Uma nova amizade surge
A Gina calma e pensativa que havia entrado na biblioteca se transformou em Gina atordoada quando saiu. O que deu naquele Malfoy? Ele a estava ajudando realmente, ou ela havia se confundido: não era o Malfoy? Não. Impossível. Ninguém confundiria aqueles cabelos em loiro claríssimo que ele possuía. Era realmente ele.
Ele fora muito gentil com ela e ela havia sido pouco cordial. Pensou em voltar lá e pedir desculpas àquele garoto de olhos tristes. Mas, ele poderia recebê-la com ofensas do tipo "O que quer, Weasley nojenta?" ou quem sabe "Não converso com Weasleys nojentos". Achou melhor não ir. Naquele dia ela não estava a fim de aturar desaforos de ninguém. Acabava de saber o assunto da escola: Harry havia traído Hermione com Tatyanna, a garota brasileira. Gina, que sempre amou Harry, nunca era notada; Aquela garota, surgida do nada, ganhava até beijos dele.
Gina foi para o lugar aonde sempre ia quando estava triste: o jardim da primavera, que estava com cara de jardim de outono, pois as folhas secas que caíam das árvores haviam tomado grande parte do gramado.
"Ainda bem que eu não trouxe meus livros, porque eu não tô com cabeça pra estudar".
As únicas coisas que tinha em mãos eram um pergaminho, uma pena e um tinteiro. Eles serviam como amigos para ela, já que não tinha amigos verdadeiros em Hogwarts. Vivia sozinha. Já havia acostumado-se a solidão. Começou a desabafar suas mágoas no papel, debaixo de uma árvore.
"Triste vida a minha hein? Meu sonho sempre foi estudar aqui em Hogwarts. Ser uma excelente bruxa, a melhor de todas. Dito e feito. No ano passado vim para cá. Meu irmão, Rony, já estudava aqui há um ano. Já havia feito vários amigos, dois em especial: Hermione Granger, que vive brigando com ele o tempo todo, e Harry Potter, o garoto pelo qual sempre fui apaixonada. Apesar de também ter me tornado amiga deles, eu sempre ficava de fora de suas aventuras, e não compartilhava de seus segredos. Acabei isolada e sozinha. E também nunca fui notada por Harry. Ele viu o quê na Tatyanna? Ah. Cansei de procurar explicações para tudo o que ele faz. Nunca as acho e nunca as acharei. Ele que cuide de sua vida, porque agora eu vou cuidar da minha e irei esquecê-lo! Por que eu o amo tanto? Por quê...?" Virgínia Weasley.
Quando ela parou de escrever, desatou a chorar descontroladamente. Foi quando alguém lhe estendeu um lenço para secar suas lágrimas de amor não correspondido.
- Ma-malfoy? - Ela não podia acreditar que era ele.
- Por que está a chorar? Potter outra vez?
- Como sabe? - Ela não podia compreender porque ele sabia daquilo.
- Eu percebo as coisas, Weasley. Não sou nenhum burro.
- Por que você está me tratando bem, Draco? Eu sou uma Weasley, esqueceu?
- Porque percebo que és igual a mim, solitária e triste...e sei como é não ser notado...
- Você já se decepcionou como eu? - Gina nunca havia pensado que ele poderia amar alguém.
- Estou sofrendo agora... - Draco deu uma indireta, mas percebeu que falou demais, e trocou de assunto. - Você quer se tornar minha amiga?
- Co-como é?!
- A gente podia ser amigo, e um completava o vazio do outro... - Ele mesmo se surpreendeu com sua própria pergunta. A vontade de estar perto dela já estava se revelando...
- Você sabe que essa amizade não daria certo. Eu sou Grifinória e você é soserino...Não bate, entende? A sociedade não iria entender...
- Esquece os outros...eles não tem nada a ver com a nossa vida. Se eles não entenderem, que se lixem! A gente não tem que se segurar por causa deles!
- Você está certo. Talvez não haja mal nenhum em sermos amigos... agora acho até que daria muito certo! Amigos? - Ela estendeu sua mão.
- Amigos! - Ele apertou a mão dela e pôde sentir o quanto era macia. - Você quer ir a Hogsmead nesse final de semana?
- Adoraria! Mas meu irmão não vai concordar com nada disso!
- Como é que é? Eu ouvi bem? - Rony chegava acompanhado por Harry. - Vocês são amigos?
- Sim, somos. - Disse Gina, dessa vez sem medo do irmão mais velho.
- Eu não permito! Gina vamos embora já!
- Você não sabe do que Malfoy é capaz! - E Harry dizendo isso, apontou a varinha na direção dele. - Você é muito ingênua...
- Ingênua o caramba! Abaixe já esta varinha! E eu sei muito bem do que Malfoy é capaz! Ele é capaz de ser muito mais amigo do que vocês! - Gina saiu correndo para o Lago dos Cisnes, chorando.
- Ora, seu Potter idiota! Você a fez chorar! - Ele deu um empurrão em Harry e saiu correndo atrás de Gina. - Gina, espere-me!
- Rony, nós pegamos pesado, cara! - Harry falou para o amigo. - Malfoy mudou!
- Eu não vou permitir essa amizade absurda!
- Rony, eu me enganei. Ela não é mais tão ingênua quanto pensávamos. Ela cresceu! E encontrou em Malfoy o que não tinha de nossa parte...
- Como assim?! Eu sempre...
- Ela encontrou um amigo, Rony! Deixe-a um pouco mais solta!
- Mas e se ele...
- Não, ele não fará nada a ela. Viu como se preocupa em não deixa-la triste?
- É, você está certo...mas vamos para o castelo. O tempo passou rápido e já é hora do jantar.
- É mesmo. Vamos. Peraí. Tem um pergaminho aqui no chão, e a letra é de Gina...
- Esquece, cara! Ela sempre teve essa mania de escrever!
- Tá. Então eu vou jogar ele fora, na primeira lixeira que aparecer. Vamos para o castelo?
- Vamos.
Gina estava na beira do Lago dos Cisnes, chorando, cabisbaixa, com o rosto entre as mãos. Malfoy chegou-se a ela:
- Não chora, Gina...agora você tem a mim...não está mais sozinha...
- Eu sei...mas você jura que não vai me abandonar? - Ela levantou a cabeça, esperançosa, porém, triste.
- Juro. Jamais te abandonarei... - ele passou sua mão carinhosamente no rostinho delicado de Gina, secando-lhe as lágrimas.
Não havia mais ninguém no jardim da primavera. Já era noite, e todos os outros alunos estavam a jantar para depois subirem para seus respectivos dormitórios.
Gina deu um abraço apertado em Draco e ele correspondeu. Depois ela soltou o abraço e abaixou-se para olhar a água límpida do lago. Era noite de lua cheia. Os cisnes estavam a nadar do outro lado do lago. A água, iluminada pela lua, refletia o semblante triste de Gina e o olhar apaixonado de Draco, agachado ao seu lado, para ela. Ela olhou para ele de jeito não estranho, mas diferente do que ele havia se acostumado a receber. O lindo rosto foi se aproximando mais do rosto de Draco. E como aquele rosto era lindo para ele! Com aqueles olhos azuis que o hipnotizavam, com aquela boca, que despertava desejos nele...ela passou a delicada mão que possuía pelo rosto de Malfoy, acabando por fazer um carinho nos cabelos, que por descuido dele, não estavam cheios de gel.
- Você não existe, Draco! Eu devo estar louca... - ela disse pra ele, com aquela voz meiga que Draco gostava tanto de ouvir.
- Eu estou aqui, e vou ficar com você, vou te proteger de qualquer mal que tentarem lhe fazer, vou lhe dar carinho...porque você merece tudo o que eu faço e farei por você, e... - ela o interrompeu, colocando seus dedos macios sobre a boca de Malfoy.
- Shiiit...vamos nos animar um pouco...por que a gente não aproveita nosso tempo para falar e fazer coisas mais agradáveis?
Ela, que já tinha seu rosto próximo do de Malfoy, se aproximou um pouco mais. E ia chegando cada vez mais, e Malfoy ia enlouquecendo cada vez mais à medida que ela se aproximava, sentindo cada vez mais o perfume de Gina, suave como ela. Ele não estava mais conseguindo segurar a vontade de beija-la...tentou se controlar, mas quando viu, já era tarde: foi ela quem encostou os lábios dela nos dele, produzindo um gosto de quero mais. Mas ele não podia aproveitar-se de sua fraqueza.
- Não posso, Gina... - Ele se repeliu dela e levantou.
- Você não entende...eu preciso esquece-lo, ou irei enlouquecer! - Os olhos dela pareciam confusos.
- Eu gosto muito de você...como amigo, é claro... - ele havia mentido para ela, mas não tinha outro jeito. - E como amigo, não posso aproveitar-me de sua fraqueza...você vai esquecer Potter, eu juro. Eu te ajudarei, porém não desse jeito. Se algum dia a nossa amizade se transformar em amor, aí sim, mas relacionamentos feitos para se esquecer outra pessoa não dão certo. Mas eu já vou indo.
Ele já estava saindo do jardim quando Gina gritou algo que o tocou:
- Não me deixe sozinha! Você prometeu que nunca me abandonaria! - Depois de dito isso, ela correu em sua direção e o abraçou forte.
- Eu não lhe abandonarei, pode ficar tranqüila...mas já é hora de irmos para o castelo. Vem comigo. Não vou deixar minha amiga aqui sozinha...
- Vamos, meu amigo!
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