Primeiro



When we get home, I know we wont be home at all
(Quando chegamos em casa, eu sei que não estaremos realmente lá)


James abriu a porta, trazendo para dentro as duas maiores preciosidades de sua vida: a esposa, Lily, ruiva, olhos lindamente verdes, e belo rosto de aparência angelical, e seu filho, o pequeno Harry, que naquele dia, 31 de Julho, estava completando seu primeiro ano de vida, olhos muito verdes, como os da mãe, e os pequenos cabelos pretos, como os de James. Os três estavam encharcados.

James passou os olhos pela casa. Era grande em sem duvidas, linda, mas ele sentiu uma pontada de saudades ao lembrar-se do seu antigo lar. Muito diferente. Uma bela casa em Franklin, cidadezinha da Pensilvânia.

Olhou repentinamente para Lily, fitando-a com seus belos olhos acinzentados. A ruiva sorriu para o marido e abraçou-o. Ela sentiu a respiração de James oscilar. Sabia que ele não estava satisfeito com a mudança. Tampouco ela estava. Esperava que nunca precisasse sair deixar Franklin. Crescera lá, assim como James. Quando, em Hogwarts, se conheceram melhor, apaixonaram-se perdidamente.

Após deixarem a escola, casaram-se e conseguiram comprar esta casa, a qual pretendiam ficar sempre. Seria ótimo criar Harry lá! Com todo aquele espaço, ele iria ser o garoto mais feliz do mundo!

Mas Voldemort apareceu. Lily e James, aurores no Ministério, tiveram inúmeras oportunidades de confrontar o Lord. Em três delas, especialmente, o bruxo fora desafiado apenas por eles, o que provavelmente serviu apenas para aumentar a ira dele contra os Potter.

Pouco tempo depois disso surgiu a tal “Profecia”. O sangue de Lily fervia ao lembrar-se disso. “Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês...”. Isso destruiu a vida deles. Depois disso começou as preocupações. Mas nenhuma atitude poderia ser tomada ainda, pois Voldemort ainda não tivera o conhecimento da profecia. Porém, isso durou pouco tempo.

Havia outra criança, Neville Longbotton, que, assim como Harry, nascera ao final de Julho. Seus pais, Alice e Frank Longbotton, também o desafiaram três vezes...

Mas Voldemort escolheu os Potter. “Escolheu”. Ham... Lord Voldemort torturou os Longbotton de uma maneira tão cruel, tão vil... Que os pobres continuam no St. Mungus, depois de tanto tempo. Os danos são irreversíveis. Neville tem sido criado por sua avó, que teve a compaixão de pegar o menino antes que o louco voltasse a fazer-lhe algum mal.

Voldemort não tinha coração. Não era humano. Sua vida se resumia em uma sede doentia e desesperada por poder, e isso lhe destruiu a vida. Poderia ter tido um futuro brilhante, uma vida digna. Tinha condições.

Mas não... Ainda adolescente, matou os pais e forjou a própria morte. E por que ele não escolheu Neville? Destruiu a vida de ambos, apenas para garantir a continuidade de sua vida cruel e maligna.

Uma vez que ele escolheu Harry como alvo, que assim seja. Se Harry for aquele que realmente irá destruir Voldemort, Lily e James estavam dispostos a pagar o preço que fosse necessário para ver Voldemort, por fim, derrotado.

- Lily? – James perguntou, nervoso, ao ver que a esposa tinha um ar choroso.

- Diga... – Ela respondeu, sem olhá-lo nos olhos. Sentia uma dor terrível, mas não queria parecer fraca.

- Amor... Calma – Ele disse virando-a e tomando-a em seus braços.

Lily abraçou-o com todas as forças que conseguiu reunir. Harry, que estava em cima do sofá, apenas observava, com um ar sonolento.

Lily chorava. De tristeza, uma tristeza profunda que a corrompia por dentro. Por que as coisas ainda estavam assim? Por que tudo não poderia voltar a ser o que era?

Nos braços de James ela se sentia protegida, inabalável, mas isso também a preocupava. A última coisa que pensaria era perder James. Sem ele, a vida não era a mesma. Sem ele, Lily não era nada.

- Eu não sei mais o que fazer James... – Ela falou, por fim, sentando-se no sofá e colocando as mãos no rosto. – Não agüento mais isso...

- Lily... – Tiago começou. Mas parou. Sentia-se como ela. Tentava passar a imagem de homem da família, de forte, mas aquilo também o estava destruindo. Mudar de vida completamente daquela maneira por causa daquele inútil? Era um insulto. – Olha... – Disse por fim. – Eu te prometo, prometo que vou fazer de tudo para que sejamos felizes nesse lugar... Prometo...

- Eu sei amor... – Ela disse acariciando o rosto de James. – Sei que você está fazendo de tudo para melhorar tudo isso. Não te culpo de nada, Jim... Você está aqui comigo, isso que importa.

- E sempre estarei.

Dizendo isso, abraçaram-se. Ambos tinham seus melhores momentos ao lado do outro, um não sabia o que era a vida sem o outro.

Tudo poderia ser perfeito.

[...]

"- Lily?

- Hum. – Ela respondeu, ainda de olhos fechados.

- Eu te amo... – James falou, acariciando seus cabelos e beijando seu rosto levemente.

- Você é tão perfeito James... – Lily disse, sorrindo ao lembrar-se do começo de ambos na escola. – Eu ainda não acredito como não percebi isso antes...

- Isso não importa agora – Ele falou, levantando-a do seu colo e fitando-a. Era tão linda. Ele amava-a tanto. – O que importa é que eu te amo! – Ele falou, pegando seu rosto com as duas mãos e beijando-a de leve. – Muito... – Outro beijo. – mais do que... – Ele a beijou mais profundamente dessa vez. – tudo.

- Ai James... – Ela sorria a cada beijo. – Eu te amo! – Lily abraçou-o forte, quase caindo para trás. James, exagerando, jogou o corpo para trás, fazendo Lily cair em cima de si.

- Lils... – Ele começou, aproximando a boca do ouvido dela. – Casa comigo.

- C-como? – Lily gaguejou de leve.

- Ah Lily... – James comentou, olhando para o nada, um tanto envergonhado e até mesmo surpreso pelo que acabara de dizer. Pensava em pedi-la em casamento, mas de alguma maneira mais poética. – Na verdade não era assim que eu pensava...

- Não entendi... – Lily agora estava confusa. James parecia perdido. Ele coçou a parte de trás da cabeça e olhou para ela depois, com seu mágico sorriso, que foi uma das razões pela qual Lily se apaixonou por James.

- É que eu pensava em te pedir em casamento de uma maneira mais... Formal, sei lá... – James parecia desapontado consigo mesmo. Lily ergueu a cabeça de James com as duas mãos, fitando-o. Então lhe deu um longo beijo.

- James... – Sua voz estava uma tanto falha. – Nada me faz mais feliz do que estar ao seu lado... Quando te conheci, minha vida ganhou um novo sentido. E isso vale mais do qualquer coisa que você possa querer fazer para mim. – Uma lagrima suave descia sobre seu rosto. Ela deu outro beijo rápido em James. – E eu nunca tive um momento tão feliz como esse! – Lily abraçou-o, ainda chorando levemente, mas com um enorme sorriso no rosto.

- Eu amo você. Quero ficar ao seu lado para sempre... – James falou, abraçando-a novamente.

- Ficaremos, meu amor. Você é tudo para mim... – Ela disse, ainda abraçada, sorrindo para o nada. Nunca se sentira tão feliz em toda sua vida. Parecia que cada pedaço do seu corpo tremia, seu coração estava á mil. Ela pegou o rosto dele novamente, sorrindo abertamente. Ele fez o mesmo. – Você me faz feliz James..."



A noite estava fria, e James, parado na sacada, sentia seu corpo tremer ao frio vento que batia. Ele estava parado à porta da sacada, com os pensamentos a mil. Não conseguia dormir. Estava tendo uma noite agitada, sua mente estava perturbada.

Sempre fora tão feliz com Lily. E agora essa felicidade estava em jogo e ele, James, não podia fazer nada contra porque Dumbledore não deixava. Não que o diretor estivesse errado, pelo contrário. James era grato todos os dias por todas as gentilezas que Dumbledore estava fazendo por eles.

Mas James sentia-se inútil de não poder fazer nada por isso. Ao invés de tomas alguma atitude, ele era obrigado a se submeter às conseqüências que Voldemort refletia em suas vidas.

Fora obrigado a sair de sua casa... Do lugar que ele e Lily lutaram para conseguir, do lar que eles, juntos, construíram.

O que mais iria ter que acontecer?

Uma lágrima queimou os olhos de James. Ele, rapidamente, limpo-a. Odiava chorar. Sentia-se fraco por isso.

Então sentiu duas mãos suaves abraçarem-lhe o corpo, por trás. Logo as reconheceu como as de Lily. Apenas pelo seu cheiro. Não havia outro tão bom e confortante como o dela. James sentia-se nas nuvens.

Ele virou-se, encarando-a. Ela vestia apenas uma fina camisola, que a pouco acima dos joelhos, e ele pôde perceber que seu corpo tremia de frio. Seus olhos brilhavam mais com a luz da lua, e sua expressão mostrava consolo.

- Não consegue dormir? – Ela perguntou, como se adivinhasse o que se passava na cabeça do marido.

- Estou sem sono... Não é nada de mais. – Ele respondeu, tirando o robe que vestia e colocando por cima dela. Lily sorriu levemente, apertando a roupa contra seu corpo. Amava as roupas de James. Cheiravam tão bem!

- Amor... – Ela disse pegando a mão dele. Suave, doce... – Eu te conheço... Conte-me o que está acontecendo?

- Não precisa querida... – James retrucou, tentando parecer normal. – E você, por que está fora da cama?

- Acordei e você não estava na cama. – Ela disse sorrindo de leve. – Sabe que não gosto de dormir sem você...

- Perdoe-me por não estar ao seu lado, madame – Ele disse sorrindo e abraçando a esposa pela cintura. Ela segurou nos braços dele e foi para frente de James. Ficaram ali, olhando para as estrelas.

- James. – Lily disse, depois de um tempo.

- Que foi?

- Como você acha que está nossa casa? – Ela perguntou, acariciando as mãos de James que a envolviam.

- Não sei amor... – Ele falou. Houve um tempo de silencio em que ambos, perdidos em próprios pensamentos, não sabiam o que falar um ao outro.

- Jim... – Lily começou, com um tom oscilante. James hesitou. – Você acha que... Acha que vamos conseguir criar o Harry aqui? No meio de todos esses trouxas... Sem ele poder se relacionar com muitas pessoas... Sem poder ter uma liberdade.

- Amor, – James disse, virando-a levemente. – nós vamos criar o Harry da melhor maneira possível, ok? Pode ter certeza... – Dizendo isso, deu um leve beijo na testa de Lily.

- Eu te amo. – Lily falou, sorrindo e passando a mão pelos cabelos de James.

James sempre tivera os cabelos extremamente despenteados. Era uma das marcas registradas dele. Uma das coisas que fazia as garotas babarem por ele!

Lily o amava tanto. Às vezes parava e pensava o que deu na cabeça de James para escolhe-la, no meio de tantas garotas que eram doidas por ele, mas seria eternamente grata pela oportunidade que lhe fora dada.

- Vamos dormir? – Ela sugeriu, abraçando-o novamente.

- Vamos. – Ele disse, sorrindo e abraçando-a de lado.

Então, do nada, ele pegou-a no colo. Lily agarrou-se ao pescoço de James e quase gritou. Depois sorriu. Ele jogou-a na cama pulando logo depois. Lily ria com gosto.

James fitou-a. Era tão perfeita.

- Você é perfeita, sabia? – Ele disse sorrindo feito um bobo.

- São seus belos olhos... – Ela disse, dando vários beijos em James, que começou a morde-la de brincadeira, fazendo Lily quase chorar de tanto rir. Depois que ela estava vermelha, ele parou, rindo.

- Seu mal! – Ela falou, ainda rindo e ofegando.

- Vamos dormir então donzela? – Ele disse, oferecendo-a a mão. Lily pegou, sorrindo.

- Eu te amo! – Disse beijando-o com paixão. James deitou-a ao seu lado, olhando cada pedaço da esposa. Ela era perfeita. – O que está olhando?

- Apenas olhando o quanto você é linda...

- Você diz isso! Eu tenho o marido mais maravilhoso de todo o mundo... Moreno... Com os cabelos despenteados... Os olhos acinzentados... Um sorriso... Avassalador, uma pele doce e macia... Um perfume natural que acaba comigo... – Lily disse beijando-o em intervalos de palavras.

- Linda...

Era ótimo estar com ele. Lily sentia-se uma nova pessoa a cada vez que James falava com ela, a elogiava, a beijava. Era como se não existisse alguém tão feliz como eles. Um casal mais apaixonado do que os dois.

Era como se o mundo fosse outro...

[...]

O mês de Agosto estava passando rápido. Eles não tinham mais muitas coisas o que fazer, pois Dumbledore não permitia que eles saíssem muito. James ia ao Ministério algumas vezes, ocasiões em que sua presença era de toda precisa.

Certo dia, Lily estava preparando almoço, James havia sido chamado ao Ministério e ela não o esperava cedo, pois geralmente eram assuntos pendentes, os quais o marido tinha que tratar tanto de si, como o da esposa, que também ficava em casa para cuidar de Harry, quando a campainha tocou.

Ela correu até a porta, abrindo-a rapidamente.

- Sirius! – Ela gritou abraçando o amigo.

- Lily! Que saudades... – Sirius, melhor amigo de James, estava com uma ótima aparência. Sempre tivera. Ele, como James, fora o mais amado de toda Hogwarts. Moreno, com os cabelos morenos, não tão rebeldes quanto os de James, e olhos extremamente azuis, que faziam todas delirarem.

- Quanto tempo que não aparece por aqui... – Lily falou, fechando a porta e voltando até a cozinha, com Sirius.

- Vocês que desapareceram... – Ele disse, sentido. – Vocês fazem muita falta lá em casa.

- Ah Sirius... – Lily disse, com o coração apertado.

- Eu sei Lily... – Sirius disse, triste. Ele odiava ver os amigos naquela situação. Temia por eles. Muito. – Mas Franklin não é a mesma coisa sem vocês... Elizabeth também está morrendo de saudades de vocês.

- Lizzy! – Lily sentiu outra pontada de remorso. Elizabeth, amiga antiga de Hogwarts, havia casado com Sirius há pouco tempo. – Como ela está?

- Linda! – Ele sorriu, bobo. – Está muito linda. Sabe da novidade?

- Não...

- Claro que não. – Ele riu. – Lizzy está grávida!

- Merlin! – Lily disse, sentindo piores sentimentos de culpa por não estar ao lado da amiga. – Não creio... Isso é maravilhoso Sirius!

- É perfeito. – Ele disse. Sirius estava radiante. Nunca estivera tão feliz como agora. – Eu estou tão animado com a idéia...

- Você será um pai maravilhoso Sirius, parabéns! – Ela disse abraçando-o. – O que veio fazer aqui, afinal?

- Estava a caminho do Ministério, resolvi passar para ver vocês e marcar alguma coisa... – Ele disse sorrindo.

- Ótimo! Quem bom... – Lily falou. A idéia de voltar á Franklin fez seu coração pular de alegria.

- Mas Dumbledore não os quer fora não é? – Ele disse, com uma expressão triste.

- Não! – Lily falou sentando-se. – Isso, não... Isso não é justo!

- Calma Lils... – Sirius disse, consolando-a.

- Não é justo Sirius... – Ela falou, abraçando o amigo. – Voldemort está destruindo nossas vidas... Não podemos mal sair de casa! Que tipo de vida é essa?

- Vai dar tudo certo Lily. – Sirius disse. Gostaria de ficar mais, para fazer companhia a Lily, mas seu horário era contado. Por outro lado, preocupava-o deixa-la ali, sozinha com Harry.

- Sirius – Lily começou – Se você tem horários não se preocupe comigo. Pode ir...

- Você sempre sabe de tudo não? – Ele disse sorrindo.

Minutos depois, Sirius foi embora.

Lily, voltando para a cozinha, sentou-se no chão. Não tinha ânimo de fazer quase nada naquela casa. Não era seu lugar... Não era ali que ela pertencia...

Lily encostou a cabeça na parede gelada, as lágrimas molhando seu rosto triste.

- Merlin faça esse pesadelo acabar...

This place we live, it is not where we belong...
(Esse lugar em que vivemos, não é onde pertencemos...)

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