A Ordem de Merlim
Capítulo 13 – A Ordem de Merlim
Após um longo banho, o mago desceu as escadas e entrou na sala de jantar. Os quatro jovens já haviam terminado de comer e se calaram quando ele entrou.
- Bom dia. – desejou ele, dirigindo-se ao seu lugar.
- Bom dia, mestre. – disseram eles.
- Vejo que estão animados. – comentou Cassius, sentando-se e servindo-se.
- Perdoe-me por ir direto ao assunto. – começou Hermione – Mas, quando começará nosso treinamento?
- Hoje, é claro. – respondeu o mago, indignado.
- Ah, certo. – Hermione se arrependeu de ter perguntado.
- Assim que eu terminar de comer, quero que vocês estejam prontos para o treinamento. Você sabe o caminho, Potter. – Cassius não retirou os olhos de seu prato.
- Sim, mestre. – Harry se levantou, sendo seguido pelos outros.
Os quatro fizeram uma leve reverência e saíram da sala. O mago se encostou à cadeira e suspirou, passando as mãos pelos cabelos grisalhos.
“Merlim! Como vou ensinar quatro aprendizes ao mesmo tempo.”
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Quinze minutos depois, ele entrou na sala de treinamento. Os quatro estavam com as varinhas em mão.
- Hoje eu vou fazer uma coisa que eu ainda não fiz com Potter. Irei medir a aura mágica de vocês e lhes informar o resultado. – informou ele, sério – Prontos?
- Sim.
Cassius fechou os olhos e, concentrando-se, pôde sentir as auras deles. Ao abrir os olhos, que estavam ligeiramente desfocados, viu que as auras estavam mais vivas, pois eles estavam se concentrando ao máximo. Ele anotou os resultados e piscou os olhos.
- Podem parar.
Eles abriram os olhos e fitaram o homem.
- Eis o que eu vi: senhor Weasley sua aura é classificada como média, Granger a sua também, porém é ligeiramente menor que a dele. Senhorita Weasley a sua aura por pouco não é classificada como grande. E Potter, por pouquíssimo é grande. – informou o mago.
Antes que eles tivessem qualquer reação, Owen entrou correndo na sala, ainda vestindo seu pijama.
- Notícias da guerra e são preocupantes. – falou ele sem nem respirar e sem notar a presença dos quatro jovens.
- Diga logo! – Cassius parecia preocupado.
- Houve uma grande batalha, dezenas de bruxos e trouxas foram feridos ou mortos.
Os quatro jovens levaram um choque.
- Aonde? – perguntou Cassius.
- York. – respondeu Owen.
- Ainda está havendo luta?
- Sim. Alguns aurores tentam resgatar companheiros. A Ordem da Fênix tenta prender os comensais que tentam terminar o serviço. – respondeu Owen, de uma vez, fitando o pai.
- Tom comanda? – perguntou Cassius, angustiado.
- Não. Lucio e Bellatrix.
Harry fechou as mãos em punhos. Rony apertou seu ombro. Gina e Hermione se olharam.
- Vá para lá e leve Sarah. Apresentem-se à Alastor Moody.
- Certo. – Owen se virou.
- Queremos ir! – falaram os quatro jovens, juntos, fazendo Owen parar e se virar, espantado ao vê-los.
- Não! Vocês não terão chance contra eles. – enfatizou Cassius.
- Nós derrotamos o senhor! – lembrou-o Harry.
- Pela alma de Merlim! Eles querem matar eu não quis. E Tom quer te pegar! – a voz do mago era quase enraivessida e sua mão apontava para Harry.
- Pai! – Owen atraiu a atenção de seu pai - Deixe-os ir. – pediu e, antes mesmo do mago criticar, completou – E venha junto.
Cassius se surpreendeu ao ouvir aquilo do filho. Ele passou a mão pelos cabelos e suspirou longamente.
- Quero todos prontos em dois minutos. – disse ele, finalmente.
Owen saiu correndo, sendo seguido pelos quatro aprendizes.
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O mago desceu as escadas rapidamente. Owen, Sarah e os quatro aprendizes estavam prontos. Os seis se espantaram ao verem as vestes do mago. Ele estava vestido de branco, pela primeira vez na presença deles. Havia, porém, um dragão prateado nas costas do sobretudo. O mago sacou a varinha.
- Já que vamos nos mostrar ao mundo bruxo, vamos fazê-lo em honra à Ordem de Merlim. – com um aceno da varinha as roupas de todos se transformaram e ficaram idênticas às do mago.
- Irado. – comentou Rony, baixinho.
- Vós sois membros da Ordem de Merlim, façam jus à honra que lhes foi concedida. – ordenou Cassius.
- Sim, senhor! – bradaram todos, fortes e determinados.
- Senhorita Weasley. – o mago chamou-a.
- Senhor. – Gina deu um passo à frente.
Ele apontou a varinha na direção dela e fez um movimento seco.
– Agora a senhorita poderá fazer magia durante a batalha.
Ela assentiu, grata, e retornou um passo.
O mago fechou os olhos e se concentrou em York, buscando o local da batalha. Ele começou a sussurrar palavras em latim. Owen viu a aura de seu pai aparecer, um cinza escuro vivo. O moreno arregalou os olhos ao ver a aura de seu pai encobrir todos e ele pôde sentir o sentimento que seu pai possuía naquele momento: preocupação.
Uma forte luz foi emitida pelo corpo do mago, fazendo todos fecharem os olhos.
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- Moody!
- Arthur!
- Acabem com eles!
- Remo!
- Tonks!
- Matem todos!
Gritos descontrolados, raivosos e preocupados subiam aos céus.
O céu estava negro e uma chuva grossa caía sobre os aurores, comensais e membros da Ordem da Fênix. Relâmpagos traziam um pouco de luz à avenida mal iluminada. Um vento cortante gelava os corpos ao chão e os que batalhavam. Dezenas de dementadores voavam sobre os feridos para lhes dar o Beijo.
Um alto som de trovão fez todos pararem e olharem para o céu. Um raio caiu no meio do campo de batalha, onde não havia nenhum caído. A luz cegou por alguns instantes os que lutavam e uma grossa camada de poeira se ergueu. Antes que os que lutavam abrissem os olhos, sete vozes gritaram:
- Expecto Patronum!!!
Um cervo, um cão, uma lontra, um cavalo, uma águia, uma pantera e uma fênix surgiram, deixando a avenida bem iluminada.
- Peguem-nos! – os sete gritaram novamente e os patronos foram em direções opostas, atacando os dementadores.
“Quem são?” – perguntou-se Remo Lupin, percorrendo com o olhar todos os patronos - “Mas... o cervo! Só pode ser!” - ele sorriu e voltou o olhar para Bellatriz, com quem estava lutando à poucos instantes.
Os patronos voltaram para o lado de seus donos depois de terem feito os dementadores fugir.
- Quem são vocês? Como ousam interromper essa batalha?! – a voz de Lucio Malfoy soou.
- Não grite para nós, Malfoy! – a poeira começou a se dissipar – Mas já que faz tanta questão de saber... – a poeira por fim sumiu – nós somos a Ordem de Merlim! – Cassius falava com a voz ampliada magicamente.
A fênix no ombro do mago desapareceu, sendo seguida pela pantera ao lado de Sarah, pela águia no braço de Owen, pelo cavalo de Gina, pelo cão de Rony, pela lontra de Hermione e pelo cervo de Harry.
- Potter?! – gritou Lucio com satisfação – Peguem-no!
- Nem pensar, Malfoy! – gritou Moody, retomando seu duelo com o comensal.
- Owen e Sarah ajudem à Ordem da Fênix a terminarem com os comensais. – Cassius ordenou e o casal se afastou correndo – Vocês três! – ele falou à Harry, Rony e Hermione – Peguem os feridos e os aparatem para Saint Mungus, agora! – os três saíram correndo.
- Mestre, e eu? – perguntou Gina.
- Você vem comigo Weasley. – respondeu ele, correndo para onde a Marca Negra pairava.
O mago moveu a varinha e apontou-a para a Marca, um raio branco saiu da ponta da varinha e atingiu a caveira verde. Um enorme dragão branco surgiu, iluminando tudo.
- O Dragão Branco surgiu após séculos de escuridão. – pronunciou o mago com a voz ampliada novamente.
- Dorme!– Gina atingiu um comensal que vinha na sua direção – O que vamos fazer agora?
- Vamos ajudar a Ordem da Fênix. – respondeu ele, correndo na direção da batalha.
“Pai!” – chamou Owen, na mente do mago, enquanto duelava contra um comensal, sob a vista do mago e de Gina – “Estou liberado para utilizar os Feitiços Brancos?”
“Que pergunta tola, Owen!” – esbravejou Cassius – “Estamos em Guerra, é claro que está liberado!”
Com um movimento seco da varinha, Owen finalizou seu duelo.
“Pegue Sarah e ajude Potter, Granger e Weasley.” – ordenou Cassius, indo na direção oposta ao filho.
- Gina?! – uma voz familiar soou.
- Pai! – ela se virou e o viu.
- Vá Weasley, mas continue seu trabalho. – disse o mago e viu sua aprendiz mais nova sair correndo na direção do pai.
- Querida. – disse Arthur, abraçando a filha – Que história é essa de Ordem de Merlim?
- Não da pra explicar agora, estamos no meio de uma batalha. – ela soltou o pai e apontou a varinha para um comensal que corria na direção deles – Dorme!
- Que feitiço é esse? – Arthur se espantou ao ver o comensal cair no chão, em pleno sono.
- Depois explico, vamos procurar mamãe. – disse ela, correndo.
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- Será que o adorável Sirius gostaria de te encontrar no inferno Reminho? – ela gargalhou em seguida.
- Lave esse sua boca imunda antes de falar do Sirius. – bradou Remo.
- Que medo. – Bella gargalhou outra vez.
- Vá ajudar sua noiva Remo Lupin. – Cassius caminhava na direção do maroto.
- Como sabe disso? – Remo encarou o mago.
- Annullare! – Cassius entrou na frente de Remo a tempo de salvá-lo da Maldição da Morte – Vá, Nimphadora precisa de você.
Um forte grito, carregado de dor, ecoou.
- Se a quer viva, corra. – disse Cassius.
O maroto saiu em disparada logo depois, a expressão preocupada.
- Quem é você? – perguntou Bellatriz.
- Leve esta mensagem ao seu mestre. A Ordem de Merlim formou-se outra vez para trazer à vida o Herdeiro Luz e para derrotar o Dragão Negro novamente. – o mago apontou a varinha para a bruxa e ela sumiu após um grito.
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- Cadê a sua força de vontade Lucio?
- Ela estará ao céu quando você estiver no inferno Moody. Avada Kedavra! – gritou Lucio.
Um raio caiu entre os dois bruxos, cancelando o feitiço e os jogando para longe.
- Miseráveis! Sangues-ruins! Traidores-de-sangue! Vocês vão me pagar. Na próxima batalha eu serei o vencedor! Comensais, voltem! - a voz de Lord Voldemort soou, vinda do raio.
Os comensais aparataram, deixando os companheiros mortos ou feridos.
- Vitória! – comemoraram os aurores.
- Uma vitória sobre corpos mortos não é vitória. – falou Cassius ao que havia gritado – Levem os feridos para o hospital e os mortos também, para que sejam reconhecidos pelos familiares.
Os aurores obedeceram em silêncio.
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- Mãe!!! – gritava Gina, sem parar.
- Pai!
- Gina!
- Fred! Jorge! Vocês estão bem? – perguntaram Arthur e Gina aos gêmeos.
- Sim. – responderam os dois.
- Cadê a mãe de vocês? – perguntou Arthur.
- A perdemos de vista depois que um dementador passou pela gente. – respondeu Fred, temeroso.
- Estávamos procurando ela até agora. – informou Jorge – Mas não a achamos ainda.
- Gina! Pai! Fred! Jorge! – Rony chegou correndo – Mamãe está no hospital, eu mesmo a aparatei.
- Como ela está? – perguntaram todos.
- Não sei. Vão para lá. – aconcelhou o ruivo – Eu e a Gina iremos logo. – completou, puxando a irmã para longe.
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- Porque, Bella? Porque você me decepciona tanto?
- Perdão, milorde! – suplicou ela, jogada ao chão – Um homem usou um feitiço em mim e eu vim parar aqui. Não tive como me defender.
- Quem é esse homem? – perguntou Voldemort, interessado.
- Ele não disse o nome, mas me deu uma mensagem para ser entregue ao senhor, milorde.
- Diga.
- A Ordem de Merlim formou-se outra vez para trazer à vida o Herdeiro Luz e para derrotar o Dragão Negro novamente. – pronunciou Bella, devagar.
- Ordem de Merlim? Herdeiro Luz? Dragão Negro? – Voldemort repetiu antes de gritar com força, um grito manchado de dor, e cair no chão, desmaiado.
- Milorde! – Bellatriz se levantou e correu até ele – Milorde!!! Draco! Snape! – gritou ela a plenos pulmões.
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- Tonks! Tonks! – Remo estava desesperado, com a noiva no colo.
- Lupin?!
- Harry! – respondeu ele, liviado.
- O que aconteceu? – Harry se abaixou ao lado do amigo.
- Não sei. Eu simplesmente a ouvi gritando e vim ao seu socorro, mas não havia ninguém por perto. – respondeu ele.
- Isso faz tempo?
- Alguns minutos.
- Porque você ainda está aqui? – gritou Harry, colérico – Já devia ter levado Tonks pro hospital! Vá logo! – Harry viu espanto no olhar do maroto, ao vê-lo falando daquele jeito, mas depois viu o sorriso característico de Remo surgir, antes dele aparatar.
- Harry! – chamou Hermione de longe, se aproximando depressa.
- Mione! – Harry se levantou.
- Porque você gritou com o Lupin? – Hermione parou ao lado dele.
- Ele estava com Tonks nos braços, ferida, e não tinha ido ao hospital. Achei isso um cúmulo. Ele estava tão desesperado que não parou para pensar no que fazer. – Harry se explicou – Eu só dei uma forcinha. – completou, risonho
- Certo. Vamos procurar os outros. – Hermione saiu correndo.
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- Como você está?
- Bem, obrigada. – respondeu Sarah, enquanto caminhavam na direção de Cassius.
- Vocês estão bem? – perguntou o mago ao filho e a ela.
- Sim. – responderam eles.
- Mestre! Owen! Sarah! – Rony e Gina se aproximaram.
- Estão bem? – perguntou Owen.
- Sim. – responderam os irmãos.
- Onde está Potter e Granger? – perguntou Cassius.
- Aqui! – responderam os dois, se aproximando pelo lado oposto.
- Que bom que todos estão bem. – comentou Cassius.
- O senhor diz isso porque não viu tudo. – falou Gina, amargurada.
- Tonks ficou ferida. – informou Harry.
- Minha mãe também. – Rony abaixou a cabeça.
- O que houve, Rony? – Hermione o olhou.
- Não sei. – respondeu ele.
- Owen e Sarah, ajudem os aurores a levar os comensais vivos para Azkaban. – ordenou Cassius.
- Certo. – o casal se afastou.
- Estou orgulhoso de vocês. – Cassius sorriu para os aprendizes – Se comportaram como legítimos seguidores de Merlim.
- Obrigado, mestre. – os quatro fizeram uma leve reverência como agradecimento.
- Potter! – Moody se aproximava com Quim.
- Olá. – Quim cumprimentou-os.
- Oi. – responderam os quatro.
- Quem é o senhor? – Moody se dirigiu a Cassius.
- Cassius McWell. – respondeu o mago, sereno.
- Como souberam da batalha? – Moody parecia não confiar no homem.
- Meu filho me informou sobre ela, não sei como ele descobriu. – respondeu Cassius, ainda sereno
- Podem confiar nele, Moody. – Harry sorriu.
- Espere Harry. – Quim falou – Ele não é o Cassius McWell que o Percy falou durante o casamento de Gui e Fleur?
- Sim. – respondeu Rony, pelo amigo.
- Ele realmente queria que eu fosse até ele. – Harry guardou a varinha no sobretudo branco – Ele tinha, e ainda tem, coisas a me ensinar.
- Eu vi parte desse ensinamento. – o olho-mágico de Moody girava sem parar – Vi a senhorita Weasley fazer um comensal dormir com um feitiço que eu desconheço.
- O Feitiço do Sono. – informou Cassius.
- Era italiano, a tradução seria durma. – Moody se apoiou sobre a bengala.
- Correto. – Cassius ficou sério de repente – Ainda temos muito o que fazer. Potter, Granger e Weasleys!
- Sim?! – responderam os quatro, assumindo posturas e expressões sérias.
- Estão liberados para irem ao Saint Mungus. – informou Cassius – Mas não saiam de lá até que eu chegue.
- Sim, senhor. – Rony e Hermione aparataram instantaneamente.
Gina segurou a mão de Harry e ele os aparatou.
- Todos os feridos já foram levados ao hospital? – perguntou Cassius, educaro.
- Sim. Agora só restam os comensais. Os aurores estão levando-os à Azkaban. – respondeu Quim.
- Meu filho e sua noiva estão ajudando-os. – informou Cassius – Ah, lá vem eles. – completou, vendo o filho e Sarah se aproximarem.
- Prazer. – Owen ergueu a mão para cumprimentar Moody e Quim.
- Igualmente. – eles corresponderam ao cumprimento.
- Owen McWell ao seu dispor. – Owen sorriu.
- Sarah. – a mulher os cumprimentou também.
- Sarah de que? – perguntou Moody, desconfiado.
- Pode falar Sarah. – Cassius sorriu para ela.
- Sarah Sanderson Black. – informou ela.
- Black? – Quim se assustou – Qual é o seu parentesco com os Blacks?
- Sou filha de Régulos Black, irmão de Sirius Black. – respondeu ela.
- Régulos? O comensal? – Moody se espantou pela primeira vez.
- O EX-comensal, por favor. – Sarah pediu fazendo ênfase no ex – Ele abandonou Voldemort antes de morrer, pelas mãos do próprio Lord, alias.
- Eu ouvi rumores na época que um comensal da Elite de Voldemort havia desertado. Mas não sabia que era seu pai, pensei que fosse Severo Snape. – ponderou Moody.
- Snape ficou leal à Voldemort até pouco antes da morte de Lílian e Tiago Potter. – disse Sarah.
- Chega de falar do passado. Como o trabalho terminou, vamos ao Saint Mungus. Quero ver se posso ajudar em algo. – falou Cassius.
- Certo. – concordou o casal.
- Até breve. – despediu-se Cassius, aparatando.
- Até. – imitou-o.
Um forte estalo foi ouvido depois que o casal sumiu. Moody e Quim olharam para o céu. O Dragão Branco começou a se desfazer e o céu a clarear.
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O corredor estava muito movimentado e o quarto que eles queriam estava muito longe ainda. A ruiva puxava o moreno com força e desespero. Eles entraram, correndo, em uma parte vazia do corredor. O garoto parou e, com isso, fez a ruiva voltar ao seu encontro, batendo com força em seu peito. Ele a abraçou instantaneamente e acariciou seus cabelos.
- Calma. – sussurrou ele no ouvido dela.
Ele sentiu os músculos dela começarem a relaxar. Ouviu alguns curtos gemidos e sentiu sua camisa começar a ficar molhada.
- Não precisa chorar. – ele a abraçou com mais força, ela parecia tão frágil – Nada de ruim aconteceu ou vai acontecer.
- Minha mãe... minha mãe, Harry. – a voz dela era tremida.
- Shiiii... – ele se afastou um pouco dela e ergueu seu rosto, suavemente, com a mão – sua mãe está bem. Você não acredita em mim?
- Acredito com a minha vida. – os olhos cor de mel dela estavam molhados, assim como sua face.
- Agora pare de chorar. – ele enxugou as lágrimas dela com as pontas dos dedos.
- Como você consegue me dominar? – ela parecia mais calma.
- Eu é que lhe pergunto isso. – ele sorriu.
- Eu não sei. Só sei que depois do dia que te vi na estação, quando você e Rony estavam indo pela primeira vez à Hogwarts, nunca mais parei de pensar em você. E toda vez que eu te via, meu coração disparava e minhas pernas amoleciam. Quando meus olhos encontravam os seus, o ar faltava e eu tinha que desviar o olhar. – ela encarava os olhos verdes dele.
- Nunca vou esquecer o que eu senti quando entrei na Câmara Secreta e te vi deitada, à beira da morte. Senti que parte de mim estava sendo arrancada. Com doze anos eu não entendi e não liguei para aquilo. Mas hoje eu sei que eu tinha muito medo de te perder Gina e ainda o tenho. – ele fitava os olhos cor de mel dela.
- Não me deixe. Nunca se separe de mim. Nunca mais. – ela o abraçou com força.
- Isso não vai mais acontecer. – ele correspondeu ao abraço – Eu prometo.
Ela se soltou levemente e ergueu o rosto para olhá-lo novamente. Ele ergueu a mão e acariciou sua face. Ambos sorrirem levemente. Ele enlaçou a cintura dela, aproximando-a de si. Ela elevou os braços e os colocou atrás do pescoço dele. Seus rostos começaram a se aproximar, nenhum deixou de olhar nos olhos do outro. Quando seus lábios se tocaram eles sentiram o quão gostavam um do outro. Como sentiam saudades daquele beijo tão esperado, tão necessário.
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Rony, os gêmeos e Arthur Weasley estavam em pé, ao lado de uma cama. Hermione estava sentada, um pouco afastada, sem retirar os olhos de Rony. A porta se abriu. Harry e Gina entraram de mãos dadas. Gina se afastou dele e correu para perto da família. Harry se juntou à Hermione.
- O que aconteceu com a mamãe? – perguntou Gina ao pai.
- Não foi grave, graças a Merlim. – respondeu ele, sorrindo para acalmá-la.
- Apenas os malditos dementadores. – informaram Fred e Jorge, juntos.
- Ela apenas está dormindo. – Rony não retirava os olhos da mãe.
- Ainda bem que vocês apareceram. – Arthur se virara para Harry e Hermione – Se vocês não tivessem espantado aqueles dementadores... eu não ouso nem pensar.
- Está tudo bem. – sussurrou Hermione, após um longo suspiro.
- Onde está Tonks? – Harry olhou para os Weasleys.
- Não vimos Remo ainda. – respondeu Fred.
- Mas, vocês podem explicar essas roupas maneiras? – Jorge apontou para as vestes da irmã.
- Não sei se a gente po... – começou Gina.
A porta se abriu, interrompendo a garota. Três pessoas entraram, trajando vestes idênticas às dos quatro jovens.
- Como os senhores estão? – Cassius estendeu a mão para Arthur Weasley.
- Bem, graças a vocês. – Arthur apertou a mão do mago – Sou Arthur Weasley. Esses são meus filhos Fred e Jorge. Os outros o senhor já conhece.
- Cassius McWell. – o mago soltou a mão do outro homem – Meu filho Owen e sua noiva Sarah Sanderson.
- Prazer. – cumprimentou-os o casal.
- Igualmente. – retribuíram os Weasleys.
- Como está vossa esposa? – perguntou Cassius a Arthur.
- Está bem. – respondeu ele – Mas agora, me perdoe por isso, eu que pergunto. Quem são vocês? O que é a Ordem de Merlim? E como meus filhos sabem feitiços super avançados, tanto que eu nunca ouvi falar?
- A vossa primeira pergunta já foi respondida, nós somos a Ordem de Merlim. Esta é uma sociedade muito antiga, onde o próprio Merlim era o fundador e seus seguidores eram os membros. Minha família descende de um dos seguidores de Merlim e, portanto, sou membro dessa Ordem. Seus filhos, junto com Potter e Granger, são meus aprendizes. E a honra de entrar para a Ordem também passa de mestre para aprendiz. – explicou Cassius, rápido e direto - Os feitiços que eles sabem, avançados como você disse, pertencem a uma magia diferente da usada pela maioria dos bruxos. Ela é o oposto da Magia Negra, usada por Tom e os Comensais da Morte. Seu nome é Magia Branca.
O silêncio reinou após a longa explicação de Cassius. Harry se levantou e caminhou até o mestre.
- O senhor poderia me dizer aonde se encontra Remo Lupin? – perguntou o garoto.
- Três quartos à frente. – Cassius fitou-o.
- Vou ver como Tonks está. – Harry sorriu e se virou para os outros – Vocês vem?
- Sim. – Hermione foi a primeira a se pronunciar, já de pé.
- Iremos depois. – Gina sorriu para o moreno.
- Certo. – Harry e Hermione passaram por Cassius, após uma leve reverência, e por Owen e Sarah, saindo sem mais nenhuma palavra.
Os dois amigos andaram alguns metros e pararam na frente do quarto dito pelo mago. Harry bateu na porta. Eles ouviram passos vindos de dentro do quarto e, logo depois, a maçaneta começou a virar. Remo Lupin se mostrou, ao abrir a porta por completo. Ele estava abatido, mas parecia mais calmo.
- Oi Remo. – cumprimentou-o Hermione.
- Olá Hermione. – o homem sorriu, abrindo espaço para eles entrarem.
- Como ela está? – Hermione atraiu a atenção de Remo, antes que Harry entrasse.
- Está dormindo. – Remo se virou para a garota, que estava ao lado da cama onde Tonks repousava.
Harry entrou e fechou a porta, silencioso.
- Os medi-bruxos disseram que foi um feitiço de danos internos. Como o feitiço atingiu diretamente o coração, causou mais dano. Todos os feitiços de cura disponíveis foram usados, agora ela apenas dorme. Não tem previsão de acordar, é uma espécie de coma. – Remo explicou a Hermione o estado de sua noiva – O organismo está trabalhando para voltar ao metabolismo normal. O pior é que o metabolismo dela não é o normal.
- Por quê? – Hermione olhou o homem.
- Por que ela é uma metamorfomaga. – respondeu Harry antes do homem – Estou certo, não?
- Olá para você também Harry. – disse Remo, irônico – E sim, você está certo.
- Desculpe-me por ter gritado daquela maneira com você, Lupin. – pediu Harry.
- Não peça desculpas, você estava certo. Acordou-me do desespero. – Remo caminhou até o moreno e pousou as mãos nos ombros dele – Eu lhe serei grato eternamente. Você salvou a vida da Tonks.
- Eu não fiz nada. Eu fiz o que qualquer amigo teria feito. – Harry sorriu.
- Certo. – Remo riu de leve e voltou para o lado da cama de Tonks.
- É sério que vocês estão noivos Remo? – perguntou Hermione, os olhos brilhando.
- Sim. Faz poucos dias. – respondeu ele, sorridente – Mas não falemos de mim. Fale-me de vocês, o que têm feito? Quem é aquele bruxo que coordenou vocês? O que é a Ordem de Merlim?
- Vai ser demorado. – Harry sorriu, se sentando e vendo Hermione se sentar ao seu lado – Sente-se Remo.
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Dor. Era isso que ele sentia, muita dor. Há muito tempo não sabia o que era sentir isso. Sentia que seu corpo repousava sobre sua confortável cama, que mais lhe parecia pedra de tão dolorido que seu corpo estava. As pesadas cobertas estavam sobre si, como sempre. Mas havia mais algum corpo sobre a cama, o colchão estava deformado de uma maneira diferente de quando apenas ele se deitava.
Abriu os olhos. O quarto estava escuro, exceto pela fraca luz que vinha da lareira com as chamas chegando ao fim. Suas suspeitas estavam certas, havia alguém ao seu lado, que dormia sentado no chão e apoiando a cabeça nos braços sobre a cama.
Ele tentou se mover. Sentiu como se centenas de agulhas entrassem em seu corpo e soltou um gemido de dor, fazendo a pessoa que estava ao seu lado acordar. Ela esfregou os olhos, parecia que ficara dias sem dormir. Ao erguer a cabeça, ela o olhou. Seus olhos negros brilharam e um leve sorriso se fez em seus lábios.
- O que houve comigo? – perguntou ele, antes que ela pronunciasse qualquer coisa.
- Eu não... eu não sei, milorde. – a voz dela saiu tremula – O senhor... simplesmente... começou a gritar, milorde.
- Eu? Gritar?! – ele não conseguia entender, não se lembrava.
- Sim, milorde. Tente se lembrar. – pediu ela, suplicante – Eu vos transmiti uma mensagem de um bruxo, que atrapalhou os vossos planos em York.
Foi como se um raio caísse sobre ele. Ele tinha a impressão de que sua cabeça iria explodir. Ao fechar os olhos, imaginando que isto cessaria a dor, viu inúmeros fleches de fatos que ele nunca havia presenciado.
A dor ia aumentando a cada segundo. Ele não conseguia entender o que aquelas visões significavam nem conseguia distingui-las completamente. Apenas uma imagem não lhe escapou, a de dois enormes dragões lutando no céu e abaixo deles dois bruxos travando um duelo feroz.
Os gritos dele ecoavam pelo quarto. A porta do quarto se abriu num estrondo.
- O que está acontecendo Lestrange?
- Não sei! – ela estava desesperada novamente – Está acontecendo de novo!
- Saia da frente! – Severo Snape empurrou a bruxa para longe da cama e vislumbrou o que acontecia ao seu mestre, que se contorcia como se estivesse sob efeito da Maldição Cruciatus – Chame Tompson, precisamos de um curandeiro aqui e agora.
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- Graças à Merlim você acordou!
- O que aconteceu? – perguntou ela, vendo vários rostos à sua volta.
- Aqueles malditos dementadores na batalha em York. – respondeu Fred.
- A senhora está bem agora. – Jorge sorriu.
- Como se sente, Molly? – perguntou Arthur.
- Estou bem. – ela sorriu.
- Mamãe?! – exclamaram duas vozes, juntas.
- Ronald! Gina! – os olhos de Molly brilharam.
Os dois caçulas Weasley correram até a cama da mãe e a abraçaram com força. Os gêmeos saíram um pouco de perto, se sentando ao lado de Owen e Sarah, que conversavam aos cochichos.
- Onde vocês estavam? – perguntou Molly aos filhos.
- Estávamos aprendendo com o Harry mãe. – respondeu Gina sorrindo.
- Eles estão bem fortes. – Arthur piscou para a esposa, que sorriu ainda mais.
- Olá! – dois jovens entraram pela porta.
- Harry! Hermione! – exclamou Molly, alto.
- Olá Sra. Weasley. – cumprimentaram-na os dois, sorrindo largamente.
- Que bom que a senhora está bem. – completou Hermione, abraçando-a.
Harry caminhou até o outro lado do quarto, se sentando ao lado de seu mestre.
“Mestre...” - pensou o moreno, sabendo que o mago estava em sua mente.
“Diga Potter.”
“O que aconteceu?” - Harry olhava os Weasleys e Hermione, que conversavam.
“Reformule sua pergunta Potter.” - pediu Cassius, olhando-o pelo canto do olho.
“Acho melhor... quando nós voltarmos para vossa casa eu perguntarei.” - Harry olhou para o outro lado e avistou Owen e Sarah, que ainda conversando aos cochichos - “Sobre o que eles estão conversando?”
“Não sei. Owen pode me bloquear e, consequentemente, bloquear a mente de Sarah” - o mago sorriu - “Um dia você também poderá fazer isso”
Harry sorriu, involuntariamente. Cassius, ao ver o sorriso do aprendiz, sentiu que havia feito a coisa certa.
Uma enfermeira entrou na sala e caminhou até o curandei, que estava do outro lado da sala. Ela falou algo para ele, Cassius visualizou tudo e entrou na mente do doutor.
“Quem está me chamando?” – perguntou o homem, depois que a enfermeira falou.
“O senhor sabe quem. É urgente.” - a mulher se virou e saiu da sala.
Cassius ficou pasmo, embora sua expressão ainda estivesse serena. Como ele não tinha percebido antes? O curandeiro começou a andar na direção da porta. Cassius ergueu-se, parando-o.
- Doutor?!
- Sim. – respondeu o homem.
- Como o senhor se chama? – os olhos azuis do mago perfuraram os negros do doutor.
- Edward, senhor, Edward Tompson. – respondeu o homem, inquieto.
- Certo. – Cassius esboçou um sorriso e estendeu a mão, como cumprimento – Gostaria de agradecê-lo por ter cuidado da senhora Weasley.
- Não foi nada. – o doutor sorriu, aliviado, e apertou a mão do mago – É o meu trabalho. Agora, se me dão licença, preciso atender um caso urgente.
O doutor saiu com pressa. Harry olhou a face de seu mestre, que parecia tenso.
- Owen?! – chamou Cassius, despertando a atenção de todos na sala.
- Sim? – Owen se levantou e caminhou até o pai.
- Cuide de todos, terei que me ausentar por algum tempo. – os olhos azuis do mago encontraram os azuis do filho – Não sei se volto hoje. Leve os garotos para casa.
- Mas... – Rony e Gina iam discutir.
- Sem mas, Weasleys. – Cassius olhou-os, sério – É para a segurança de vocês e de vossos pais que faço isso.
- Sim, senhor. – Rony e Gina se olharam, depois olharam para Hermione e para Harry.
- Não demore muito, Owen. – o mago voltou sua atenção para o filho – O perigo está mais perto do que vocês imaginam.
- Certo. – assentiu Owen.
O mago despediu-se de todos com um aceno da cabeça e saiu, mudo.
- Aonde será que ele foi? – Harry olhou Owen, curioso e preocupado – E o que ele quis dizer com “O perigo está mais perto do que vocês imaginam”?
- Não faço a mínima ideia, Harry. – Owen se sentou novamente ao lado de Sarah, pensativo – Vamos embora daqui a duas horas.
- Certo. – confirmou Hermione – Deve dar tempo de ver Tonks novamente.
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Já era noite. Todos estavam reunidos na sala da casa de madeira. Ninguém ainda havia dito uma palavra, todos estavam ansiosos e preocupados para a chegada do dono da casa.
- Não suporto esse silêncio. – exclamou Rony, alto.
- Acalme-se Rony. – pediu Owen, sereno.
- Aonde será que teu pai foi? – perguntou Sarah.
- Não sei. Mas devia ser importante. – respondeu ele – Vocês se lembram o que ele falou?
- Sim. – respondeu Hermione, apreensiva - “O perigo está mais perto do que vocês imaginam”.
- Ele ficou estranho depois que a enfermeira entrou para falar com o curandeido. – informou Gina.
- Seja lá o que for, é importante. – Owen fitou-os – Meu pai nunca deixa seus aprendizes num local público, sozinhos, durante o treinamento.
- Então, o que nos resta é esperar até que ele chegue. – falou Harry, pela primeira e última vez durante a conversa.
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O bruxo entrou no quarto com uma maleta. Ao olhar o que estava sobre a cama, paralizou. Outro bruxo o empurrou para dentro, fechando a porta logo depois. Os gritos eram insuportáveis com a porta fechada. Ele foi conduzido até o lado da cama.
- Dê espaço para ele Lestrange. – Severo Snape retirou a bruxa do lado da cama, empurrando-a contra uma poltrona confortável.
- O que ele tem, Snape? – perguntou ela desesperada, com os olhos vermelhos.
- Se eu soubesse, não teria chamado o Tompson! – vociferou ele, tentando manter a calma, o que era muito difícil naquela situação.
O curandeiro e comensal da morte olhou para seu mestre com pavor nos olhos. Abriu a maleta e pegou uma varinha especifica, isolada das outras.
“Tomara que dê certo.” – desejou ele, erguendo a varinha até a face de Voldemort.
Snape suava ao ver Tompson erguendo a varinha médica. Voldemort gritava a plenos pulmões e se contorcia descontroladamente, dificultando o trabalho do curandeiro, que tentava, inutilmente, tocar a testa de seu mestre com a varinha.
- SNAPE! – gritou Tompson – SEGURE-O!!!
Snape correu até o outro lado da cama e segurou o mestre, porém, era como se ele tentasse segurar o ar. Voldemort ergueu os braços, por reflexo, e acertou Snape no rosto. Contudo, o antigo professor continuou ali e, fazendo esforço para segurar o mestre, se debruçou sobre o corpo do homem.
- Isso. – afirmou Tompson, tocando a testa do mestre com a ponta da varinha.
Uma forte luz surgiu e os gritos cessaram. Snape olhou para Tompson, que estava de olhos fechados, ainda com a varinha tocando a testa do mestre. Bellatriz estava paralisada, os olhos arregalados e a boca semi-aberta.
Minutos se passaram em um silêncio agonizante. Tompson, por fim, se endireitou e, retirando a varinha da testa do mestre, abriu os olhos e suspirou longamente. Snape soltou o corpo do mestre, que parecia estar dormindo.
- Então? – perguntou ele.
- Não sei o que causou isso. Acho que pode acontecer novamente. – respondeu Tompson aflito – Eu apenas o fiz desmaiar, para parar de sofrer.
- Como que nosso mestre pode estar sofrendo? Ele é o bruxo mais forte de todos os tempos! – Bella pulou do sofá, indignada.
- Eu não sei Bellatriz! – ralhou Tompson – Acha que eu não me sinto mal por não poder fazer nada?
- Vocês dois! – Snape chamou a atenção dos outros – Fiquem calmos. Se Merlim consentir, nosso mestre acordará calmo e não ocorrerá mais isso.
- Certo. – Bella falou e caminhou até o lado da cama, se sentou ao lado dela, no chão.
- Tompson! – Snape olhou o curandeiro – Venha comigo. – ele caminhou até a porta do quarto e a abriu.
O curandeiro guardou sua varinha médica na maleta e saiu do quarto. Snape olhou para Bellatriz e para o corpo de seu mestre, suspirou longamente e saiu do quarto, fechando a porta.
- Você estava de plantão no Saint Mungus, certo?
- Sim, senhor. – respondeu Tompson.
- Você estava atendendo alguém que estava na batalha de York? – Snape olhou fundo nos olhos negros do outro.
- Sim. – os olhos do bruxo, pela primeira vez, brilharam maleficamente.
- Pelo brilho em seus olhos, eu notei que era alguém importante. – Snape se aproximou, falando cada vez mais baixo.
- Weasleys. – sussurrou Tompson.
- Arthur Weasley e a família? – perguntou Snape, no mesmo tom – Inclusive os pirralhos Ronald e Ginevra?
- Sim, senhor. – os olhos de Tompson brilharam ainda mais – Inclusive a sangue-ruim Granger e o patético do Potter.
- Volte para lá imediatamente. – ordenou Snape, lívido de fúria – Quero que mantenha os olhos no Potter.
- Sim, senhor. – Tompson saiu correndo.
- Agora você não nos escapa Potter. – Snape viu o bruxo sumir ao subir uma leva de escadas.
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Do lado de fora do esconderijo, que era cercado por uma densa e negra floresta, um ser de vestes negras e capuz sobre o rosto olhava, minuciosamente, o local. Parecia uma casa, caindo aos pedaços, no meio de uma pequena clareira.
“Enfeitiçada?” – estipulou ele – “É, provavelmente. No estilo do Ministério da Magia. Um prédio que, ao invés de subir aos céus, desce para o centro da terra. Muito inteligente.”
Ele se escondeu atrás de uma árvore ao ver alguém saindo pela porta da frente do local. Focalizou um bruxo e viu que era o mesmo que havia o trazido até ali. Ficou se perguntando o quão idiota um bruxo poderia ser.
O outro bruxo começou a caminhar em direção à floresta, fazendo um ângulo de noventa graus com ele. Quando o outro estava a uns cinco metros da estrada para a floresta, ele começou a contornar, em uma incrível velocidade e silêncio, a orla que a floresta fazia em torno daquela clareira, parando a uns dois ou três metros do local onde o outro bruxo passaria logo em seguida.
Ele olhou diretamente na face do outro. Ela estava ligeiramente contorcida, num sorriso forçado. Olhou, então, para os olhos do bruxo e pôde ler seus pensamentos.
“Finalmente ele me deu uma missão que preste. Maldito Severo Snape. Eu ainda serei um dos braços direitos do Mestre. Manter os olhos no Potter vai ser mole. Os patéticos Weasleys estão muito preocupados com a mulher e aquela sangue-ruim da Granger é muito fraca. Mas quem serão aqueles outros três? Os dois homens e a mulher?” - o comensal riu – “O que importa?! Eu sou um comensal, eles não são páreos para mim. Malditos sangue-ruins!”
Cassius fechou os punhos. Ele estava certo. Edward Tompson era um curandeiro e um comensal. Entretando, sua duvida persistia. Porque haviam chamado o curandeiro até o esconderijo? Será que alguém precisava dos seus conhecimentos médicos? E quem seria essa pessoa?
O mago deixou as perguntas para serem respondidas mais tarde e começou a seguir o outro bruxo. Após alguns minutos de caminhada, Edward Tompson parou ao lado de uma árvore, com um X gravado em sua madeira, e aparatou.
O mago olhou em volta, não poderia esquecer aquele lugar. Depois que seus aprendizes já estivessem numa etapa avançada, ele reuniria a Ordem da Fênix e o resto da Ordem de Merlim e atacaria Voldemort de surpresa, acabando com a guerra.
Ele sorriu mais uma vez, satisfeito com as informações que havia conseguido ao seguir aquele curandeiro. Ele andou até a árvore e aparatou para sua casa. Ele caminhou até a entrada e abriu a porta, atravessando-a rapidamente.
Avistou o hall vazio e retirou o capuz de cima da cabeça. Ele olhou pela porta que dava acesso à sala e ouviu vozes. Revirou os olhos, pensando:
“Eles já deviam estar repousando, amanhã tem treino normal.”
Ele entrou na sala e o silêncio reinou. Owen e Sarah, assim como seus aprendizes o encararam. Ele caminhou até sua poltrona e se sentou confortavelmente.
- Potter, Granger e Weasleys! – chamou ele e os quatro se levantaram - Podem se retirar. Amanhã de manhã temos treinamento como de costume.
Os quatro jovens olharam-no com certa raiva e indignação, entretanto, obedeceram, saindo da sala. Owen e Sarah ainda encaravam o bruxo.
- Eu não irei contar aonde eu fui. – Cassius retribuiu o olhar – E não adianta insistir. Irei me recolher também. – ele se levantou – Boa noite Owen, boa noite Sarah. – ele caminhou até a porta e parou por um momento – Durmam bem. – desejou meio brincalhão, sem olhá-los, e saiu.
- Vamos dormir então. – Owen sorriu, enlaçando a noiva pela cintura.
- Eu estou exausta, irei dormir mesmo. – falou ela, quase aos risos.
Os dois se levantaram e subiram as escadas, entrando no quarto do moreno.
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“MALDIÇÃO!”
Ao entrar no quarto da sua paciente, Edward Tompson notou que tanto os pirralhos Weasley quanto a sangue-ruim Granger e o Potter haviam sumido. Fora aquele casal! Aquele moreno e aquela morena, eles estavam juntos dos pirralhos e haviam levado-os! Potter escapara de suas mãos.
Ele olhou para a cama de sua paciente, que dormia tranquila com o marido sentado ao seu lado. Tompson teve vontade de matá-los, para descontar sua frustração. Porém, isso acabaria com seu disfarce e seu mestre ficaria ainda mais descontente.
Suspirou longamente e analisou o quadro da paciente. Ela já estava ótima, logo de manhã já levaria alta.
“Perfeito! Não aguentaria mais um dia na presença desses traidores-de-sangue.”
Ele saiu do quarto, fechando a porta com cuidado. O curandeiro saiu andando pelo corredor. Suas vestes brancas se misturando com as dos seus companheiros de trabalho. Ali, no meio daquele corredor cheio de vestes brancas, nunca, ninguém iria imaginar que ele possuía a marca. A marca de ser um eterno seguidor do Lord das Trevas, a Marca Negra.
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