Snape Vitorioso
Resumo: Outra Seleção.
Disclaimer: Eu não sou dona de nenhum dos personagens ou lugares que você reconheça.
Agradeço a Gardengirl por Betar esse capítulo (em inglês).
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Capítulo 8 - Snape Vitorioso
Hermione levou a mala para o dormitório. A Senhora Gorda lhe dirigiu um olhar suspeito quando ela pediu para entrar na Torre da Grifinória, o que Hermione só podia atribuir ao fato de ainda estar vestindo as cores da Sonserina.
Remover a gravata verde e prata havia sido doloroso. Ela não associava mais a heráldica desta Casa com figuras como Malfoy e Parkinson. A gravata era seu único elo vísivel e tangível com o jovem Severo. Enfeitiçá-la de volta às cores da Grifindória parecia desleal, falso.
Tentar manter a mente ocupada ajudou a passar o tempo até que o Expresso de Hogwarts chegasse a Hogsmeade. Ela sentou no parapeito da janela, observando desligada dos jardins à vista.
A escuridão desceu e a lua cheia outonal brilhava sobre o Castelo de Hogwarts. O luar jogava com as sombras dos pinheiros escoceses nos sopés das montanhas e nos vales abaixo.
Ela sentia falta de Severo, realmente sentia falta dele, mas ele não estava mais aqui. Ela não poderia procurá-lo mais na biblioteca, encurralá-lo no salão comunal ou enchê-lo de carinhos. Agora só restava no lugar dele um ex-Comensal da Morte que ela realmente não sabia se poderia amar.
Duas semanas. Foi o tempo que ela se deu. Se ela não estivesse feliz em duas semanas, ela voltaria a 1977, e as conseqüências que se danassem! Ela havia convivido muito com eles - Snape, Avery, Wilkes, Lestrange, Regulus e Rosier – bem antes deles receberem a Marca Negra. Eles poderiam viver numa fazenda de ovelhas em Gales. O garoto da capa da revista Megalomaníaco do Mês nunca pensaria em procurá-los lá. Esse seria o plano, então: minar o poder de base de Voldemort tornando seus principais aliados em hippies.
À distância, as luzes das carruagens da escola podiam ser vistas deixando Hogsmeade. Hermione levantou-se prontamente e saiu do Salão Comunal. Questões do presente requeriam a atenção dela. O passado teria que permanecer no passado no momento. Ela tinha uma questão urgente que precisava ser resolvida e ela só tinha quatorze horas para dar um jeito.
De algum modo, ela teria que achar uma desculpa para não ter que fazer todos aqueles N.I.E.M.s.
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“Não há problema,” disse a Professora McGonagall, inspecionando o Vira-Tempo quebrado. “Eu tenho uma garantia de três anos contra acidentes. Terei um novo na quarta-feira.”
Hermione deveria ter previsto – McGonagall era exatamente o tipo de pessoa que sempre caía na conversa de garantia dos produtos dos vendedores.
“Bem, na verdade, Professora, eu estava pensando que tentar onze N.I.E.M.s é um pouco ambicioso demais,” Hermione disse, olhando inocentemente para Minerva.
Elas haviam se encontrado nas escadas quando Hermione estava indo para o Salão Principal para o banquete. “Veja bem, é Adivinhação. Eu simplesmente não consigo me ver re-entrando naquelas aulas de mentira de novo. Por favor, não me peça para olhar numa bola de cristal ou tentar localizar algo com araminhos. Não existe um N.I.E.M. de ‘História da Adivinhação’ que eu pudesse fazer no lugar?”
“Não que eu saiba, Senhorita Granger. Só tem um N.I.E.M de Adivinhação, ao que eu saiba,” McGonagall replicou olhando séria através dos óculos. “E se você estudasse a disciplina com nosso amável centauro? Não seria melhor?”
Hermione havia se esquecido de Firenze.
“Não dá certo, Professora. É a minha alergia a pêlo de cavalo. Se eu estiver próxima de algo remotamente eqüino, começo a me coçar.”
Minerva estava vendo seu prestigioso troféu desaparecendo. Quando ela falou de novo, sua voz era fria e profissional. “Talvez possamos discutir isso mais tarde, Senhorita Granger. O Diretor pediu para vê-la no escritório dele logo após o jantar.”
Ah.
O Hall de Entrada começou a se encher com as vozes dos muitos estudantes que chegavam. Hermione estava aliviada por ter uma desculpa para não ficar pensando no motivo do Diretor tê-la chamado. Ela pediu licença para a Professora McGonagall e saiu para se encontrar com os colegas de casa.
“Hermione!” uma voz soou no Hall de Entrada. Hagrid estava segurando uma gaiolinha de animais, apontando para seu ocupante. “Eu estou com Bichento, o jovem Colin me entregou ele. Eu vou levar ele para minha cabana, e deixar ele se esquentar”.
“Obrigado, Hagrid!” disse Hermione, quando se juntava à multidão que se espremia pela porta que levava ao Salão Principal.
O Salão Principal estava iluminado com centenas e centenas de velas de igreja flutuantes. O teto encantado refletia um céu noturno estrelado. A Estrela do Norte brilhava e a Aurora Boreal chamava a atenção. Rostos familiares cumprimentavam Hermione em cada canto. Ela ficou aliviada por estar de volta à sua própria época. Ela nunca ficara tão contente de ver, entre outros, Neville Longbottom e Justino Finch-Fletchley. Ela se juntou aos colegas Grifinórios à mesa, sentando-se ao lado de Ron. Gina sentara à sua frente, com Neville e Dino flanqueando-a.
Simas se juntou a eles, sorrindo de orelha a orelha. “Ei, Hermione,” ele disse. “Você perdeu o trem ou o quê?”
“Tudo bem, Simas? Sim, eu o perdi. Eu deixei minha mochila no carro do meu pai. Quando voltei à plataforma, o trem já havia partido,” ela respondeu. “Eu tive que ir até o Ministério e vir de Flu de lá para Hogsmeade.”
“Mas você chegou assim mesmo,” ele disse, piscando para ela. Ele perdeu o interesse no assunto e se virou para Dino.
A procissão de primeiranistas entrou guiada por McGonagall. Os olhos deles, grandes como pires, observavam o salão, maravilhados.
“Eles ficam menores a cada ano, se você quer saber,” Ron disse, referindo-se aos primeiranistas.
Hermione o ignorou; ela estava olhando para a Mesa Principal preocupada. Snape não estava lá. Hagrid havia acabado de aparecer, desculpando-se pelo atraso. Ele sentou ao lado de Trelawney, que estava fazendo uma aparição no banquete de início de ano, diferente do que costumava fazer.
Flitwick, Vector, Hooch, Pomfrey – todos estavam lá, até Filch. Ela eliminou-os mentalmente de sua lista – mas onde estava Snape?
Mil questões sem resposta giravam dentro de sua cabeça. E se ele nunca tivesse se tornado um professor? Ele estava morto? As conseqüências possíveis de sua viagem no tempo atingiram-na como o bafo de um troll no banheiro das meninas. Ela passara muito tempo no passado e havia sido descuidada. Ela não planejava ficar tão íntima de Severo, mas ele havia sido como néctar para ela. Ela não conseguira resistir.
Para seu alívo, a porta dos professores se abriu. Hermione reconheceu o rosto familiar daquele homem. Ele cumprimentou os colegas cortezmente quando se sentou à Mesa Principal, no lugar reservado ao Mestre de Poções.
Para o abjeto horror de Hermione, sentado na cadeira normalmente ocupada pelo Professor Snape, estava a forma redonda de Horácio Slughorn.
O que ela havia feito com a linha do tempo? Slughorn ainda estava na escola, então a posição de Mestre de Poções nunca ficara vaga; Snape hunca havia se candidatado à posição; a profecia não fora entreouvida. Outra constatação horrível atingiu-a: Harry também não estava aqui.
Ela não conseguia pensar. Ela não conseguia respirar. Será que ela havia matado Harry Potter? Sentindo todas as emoções drenarem-se dela, Hermione só conseguia sentar e pensar na própria estupidez. Ela havia alterado a linha do tempo, afetado as vidas de Severo e Harry, talvez fatalmente.
Ron estava se ajeitando na cadeira para ver melhor a porta.
“Ron, onde está o Harry?” ela perguntou, sentindo-se um pouco insegura.
“Não sei. Ele estava no trem. Foi convidado para jantar com um novo professor, mas não voltou,” Ron respondeu, olhando por sobre o mar de cabeças de alunos tentando ver o amigo deles.
A seleção começou. Os mais jovens eram chamados para se sentar no banquinho de três pernas. Aplausos intermitentes davam as boas-vindas às suas novas casas, mas Hermione não conseguia registrar nada a não ser os sentimentos de choque e culpa pelo que havia feito.
'Severo, onde você está?' ela se perguntou. Ela tentou afastar imagens horríveis de Snape capturado ou morto em algum campo de batalha perdido, assim como os amigos deles.
Ela nunca deveria ter ido ao passado; coisa estúpida de se fazer. O que mais ela havia mudado? Aonde Harry fôra? O que ela havia mudado nele?
O Diretor discursou e o banquete apareceu; eles foram convidados a começar a comer. Os amigos ao redor dela começaram a comer, mas Hermione ficou sentada, parada, com a cabeça nas mãos.
“Aí vem ele, já não era sem tempo!”, gritou Ron.
Hermione levantou a cabeça, esperando ver Snape. Ao invés disso, Harry vinha andando na direção deles rapidamente. Quando ele se aproximou ela pôde ver o sangue seco nas narinas e nos lados da boca dele. Ele abriu espaço entre ela e Ron e sentou. Ele parecia com raiva. Ele parecia um acabado.
“Quem ou o que atingiu você no nariz?” Ron perguntou, encarando Harry.
“O que você quer dizer?” perguntou Harry, apanhando uma colher e olhando o próprio reflexo.
“Tem sangue por todo o seu nariz e queixo,” Hermione disse, apontando a varinha para o rosto de Harry. ‘Tergeo!’ ela sussurrou, e o sangue foi aspirado pela varinha dela. Ela o assegurou que o nariz dele estava ótimo quando ele perguntou. Desesperada para saber o quanto ela havia alterado a linha do tempo, ela perguntou ansiosamente, “Harry, por que você está tão atrasado?”
“Não posso contar agora. Depois, ok?”
“Harry…”
“Eu disse depois, Hermione.”
Apesar da insistência dela, ele se recusou a respondê-la, e Hermione não teve alternativa a não ser deixar o assunto morrer naquele momento.
“O Chapéu disse alguma coisa interessante?” perguntou Harry.
Hermione não ouvira uma palavra do Chapéu Seletor, então ela respondeu a Harry o melhor que pôde, “O de sempre… deixar a rivalidade inter-casas para lá e nos unirmos frente a um inimigo comum, algo assim.”
“O Diretor mencionou Voldemort?”
Hermione não tinha idéia, mas deu um palpite de que se ele tivesse mencionado Voldemort teria havido algum tipo de reação que ela teria notado. “Não, mas ele costuma deixar o discurso mais sério para depois do banquete.”
“Snape disse...”
“Quando você viu Snape?” disse Ron, falando as palavras que iam sair da boca de Hermione.
“Topei com ele.”
“Oh,” disse Hermione, fingindo desinteresse. Ela tentou mudar de assunto antes que seus amigos suspeitassem, dizendo “Hagrid está acenando para você, Harry.”
Ela olhou para a Mesa Principal. Slughorn ainda estava lá, limpando os cantos da boca com o guardanapo. Próximo a ele, do lado direito do Diretor, estava sentado agora o Professor Snape. Ela não o havia visto entrar. Ele estava bebendo de uma taça de vinho tinto, olhando como se nada estivesse errado. Hermione se sentiu aliviada, mas também confusa. Os ombros dela doeram da tensão, e ela soltou um suspiro baixo e longo. A cor voltou às faces dela.
O Diretor levantou, pedindo silêncio com as mãos. Hermione arregalou os olhos. A manga da veste de Dumbledore deslizou até o cotovelo dele. A mão direita e parte do braço dele estavam pretos e ressecados.
O Professor Dumbledore se dirigiu aos alunos. Ele falou de testes de Quadribol e, sorrindo, anunciou o veto de qualquer coisa que lembrasse brincadeiras ou trapaças ou com a palavra ‘Weasley’s’ na embalagem.
“E, por favor, dêem as boas-vindas ao novo membro do nosso quadro,” o Diretor pediu, num tom ligeiramente mais sério. “O Professor Slughorn é um ex-professor de Hogwarts que está retornando para seu velho posto de Mestre de Poções.”
“Poções?” Hermione se perguntou. E Snape seria o quê, então? O medibruxo?
O Diretor esperou o silêncio voltar, para continuar, “O Professor Snape, enquanto isso, assumirá o posto de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.”
“Não!” Harry gritou, irado. A sala se encheu de sussurros de choque e descrença. Apenas os Sonserinos pareciam receber bem as notícias. Eles aplaudiram calorosamente, de pé, seu Diretor de Casa.
Snape avaliou a multidão no salão, com um olhar de triunfo no rosto. Ele acenou com a mão casualmente para os Sonserinos. Para o resto dos estudantes, ele deu apenas um olhar de desdém com os olhos semicerrados e uma sobrancelha levantada. Por um segundo, Hermione pensou que Snape olhara para ela, mas antes que ela pudesse ter certeza, ele voltou a olhar para a taça de vinho.
“Bem, pelo menos o morcegão irá embora no final do ano,” disse Harry, de modo a poder ser ouvido pelos amigos acima do barulho do Salão Principal.
“E você quer dizer o que com isso, exatamente?” perguntou Hermione, na defensiva.
“Bem, pense só: nós já tivemos algum Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que tenha durado mais de um ano? Quirrel até morreu durante o ano.”
“Harry!”
Hermione estava muito chocada com o rumo da conversa de Harry para continuar a ouvi-lo. Ela bloqueou o barulho ao redor dela e se concentrou no final do discurso de Dumbledore.
Quando os estudantes começaram a se levantar, Hermione despertou, dando-se conta que haviam sido dispensados. Um rápido olhar para o Diretor e o assentimento dele confirmou que ela era esperada no escritório dele. Ela disse a Harry e Ron que tinha que ajudar a guiar os primeiranistas antes de sair rapidamente pela porta.
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O gárgula olhou friamente para Hermione. “Ziper do Fudge,” ela disse quietamente, esperando que a estátua de pedra não a ouvisse e que ela pudesse voltar ao dormitório sem chamar atenção.
A escada em espiral girou, permitindo o acesso dela. A subida lenta para o escritório do Diretor deixou Hermione nervosa. As batidas do coração dela aceleraram, a respiração também – ela se sentia culpada. Ela fora pêga, e havia pouco a ser dito em sua defesa. Voltar no tempo sem autorização definitivamente era coisa para o Departamento de Uso Impróprio da Magia. Um auror provavelmente estava a caminho para prendê-la.
Hermione chegou à pesada porta de madeira, sentindo-se como uma condenada. Estendendo a mão, ela tocou na maçaneta, que era lisa ao toque. Pegando na argola com a outra mão, ela engoliu a saliva antes de bater duas vezes. Ouvindo o estímulo do Diretor, ela virou a maçaneta e entrou.
O Professor Dumbledore estava sentado atrás da escrivaninha dele. Em sua mão ele tinha dois pedaços de pergaminho, que estava lendo. Erguendo os olhos, ele dirigiu a ela um meio-sorriso, indicando uma cadeira confortável em frente à escrivaninha dele. Hermione aceitou a indicação e se instalou nervosamente na beira do assento, esperando sua sentença.
“Você passou por uma espécie de atraso na viagem para Hogwarts esta manhã, Hermione?” ele perguntou, puxando conversa. Quando ela não respondeu, ele deixou o silêncio reinar, tentando deixá-la nervosa.
“Talvez isso ajude sua memória?” ele sugeriu, passando um dos pergaminhos por cima da mesa.
Hermione pegou a carta – a carta dela – que anunciava a chegada dela pelo trem há dezenove anos atrás. Ela respondeu sem olhar para ele, “O que o senhor quer que eu responda, Diretor?”
“Você é livre para responder o que desejar. Eu preferiria, no entanto, que você dissesse a verdade.” Ele colocou os braços sobre a mesa, entrelaçando as mãos. Ele olhou nos olhos de Hermione e disse no seu modo mais sério. “Eu sinto que devo adverti-la. O que quer que você venha a me dizer trará sérias consequências, portanto, escolha bem suas palavras. A sentença máxima para este tipo de indiscrição são três meses em Azkaban.”
Hermione abaixo a carta para o próprio colo. Azkaban. Ela realmente seria presa, a não ser que mentisse.
“Diretor, foi um acidente. Eu caí por cima do meu Vira-Tempos. Como ele foi calibrado, eu não sei.”
O Professor Dumbledore relaxou na poltrona, descansando as mãos entrelaçadas na barriga. “Nós temos como confirmar sua história – uma testemunha ocular. Uma irrefutável.” Ele olhou para Hermione. “Phineas?”
“Diretor?” uma voz veio de um dos quadros.
“Phineas, preciso que você faça uma visita ao seu quadro nas masmorras. Por favor, informe o Professor Snape que eu desejo vê-lo - imediatamente.”
O Diretor se sentou mais confortavelmente, esticando e cruzando as pernas. “Enquanto isso, Senhorita Granger... devemos esperar.”
Os minutos e o silêncio passaram lentamente. Sherbets de limão não foram oferecidos, nem o canto calmante da fênix foi ouvido, havia apenas o silêncio. Dumbledore fechou os olhos, relaxando por um momento. Hermione olhou ao redor. Os quadros adormecidos ocasionalmente olhavam para ela desaprovadoramente. Os objetos de metal faziam seus barulhinhos numa dança cadenciada.
Eventualmente, depois do que pareceu uma semana, soou uma forte batida na porta.
“Entre!” disse o Diretor, se ajeitando na poltrona.
“O senhor desejava me ver, Diretor?” soou uma voz familiar, baixa, sedosa.
Hermione congelou. Ela sentiu olhos curiosos sobre si. Medo e alívio se entrelaçavam num mix emocional que evocava os dois sentimentos ao mesmo tempo. Tentando manter o controle enquanto as emoções se debatiam dentro de si, ela segurava o choro.
“Sente-se, Severo. Temo que a questão seja séria. Sente-se, não – não num canto – próximo da Senhorita Granger, por favor. Sem ‘mas’! Eu sei que você gosta de se esconder nas sombras, mas essa não é a hora para você ser sombrio e misterioso. E não me olhe assim – como uma pessoa mal-compreendida e cheia de pensamentos depressivos! Eu tenho uma horda de Testrálio mais mal-compreendidos e depressivos do que você conseguiria ser. Eu observo você há vinte e seis anos, meu garoto, e essa tática também não vai funcionar.”
Hermione ouviu Snape suspirar em defesa. A cabeça dela estava baixa; uma nuvem de lágrimas obscurecia a visão dela. Houve um barulho de vestes e outro abafado quando ele sentou na cadeira confortável ao lado dela. O Diretor continuou a falar, “A Senhorita Granger veio nos elucidar um pequeno mistério. Ela insiste que a incursão dela ao passado foi um inocente acidente com um Vira-Tempos. Você pode confirmar a história dela?”
“Com todo respeito, Diretor, eu não consigo ver o que isso tem a ver comigo.”
“Tem tudo a ver com você, Severo. Eu posso estar envelhecendo, mas minha memória funciona como sempre. Foi no Halloween de 1977. Vocês dois se envolveram numa altercação com outros estudantes perto do lago. Quando eu pedi para ver vocês dois no meu escritório, só um de vocês apareceu, dizendo que o outro havia desaparecido.”
Dumbledore esperou por uma resposta. Não ouviu nenhuma.
“Bem, Severo? O que você tem a dizer?”
Se Hermione conseguisse falar para ele sobre a seriedade da pergunta... Ela sussurrou desesperadamente, "Ajude-me, senão irei para Azkaban."
Snape virou a cabeça rapidamente à menção de Azkaban. Ele olhou para Hermione. Ela olhou para ele implorando. Ele sustentou o olhar dela. No fundo dos olhos dela, por um momento, ele reconheceu o Severo, o seu Severo... ele ainda estava lá. Enterrado, reprimido, mas ainda estava lá.
Sem tirar os olhos dos dela, ele falou. A voz dele era reverente, pronunciando cada sílaba lentamente, para não deixar nenhuma dúvida quanto ao significado delas.
“Sem dúvida, Diretor, que foi... um acidente.”
Dumbledore suspirou com alívio. “Muito bem, vocês dois. Sem a corroboração de vocês, minhas mãos estariam atadas.” Ele colocou o pergaminho na escrivaninha, encontrou um documento com jeito oficial do Ministério e escreveu ‘Razão: Acidente – Testemunhado.’, no espaço destinado a isso. Ele assinou no final do pergaminho e passou a pena para Severo fazer o mesmo.
Batendo levemente as mãos em triunfo, o Diretor aceitou o pergaminho e a pena de volta de Snape. “Sherbets de Limão para todos!” ele disse, retirando uma sacola de papel do bolso das vestes e oferecendo a eles. Hermione estava tão chocada pelo que havia acabado de acontecer que ela pegou um doce ainda agindo no piloto-automático. Era um pouco grudento, mas para uma mulher livre, tinha um gosto maravilhoso.
O Diretor tirou a varinha e disse ‘Wingardium Leviosa!’ para um velho pedaço de pergaminho que estava na estante atrás dele. O documento flutuou levemente para a mesa. Dumbledore o fez flutuar e ondular numa dança com a brisa, o que Hermione achou divertido. Ela relaxou e se permitiu sorrir. Quando o pergaminho chegou mais perto, o Diretor pegou-o no ar e segurou-o para que Hermione e Severo pudessem ver. O Sherbet de limão dela foi engolido inteiro quando ela reconheceu o que ele estava segurando. Antes que um dos dois pudesse falar, Dumbledore falou resolutamente.
“Agora… Severo, Hermione, isso nos deixa apenas com a pequena questão do noivado de vocês...”
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