focada por essa parte também. – falou o ruivo, com teimosia.
- Paciência Hermione. – Harry pousou a mão no ombro dela – Não vai demorar.
- Eu sei. – ela suspirou e pousou a própria mão sobre a mão dele.
Harry se afastou de Hermione e olhou Liandro.
- Sabem por que Cassius não quis nos treinar? – perguntou Hermione – Porque ele pensava o mesmo que vocês, que somente o Harry fosse o Herdeiro Luz. Creio que Dumbledore também tenha pensado isso, até o nosso quinto ano. Contudo, certamente depois do ocorrido no ministério, ele deve ter mudado de opinião. Antes disso, ele só devia ter certeza do Harry, porque todas as passagens, de alguma maneira, apontavam para ele. E essa profecia tinha essa finalidade. Atrair as atenções para uma única pessoa, a mais importante da profecia, ele.
Hermione fez uma pausa e apontou para Harry.
- Depois do Ministério, Dumbledore deve ter percebido que as passagens também se adequavam nós. A mim: a primeira, porque eu vivi onze anos longe dos bruxos. A você, Rony: a segunda, porque sua família sempre fora corajosa e leal, sendo você o mais corajoso e leal, além de ter enfrentado a morte para proteger a nós e aos membros da AD. E, por fim, a Gina: a terceira, porque também vinha de uma família de corajosos e leais, porque era a sétima filha vinda depois de seis homens, e porque, principalmente, parecia ser frágil, mas era a mais forte entre nós. – Hermione terminou olhando para Gina.
Rony pensou por alguns segundos, mas aquilo não entrava de maneira nenhuma em sua mente. Gina compreendia tudo, mas algo não se encaixava. E não sabia o que era.
- Eles despertarão com o tempo. – disse Harry para Hermione - Faça o que deve ser feito. – ordenou à Liandro.
- Sim, mestre. – o centauro fez uma leve reverência com a cabeça – Sigam-me, por favor. – ele se virou e entrou novamente na floresta, na direção oposta à clareira dos centauros.
Os quatro se olharam. Hermione parecia um pouco nervosa. Harry piscou com o olho para Rony e Gina. Eles seguiram o centauro por alguns minutos. Já havia anoitecido e era para estar muito escuro. Entretanto, algum feitiço deixava a floresta iluminada por onde eles passavam.
Liandro parou à frente de uma pequena clareira. A lua cheia brilhava, iluminando o chão sem folhas. Os quatro jovens olharam a clareira e viram quatro pedras do mesmo tamanho da pedra da Profecia. A diferença era que cada pedra possuía uma cor diferente da outra. A primeira era amarela, a segunda era verde, a terceira era azul claro e a última era vermelha.
- É agora que começa o vosso verdadeiro treinamento. – informou Liandro – É aqui que vós se separais.
- O que? – até mesmo Harry e Hermione se assustaram.
- O treinamento não pode ser feito com todos vós no mesmo lugar. Não há lugar na Terra que possua os quatro elementos em abundância para que vós treineis de maneira correta. E seria muito perigoso para todos, pois durante o treinamento vós não conseguireis vos controlar. – explicou Liandro com calma.
- Nem mesmo eu me lembrava disso. – confessou Hermione – Acho que deixamos isso para que os centauros decidissem, não é Harry?
- Sinceramente, eu não sei Hermione. – disse Harry, triste.
- Vós tendes alguns minutos para se despedir. – Liandro se virou para deixá-los sozinhos.
- Quanto tempo vamos ficar no treinamento? – perguntou Gina.
- Um ano para vós, seis meses para o resto do mundo. – respondeu Liandro, ainda andando, e sumiu por entre as árvores em seguida.
- Não acredito. – Gina olhou nos olhos de Harry.
- Sinto muito. – Harry estendeu os braços e abraçou a namorada com força, já sentindo saudades.
- Não quero ficar longe de vocês. – Gina aninhou-se no peito dele.
- Muito menos nós. – Hermione e Rony falaram ao mesmo tempo, ficando levemente corados.
- Um ano?! – perguntou Harry ao nada – Por que tanto tempo? – ele olhou Hermione.
- É muita coisa Harry, muita coisa para nos lembrar-nos. Tirando que Rony e Gina ainda não despertaram por completo. – Hermione olhou para Rony com irritação.
- Não é culpa deles. Eu realmente achei que você também não ia despertar agora. – Harry abraçou Gina com mais força.
- Não quero ir. – confessou ela.
- Mas é preciso. – ele alisou os cabelos dela.
- Eu sei. Vou morrer de saudades. – ela o olhou.
- Eu também. – ele se inclinou e beijou-a delicadamente.
- Hermione... – sussurrou Rony, retirando os olhos da irmã e do amigo.
- O que foi? – ela usou o mesmo tom.
- Também vou sentir saudades. – ele olhou o chão, corando violentamente.
- Eu também Rony. – ela sorriu e o abraçou.
Ele se surpreendeu com a atitude dela, mas retribuiu o abraço com força e carinho.
- Mione... - murmurou ele no ouvido dela – eu queria te dizer uma coisa.
- O que? – ela o sentiu cruzar os braços em suas costas.
- Talvez seja tarde de mais... mas mesmo assim eu tenho que falar. – murmurou ele, devagar, acumulando toda a coragem que tinha.
- Diz logo, to ficando preocupada. – ela se afastou um pouco dele, mas não o suficiente para acabar com o abraço.
- É que eu... – Rony olhou-a no fundo dos olhos.
- Está na hora. – Liandro se aproximou, separando os casais.
Harry olhou Hermione e Rony. Despediu-se de Rony primeiro, dando-lhe forças para contar logo a Hermione o que queria. Gina despediu-se de Hermione. Depois, Rony abraçou a irmã caçula e pediu que ela se cuidasse. Harry abraçou Hermione e sentiu que abraçava uma irmã.
Eles entraram na clareira.
- Cada um a frente da vossa respectiva pedra. A cor das vossas auras deve guiá-los. – explicou Liandro.
Harry e Gina deram um beijo de despedida e se abraçaram novamente. Ele ficou à frente da pedra vermelha e ela à frente da pedra azul claro, sem parar de se olhar. Hermione ficou à frente da pedra amarela e Rony à frente da pedra verde, eles também se olhavam.
- Em pouco segundos. – informou Liandro, erguendo os braços e vendo sua aura iluminar suas mãos.
- Hermione... – falou Rony alto.
- Preparem-se! E boa viagem! – Liandro abaixou os braços e viu sua aura ir até as pedras.
- Diga Rony! – Hermione sorriu com calma, embora estivesse clamando para que ele dissesse logo.
As pedras começaram a brilhar. As auras de cada um surgiram e se misturaram ao brilho da pedra. Harry sentiu que era puxado para frente e gritou antes de ser “sugado” pela pedra:
- Eu te amo, Gina!
Gina sentiu o mesmo que Harry, e antes de ser “sugada” sorriu largamente.
- DIGA RONY! – gritou Hermione, desesperada, ao ver que Rony sentia o mesmo que os outros.
- EU TE AMO MIONE! – gritou Rony com um sorriso e foi “sugado” pela pedra.
Hermione sentiu uma lágrima de alegria escorrer pela sua face. Mesmo não sabendo se ele iria escutá-la, gritou de volta:
- TAMBÉM TE AMO RONY! – e sumiu, assim como os outros.
Liandro sorriu e viu sua aura se dissipar, assim como o brilho das pedras. Estava esgotado, mas sua segunda missão estava iniciada.
Agora era só esperar.
=-=-=
Ficou tudo escuro por longos minutos. Seu estomago ficou extremamente embrulhado e sua cabeça começou a doer muito. Não sabia onde estava indo, mas tinha a impressão que já havia feito o mesmo caminho. Uma força estranha o puxava numa velocidade alucinante.
Uma forte luz atingiu seus olhos, que se fecharam instantaneamente. Sentiu a terra e a grama tocar sua pele quando caiu no chão. Estava calor, muito calor. Seu corpo começou a soar no mesmo instante. Abriu os olhos e sentou-se. Viu uma imensa montanha rochosa. Do topo dela saía uma fumaça negra. Ali onde estava era o único lugar com grama, o resto era pura rocha.
Um barulho às suas costas o fez virar. Seu coração deu um solavanco e sua respiração falhou por poucos segundos. Um homem alto e com físico de atleta, que trajava vestes brancas e um capuz, que lhe cobria a cabeça e escurecia seu rosto, estava de pé próximo a ele. Só era possível ver dois pontos brilhantes, seus olhos, que eram como dois diamantes.
Lembrou-se daquele homem no mesmo instante. Era mesmo homem do quadro da Sala de Reuniões da Ordem de Merlim. Ele se levantou com pressa e olhou o homem novamente. Estava sem a espada, a espada que Rony havia usado para passar no segundo teste.
“O que é isto? Como isto é possível?” – perguntou-se ele.
- Sejas bem-vindo. – a voz do homem foi uma surpresa para ele, ela era grave, forte, sábia e suave.
Abriu a boca, mas sua voz não saiu.
- Tu és Harry Tiago Potter. A Alma do Herdeiro Luz. Representas o fogo. – falou o homem com calma.
- Sim. – Harry conseguiu falar.
- Tu estás na Área Fogo, onde completarás teu treinamento.
- Compreendo. – Harry sentia-se mais calmo, mas era estranho conversar com um homem cuja alma era a sua.
- Tu treinarás aqui durante seis meses. Treinarás no vulcão. Aumentarás tua capacidade de controlar o elemento e resistir a ele próprio, pois o fogo é o elemento vivo.
- Creio que estou pronto. – não sabia o que falar nem como falar.
- Não há necessidade de formalidades para comigo. – o homem se aproximou – Para ti, o modo que falo é formal, mas na minha era esse era o modo popular.
Harry não falou nada. O homem se aproximou e ficou a menos de um metro de distância.
- Alguma pergunta?
- Como devo chamá-lo? – perguntou Harry, desconcertado.
- Chame pelo meu nome, não há necessidade de temor para com ele. – o homem parecia compreender a situação dele.
- Então... quando começamos, Merlim? – perguntou Harry, divertido.
- Imediatamente. – o homem sorriu, e Harry viu o brilho do sorriso - Acompanhe-me.
=-=-=
Ficou tudo escuro por longos minutos. Seu estomago ficou extremamente embrulhado e sua cabeça começou a doer muito. Não sabia onde estava indo, mas tinha a impressão que já havia feito o mesmo caminho. Uma força estranha o puxava numa velocidade alucinante.
Uma forte luz atingiu seus olhos, que se fecharam instantaneamente. Sentiu a areia tocar sua pele quando caiu no chão. O ar estava úmido, muito úmido. Abriu os olhos e sentou-se. Viu um imenso oceano azul. Ondas se formavam a cem metros da costa e quebravam em algumas pedras antes da praia. Parecia estar em uma pequena ilha e tinha a impressão de estar no meio do oceano.
Um barulho às suas costas a fez virar. Seu coração deu um solavanco e sua respiração falhou por poucos segundos. Um homem alto e com físico de atleta, que trajava vestes brancas e um capuz, que lhe cobria a cabeça e escurecia seu rosto, estava de pé próximo a ele. Só era possível ver dois pontos brilhantes, seus olhos, que eram como dois diamantes.
Lembrou-se daquele homem no mesmo instante. Era mesmo homem do quadro da Sala de Reuniões da Ordem de Merlim. Ele se levantou com pressa e olhou o homem novamente. Estava sem a espada, a espada que Rony havia usado para passar no segundo teste.
“O que é isto? Como isto é possível?” – perguntou-se ela.
- Sejas bem-vinda. – a voz do homem foi uma surpresa para ela, ela era grave, forte, sábia e suave.
Abriu a boca, mas sua voz não saiu.
- Tu és Ginevra Molly Weasley. A Força Mágica do Herdeiro Luz. Representas a água. – falou o homem com calma.
- Sim. – confirmou Gina.
- Tu estás na Área Água, onde completarás teu treinamento.
- Entendi. – assentiu Gina.
- Tu treinarás aqui durante seis meses. Treinarás no oceano. Aumentarás sua capacidade de controlar o elemento e resistir a ele próprio, pois a água é o elemento da vida.
- Creio que estou preparada. – não sabia o que falar nem como falar.
- Não há necessidade de formalidades para comigo. – o homem se aproximou – Para ti, o modo que falo é formal, mas na minha era esse era o modo popular.
Gina não falou nada. O homem se aproximou e ficou a menos de um metro de distância.
- Alguma pergunta?
- Como devo chamá-lo? – Gina perguntou com sinceridade, dando um leve sorriso.
- Chame pelo meu nome, não há necessidade de temor para com ele. – o homem parecia compreender a situação dele.
- Então... quando começamos, Merlim? – Gina deu um sorriso divertido.
- Imediatamente. – o homem sorriu e ela viu o brilho do sorriso – Acompanhe-me.
=-=-=
Ficou tudo escuro por longos minutos. Seu estomago ficou extremamente embrulhado e sua cabeça começou a doer muito. Não sabia onde estava indo, mas tinha a impressão que já havia feito o mesmo caminho. Uma força estranha o puxava numa velocidade alucinante.
No entanto, não ligava para aquilo, estava muito feliz. Finalmente havia dito a ela que a amava. A única coisa que se arrependia era de ter demorado tanto. Agora teria que esperar um ano para vê-la novamente. A voz dela soou distante, mas ele ouviu. Quase explodiu de felicidade por isso.
Uma forte luz atingiu seus olhos, que foram fechados instantaneamente. Sentiu a areia tocar sua pele quando caiu no chão. O ar estava quente e seco, muito seco. Abriu os olhos e sentou-se. Viu uma imensidão de areia. Dunas e mais dunas de areia, até onde seus olhos podiam ver.
Um barulho às suas costas a fez virar. Seu coração deu um solavanco e sua respiração falhou por poucos segundos. Um homem alto e com físico de atleta, que trajava vestes brancas e um capuz, que lhe cobria a cabeça e escurecia seu rosto, estava de pé próximo a ele. Só era possível ver dois pontos brilhantes, seus olhos, que eram como dois diamantes.
Lembrou-se daquele homem no mesmo instante. Era mesmo homem do quadro da Sala de Reuniões da Ordem de Merlim. Ele se levantou com pressa e olhou o homem novamente. Estava sem a espada, a espada que ele havia usado para passar no segundo teste.
“Só pode ser brincadeira.” – pensou ele.
- Sejas bem-vindo. – a voz do homem foi uma surpresa para ele, ela era grave, forte, sábia e suave.
Abriu a boca, mas sua voz não saiu.
- Tu és Ronald Bilius Weasley. A Força Física do Herdeiro Luz. Representas a terra. – falou o homem com calma.
- Acho que sim, embora não acredite. – Rony conseguiu falar.
- Tu estás na Área Terra, onde completarás seu treinamento.
- Ta. – Rony sentia-se mais nervoso, mas era estranho conversar com um homem que vira em um quadro.
- Tu treinarás aqui durante seis meses. Treinaras neste deserto. Aumentarás sua capacidade de controlar o elemento e resistir a ele próprio.
- Está bem. – sentia-se muito desconfortável.
- Vejo que ainda não despertaste. – o homem se aproximou.
- Pois é. – Rony quis recuar, mas seu corpo não obedeceu.
- Tu não acreditas na Profecia, não é mesmo? – o homem parou a menos de um metro de distância.
- Para falar a verdade, não. – Rony encarou os olhos brancos.
O homem sorriu e Rony viu o brilho do sorriso.
- Ser a Força Física do Herdeiro Luz significa que você tem o corpo do Guerreiro Luz, sabia? – Rony negou com a cabeça, surpreso – Então, isso fará com que você acredite.
Com um aceno da mão, o homem fez surgir uma espada. Rony a reconheceu no mesmo instante, era a espada que havia usado para derrotar o centauro no teste.
- Olhe para a lâmina dela. – a espada flutuou até as mãos do ruivo – Preste atenção.
Rony tocou o punho da espada e sentiu aquela mesma sensação, menos intensa. Com um suspiro ele retirou a espada da bainha branca e a viu brilhar a luz do sol. Ele colocou a espada na horizontal e passou os olhos pela lâmina prateada.
- Não tem nada. – ele não retirou os olhos da espada.
- Preste atenção. – a voz do homem soou mais forte.
Rony prestou toda a atenção na espada. Ele podia ver cada perfeição do metal trabalhado. A lâmina possuía um leve desnível em seu centro. Ele passou a prestar mais atenção naquele desnível e se surpreendeu. Um leve brilho prateado surgiu. Quando se apagou, originou letras gravadas no metal.
Ele aproximou a lâmina dos olhos e tentou decifrar a escrita. Parecia ser italiano. Não, era latim. Ele continuou a prestar atenção, e se surpreendeu ainda mais. Em um segundo ele conseguiu entender o que estava escrito ali.
“Eu sou a Arma Branca, o Dragão Branco forjou-me apenas para o Guerreiro Luz.”
- Apenas o Guerreiro pode tocá-la. – falou o homem solenemente – Apenas a força física do Herdeiro Luz tocá-la, o representante da terra.
Rony abaixou o olhar.
“Será que a Profecia falava de mim? Eu faço parte do Herdeiro Luz? Se bem que, se não eu fosse, nunca teria conseguido tocar esta espada.” – refletiu ele.
Algo dentro de Rony dizia que ele era o que era. Que ele era parte do Herdeiro Luz. Ele sorriu, pois acreditava. Uma leve dor de cabeça surgiu e ele se lembrou de muitas coisas, coisas que envolviam a vida do Guerreiro Luz, coisas que envolviam o seu corpo. As batalhas que ele tinha travado, os ferimentos sofridos, as dores sentidas e, mesmo que pouco, os amores amados.
- Acredito. Tenho certeza. – Rony ergueu a cabeça, sua voz estava ligeiramente mais grave e mais forte.
- Perfeito. – o homem sorriu por baixo do capuz mais uma vez.
Com outro aceno da mão do homem, a espada e a lâmina sumiram.
Rony sentiu-se, pela primeira vez, desconfortável por não saber como falar com o homem.
- Não há necessidade de formalidades para comigo. Chame pelo meu nome, não há necessidade de temor para com ele. – o homem sorriu novamente – Alguma pergunta?
- Sim, quando começamos, Merlim? – Rony sorriu largamente, seria divertido.
- Imediatamente. – o homem apontou para uma duna próxima – Acompanhe-me.
=-=-=
Ficou tudo escuro por longos minutos. Seu estomago ficou extremamente embrulhado e sua cabeça começou a doer muito. Não sabia onde estava indo, mas tinha a impressão que já havia feito o mesmo caminho. Uma força estranha o puxava numa velocidade alucinante.
Ela queria gargalhar. Nunca se sentira tão feliz em toda a sua vida. Ele a amava, agora ela sabia. E ela também o amava, e muito.
Uma forte luz atingiu seus olhos, que foram fechados instantaneamente. Sentiu algo fofo tocar sua pele quando caiu sobre a superfície. O ar estava frio e fresco, muito fresco. Abriu os olhos e sentou-se. Viu um céu azul e nuvens brancas por toda a parte. Estava sobre uma nuvem, como se isso fosse possível. As outras se moviam lentamente ao seu redor, o vento era suave.
Um barulho às suas costas a fez virar. Seu coração deu um solavanco e sua respiração falhou por poucos segundos. Um homem alto e com físico de atleta, que trajava vestes brancas e um capuz, que lhe cobria a cabeça e escurecia seu rosto, estava de pé próximo a ele. Só era possível ver dois pontos brilhantes, seus olhos, que eram como dois diamantes.
Lembrou-se daquele homem no mesmo instante. Era mesmo homem do quadro da Sala de Reuniões da Ordem de Merlim. Ele se levantou com pressa e olhou o homem novamente. Estava sem a espada, a espada que ele havia usado para passar no segundo teste.
“Surpresas e mais surpresas...”
- Sejas bem-vinda. – a voz do homem foi uma surpresa para ela, ela era grave, forte, sábia e suave.
Abriu a boca, mas sua voz não saiu.
- Tu és Hermione Jane Granger. A Sabedoria do Herdeiro Luz. Representas o ar. – falou o homem com calma.
- Eu sei. – Hermione conseguiu falar.
- Tu estás na Área Ar, onde completarás seu treinamento.
Ela olhou em volta, mais uma vez.
- Agora me lembro. – Hermione sentia-se mais calma, só agora reconhecia aquele lugar.
- Tu treinarás aqui durante seis meses. Treinaras aqui no céu, sobre as nuvens. Aumentarás sua capacidade de controlar o elemento e resistir a ele próprio.
- E depois passaremos para as outras etapas. – ela sorriu para o homem.
- Sim. E, lembre-se, não há necessidade de formalidades para comigo. – o homem se aproximou – Para ti, o modo que falo é formal, mas na minha era esse era o modo popular.
- Eu sei. – Hermione sorriu ainda mais ao ver o homem se aproximar e ficar a menos de um metro de distância – Creio que devo chamá-lo pelo nome, não?
- Sim. Pois nã...
- “Pois não há necessidade de temor para com ele”. – Hermione recitou a frase com sabedoria – Devia mudar de disco sabia? – ela riu levemente.
O homem sorriu, ela viu o brilho sob o capuz.
- Perguntas? – perguntou ele, seria uma experiência curiosa viver um ano com sua própria sabedoria.
- Por que ainda não começamos? Que eu saiba você não é tão suave quando o assunto é treinamento, Merlim. – falou Hermione com diversão.
- Já que insiste. – o homem sorriu novamente - Acompanhe-me.
=-=-=
A sala estava escura, muito escura. Uma energia macabra tomava-a por completo. Em seu trono, o Dragão Negro pensava. Logo de manhã ele havia sentido uma mudança no equilibro mágico, que estava pendendo para o seu lado. Ele sentiu uma energia muito forte surgir e percebeu que ela era o oposto da sua. Seu Dragão havia rugido com ira, mas não quis lhe dizer nada, o que o deixou mais pensativo.
“O que diabos está acontecendo que eu não sei?”
Uma batida na porta. Ele ergueu a cabeça e a porta se abriu sozinha. Uma mulher de negro entrou e fez uma longa reverencia. A porta se fechou com um baque e a energia regrediu. Ele se levantou e caminhou até a mulher. Ela se endireitou. Em seu rosto havia um sorriso, ele era tanto de felicidade quanto de loucura.
- O que há? – perguntou ele, parando na frente dela.
- Está feito, milorde. – ela sorriu ainda mais.
- O Herdeiro?! – ele se aproximou, entusiasmado.
- Sim, milorde.
- Perfeito. – ele forçou um sorriso, um sorriso vitorioso.
- O que devo fazer agora? – a mulher ainda sorria.
- Deve romper com Rodolpho. – ele sorriu ainda mais.
- Pode considerar-me solteira. – ela estava mais feliz ainda, já queria deixar o marido há algum tempo.
- Depois, deve se refugiar em um lugar que eu ainda irei lhe dizer. Deve ficar lá até o Herdeiro surgir.
- Milorde... – ela parou de sorrir – Não quero ficar longe de ti.
- Mas vai. – falou ele, rude – É para a sua segurança e para a segurança do Herdeiro. – ela abriu a boca, mas ele continuou - Não insista!
- Sim, milorde. – ela fez uma leve reverencia e já não sorria.
- Agora vá. Aproveite que Rodolpho acabou de chegar. – ele se virou e caminhou ate o trono.
- Como queira, milorde. – ela fez outra longa reverencia e saiu.
O Dragão Negro se sentou e apoiou a cabeça nas mãos.
“Para onde irei mandá-la? Que lugar será seguro o suficiente? Onde? Onde? Onde?”
Ele ergueu o olhar e focalizou a parede oposta. Tinha uma missão para o novo membro da elite. Ele franziu a testa e esperou. A energia voltou a surgir e tomou a sala mais uma vez.
Poucos minutos depois, outra batida na porta. Ela se abriu sozinha e um homem entrou. Com um aceno da mão, o Dragão Negro fechou a porta e focalizou o homem que fazia uma longa reverencia.
- Aqui estou, milorde.
- Tenho uma missão para você.
- Estou a tua disposição. – o homem se endireitou, ele não parecia sequer notar a magia ali presente.
- Você vai escoltar uma pessoa até um local seguro. Deve ficar perto do local sem que a pessoa perceba. Deve vigiar o local, não deixar que ninguém se aproxime. Entendeu?
- Sim, milorde.
- Você deve levar essa pessoa ate Windermere. Haverá uma casa esperando por essa pessoa. Você deve ficar por perto, arranje um jeito. E não deve deixar que essa pessoa saiba que você estará lá. Entendeu?
- Sim, milorde. – o homem se sentiu realizado, finalmente recebia uma missão que parecia ser importante.
- Prepare-se. Volto a chamá-lo quando for à hora.
- Como queiras, milorde. – o homem fez uma longa reverencia e saiu.
O Dragão Negro se ajeitou no trono e voltou a pensar. Finalmente seu plano estava começado, agora não dependia mais dele, dependia dela. Estava nas mãos dela a segurança do Herdeiro.
O Herdeiro... seu Ás na manga.
Caso algo saísse errado, o Herdeiro iria se vingar, essa era a missão dele.
=-=-=
A nova sede da Ordem da Fênix estava tumultuada. Todos haviam sentido uma mudança no equilíbrio da magia. A primeira mudança fora logo de manha e a segunda algumas horas depois do anoitecer.
Os membros do alto escalão estavam reunidos na sala de reuniões. Todos estavam cansados, haviam travado a batalha mais difícil desde o começo da guerra. Ninguém havia se acostumado com a nova aparência de Remo Lupin.
Ele estava com os cabelos mais cumpridos e incrivelmente bem tratados. Seus olhos eram mais selvagens, assim como a própria face. Seu corpo havia ganhado incontáveis músculos, que lhe davam uma aparência mais feroz.
Moody pediu a atenção de todos.
- Como de costume. Estamos aqui para relatar sobre a batalha de horas a trás. Porém, além disso, temos mais dois assuntos que serão tratados ao final da reunião. Kingsley.
- Certo. Como todos sabem, foi uma batalha difícil. Nós entramos nela com duzentos combatentes, sendo cento e vinte aurores do Ministério que não tem ligação com a Ordem. Ouve inúmeras perdas. Um terço dos aurores do Ministério ficaram extremamente feridos. Mais da metade do resto deles foi morto. Calculamos sessenta mortes. – ele fez uma pausa, o clima estava pesado – Já do nosso lado... Dos aurores ligados a nós, cinquenta no total, vinte estão feridos e dez morreram. Os nossos membros efetivos e sem ligação com o ministério, cinco mortos e quinze extremamente feridos.
- Obrigado. – falou Moody seriamente e passou a fitar Tonks.
- Bem... a maioria dos feridos estão na ala de emergência do St. Mungus. Os curandeiros deram prioridade ao atendimento deles. Acreditamos que mais da metade não se recupere. – outra pausa e todos suspiraram – Os curandeiros não sabem como resolver o problema da podridão causada por aquelas criaturas. Enquanto eu estava lá, eles estavam usando de todas as poções e de feitiços curativos, mas nenhum deu resultado. Precisamos de ajuda “especializada” Moody.
- Eu sei de quem você está falando. Mas ele deixou claro que apenas o filho e a futura nora estariam aos nossos serviços. – disse Moody.
- Mesmo assim precisamos dele. – Lupin chamou a atenção de todos – Mesmo que ele não possa vir, devemos pedir ajuda. Tenho certeza que se ele não vier, mandará o filho.
- Depois falamos sobre isso. – Moody trouxe todos novamente para a reunião – Lupin, o segundo assunto.
- Ok. Como todos viram, possuímos novos aliados. Eles vivem na Floresta Negra em Hogwarts. São o verdadeiros lobisomens. O termo correto, nesse caso, é lycan. Eles são muito fortes, pelo que todos pudemos notar. Creio que alguns devem ter notado as atitudes do líder deles, o Alfa. – relatou Remo.
- Sim. – Tonks foi quem respondeu – Ele combateu aquelas criaturas malignas. Recebia os ataques, mas eles não pareciam surtir efeito nele.
- Creio que ele seja imortal. Ou muito perto disso. – disse Remo – Aqueles que vocês viram não são nem metade de toda a alcatéia. Era apenas a Equipe Beta. Que devem ser os guerreiros mais fortes baixo do Alfa.
- O guerreiro que morreu. Quem era? – Quim estava realmente interessado.
- Não sei o seu nome. Mas era o líder dos Beta. – Remo pensou por alguns instantes – E... ele é parente do Greyback.
- Greyback?! – todos se assustaram.
- Sim. Ele é foi um deles. Um mestiço. Fruto de um encontro de um lycan com uma bruxa do castelo. Creio que, por carregar sangue humano nas veias, ele seja mais como um lobisomem que como um lycan. É claro que ele pode se transformar quase que completamente sem a Lua Cheia e se manter lúcido, uma das vantagens dos lycan. – contou Remo.
- É o que você pode fazer agora? – perguntou uma outra bruxa.
- Talvez. – respondeu Lupin depois de alguns segundos, ainda não possuía certeza.
- Mostre! – falou a bruxa alto, parecia ordenar, o que não agradou a nada Tonks e Lupin.
- É muito perigoso. – confessou Lupin – Não sei se consigo fazer de novo e, se conseguir, não sei se ficarei lúcido.
- Então, até que você tenha aprimorado a “técnica”, não deve usá-la. E deve tomar o cuidado necessário para as noites de lua cheia. – falou Moody, sério.
Ouve alguns instantes de silêncio. Todos pareciam estar “digerindo” as novas informações.
- Creio que o Dragão Negro vai demorar algum tempo para atacar novamente. Ele deve levar em consideração os nossos novos aliados. Além de estar preocupado com o nosso último assunto da reunião. – Moody quebrou o silêncio.
- Qual é o assunto? – perguntou o representante dos aurores do Ministério.
- Alguém entre vocês sentiu mudanças na energia hoje? Uma logo de manha e outra há quase uma hora? – Moody olhou todos.
Todos começaram a falar ao mesmo tempo. Todos haviam sentido aquelas mudanças.
- Vejo que todos sentiram. – falou Moody alto o suficiente para fazer todos se calarem.
- O que foi aquilo? – perguntou uma bruxa.
- Ainda não sabemos. – respondeu Quim – A única coisa que sabemos é que a energia foi muito grande.
- Não conseguimos localizar o local da energia, mas não foi na Inglaterra, isso nós temos certeza. – informou Tonks.
- Crippet. – Moody olhou o auror do Ministério – Peço que você faça uma busca no Ministério atrás de informações. Tenho certeza que o próprio Ministro vai ordenar uma pesquisa.
- Farei o que puder. – o auror não garantiu sucesso.
- Já será de grande ajuda. – Lupin encostou-se na cadeira.
- É só isso. O dia foi longo e a noite mais longa ainda. – falou Moody, cansado – Terminamos por aqui.
Todos se levantaram, exceto Moody, Quim, Tonks e Lupin. Quando todos saíram, um feitiço foi lançado na porta. Ninguém entraria ou ouviria o que seria dito ali dentro.
- Temos que nos preocupar com essa energia. – suspirou Tonks, preocupada.
- Concordo. Mas quem pode saber sobre isso? – Quim encostou-se à cadeira.
- McWell. – falou Lupin mais para si que para os outros.
- Ele de novo?! – rosnou Moody, irritado.
- O que tem contra ele? – Tonks não se conformava com as atitudes de Moody em relação ao mago.
- Não confio nele.
- Por quê? Quais são os motivos para isso? – Tonks era a única que tinha coragem para confrontar o ex-auror naquele assunto.
- Não há motivos para que eu não confie nele, mas também não há motivos para que eu confie. – Moody se irritava cada vez mais.
- Certo. – Tonks cruzou os braços – Então vamos dar a ele uma chance de conseguir a sua confiança. Porque ele já possui a minha e a do Remo.
- Nimphadora... – Moody tentava se controlar – McWell deixou claro que apenas o fi...
- O filho e a futura nora poderiam nos ajudar. Mas, sinceramente, eu acho que ele pode nos ajudar se nós pedirmos com jeito. Ele é um aliado oras! Se nós falarmos que é algo importante ele virá. – Tonks cortou-o.
- Não meterei minhas mãos no fogo por isso Nimphadora. – suspirou Moody, cansado – Quer tentar, tente! Mas faça por conta própria.
- Farei isso! – Tonks se levantou e olhou Remo, que permaneceu calado – Vamos?
- Sim. – ele se levantou e olhou os outros dois homens – Até amanha.
- Boa noite. – Moody desejou de mau humor.
Tonks e Remo aparataram diretamente para a sala de sua casa. Ela olhou para ele com nervosismo, não havia gostado da atitude dele.
- Podia ter me ajudado!
- Desculpe-me. – suspirou ele – Fiquei sem ação quando percebi que vocês estavam discutindo.
- Mesmo assim. – ela cruzou os braços e virou de costas, olhando para a janela.
- Tonks... – ele se aproximou dela, mas ela caminhou até a janela.
Ela abriu a cortina e foi iluminada pela luz do luar. Metade da sala foi iluminada. Remo permaneceu na escuridão. Ela abriu a janela e se apoiou com os cotovelos, descansando a cabeça nas mãos. Ele forçou um sorriso e caminhou até ela.
- Como se sente? – perguntou ela, dando certeza que não queria mais falar sobre Moody e a Ordem.
- É estranho. – ele se colocou ao lado dela e olhou a lua.
- Estranho? – ela o olhou pelo canto dos olhos.
- É estranho porque, depois de tantos anos, eu posso olhar para a lua cheia sem ter medo. – ele sorriu largamente.
Ela se assustou. Com o sorriso dele ela pôde ver que os dentes dele estavam incrivelmente mais afiados. O rosto dele ficou muito mais selvagem em apenas um segundo. E o olhar dele espelhou o desejo de matar.
Ele se afastou, com as mãos na face.
Ao olhar com atenção para a lua, ele sentiu a mesma sensação de quando se transformou. Queria uivar. Queria matar. Sentiu todos os seus sentidos aflorarem. Sentiu o cheiro suave de Tonks. Teve que se controlar para não ataca-la. Afastou-se o mais rápido que pôde, colocando as mãos na face e tentando mandar para longe aquele desejo.
- Remo?! – Tonks deu alguns passos na direção dele.
- Fique longe, Tonks. – ele ergueu uma das mãos na direção dela, ainda com a outra no rosto – Não... não é seguro.
Ela sentiu um aperto no coração. A voz dele estava manchada de tristeza e melancolia.
- Vai ficar tudo bem. – ela sorriu e fechou a janela e as cortinas.
A escuridão voltou a tomar a sala.
Ele se sentiu aliviado de alguma forma. Abriu os olhos e viu tudo escuro. Pouco a pouco seus sentidos voltaram ao “normal”. Logo depois do término da transformação ele reparou que seus sentidos estavam mais apurados do que antes. Agora o seu “normal” não era o normal para os outros humanos.
Ela se aproximou e o abraçou com força. Ficaram abraçados por um longo tempo. Tonks afrouxou o abraço e sorriu, ele retribuiu.
- Estou orgulhosa de você.
- Eu não teria conseguido sem você. – ele sorriu ainda mais – Mas ainda preciso de você. Preciso controlar essa minha nova “natureza”.
- Eu estarei aqui, Remo. Sempre estive e sempre estarei.
Beijaram-se e se abraçaram. Ficaram assim por longos minutos, até que decidiram por ir dormir. Teriam longos dias pela frente e Tonks ainda tinha que arranjar um jeito de achar Cassius McWell.
Ela sabia que a Ordem da Fênix precisava da ajuda dele.
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