MUDANDO DE CASA



— O que você quis dizer com isso? — Perguntou o Sr. Weasley.
— Pensem no que eu disse.
Harry pensou, assim como há um ano quando o número doze do Largo Grimmauld se materializou entre os números onze e treze, agora, ao pensar no que Dumbledore dissera, o Salgueiro Lutador apareceu no meio do nada.
— Alvo, é impossível. — Recomeçara Lupin — Não dá, simplesmente não há condição de morar na Casa dos Gritos.
— Não Lupin, não será impossível. — Respondeu Dumbledore com a mesma calma de sempre. Harry não achava aquela uma boa hora para se ter tanta calma. — Todos em Hogsmeade vão pensar que eu dei um fim na casa, já estou até preparando uma maneira de selecionar meu coreio-coruja, quem sabe quantas bombas de bosta eu vou receber por dar fim a um lugar histórico do vilarejo… Agora — Dumbledore deu um aceno com a varinha e dela saiu um grande pedaço de pau. A madeira foi andando em direção ao nó que havia na árvore que a imobilizava e o apertou.
O Salgueiro Lutador ficou imóvel e um buraco que dava em um túnel, pelo qual todos passaram (Lupin, Moody e Tonks um pouco enrolados com as bagagens), apareceu. A Casa dos Gritos não mais merecia este nome. Harry se surpreendeu por não ver mais nenhuma madeira quebrada ou roída pela casa.
Quando ele se perguntou qual milagre havia deixado a casa tão arrumada, ele viu dois elfos domésticos andando com o dedo indicador para o alto, Harry olhou para o que eles estavam magicamente carregando e viu uma grande quantidade das madeiras quebradas que geralmente enchiam a casa.
— Alvo, onde é que eu…?
— Isso eu ainda não encontrei, Lupin. Mas assim que eu tiver um lugar seguro para você se transformar, eu lhe avisarei. Pois bem, a casa não é tão grande quanto o Largo Grimmauld, número doze, mas vai servir bem para a Ordem. Quanto a todos esses elfos, Toller e Klaus ficam, os outros voltam para Hogwarts amanhã pela manhã. Eles só farão uma limpeza superficial, há muito no que trabalhar nesta casa. Boa noite e boa sorte. — Dumbledore sorriu e voltou pela passagem. A Sra. Weasley, que havia voltado após dar uma volta pela casa, murmurou qualquer coisa sobre a necessidade de falar com Dumbledore e também saiu pela passagem.
— É — começou o Sr. Weasley —, temos de ver um lugar para vocês dormirem. — Ele se dirigiu à escada e Harry estava começando a segui-lo quando a Sra. Weasley voltou pela passagem.
— Espere, Arthur, querido. Eu falei com Alvo. Nós dormiremos no castelo.
Harry ouviu Rony suspirar “Ufa!” atrás dele. Na verdade, houveram murmúrios de excitação vindo de todos.
— Ah, Lupin — recomeçou a Sra. Weasley. — Dumbledore disse que já tem um lugar para você se transformar. Só não me disse qual. Quanto a este lugar, eu consegui convencer Dumbledore de que é impossível fazermos as reuniões aqui, e o fato de corrermos risco de vida todas as vezes que tentarmos entrar nesta “casa” ajudou bastante.
O Sr. Weasley, que já estava ao pé da escada quando Molly chegou, dera meia volta, e, juntamente com Moody, Lupin e Tonks, ergueu a varinha e dissera novamente Locomotor malão! e toda a bagagem começou a levitar de novo.
Os garotos saíram pela passagem do Salgueiro Lutador e Harry se sentiu aliviado de respirar mais uma vez o ar sem a poeira da Casa dos Gritos. Eles se dirigiram às grandes portas de carvalho da entrada do castelo. Quando eles entraram, uma incrível felicidade invadiu Harry, era a mesma felicidade que ele sentia todas as vezes que ele entrava na escola. Era o sentimento de que ele finalmente estava em casa.
— Dá pra acreditar que depois de termos o maior trabalho para sairmos daqui, nós estamos de volta? — Perguntou Fred, avançando pelo Saguão de Entrada e olhando a volta.
— Não dá mesmo. — Respondeu Jorge, indo atrás do irmão.
— Eu já falei com Alvo — disse a Sra. Weasley ainda parada à porta. — Rony, Hermione, Harry e Gina já ficam na torre da Grifinória, mas vão para estação de King’s Cross no dia primeiro de Setembro. Alvo não quer que ninguém saiba que houve alunos aqui durante as férias de verão. A nova senha do retrato da Mulher Gorda esse ano é “frescor natural”. Para nós, — disse a Sra. Weasley se voltando para os outros — Dumbledore está encontrando um local.
Harry, Hermione, Rony e Gina começaram a subir as escadas que iriam dar no retrato da Mulher Gorda à porta da Torre da Grifinória.
A última vez que Harry vira Hogwarts com quase nenhum aluno, fora no natal da terceira série, onde só haviam ficado ele, Rony, Hermione, dois alunos da Sonserina, e, na época, um primeiranista que Harry não se lembrava de qual casa era. Harry havia gostado bastante daquele natal, mas nem terminou de pensar nele quando todo o ar que havia dentro do garoto havia sido expelido de seu corpo. Harry reconheceu o que fizera aquilo só pelo típico jeito de abraçar. Dobby, o elfo doméstico havia encontrado o garoto um andar abaixo do corredor da Mulher Gorda. O elfo não mais usava todas as meias e chapéus que Hermione fizera para o F.A.L.E. no ano anterior.
— Dobby se perguntava quando veria novamente meu senhor, Harry Potter. E Harry Potter veio para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts antes do que deveria, meu senhor. Dobby está tão feliz de ver Harry Potter.
— Eu também estou muito feliz de te ver, Dobby — Harry estava fazendo um grande esforço para respirar. — Ah, Dobby. Obrigado mesmo por nos ter conseguido os ingredientes para as poções. Lupin dera um jeito de trazê-las a salvo dentro dos nossos malões.
— De nada, Harry Potter meu senhor. Sempre que o senhor quiser agora, pode ir procurar o velho Dobby na cozinha, meu senhor. O senhor e as senhoritas também podem procurar Dobby sempre que quiserem. — disse o elfo se virando para Rony, Hermione e Gina.
— Obrigado — disseram os três juntos.
O elfo desceu as escadas e os garotos continuaram a subir. Harry sentiu o conforto que sempre sentia ao entrar na Torre da Grifinória. Moody, Lupin, Tonks e a Sra. Weasley entraram na sala comunal atrás dos garotos carregando os malões com as varinhas.
— Pois bem — disse Lupin. — Eu vou com Moody, Harry e Rony guardar os malões, Molly pode ir com a Gina e Tonks com Hermione.
Moody, Tonks e a Sra. Weasley concordaram, colocaram os malões no chão e cada um apontou para um malão diferente. Os garotos se dirigiram para os seus dormitórios. Harry não via a hora de entrar no seu dormitório circular e se deitar na sua cama de colunas mais uma vez. Na porta do dormitório, havia uma placa escrita “ALUNOS DA SEXTA SÉRIE”.
Harry dormiu como há muito não o fazia, ele realmente sentia falta daquela cama. O garoto acordou tarde na manhã seguinte e não encontrou Rony no dormitório, ao descer para a sala comunal, esta também estava vazia.
No Salão Principal, quase todos os professores estavam sentados à mesa. Hagrid, McGonagall, Vector, a professora de Aritimancia, Sinistra da Astronomia, Dumbledore ao centro, Snape (que estava com cara de criança que fica de castigo sem ver televisão, tendo de aturar Harry e Lupin na companhia dele bem antes do que esperava), Flitwick e um bruxo que Harry reconheceu como Davi. Harry agora se lembrava, ele deveria ser Davi Donlon, o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, prestando mais atenção nele, reconheceu vagamente aquele rosto realmente numa partida de Quadribol. Ele estava no aniversário de Harry que nem parecia que havia sido no dia anterior.
Rony, Hermione, Gina, Fred, Jorge, Lupin, os Sr. e Sra. Weasley, Moody, Tonks e outros membros da Ordem da Fênix estavam todos sentados à mesa da Grifinória. Harry se sentou entre Rony e Hermione.
— Chegou enquanto você estava lá em cima — Rony disse entregando o Profeta Diário daquela manhã a Harry. Não havia nada de interessante no jornal à vista do garoto.
Quando Harry estava na altura da quarta torrada com bacon, Gilderoy Lockhart entrou no Salão Principal com a manga esquerda de suas vestes faltando e com um grande rasgo na altura do peito, e por baixo do pedaço que faltava, era visível um corte profundo na pele de Gilderoy. Dumbledore imediatamente se levantou e avançou para Lockhart. Ele estava bastante nervoso e gaguejava sem parar.
— Eu… eu fui à… à Sede… e… e encontrei Aquele… Aquele Que Não Deve…
— Tom? Tom estava no Largo Grimmauld? — Harry ouviu Dumbledore perguntando a Gilderoy.
— No largo não. Dentro da casa, eu fui à cozinha procurar Molly para avisar que meu horário já havia terminado e… e ele estava lá dentro junto com uns seis ou sete Comensais da Morte sentados à mesa, como se estivessem tendo uma reunião. Aí… eu… eu cheguei…e… ele me viu… foi horrível. Um dos Comensais fez isso em mim — Gilderoy apontou para o corte no peito que não parava de sangrar — e eu vim te procurar aqui — e desmaiou. Pelo que parecia, não era pela primeira vez.
— A maldição do desacordado. Foi inventada por Voldemort, uma das últimas que ele inventou quando ainda estava no poder — disse Davi se aproximando deles. — É bem perigosa, consiste em fazer um corte no peito de alguém e consequentemente, desmaia-la.
— É, você precisa ir ver a Papoula, Gilderoy. Ela já deve ter voltado para a enfermaria — disse Dumbledore —, Davi, por favor, leve-o até a Ala Hospitalar. — Dumbledore, que estava segurando Lockhart no ombro, o passou a Davi e este saiu carregando Gilderoy para fora do Salão Principal.
Passaram-se cinco minutos e Davi voltou ao Salão e cochichou alguma coisa no ouvido de Dumbledore, mais ninguém conseguiu ouvir o que era. Dumbledore se virou para a mesa da Grifinória e para a mesa dos professores e disse:
— Reunião extraordinária. Na minha sala. Agora.
Não foi necessário outro aviso. Todos se levantaram, até Fred e Jorge. Harry, Rony, Hermione e Gina foram os únicos que ficaram em todo o Salão. Sem mais nada a fazer, os garotos se levantaram e se dirigiram novamente para a Torre da Grifinória.
— Ei, nós poderíamos jogar Quadribol! O quê acham? — Perguntou Rony — Eu jogo com o Harry contra vocês duas.
— É, é uma ótima idéia. E uma ótima oportunidade de estrearmos as bolas que a Hermione me deu — disse Harry
Harry e Rony foram para os seus dormitórios. Rony apanhou sua Cleansweep Onze e Harry apanhou sua velha Firebolt e sua nova em folha, a Firebolt Segunda Geração.
— Uma delas pode ficar com a Firebolt — disse Harry para Rony se referindo a Gina e Hermione.
— É, pode ser — disse Rony ficando vermelho.
— Ou você prefere — disse Harry sorrindo —, ficar com a Firebolt e dar a sua Cleansweep para uma das duas?
— Mas — Rony ficava cada vez mais vermelho e parecia estar havendo uma guerra dentro da cabeça dele, Harry podia ver isso pela expressão facial do amigo —, a minha mãe. Foi o maior esforço para ela me dar a Cleansweep. Obrigado, Harry. Eu fico com a Cleansweep. Valeu mesmo.
— Sem problemas. Pode deixar. Vamos?
Harry pegou uma alça do baú de madeira com as bolas de Quadribol que Hermione dera a ele e Rony pegou outra, no outro ombro de Harry, ele carregava as duas vassouras.
Gina e Hermione esperavam sentadas em poltronas na Sala Comunal. Gina segurava uma Cleansweep Sevens e Hermione não carregava nada, afinal ela não fazia parte do time.
— Tome. Usa — Harry havia entregado sua Firebolt a Hermione. — Vamos?
Eles chegaram ao campo de Quadribol e Harry liberou somente a Goles e o pomo de ouro. Nenhum deles estava a fim de jogar como batedor.
— Qualquer um pode pegar o pomo e qualquer um pode fazer ou defender gols — disse Harry antes deles levantarem vôo. — Três, dois, um. Vamos!
Harry se sentia finalmente livre. Estava fazendo o que mais gostava, e há muito não voava naquele campo. Ele havia subido quase cento e cinqüenta metros quando viu o pomo quase raspando no gramado. Ele desceu num mergulho quase vertical e, em menos de dez segundos, já estava com o pomo na mão. Ninguém ainda havia feito um gol.
— Se for assim, a Taça de Quadribol vai ser mais uma vez da Grifinória — disse Rony. — Vamos novamente.
Harry pegou o pomo mais três vezes antes que qualquer um pudesse pensar em fazer um gol. Ele vira o quanto Hermione sabia voar. Quando eles estavam pela quarta vez no ar, Harry quase caiu de uma altura de sessenta metros ao ver quatro pessoas uniformizadas carregando uma quinta. Harry apontou-os para os amigos, e os quatro voaram até lá.
— Aonde estão levando ele? — Perguntou Harry ao pousar ao lado de quatro curandeiros do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos e ver Gilderoy Lockhart deitado numa maca.
— Para onde mais? — Um dos curandeiros respondeu. — Para o hospital. Isso aí foi coisa muito feia — o curandeiro apontou para o corte no peito de Lockhart.
E os quatro curandeiros levaram Gilderoy embora.
— Coitado. Saiu do hospital não faz nem uma semana e já está voltando. — disse Gina.
— É. — disse Rony — Vamos continuar jogando?
— Vejo que você continua tão insensível como sempre foi.
— Ah, qual é, Hermione? O cara sabia quando entrou para a Ordem de que corria risco de morrer ao lutar contra Você Sabe Quem.
— Eu achava que você já sabia falar Voldemort, Rony — disse Harry. — Mas, vamos jogar. O pomo de ouro deve estar perdido em algum lugar.
E os quatro voltaram voando para o campo de Quadribol.
*
— Passa as salsichas? — Pediu Harry.
Os garotos estavam jantando sozinhos no Salão Principal, ainda com o uniforme de Quadribol e com as vassouras ao lado deles. O baú com as bolas em cima da mesa, um pouco afastado. Eles haviam saído do campo e foram direto jantar. Nenhum professor, ninguém da Ordem da Fênix, nem mesmo Argo Filch, o zelador que não fazia magia, estava no Salão.
— Hermione — Harry se virou para a amiga —, o que você acha de jogar Quadribol pela Grifinória como artilheira?
— O quê? — Hermione ser engasgou.
— É, jogar no time. Artilheira. Quer?
— Mas como você pode me colocar no time?
— Eu não contei? O Rony sabe. Eu sou o novo Capitão do time. Então, quer ou não?
— Ah, eu não sei, Harry. Nós estamos no primeiro ano dos N.I.E.M.s. E os meus estudos?
— Quantos alunos jogaram Quadribol às vésperas dos N.I.E.M.s e passaram. Vamos lá!
— Mas eu nem tenho uma vassoura, Harry.
— Fica com a minha Firebolt, então.
— Ah, Harry. Ah. Eu não sei. Tudo bem. Eu jogo, então.
— Só vamos fazer uma coisa formal, você vai aos treinos de seleção. E ainda sobram duas vagas para artilheiros e duas para batedores.
Neste momento Dumbledore entrou no Salão Principal e Harry não viu que o diretor se dirigia a eles.
— No dia Primeiro de Setembro, vocês vão ficar aqui. Não mais precisam ir para King’s Cross. É muito arriscado. Vocês vão ficar aqui. E também o farão nas férias de natal e de páscoa. E eu não quero que nenhum de vocês vá a Hogsmeade. Por precaução eu já fechei a passagem da bruxa caolha do terceiro andar e coloquei mais um empecilho na passagem do Salgueiro Lutador. Em todos os treinos de Quadribol da Grifinória, eu estarei com vocês, nem que sejam todos os dias, eu estarei com vocês. Entenderam? É muito arriscado vocês saírem. Infelizmente, é necessário. E você vai recomeçar as suas aulas de Oclumência hoje, Harry. E as fará todos os dias. Você pode fazer magia aqui dentro, então vai começar hoje. Sr. Weasley, você também fará aulas de Oclumência, as suas aulas serão com o Professor Flitwick, também todos os dias, Srta. Granger, você também. As suas aulas serão com o Professor Davi Donlon, no mesmo horário que os outros dois. As aulas serão às cinco e meia. A de hoje é daqui a meia hora.
Harry, Rony e Hermione se entreolharam aturdidos.
— Tudo bem que o Dumbledore queira me proteger — Harry estava conversando com Rony e Hermione a caminho da Torre da Grifinória para trocar de roupa —, mas banir vocês de irem a Hogsmeade e querer que vocês também façam Oclumência já é demais.
— Será que você ainda não entendeu? — Perguntou Hermione com o mesmo tom de superioridade que tinha sempre que descobria alguma coisa que ninguém mais sabia — Voldemort pode querer nos usar para levá-lo até ele, Harry. Ele sabe que você ia dar uma de herói de novo. Foi assim que ele te arrastou para o Departamento de Mistérios em junho, foi por isso que…
— Não precisa falar que foi por isso que Sirius morreu, eu já sei — cortou Harry.
— Eu sei que não precisa, Harry — continuou Hermione. — Mas creio que Voldemort também deve saber que nós bancaríamos os heróis se alguma coisa acontecesse a você. Eu não sei se você entende, mas ele pode nos fazer pensar que está contigo para nos levar a algum lugar, então, ele te mostra que está conosco para fazer você ir a este lugar que ele quiser, seja qual for este lugar. Entendeu?
— Entendi — respondeu Harry.
— Entendeu então por que nós temos de fazer Oclumência?
— Tá bom. Entendi.
Harry se achava, cinco minutos depois, parado em frente à estátua que guardava a entrada para a sala de Dumbledore, tentando se lembrar da senha que o diretor havia dito.
— Vamos com calma. A senha sempre foi o nome de um doce. Qual doce que ele gosta? Ah, Feijõezinhos de Todos os Sabores! — a estátua permaneceu imóvel — Ah, não é. Ele não gosta mais. O quê mais? Pena Açucarada! Bala de Sangue! Caramelos de Pimenta! — a estátua continuava sem se mexer — Ah, o Gui falou uma vez que Dumbledore não se importava de ter perdido as colocações no Ministério, mas ficaria realmente chateado se sua figurinha fosse retirada dos Sapos de Chocolate! — a estátua começou a girar e Harry subiu a escada que saía dela até chegar à porta da sala de Dumbledore. Harry bateu à porta duas vezes e entrou.
— Boa noite, Harry. — disse Dumbledore. A última vez que Harry estivera ali fora no dia em que Sirius morrera. O que Harry havia quebrado já estava mais uma vez no lugar e inteiro.
— Senhor, desculpe o atraso — Harry ia se aproximando da mesa de Dumbledore —, mas eu não conseguia lembrar da senha.
— Vejo que finalmente se lembrou — disse Dumbledore sorrindo. Harry sorriu também. — Bem, Harry, creio que o Professor Snape já lhe explicou o que é, para que serve e para que você está aprendendo Oclumência — Harry concordou com a cabeça —, então vamos começar logo. Preparado? — Dumbledore se levantou, Harry também. — Você só tem que parar de pensar no que estiver pensando que dará tudo certo. Posso então? — Harry concordou mais uma vez com a cabeça, Dumbledore brandiu a varinha e disse:
—Legilimens!
Harry se sentiu fraco e se viu junto a Rony e Canino, com doze anos, dentro da Floresta Negra, numa clareira cheia de aranhas, e uma acromântula, chamada Aragogue, no centro. Isso com toda a certeza, Harry nunca planejaria contar a Dumbledore.
— Eu não quero que você saiba disso. Não. Você não vai ver isso! — Pensou Harry.
Harry agora via um garoto alto de longos cabelos castanhos e olhos muito azuis fazendo um exame, que ele veio a descobrir ser o exame de N.I.E.M.s, este garoto berrou Expecto Patronum! e uma fênix, igual a Fawkes, de fumaça prateada saíra da ponta da varinha do garoto. Uma bruxa que estava fazendo anotações num rolo de pergaminho disse:
— Parabéns, Alvo. Pode ir.
Na quinta série, Harry conseguiu ler a mente do professor Snape, desta vez, ele estava lendo a mente do professor Dumbledore. Então a imagem se distorceu e Harry voltou a ver a sala do diretor. O garoto ainda estava de pé, mas Dumbledore estava sentado em sua cadeira.
— Muito bem, Harry, parabéns. Conseguiu de primeira me bloquear.
— Obrigado.
— Vamos continuar então? — Perguntou Dumbledore — Você ainda não pode ir embora. Mais uma vez, então. Legilimens!
Harry se viu no meio do Salão Principal, com onze anos. Dumbledore, que estava de pé ao centro da mesa dos professores, em frente à sua cadeira. Disse:
— Eu concedo sessenta pontos, ao senhor Harry Potter.
As mesas da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal faziam um verdadeiro alvoroço, quando Harry, por fora daquela imagem, pensou:
— Pra que pensar nisso? Já passou. Chega.
E mais uma vez ele viu o garoto alto de olhos azuis, agora, também sentado no Salão Principal, usando o uniforme antigo de Hogwarts, com o emblema da escola no peito, ao invés do emblema de sua casa. Mais para cima, um distintivo de Monitor Chefe bem colocado. Uma mulher, com certeza a diretora, estava em pé ao centro da mesma mesa dos professores e dizia ferozmente:
— Monitores. Agora! Alunos em seus dormitórios! Monitor e Monitora Chefes, coloquem todos os fantasmas em ronda! Agora!
Mais uma vez, a imagem se distorceu e Harry voltou a ver a sala de Dumbledore.
— Realmente, Harry. Você está de parabéns. Mas, receio que dormindo, isto seja um pouco difícil. Tente esvaziar sua mente antes de dormir, creio que por hoje é só. Amanhã quero você aqui às cinco horas. Pode ir.
— Professor, posso saber por que a diretora queria todos os fantasmas reunidos e porque mandou os alunos todos para os dormitórios?
— Naquele dia, nosso professor de Trato das Criaturas Mágicas havia liberado uma família bem grande de Krispas. Animais que só são vistos por pessoas mortas, mas podem matar os vivos se depositarem um ovo dentro da pele. Naquela noite, uma aluna, creio que da casa Sonserina, quase morreu, sorte que um fantasma estava por perto e a salvou. O Krispas só a havia mordido, mas não depositado o ovo. O professor fora demitido imediatamente. É só isso?
— Sim, senhor. Só.
— Tudo bem, então. Pode ir.
— Até amanhã.
— Até amanhã, Harry.
Harry desceu a escada e já estava esperando há cerca de dez minutos na sala comunal, quando Rony chegou exausto.
— Eu não consegui bloquear nada. Harry, será que tudo o que eu vi, o Professor Flitwick viu também?
— Pode ter absoluta certeza que viu.
— Houve uma hora que eu comecei a ver o Flitwick no Três Vassouras. O que era isso, Harry?
— Você então conseguiu reverter o efeito de Legilimens. Você leu a mente dele.
— Jura? — Rony parecia impressionado — Eu… eu consegui ler a mente do Professor Flitwick?
— Isso mesmo, conseguiu.
Os dois ficaram conversando pelo menos quinze minutos até que Hermione entrasse pelo retrato da Mulher Gorda.
— Ele é bem legal, o Davi. Mais ou menos do nível do Lupin. Ele me ensinou um monte de coisas sobre Oclumência. Depois de meia hora de explicações, ele não conseguiu ler nenhum pensamento meu.
Hermione explicou a Harry e Rony tudo o que Davi havia explicado a ela. As utilidades da Oclumência dentro e fora da Ordem da Fênix. A segurança que ela teria se viesse a se tornar uma Oclumente profissional e o que Dumbledore havia dito a Harry enquanto o garoto estava tendo sua aula de Oclumência: era só parar de pensar que a Oclumência funcionava.
*
Harry já estava em Hogwarts há mais de três semanas, quando, ao almoçar, Gilderoy Lockhart entrou no Salão Principal, sem nenhum curativo no peito, e Dumbledore se levantou e se dirigiu a ele.
— Você ficou na ala especial, espero?
— Fiquei, Alvo. Obrigado.
— Ala especial? — Harry se virou para Rony e Hermione — O quê é isso? Não havia nenhuma ala especial no St. Mungus quando a gente foi lá.
— Meu pai me falou — respondeu Rony. — Dumbledore e Fudge mandaram construir mais um andar que só pode ser usado por membros da Ordem da Fênix, mais ninguém. A ala conta com vinte curandeiros exclusivos.
— Ah. Legal — Harry riu — Pelo menos agora eles podem ser bem tratados se Voldemort atacá-los.
— Ei, Harry. O ano letivo começa depois de amanhã — disse Rony. — Você vai poder começar com os treinos de Quadribol.
— É — Harry não sabia com o que estava chateado. — É mesmo.
— Bom, é melhor nós irmos — disse Hermione repousando os talheres sobre o prato e se levantando. — Temos que mexer as poções e elas estarão prontas. Só vai faltar um pedaço da pessoa em que se vai transformar, mas acho que não é necessário. É só um dever de casa. Eu acho.
— Que horas são? — Perguntou Harry
— Cinco para as três — respondeu Rony. — Ainda temos tempo antes da Oclumência.
— Não, não é isso. Mas, deixa pra lá — Harry nunca achou que um dia sentiria falta de Hogwarts estando dentro dela, mas era o que o garoto sentia. Ele estava contando cada minuto nesta última semana de férias de verão até o dia primeiro de setembro, mesmo estando na companhia de Rony e Hermione, mesmo podendo fazer magia. À noite, enquanto continuava a ter pesadelos sobre seu padrinho, a profecia de Sibila Trelawney, sobre a dor que sentira em junho, quando Lord Voldemort entrou na cabeça de Harry, ele pensava no ano que teria, sem poder ir a Hogsmeade, com todas as passagens fechadas. Tendo aulas de Oclumência todos os dias do ano. Dependendo de Dumbledore para poder treinar Quadribol com o time da Grifinória. Harry achava que o pior de toda esta proteção de Dumbledore sobre ele era o fato de que Rony e Hermione também foram banidos de saírem dos terrenos da escola.

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