A Força
Notas da autora: esse foi um capt mt difícil de sair pq eu estava totalmente sem inspiração. A fic tava toda na minha kbça, mas pra passar pro Word, foi uma coisa! O escrevi todo ao som de Black Balloon - Goo Goo Dolls, a letra eh linda, aconselho baixar e ouvir lendo Ritual!!!!
Bom, agora finalmente estamos na reta final. E mais do que nunca preciso dos coments d vcs. Kd aquele povo q tava lendo no começo e nunk mais deu as caras? Assim, eu fico pensando q vcs pararam d ler, e isso eh desanimador... gente, comentem, nem q seja pra escrever “oi, eu ainda estou lendo” ou msm q seja pra criticar. Se vcs não gostarem, ou estiverem com preguiça de deixar coments, não tem importância, mas me mandem um email, me adicionem no msn, mandem msgs pro meu cel, sinais de fumaça, código Morse, qqr coisa q me faça saber q vcs estaum lendo! Esse vai ser o maior incentivo q eu possa ter pra escrever o capt 15.
Muitos beijos para...
Val (tinha q ser a primeirona, neh... rs VC NAUM EH NEM UM POUCO IRRITANT NAUM, VIU??? SAB Q EU T AMO, NEH? rsrs... kra, vc eh simplesmente o sonho d toda autora e amiga... comenta pra caramba, enche o saco p eu atualizar - no bom sentido -escreve bem pacas tbm - LEIAM ACONTECEU NO NATAL!!!! - e ainda me atura no msn!!!! pow, num eh p qqr um...rsrsrs VALEU, MIGA!!! espero q gost desse capt...); Mandik (EU AMO SEUS COMENTS. de coraçaum! brigada pelo incentivo... qd vc escreve akelas coisas taum legais eu nem acredito q eh cmg, sabe? fico pensando "essa minina eh louk?" e daih penso q talvez eu possa mesmo fazer uma coisa de realmente boa....e isso me deixa mt feliz. brigada pelos elogios! mas fico mt feliz q vc se identifik com a fic!!! isso eh mto legal! e kem sab se eu naum faço um fim d/h? soh Merlim!!!); Lunna Granger (me desculpe pelas maldades q andei fazendo com o lindo draco!!! eu fui mt má com ele msm! *juh indo se torturar com um crucio*); Jackeline (ah, ainda bem q vc passou dessa fase d depressão! ateh pensei em t mandar um mail, fikei preocupada, num gosto d deixar ning triste!!! sei q metade das pessoas q leem, vaum axar o fim da fic uma bosta -ou os rh, ou os dh-, isso me deprime, mas naum posso fazer nada. kra, adorei seu coment do capt 12, vc defendeu taum apaixonadamente o draco... foi mt lindo o q vc escreveu! os seus argumentos foram taum adultos, taum diferente d tudo q jah tinham escrito! e dai, eu posso entender a sua decepçaum, qd leu o 13... + minina naum fique triste por causa de Harry Potter naum... eh uma coisa mt pequena pra merecer sua tristeza. se divirta com as fics, pq o livro 7 vai demorar!); Nath Malfoy (Ooooooooohhh!!! o q fiz p merecer tanto gosto? nossa q coment +...+... LINDO! Nath, quem me dera um dia chegar a seus pes!!!! -vou começar a pagar pau, sim! - olha garota, seu unico defeito eh deixar a gente morrendo de curiosidade com as demoras nas atualizações - mas naum tenho envergadura moral pra falar nada, neh? chega de momento fanatik, mas vc me dah um autografo, naum dah? - puxa, pensei q vc fosse fikr mais chateada pelo draco... mas naum vamos trata-lo como um anjo pq a gente sabe q naum eh... ele eh lindo, mas naum presta. eh uma desgraça, mas pq a gente tem q gostar logo desse tipo d kra? mas uma coisa te garanto... rony e draco teraum chances iguais. tanto q vcs naum vaum ter como saber kem eu vou escolher ateh o fim... agora... te botar na fic.....? tem noçaum d qt gente pede isso? -hahaha, to brinkandu!- Mas garota, obrigada pelos elogios... pena q vc soh deu o email... o q eu kero msm eh o seu MSN, pra te encher o saco! ); Lu Snape (mesmo??? vc amou? ganhei meu dia!!! desculpe pela demora! minha inspiração gosta d fugir... foi mal por ainda naum ter ido na sua fic, eh q eu to atoladissima aki! mts outras fics q leio jah atualizaram há seculos e eu ainda num fui ler!! mas deixa passar as provas q leio sua fic sim! tbm gosto de SS/HG!); larinhagranger (como vc pode ver eu fui malvadinha e demorei. mas axo q ficou melhor, deu p fazer um capt maneiro... vc jah vai ver... brigada pelos elogios!); juliana malfoy (minha xará! vc faz msm qqr coisa p eu escrever o fim d/h???? *ju sorrindo maléficamente* entaum pode ir fazendo propaganda pra todos os seus amigos de ritual e venha deixar comentarios tds os dias!!! hehehe... to brincando, viu? eu não sou comprada assim! - mas se vc tiver uma maleta d dinheiro... kem sabe? rs); brine (sim, cheguei a essa conclusão d fazer o q o coração mandar. na hora eu escolho, fik mais facil, pq jah tenho os 2 fins na kbça - e deve fikr lindo, gente!!! - *kd a humildad??? kdddddddd???* gostei mt³³³ dos seus coments, valeu por me apressar!!); Suzi (brigadão pelo coment ^_^ quero comentário nesse capitulo tbm, se naum já sabe, eh 100 palmadas no bumbum sem piedade!!!); Angel Weasley (ei, menina!!! brigada pelos coments!!! + uma na torcida do ruivinho!!!);MissGranger(aaaaaaaaaaahhh!!! me senti "a autora" qd li seu coment!!!); Roberta Nunes (tah sumida, mas deixo meu beijo!!! *aperta a buchecha* to roendo as unhas desesperada pela atualização da sua fic! qd vc resolver aparecer, vai ter q postar uns 3 capts d uma vez, senão eh palmada no bumbum!!!); Duda e Paulinha Potter (obrigada pelos coments dos outros capts!!! com saudads d vcs por aki!!!); Raquel (EH, VC MSM... kd vc criatura???? Some do nada!!! nunk + mandou email, nem aparece no msn... d noticias d vida please!!! T adoro!!!)
..., 3 pontinhos, + conhecido como reticências...> eu naum vou mandar bj p vc, naum... coisa feia! pouxa, esse espaço d comentar eh pra vcs falarem cmg sobre a fic! pod defender seu shipper, pod ateh me xingar, + falar mal d uma leitora, msm q vc tenha algo contra ela, num eh legal!!! e vc nem se identificou, o q eh mais feio ainda! se vai fazer algo, assuma kem vc eh...
ae, gente eu pensei q tinha deixado isso claro. NÃO BRIGUEM AKI. jah aprendi a lição, não escrevo + triangulos amorosos, mas por favor tenham respeito pelo menos por quem lê. podem me xingar a vontade, mas deixem os leitores da fic fora disso, OK??? ESTÃO AVISADOS NÉ???? NÃO QUEREM LEVAR UM CRUCIO NÃO É??? ENTÃO SE RESPEITEM.
Obrigada a todos vcs q naum me deixaram desistir. (u.ú to emocionada!)
Agora, vamos ao capitulo 14... Desculpem pela demora!!!
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O que acontece quando você acorda e percebe que fez tudo errado?
Não devia ter me deixado levar por impulsos. Não podia ter beijado o Rony.
Por que?
Porque a todo tempo tentavam me matar e não queria pô-lo em perigo. Só de pensar no dia da floresta, tudo doía dentro de mim.
E também, porque aquilo não foi certo... Por causa do Draco.
A imagem dele não me saía da cabeça. Seus olhos frios... seu corpo quente... Sua voz e seu sorriso. O modo estranho como ele me convencia a fazer coisas que nunca faria, como nos divertíamos juntos... Só nós dois num universo paralelo. E não importava que o mundo nos gritasse que éramos impossíveis e imperfeitos um para o outro. Nós estávamos vivos. Tentando. E eu imaginava o que ele faria se soubesse o quanto estava sendo injusta com ele ao me jogar nos braços de Rony novamente.
Porém, certas vezes as coisas caminham pro inevitável. Como minha garganta ardendo insistentemente. Como estar num quarto vazio, no meio da madrugada com o garoto que sempre amei. Como quando inúmeras lembranças de um namoro que se acabou vem à tona.
Juntando tudo isso, cheguei à conclusão que eu realmente amava o Rony. Amava brigar com ele. Amava fazer as pazes. Amava o seu olhar... quando era só pra mim. Não resistia quando ele demonstrava se importar. Nossa, quando ele pediu desculpas, quando me tocou, perdi a noção de tudo! Parecia que o tempo tinha realmente voltado. Foi libertador. Pus pra fora coisas há muito tempo adormecidas, sentimentos que não sabia possuir. Não pensei em conseqüências. Mas o grande problema era não ter certeza sobre o que sentia por Draco. Também gostava muito dele. Senão, não teria acordado com ele na cabeça. E não era por sentimento de culpa. Era por outra coisa... Só eu sei o quanto chorei naquela noite em que terminei com ele. Por causa disso tudo, dessa vez eu tinha que ser limpa com os dois. Deixar tudo às claras. Decifrar o que ia no meu coração, antes de me entregar totalmente.
Porém, isso era cruel demais. E dava uma imensa vontade de chorar. Como faria pra contar a Rony? E a Draco? Depois daquela noite... Como entenderiam que era justamente por gostar muito que eu não podia ficar com eles? Como entenderiam o que nem eu mesma entendia? A minha vontade era me enfiar nas cobertas e não descer, não sair nunca mais. Tinha a desculpa de estar meio que passando mal, era só evitar Rony... Mas aí, me dei conta que não agüentava mais evitar as coisas. E, além disso, uma força me impelia a descer... E eu não consegui ignorá-la.
O que acontece quando você percebe que fez tudo errado?
Você pensa. E volta atrás.
Acontece que pensar é fácil. Agir é algo totalmente diferente.
Eu estava com um aspecto horrível. Nariz e olhos incrivelmente vermelhos, além de um gosto esquisito na boca. Presságios de gripe.
Me arrumei o pior possível na esperança de Rony tomar aversão por mim e não querer me beijar. Uma blusa de capuz, cobrindo parte da minha cara e bermuda. Assassinei a moda.
Quando desci, ele estava sentado num sofá. Me esperando. Com o sorriso mais lindo no rosto repleto de sardas. Derretendo meu coração.
- Você demorou a acordar... Eu já tomei café. – ele disse levantando-se.
“Olha, Rony, acho melhor a gente não ficar juntos por enquanto, porque apesar de gostar muito de você, preciso descobrir o que sinto pelo Draco, sabe? É que eu ainda penso nele.”
Quando eu iria ter coragem para falar aquilo? Nunca!
Então me limitei a desviar quando ele se aproximou de mim e fui sentar numa poltrona.
- Er... Tudo bem? – perguntou ligeiramente desconcertado. Eu assenti com a cabeça.
“Pois não parece. Você tá com uma cara terrível.”
- Obrigada Rony. Você é tão gentil... – respondi sorrindo – Acho que é só gripe.
- Se você quiser a gente pode ficar no quarto. Pra você descansar um pouco. – ele disse, esperançoso.
O que esses garotos pensam que somos? Seres sem um pingo de inteligência? Será que ele achava que me convencia de estar realmente preocupado com a minha saúde, ao querer me carregar pro seu quarto?
Eu me levantei e o olhei de um jeito provocante. Subi as escadas do dormitório masculino lentamente, sentindo a respiração quente de Rony logo atrás de mim. Entrei em seu quarto e sentei de pernas cruzadas sobre sua cama. Ele ficou parado na porta.
- Você não esta com... calor? – perguntei com uma voz sexy, ao mesmo tempo em que deslizava o capuz da minha cabeça, revelando meus macios cabelos castanhos.
Balancei a cabeça com força para afastar aquele pensamento. Só podia ser um delírio mesmo. Onde é que eu tinha voz sexy e cabelos macios?
- Não, estou bem aqui. E além do mais, se quiser descansar, tenho uma cama em meu quarto. – respondi contendo minha vontade de me jogar em cima dele.
- Ah... Ok. – ele disse desapontado.
- Eu estava pensando em passar lá na biblioteca e pegar uns livros sobre rituais. Deve haver alguma forma de defesa... Nós podíamos pesquisar e aproveitar o ultimo dia de férias. – sugeri.
Ele me olhou surpreso. Devia estar pensando: “O que aconteceu com essa garota?”
- Tinha imaginado um jeito melhor de aproveitar, mas se você quer assim...
- Eu quero. – interrompi tentando parecer o mais séria possível.
- Então vamos – ele levantou igualmente sério, mas também, irritado – Você não vai comer?
- Sem fome.
Subitamente, coisas que ele disse vieram na minha cabeça...
“O primeiro passo do plano, era conquistar a confiança de Hermione Granger, ser seu ‘amigo’...”
“Foi mais fácil do que eu pensei. Te convenci rápido demais. Não sabia que o meu charme era tão irresistível. Mentira... eu sabia sim...”
E aí, tudo fez sentido pra mim.
- Hei, Mione... – Rony chamou, me tirando de minha abstração – Onde você está indo? A biblioteca é pro outro lado.
- O Draco... – murmurei baixinho – Ele é falso quando quer. E orgulhoso também.
- Eu sei que ele é tudo isso, mas se você me chamou pra ficar falando dele... – disse Rony, ficando cada vez mais vermelho.
- Rony... É maravilhoso! – disse sorrindo – Nós já temos todas as peças! Agora só falta juntá-las!
Ele permaneceu de cara fechada. Eu ia começar a explicar, mas tive um grande acesso de tosse. Ele me amparou preocupado e eu só parei de tossir quando me dei conta do quanto estávamos próximos.
Afastei-me rapidamente e continuei a falar:
- Vamos voltar para a torre da Grifinória. Não há mais nada pra ver na biblioteca.
- Sempre sonhei com o dia em que você falasse isso – ele disse sorrindo e pegou na minha mão. PEGOU NA MINHA MÃO. Decididamente ele não tinha noção do que estava fazendo.
Quando chegamos na sala comunal, ainda estávamos de mãos dadas. Mas então, ao sentarmos, saí de perto meio envergonhada e voltei a falar para disfarçar:
- Acho que tem um modo de descobrir quem está por trás desse ritual.
- Mas nós já sabemos! É Você-sabe-quem!
- Será possível que você não prestou atenção em nada do que o diretor falou?! Não foi Voldemort que preparou o ritual (e Rony fez uma careta ao ouvir esse nome), ele ordenou que alguém o fizesse! Seria um grande começo de guerra, ele faria com que Harry ficasse com raiva pela minha morte e metesse os pés pelas mãos! E com ele fora do caminho, mataria vários trouxas e impuros, com certeza! Seria uma grande emboscada. Seria... se eu não tivesse sobrevivido.
- Porque o ritual deu errado. Graças a Merlin!
- Aí é que está, rituais como esse raramente dão errado! Eu pensava que nunca iria descobrir a solução desse quebra-cabeça, mas agora, quando íamos para a biblioteca, lembrei do Draco e muitas coisas pareceram se encaixar! Percebi que essa pessoa que fez o ritual pode ser oposta a ele. Ele se esconde por trás de toda essa ironia e orgulho para se defender. Sei que ele pode ser emocional e que no fundo, não é tão cruel. Ele só precisa de atenção.
- Se você continuar falando dele, eu vou vomitar – Rony vociferou. E foi aí que percebi o quanto ele estava irritado.
- Bem, como dizia, essa ‘pessoa’ também se esconde. – continuei, sem-graça – Só que provavelmente por trás de uma mascara de bondade. Isso explica não termos noção de quem seja. É tão frio quanto o gelo e muito inteligente, pois ainda não se denunciou e não cometeu nenhum vacilo. Quer dizer, seu único erro foi perder aquele pergaminho. É bem possível que seja um aluno. Até suponho que o prof.º Snape já esteja desconfiado de alguém. E principalmente... deve estar morrendo de raiva de mim. Porque não admite falhas e seu ritual falhou por minha causa. Eu não sei se você já percebeu, Rony, mas sempre tentam me matar em datas de transição para os bruxos. 31 de outubro, Halloween. 21 de dezembro, solstício de inverno. E a primeira vez deve ter caído no equinócio de outono. Dias perfeitos para sacrifícios malignos. Minha morte tem que ser nesses dias para o ritual funcionar! Mas mesmo assim, recebi um vodu no Natal. Poderia ter morrido, mas acho que aquilo foi só para me enfraquecer. A ‘pessoa’ me odeia. – eu disse muito rápido. Minha cabeça começou a doer.
- Ok. Mas como você explica essa onda de calor e todas essas coisas estranhas acontecendo, se o ritual não deu errado?
- Isso não sei dizer. Mas primeiro precisamos descobrir por que eu não morri.
- Dumbledore disse que talvez você tenha um dom. Já pensou nisso? Acho que você faz chover.
- Francamente, Rony! Chover? – disse com um sorriso – Mas andei pensando nisso, em dons, quando estávamos sem nos falar. Dizem que dons se manifestam quando acontece uma coisa importante, ou um choque na vida da pessoa. Bom, a coisa mais chocante que presenciei na minha vida aconteceu na nossa primeira visita a Hogsmeade esse ano.
- E nada mudou depois disso?
- Acho que não. Eu vivo desmaiando e doente, mas creio que não tem a ver com isso.
Minha enxaqueca aumentou. Por um segundo pensei que fosse desmaiar.
- E se o ritual realmente deu errado?
- Você me acharia muito maluca se eu te afirmasse que não deu? Não sei porque, mas sinto isso. – disse passando a mão na testa, numa tentativa de diminuir a agonia da dor.
- E como você pretende descobrir que está por trás disso tudo se não temos nada de concreto, Hermione? Eu não consigo te entender!
- Penso que Dumbledore nos deu tudo o que precisamos. E quando Harry chegar com mais pistas, só teremos que decifrar. – disse com um sorriso animado, apesar da sensação de ter a cabeça prestes a explodir.
- Como se fosse pouca coisa pra decifrar...
- Temos tempo. Só tentará me matar novamente em março, equinócio de primavera. E podemos ter uma chance de pegar a pessoa até lá e desfazer o ritual. Talvez eu pense numa armadilha. Talvez... isso acabe mais cedo do que pensamos.
- É o que mais quero – ele disse pegando novamente em minha mão. Estremeci. A placa de perigo se acendeu. Ele ia me beijar. Eu sentia. E uma parte de mim ardia por isso. Mas a razão me dizia que eu tinha que impedir aquilo. Que antes eu devia resolver toda confusão que tinha se tornado minha vida. Antes, eu devia pensar no Draco. Não queria magoar ninguém novamente, nem me magoar mais uma vez. E pela primeira vez na minha vida, odiei ser tão racional.
- Estou morrendo de dor de cabeça. Melhor voltar para cama.
Ele não disse nada. Apenas levantou-se junto comigo e me acompanhou até a escada. Então me virei para ele e disse, fazendo força para não chorar:
- Me desculpe, Rony. Eu não tenho sido uma boa amiga... Nem mesmo uma boa pessoa.
- Não tem o que desculpar. Eu sempre te esperei, mesmo quando você não sabia. E vou te esperar agora.
Foi tão lindo o modo como ele disse isso, que me aproximei para abraçá-lo. Porém, no meio do caminho me arrependi e subi correndo as escadas.
Sem olhar para trás.
E eu dormi... como há muito tempo não dormia. Sonhei... como há muito tempo não sonhava... E acordei. Com um grande pressentimento.
Devia falar com Madame Pomfrey e com Draco urgentemente.
Pulei da cama e me arrumei o mais rápido que pude. Porém, quase não consegui chegar ao saguão de entrada. Andava me escorando nas paredes, estava muito fraca, talvez pela gripe. Não sei de onde tirei forças para continuar. Acho que foi porque minha vida dependia disso. E eu precisava descobrir. Precisava lutar.
O saguão estava apinhado de alunos que voltavam das férias. Mas tive sorte. Não precisei procurar muito, pois assim que cheguei, um garoto alto e loiro passava pela porta principal. E a simples visão dele, fez meu coração bater alucinadamente.
Você até pode ser a garota mais segura e confiante do mundo. Você pode ser esperta e durona. Mas sempre vai ter aquela pessoa que te tira do sério. Que te deixa zonza. Que te faz balançar. E aquela pessoa pra mim era Draco Malfoy.
Ele percebeu que eu o olhava e riu debochado, continuando a falar com seus amigos. Fui em direção a eles.
- Sai do caminho, sangue ruim – ele disse ao chegar perto de mim. Todos nos olharam, esperando ver briga. Daria uma grande fofoca ver o incomum casal de ex-namorados brigando no primeiro dia de aula. E aquele povo não tinha mais o que fazer.
- Não saio. E retire o que disse – respondi sem me alterar. Alguém soltou uma exclamação de apoio no meio da galera.
Ele olhou fundo nos meus olhos como se tentasse descobrir alguma coisa. Eu rebati o olhar e prendi a respiração. Então ele sorriu e disse:
- Vem cá, amor – e foi me puxando pra fora do castelo, pra longe da multidão, que se explodiu em risinhos e comentários.
“Sentiu minha falta? Veio me implorar pra voltar?”
- Draco! – exclamei em reprovação – Não! É uma coisa que quero saber sobre o ritual.
- Acontece, Granger, que eu peguei detenção por sua causa e por causa desse maldito ritual.
- Ritual, que você ajudou a fazer.
- Mero detalhe – ele disse, me fazendo sorrir.
- Mas você vai me ajudar... não vai? – perguntei incerta.
- Só se você me ajudar com a detenção. Hoje a noite, depois do jantar, estufa n.º 2.
- Hei, você não retirou o que disse! – exclamei ao ver que ele ia embora.
- Mais tarde eu retiro tudo o que você quiser.
E saiu sem ter minha resposta. Estava certo demais que eu iria. E eu odiava admitir que ele tinha razão.
Rumei então para a enfermaria. Estava confiante de que poderia esclarecer alguma coisa lá.
- O que você está fazendo aqui, garota? – Madame Pomfrey perguntou quando entrei. Podia jurar que ela tinha se assustado comigo.
- Só vim fazer uma pergunta.
- Então pergunte e vá.
- Por que a senhora ficou tão irritada comigo quando foi me salvar daquele vodu? Por que insinuou que eu mexia com magia negra?
- Não banque a esperta comigo menina! Eu só não falo com prof.º Dumbledore pra te expulsar porque não tenho provas suficientes. Somente um vodu... Hunpf!
- Mas...
- Sem ‘mas’... Eu sei que você e seu namorado mexem com magia negra. Vodus, skeenis ou sei lá mais o quê. Eu sei.
- A senhora está enganada! Eu...
- Saia logo daqui menina! – ela interrompeu, me expulsando.
Voltei para a Grifinória me sentindo muito pior. Não tinha nem como pedir uma poção revigorante depois de ela ter me tratado daquele jeito. Além do que, aquela conversa me confundiu ainda mais. Porque ela parecia ter tanto medo de mim? Como afirmava com tanta certeza que eu mexia com magia negra? E o que eram os tais skeenis que ela mencionou?
Quando pensava que tinha conseguido encaixar alguma coisa, tudo se embaralhava novamente.
Ao entrar na sala comunal, logo avistei Gina conversando com um grupo de amigos. Ele parecia bem e feliz como sempre... Diferente daquela Gina triste, da carta que me mandou. Quando me viu, veio correndo me abraçar. Nós conversamos um pouco, contei do vodu, mas ela não pareceu se interessar. Deu mais importância ao meu beijo em seu irmão e ao término com Draco. Quando terminei de contar essas coisas, ela me deixou sozinha, dizendo que ia procurar Simas e que tinha um plano para voltar com ele.
Fiquei chocada com aquilo... Até a Gina estava agindo estranho como todos os outros! Isso tinha que acabar. Ela nem deu atenção quando disse que recebi um vodu! Então fui procurar Harry, perguntar pelas novidades, mas ao entrar no dormitório masculino só achei Rony e Dino.
- Bom dia – cumprimentei envergonhada – Vocês viram o Harry?
- Ele estava conversando com a prof.ª Tonks quando cheguei. Talvez ainda esteja com ela – disse Dino.
- Obrigada. Vou procurá-los.
- Não vai, não. – disse Rony.
Virei-me para ele com as mãos na cintura, como se pedisse uma explicação. Como ele se atrevia a ser tão autoritário?
- Desde quando você está sem comer, Hermione? – ele perguntou.
E foi aí que me dei conta do tempo que estava sem me alimentar. Mas minha garganta doía tanto, que parecia impossível alguma coisa descer por ela.
- Vamos tomar café. O Harry não vai fugir.
Detestei o Rony agindo como se fosse muito prudente. Fez-me sentir como uma garotinha, uma irresponsável. Mas também porque geralmente quem o fazia enxergar os erros era eu.
Quando vi aquela tigela de mingau na minha frente, uma imensa náusea me invadiu. Porém, ao pôr a primeira colher na boca, percebi o quanto estava faminta.
- Nós podíamos ir olhar as estrelas hoje à noite... – ele sugeriu depois de um tempo, sem coragem de me olhar.
Quase engasguei ao ouvir isso.
- Onde está meu amigo Rony e o que você fez com ele?? – retruquei irônica ao me recuperar do choque. E surpresa. E sentindo borboletas voarem em meu estômago.
- Ele estava tentando ser romântico, mas você estragou tudo. Então ele está indo se afogar no lago – respondeu levantando-se. Sorrindo, mas ao mesmo tempo, muito vermelho.
- Pois diga a ele que não precisa...E também, que não vai dar pra ver estrelas, tenho muito que estudar. – respondi envergonhada, me odiando pela mentira.
- Ah... Hum... Ok – ele disse ainda sem me olhar e saiu.
Fiquei imaginando qual seria a reação do Draco se eu lhe desse um fora igual tinha acabado de dar em Rony. Ou ele me insultaria de alguma forma, ou daria um jeito de me obrigar a ficar com ele. Não tinha como comparar os dois. O Rony era um fofo. Mesmo não querendo ser. Mesmo não sabendo que era. Até o ciúme dele (quando não ultrapassava os limites) era fofo. Já o Draco tinha atitude de sobra. Ele sabia fazer, sabia como fazer. Sabia me beijar, conversar, brigar nas horas certas... E me deixar querendo mais. Mas também sabia me aborrecer profundamente quando queria. E isso não era nem um pouco legal. Como eu podia ter me interessado ao mesmo tempo por caras tão diferentes um do outro?
Já estava quase terminando de comer, quando senti alguém esbarrar com força em mim. Era a Olívia. E eu só pude pensar que odiava o fato dela ser tão bonita. Aquele dia ia ser cheio. Mal amanhecera e eu já tinha levado uma bronca sem razão de Madame Pomfrey, tive que agüentar o Rony bancando meu pai e ainda dispensei passar a noite com ele pra ajudar Draco numa detenção. Mas nada daquilo se comparava a agonia de suportar aquela cretina.
- O que você quer, garota?! – exclamei.
- Você sabe. Se afaste dele.
- Você me cansa de tão repetitiva, Jones.
- Eu ainda não desisti, Granger. Não pense que ganhou só porque ele terminou comigo e passou o natal contigo. Por que você não continua com Malfoy?
- Desde quando você virou conselheira amorosa?
- Desde quando você foi se agarrar com ele no jardim, hoje cedo.
- Sua mentirosa! – disse, me enfurecendo – Você sabe que isso não é verdade!
- Mas o Rony não sabe. Talvez eu conte a ele...
- Pois conte! Não sei o que você fez, querida, mas ele não confia mais em você.
- Você é tão inteligente e não enxerga o óbvio. Rony Weasley não é para você. Você não é bonita, não é interessante, não tem senso de humor e nem gosta de quadribol! Vocês não teriam assunto. Brigariam o tempo todo. Sabe como era nosso namoro, QUERIDA? Milhões de beijos suculentos depois do treino no vestiário vazio.
Fiquei mais furiosa ainda com aquilo de beijos suculentos. Além do mais, ouví-la me fez sentir terrivelmente insegura. Me imaginei namorando com Rony e percebi que tudo que ela disse era verdade. Porém, não deixei que ela percebesse isso. Não deixei ela me irritar como nas outras vezes. Uma força desconhecida crescia dentro de mim.
- Pois é, mas mesmo te tendo, bonita, interessante e bem-humorada, ele te deu um FORA para ficar COMIGO. Querida.
Foi a vez dela ficar furiosa. Enrubesceu rapidamente, e estourou:
- VOCÊ VAI SE ARREPENDER, GRANGER! EU VOU TE INFERNIZAR ATÉ VOCÊ ME IMPLORAR PRA PARAR!!!
E saiu batendo o pé. As poucas pessoas que ainda estavam no salão olhavam assustadas de mim para ela. Continuei comendo indiferente a todos. Não ia ficar me estressando por aquilo, afinal não adiantava tentar impedir o meu nome de rolar nas fofocas da escola por um tempo.
- Eu ouvi o que ela disse... Não ligue, Mione, lute pelo Rony – disse Parvati sentando ao meu lado.
- O que houve, Parvati? Você torcia tanto pelo Draco...
- Ah, talvez ele não seja o que eu pensei. Um rostinho bonito às vezes não é o bastante. Além do mais, o Rony é a sua cara... E no começo eu torcia pra vocês dois, lembra? – ela disse sorrindo.
Nós conversamos mais um tempo e eu pensei muito nesse assunto. Em Draco, Rony e em mim mesma. Percebi que tinha estranhado a Gina estar tão esquisita mais cedo, só pensando no Simas, mas eu também já estivera assim. Tão voltada pra esses dois garotos que tinha esquecido de coisas igualmente importantes como o estudo e o ritual.
Conversei com Harry. Ele disse que não o deixaram saber de muita coisa enquanto estava na Ordem (ao contrario do que ele imaginou), mas que eles pareciam estar bastante empenhados em descobrir quem tinha feito o ritual. Ele também ouvira a Sra. Weasley dizer que os membros da Ordem estavam muito preocupados com um possível ataque surpresa de Voldemort, e que já estavam estranhando o fato dele ainda não ter atacado desde sua volta a quase dois anos. Aquele ritual devia ser realmente uma coisa grande. E eu tinha frustrado tudo. Mas o que me deixou mais impressionada foi o Harry dizendo que não tinha sido a Tonks quem pegara os livros na biblioteca na noite de Halloween. Ele conversou com ela, que negou ter feito isso, e disse que não tinha porque pegar os livros. Então, chegamos a conclusão de que se não foi ela, só podia ter sido a mesma pessoa que roubou os livros do meu quarto, se passando pela Tonks. A mesma pessoa que Gina viu se aproximando da biblioteca. E ela não queria que eu visse algo que estava nos livros! Digo ela, porque provavelmente era uma mulher.
Uma garota. Entre as milhares que estudavam em Hogwarts. Como faríamos para descobri-la?
Depois do jantar, já estava me sentindo um pouco melhor. Dei uma desculpa de que ia estudar para Harry e Rony e saí a caminho das estufas. O momento do dia que eu mais esperara. Meu encontro com Draco.
A estufa n.º 2 era uma das maiores da escola. Era onde ficavam as plantas mais horrendas, perigosas e temperamentais. Fiquei imaginando qual seria a detenção de Draco. Seja lá qual fosse, devia ser bem ruim.
O lugar estava totalmente escuro e eu só ouvia uns sons estranhos, feitos pelas plantas. Quando empunhei a varinha para um lumos, senti a mão dele deslizar pela minha barriga. Parecia que meu corpo tinha descarregado uma corrente elétrica.
Ele afastou os cabelos do meu ombro e sussurrou em meu ouvido:
- Senti sua falta.
Eletricidade. Ação e reação. Química. Mágica. Alguma coisa que só Newton e Dumbledore poderiam explicar... Ou não.
Começou a beijar meu pescoço, enquanto suas mãos ainda estavam sobre meu ventre. A placa de perigo se acendeu. Não podia deixá-lo ir além, depois de tê-lo traído. Eu me afastei.
Ele suspirou pesadamente e disse:
- Odeio quando você faz isso.
- Nós terminamos. – disse com a voz falha.
- Obrigado por me lembrar – disse ríspido – Limpar o lugar, colocar as plantas em ordem por espécie e tamanho e podar as que estão grandes demais. Tudo isso sem magia, McGonnagal me tirou a varinha. Eu demoraria uns dois dias pra fazer isso sozinho, mas como você está aqui com sua varinha... pode me ajudar.
- Não está esquecendo de alguma coisa?
- Ok, eu retiro o que disse.
- E...
- Eu não vou pedir desculpas – ele disse beijando meu rosto. Então nós começamos a faxina. Quando terminamos, uma hora depois de muito trabalho, pudemos finalmente conversar:
- Então, Hermione. O que você quer de mim? Meu corpo? Minha boca?
- Seus conhecimentos.
- São seus. Pergunte.
- Aquele pergaminho... o que diz nele... É verdade?
- Sobre a pessoa ter sucesso em tudo? – ele perguntou sorrindo – Claro que não. Leva tempo para a pessoa se aprofundar em magia negra e obter confiança do Lord. Por que?
- Porque isso poderia ser uma pista pra encontrar ‘a pessoa’ que queremos.
- Hum... Eu andei perguntando do ritual para minha mãe. Ela relutou em falar, mas disse alguma coisa. Se soubesse que eu estava contigo não teria me dito nada.
- E o que ela disse?
- Esse ritual foi criado há muito tempo atrás. Com o poder do sangue da pessoa sacrificada, os espíritos matariam todos aqueles que fossem trouxas e impuros de sangue num raio de cinco quilômetros.
- Então o plano era atingir Hogwarts e Hogsmeade! Isso desmoralizaria Dumbledore, Hogwarts provavelmente seria fechada e o Harry seria presa fácil para Voldemort. Todos os coelhos de uma cajadada só.
- Exatamente. Mas como o ritual deu errado...
- Não deu. Eu sobrevivi por um outro motivo que ainda não sei qual foi.
- Um dom?
- Não sei! Acho que não possuo nenhum dom! – comecei. E o contei sobre todas as minhas teorias de como era ‘a pessoa’, e também sobre o que Harry descobriu sobre Tonks.
- Você pode estar enganada, meu bem – ele disse quando o contei que ‘a pessoa’ era uma garota – Pode realmente ter sido a prof.ª Tonks sob a influencia de uma imperio. E quem roubou os livros do seu quarto, também poderia estar sob essa maldição.
- É você tem razão...Você tem toda razão! – disse me repreendendo por não ter pensado antes nessa hipótese – Mas não creio que tenha sido a Tonks. Ela também é auror, caso você não saiba.
- Mas pode ter sido qualquer um. Não necessariamente ‘a pessoa’. E você também pode estar errada quanto ao ritual. Até Dumbledore pensa que ele deu errado. Ele me perguntou se eu interferi em algo, pra te deixar viver. Ele acha que fui eu quem te salvou.
- O ritual deu certo. Eu tenho certeza. Uma certeza tão grande que me assusta. É como se fosse uma força...
- Se você tem tanta certeza, porque não conta logo a Dumbledore?
- Porque eu não tenho como provar nada! É só um forte pressentimento! – e subitamente, lembrei de uma coisa – Draco... você sabe o que é skeenis?
- Um concentrador de energia.
- Como óleo de almíscar?
- Só que mais poderoso. Os magos também usam quando querem aumentar um tipo especifico de poder. Como legilimência, por exemplo.
- Como eu não sei disso?
- Porque é proibido. E raro também. Eu conheço porque já vi meu pai usar para lançar maldições imperdoáveis. Mas por que você quer saber?
- Por nada... Eu devo ter visto em algum lugar e fiquei com isso na cabeça – respondi sem querer contar a ele que Madame Pomfrey nos tinha acusado de magia negra.
- Deve ter sido nos livros que te emprestei. Mas voltando... Se o ritual realmente deu certo, como você explica a onda de calor?
- Eu não explico – disse desanimada. Porém, de repente uma idéia louca surgiu na minha mente – Mas... você acha que poderia ser magia negra?
- Que tipo de idiota faria magia negra para termos calor no inverno?
- Não sei! Pode ter sido uma magia que não deu muito certo...
- Magia negra mal feita. Sempre tem conseqüências. Pode ser, por que não? E se ela foi pra te prejudicar, você pode reverter.
- Pode ter sido pra mim, sim! Explicaria meus desmaios e dores de cabeça... E até a minha má fase nos estudos!
- E se a onda de calor for conseqüência de magia negra, você tem como provar que o ritual deu errado.
- Naqueles livros tinham maneiras de reverter magias negras? Eles também traziam magias brancas?
- Em alguns, sim. Você está pensando...
- Que ‘a pessoa’ roubou os livros para eu não saber como reverter o feitiço!
- Claro!
- E se ela ou ele, me lançou essa magia, é porque não gosta de mim! Vai além do ritual. Essa ‘pessoa’ tem algo muito forte contra mim.
- Você é sangue ruim, metida, sabe-tudo e foi minha namorada. Muita gente não gosta de você. De graça.
- Mesmo assim. Isso limita as possibilidades. Você sabe de algum feitiço pra reverter?
- Sei de um pequeno ritual. Mas não sei se vai dar certo.
- Pois diga. Eu tentarei.
Um punhado de gloxínias anãs moídas, três folhas trituradas de andromiscus frescos e sete gotas de orvalho. Conseguimos tudo ali mesmo, na estufa, com um certo trabalho, pois as gloxínias anãs gostavam de morder. Fomos para perto da plantação de abóboras, onde a luz do luar parecia ter mais intensidade. Espalhamos os ingredientes pelo chão, na forma de um circulo e demos as mãos. Nós dois estávamos suando. Por causa do calor imenso, pelo trabalho que tivemos ou por nervoso mesmo.
Era estranho o modo como o meu mundo precisou revirar tanto pra eu ter a chance de percebê-lo. Lembrei das minhas férias, daquela calmaria incomum e de como eu a odiava. Então eu o conheci. E ele me fez sentir importante. Me instigou, me atraiu para uma armadilha e me livrou dela. E eu só podia me perguntar: será que foi o mundo que mudou? Ou fui eu mesma? Ou será que eu mudei e por isso, minha maneira de enxergar tudo estivesse tão diferente? Como achar normal estar preparando um ritual com o Draco, no meio da noite, sentindo a vontade de tentar descobrir mais sobre tudo aquilo, muito mais forte do que o medo de ser pega e levar uma detenção. Estranho às vezes agir como uma garotinha inexperiente e boba. E às vezes me sentir muito mais velha. Como naquele momento.
Foi a última coisa que pensei antes de começarmos o ritual. Ele sorriu como se me encorajasse, fechamos os olhos e eu comecei:
- Luz que tudo leva.
- Que seja para o bem – ele disse em seguida.
- Luz que tudo pode desfazer.
- Que seja para o bem.
- Afasta toda treva.
- Que seja para o bem.
- E o nó dessa magia, faça romper!
- Que seja para o bem de todos.
Após repetirmos sete vezes, abrimos os olhos, juntamos todos os ingredientes e os jogamos no lago. Uma paz reconfortante me envolveu e eu não soube explicá-la. Talvez fazer aquele ritual tivesse sido inútil. Talvez a onda quente não tivesse nada a ver com magia negra. Porém estar ali, com Draco ao meu lado, fazendo alguma coisa parecia me tornar mais forte, mais segura. Ele acreditava em mim. E isso me fazia acreditar também.
Já estava me virando na direção do castelo, quando ele tocou meu ombro.
- Fica – ele disse. Uma simples palavra. Mas foi quase como uma súplica.
Fica. Sem arrogância, sem ironias... Fica. Sincero, humilde, como se não acreditasse que eu o atenderia.
E eu fiquei.
Eu quase sinto aquele buraco em sua alma
Conversamos muito. Coisas sérias, besteiras... Sobre a guerra, sobre a escola, sobre nós. Ele perguntou o motivo de eu ter terminado tudo. Eu não soube responder. E ele não insistiu.
“Puxa, Draco, como eu queria que a gente parasse com essa coisa de jogar, de se esconder, de não revelar mais de nós mesmos... Como eu queria que você me visse frágil, que eu te visse frágil. E ai, podíamos nos consolar, nos ouvir, nos entender tão melhor! E não travar nunca mais. Ter uma briga de verdade, pôr tudo pra fora. Pra você saber tudo de mim, eu saber tudo de você. Pra compreender essa tristeza que vi no fundo dos seus olhos e tentar te alegrar, tentar fazer mais, muito mais por você. Retribuir pelo menos a metade do bem que você me trouxe. Eu queria tanto te abraçar, pra você perceber que eu ainda estou contigo, pra você não sentir medo, que a gente vai conseguir! Sim, nós vamos! Desculpe-me se eu fui rude, se fui até mesmo cruel contigo. Mas por favor, entende que foi pra te proteger, que foi pensando muito em você!”
Mas eu não tinha coragem pra dizer aquilo. Eu, Hermione Granger, grifinória. Não tinha coragem. Começamos a falar do estranho alinhamento das estrelas naquela noite e eu continuei sentada ao lado dele, tentando parecer natural, mas com aquilo tudo preso na garganta. Sem poder colocar pra fora, totalmente travada. Era irônico estar ali com ele, quando era para estar com Rony. Talvez fosse por isso que me sentia tão confusa tão errada e tão culpada ao mesmo tempo.
Acho que assim que decidimos deitar na grama para olhar melhor as estrelas, adormeci. Meu corpo inteiro doía, desde cedo. Acordei, ou melhor, fui acordada pelo alvoroço de Draco, que me sacudia e gritava ao mesmo tempo:
- Olhe! Olhe!
Abri os olhos com dificuldade e me sentei. Pequenos flocos brancos pairavam acima do meu nariz.
- Não acredito – disse sentindo lagrimas de felicidade vindo em meus olhos. Nunca fiquei tão feliz em ver a neve – Nós estávamos certos! Deu tudo certo!
Ele me ofereceu a mão para me ajudar a levantar. Eu o abracei num impulso e depois saí correndo, como uma criança feliz, sentindo o vento gelado bater com força no meu corpo. Ele também trazia um enorme sorriso no rosto. As nossas suspeitas eram verdadeiras! Nosso ritual tinha dado certo. A neve agora caia sobre Hogwarts. E nada mais importava.
Porque você era o mesmo que eu
Ele me cobriu cuidadosamente com sua capa e depois fechou os olhos, sentindo os flocos úmidos tocarem seu rosto. O cabelo dele estava bagunçado pelo vento e eu nem queria imaginar como estava o meu. Mas nenhum dos dois parecia ligar muito para isso. Estávamos mudados, mais soltos, e naquele momento, mais felizes. E o mais legal disso tudo, é que tínhamos mudado juntos. Eu queria saber quando exatamente tinha acontecido aquilo. Quando Draco Malfoy deixou de ser um babaca desprezível e virou aquela pessoa tão formidável. Quando o sorriso sarcástico deu lugar ao sincero. Quando o olhar gélido mudou de repente para aquele olhar tão humano. E o mais incrível era saber que ele continuava o mesmo. Mas pra mim... era diferente.
Como eu pude ter sido a única?
Eu vi o mundo girar por baixo de você
E derreter como gelo da colher
Ainda com sorrisos nos lábios, nos entreolhamos calados. Não precisávamos de palavras. Os olhos falavam, o corpo falava, os sorrisos falavam. E a minha cabeça não queria pensar em nada. Só em viver aquele momento, mesmo sem saber onde ele ia dar. Era a vida que sorria pra mim novamente.
Ele se aproximou e me olhou intensamente nos olhos. Do mesmo modo que os sorrisos vieram, foram embora. Estava ficando muito frio. Dali a pouco teríamos que voltar para o castelo e nos agasalharmos. Mas eu não poderia sair naquele instante. Sentia que se quebrasse aquele contato, se quebrasse aquele silêncio, tudo aquilo acabaria, a neve iria embora e minha alegria também.
Uma alegria triste, se é que aquilo poderia existir. Alegre por termos conseguido descobrir alguma coisa e desfazer o feitiço. Mas triste, e com raiva e medo, tudo isso junto, misturado, por de repente me sentir mais sozinha do que nunca, ali olhando nos olhos dele.
E os anjos caem sem você ali
E eu continuo como você, fria
Ou você está rezando por alguém?
E de novo veio a vontade de abraçá-lo, de sair correndo, o puxando para brincar novamente com o gelo e só rir tolamente da vida. Mas eu sabia que aquilo não era possível entre nós, que a gente não era mais criança e íamos acabar indo além da brincadeira se eu o abraçasse.
Mas eu queria tanto mostrar pra ele, pra mim mesma, a graça daquilo tudo. Queria contar uma piada pra fazê-lo sorrir novamente. Porém não pude, eu não soube.
E o amor você nunca conheceu
Quais as coisas que eles nunca te mostraram?
Que engoliram a luz do sol
Por dentro de sua sala
- Aqui está muito gelado. E você não tá bem. Vamos entrar – ele disse quebrando o contato dos nossos olhos. Mais gélido do que os flocos de neve que caiam em nossos rostos.
E assim, fui dormir. Com todos aqueles sentimentos contraditórios, ainda fortes no meu coração.
No dia seguinte, todos estavam assustados com a neve. Casacos, gorros e cachecóis foram rapidamente tirados do fundo dos malões. Muitas meninas comentavam a brusca mudança de tempo nos corredores do dormitório. Eu me sentia muito melhor, apesar do frio. A dor no corpo tinha passado, só estava um pouco fraca pelo resfriado. Descia para tomar café, quando Olívia apareceu do meu lado.
- Que surpresa essa neve toda de repente não é? – ela comentou comigo, como se fossemos muito amigas.
- É – respondi já mal-humorada.
- Preparada para mais surpresas, Mione? – ela perguntou com ironia e saiu. Fiquei apreensiva só de pensar no que ela teria aprontado. Continuei a descer as escadas e quando cheguei na entrada do salão principal ouvi em alto e bom som alguém falando:
- Você endoidou de vez, garota?!
Era a Parvati com a Luna. Fui até lá.
- O que foi gente? – perguntei.
- Ah, oi Mione – cumprimentou Parvati – É a Luna, teimando comigo em uma coisa. Ela afirma que o tempo mudou por causa de magia negra.
Olhei intrigada para Luna. Ela trazia a mesma expressão sonhadora de sempre.
- Por que você acha isso? – perguntei a ela.
- Eu não acho. Eu sei. E você também sabe – ela disse me olhando com aqueles olhos enormes.
- Pronto! Todo mundo ficou louco! – Parvati exclamou, se afastando de nós.
- Como você sabe? – perguntei diminuindo o tom de voz.
- Eu sonhei. Não se preocupe, vai dar tudo certo.
Fiquei incomodada com aquelas respostas vazias da Luna. Perguntaria mais, se não fosse o Draco chegar e puxar meu braço com brutalidade.
- Vamos conversar – ele disse parecendo muito chateado. Assustei-me tanto com essa atitude dele, que nem perguntei porque agia assim. Só o segui até uns corredores vazios próximos a Sonserina.
- Eu desisti de toda uma vida, toda uma reputação por sua causa – lançou-me um olhar frio – Eu acreditei em você... E você mentiu pra mim – e me passou um bilhete amassado. Estava escrito em letras disformes:
ELA TE DEIXOU PELO WEASLEY.
Então eu soube o que Olívia quis dizer com “mais surpresas”. A estúpida tinha mandado aquilo pro Draco.
- E o pior é ainda ser humilhado por aquele verme, tudo isso por sua causa! Eu não sei como acreditei quando você disse que não ia voltar pra ele, que tinha raiva dele! - ele disse furioso.
- Você brigou com Rony? – consegui finalmente perguntar.
- O que você acha? – ele retrucou.
Droga! – pensei. Agora ele estava sabendo do beijo e da pior maneira possível. Sem contar que Rony também devia estar morrendo de raiva de mim.
- Draco, eu não planejei beijá-lo, só fui conversar e aconteceu! Eu sonhei com ele, foi horrível. Precisava saber como ele estava.
- Que lindo! Você sonhou com ele! Não espera que eu me comova com isso, espera? Chega de mentiras, Granger. Você podia ter me dito que era por causa dele, mas preferiu inventar que não me merecia. Realmente... você não merece.
- Me desculpe - foi a única coisa que consegui falar.
- Que se dane, Granger! Fique com o Weasley, eu não me importo. Só não espere que eu te perdoe. Nunca mais quero te ver. Mas sei que vou ver, e pior, com ele. E isso já me dá nojo só de imaginar. Então fique avisada de que vou me vingar. Quando você menos esperar. Ninguém brinca comigo assim.
- Draco...
- JAMAIS SE ATREVA A FALAR MEU NOME COM ESSA BOCA... – ele gritou, se aproximando de mim e segurando meu rosto fortemente com uma das mãos – Essa boca... – e se aproximou mais, olhando fixamente para meus lábios – Essa boca... – sussurrou pegando em minha cintura. Nossos corpos estavam perigosamente próximos um do outro. A boca dele, vacilante, a um centímetro da minha. Uma chama se acendeu em mim. Fechei os olhos e entreabri os lábios. Então ele me soltou e foi embora.
Senti-me imunda, humilhada, e muitas outras coisas ruins enquanto lágrimas vinham em meus olhos. Eu tinha ferido o amor-próprio dele. Seria a coisa mais difícil conseguir seu perdão.
Cheguei atrasada na aula de transfiguração. Levei uma bronca da prof.ª McGonnagall e me sentei o mais longe possível de Rony. Eu não queria olhá-lo. Não conseguiria enfrentá-lo logo depois daquela briga com Draco. Se Olívia mandara um bilhete para ele também, eu teria que pensar muito bem no que dizer para não perder mais uma amizade.
Depois das aulas da manhã, fui direto para o dormitório feminino. Eu precisava falar com Harry, precisava falar com o diretor, precisava pensar sobre o ritual, mas não conseguia. Só pensava no Draco, no Rony e no que aquela maldita loira tinha feito. Eu precisava de um conselho. Precisava falar com a Gina.
Ela estava sentada na cama, lendo alguma coisa. Eu entrei totalmente abalada, tremendo.
- O que houve? – perguntou preocupada, quando me viu naquele estado.
- Sabe, Gina, eu achava que amar era uma coisa boa, que nos tornava pessoas melhores, mais felizes. Com todo mundo é assim. Mas comigo... Eu só tenho feito besteiras, e cada vez que penso estar no caminho certo, acontece uma coisa! – disse já com lágrimas nos olhos. E lhe contei tudo o que aconteceu.
“... E eu que já estava tão certa dos meus sentimentos por seu irmão, me senti totalmente atraída pelo Draco. Realmente queria que ele me beijasse, eu cheguei a fechar os olhos! Posso sentir ainda nesse instante o rosto dele perto do meu, as suas mãos, o hálito dele e a sensação de vazio e frustração que ele me deixou ao ir embora. Então me diz, Gina... O que está acontecendo comigo? Será que estou louca?” – perguntei ao terminar de despejar todas as minhas inseguranças.
Ela suspirou fundo e olhou para a janela, depois de ter ouvido tudo num silencio muito estranho. Lá fora a neve continuava a cair, agora com violência. Seu semblante pareceu triste por um instante, mas logo voltou ao normal.
- Talvez seja melhor mesmo você e o Rony ficarem afastados por um tempo – ela disse com indiferença.
Eu não pude acreditar... Era mesmo a minha melhor amiga que estava falando aquilo?
- Por que?
- Acho que você gosta do Draco. É difícil admitir isso, mas eu não quero te ver brincando com meu irmão. Ele sofreu demais com essa história. Você nem imagina quanto.
- Jamais faria isso. Você devia saber – falei com sinceridade.
- Desculpa, mas eu não acredito nisso.
- Gina...
- Não estou te reconhecendo mais, Mione.
- Estou muito confusa...
- Ora, Mione! Deixe disso! Você nunca foi assim. Você nunca precisou pedir conselhos a mim, pelo contrário, eu que os pedia pra você! Cadê a garota decidida que eu conheci?
Então lá estava eu, sentada na cama da minha amiga, confidente. E eu só pedia pra ela conversar, me dar uma luz, me incentivar, tentar descobrir junto comigo uma solução para meus problemas, ou até mesmo mentir pra me animar um pouco. E ela só soube dizer: “Ora, Mione! Deixe disso”. Me senti um lixo.
Tentei evitar, mas lágrimas vieram em mês olhos quando me levantei pra sair dali. Talvez eu fosse me jogar da janela, ou então cortar os pulsos. Foi quando ela disse:
- Faça o que tem de fazer, mas antes vá falar com Rony. Diga qualquer coisa, não o deixe ficar pensando em besteiras sozinho. Se ele recebeu mesmo esse bilhete, deve estar ferido, pode até estar te odiando, mas corra atrás dele antes que ele transforme isso numa avalanche de ódio e faça alguma burrada. E por favor, se afaste dele.
A própria irmã dele estava dizendo para me afastar. Minha própria amiga agindo com tanta frieza comigo. Eu só precisava de um abraço. Mas estava sozinha. E ia permanecer assim.
- Rony – chamei trêmula, quando o achei na sala comunal.
- Fala – ele disse.
- Sobre o bilhete que você recebeu...
- Aquela coisa ridícula que a Olívia mandou? Não acreditei em uma palavra – ele disse, me interrompendo.
Minha garganta começou a arder. Ele acreditou em mim! Ao contrario do que pensei, ele realmente confiava em mim!
- Sei que você não está mais com o Malfoy. Eu já o coloquei em seu devido lugar hoje de manhã. Não se preocupe com isso.
- Sério? – perguntei emocionada.
- Eu realmente quero fazer as coisas certas dessa vez, Mione. Às vezes fico pensando em como tudo seria diferente se a gente fosse verdadeiro um com o outro desde o inicio.
- Seria tudo diferente – concordei cabisbaixa.
- Mas a gente ainda pode mudar isso.
- Receio que não.
- Claro que sim! Se você parasse de me evitar... É por causa da Olívia?
- Não – balbuciei, sentindo minha garganta queimar mais ainda.
- Porque se for, não tem mais nada a ver!
- Não é por causa dela.
- Por... por minha causa então? Eu fiz alguma coisa?
- Não.
Rony, você é perfeito! – me deu vontade de dizer.
- Então a gente continua de onde parou! Vamos continuar?
- Continuar o que? – perguntei inutilmente, já que sabia muito bem o que ele queria continuar.
- Nós dois! – ele disse impaciente – V- você... quer namorar comigo?
A pergunta que eu sempre quis ouvir. Por que certas coisas na vida acontecem nas piores horas?
- Não dá...– respondi num sussurro, mal podendo conter o choro.
Ele sorriu, nervoso. Perguntou mais uma vez:
- Vo- você q- quer, não quer, Mione?
- Não.
Pude ver que nos olhos dele também dançavam lagrimas. Ele insistiu:
- M- mas... Por que?!
Eu não respondi.
- Vamos, Mione... Vamos... con- continuar...
- Não, Rony!
- Por que não? – ele perguntou num fio de voz.
- Porque eu não quero, ouviu? Eu não quero!
Pra mim Hogwarts nunca deixou de ser aquele lugar mágico e impressionante, mesmo depois de tantos anos vivendo entre aquelas paredes. A escola presenciou os momentos mais importantes da minha vida. Minhas descobertas, aventuras e também minhas desventuras. O que mais me seduzia naquele castelo era o fato dele nunca ser o mesmo. A cada dia um novo achado, uma passagem secreta, uma sala escondida. O passado se misturando com o presente, tanto conhecimento a ser desvendado em cada cantinho, no livro mais feio e velho da biblioteca. Adultos, crianças, jovens, fantasmas interagindo uns com os outros. Por vezes em harmonia, por vezes não. Há pouco tempo eu tinha me dado conta do quanto eu era parecida com aquele castelo. A cada dia desvendava mais sobre mim. E no momento em que considerei que Hogwarts talvez não fosse o meu lugar, comecei a me sentir incomodada dentro de mim mesma.
Mas eu desisti? Não. Eu fraquejei? Muito menos. Descobri em mim uma força. E mesmo que estivesse sozinha, mesmo que estivesse perdida, eu ainda a tinha por dentro.
Cada um foi pro seu lado. Draco passou a me odiar. Já não implicava, nem me chamava de sangue ruim como antigamente. O que ele fazia era bem pior: me desprezava. Olhava através de mim, virava o rosto quando eu passava, me ignorava totalmente. Rony tentava parecer normal e também não falava comigo. Depois daquele dia em que o recusei, ele andava mais carrancudo do que nunca, distribuindo detenções a todos que lhe cruzavam o caminho, brigando com os alunos mais novos sem motivo, pegando pesado demais com o time. O único que ainda conversava comigo era Harry, pois também me afastei de Gina. Ela me magoou demais depois de me tratar com tanta frieza no momento em que mais precisei. Eu estava triste, claro que estava. Seria desumana se não estivesse. Mas não ia me deixar abater como nas outras vezes. Eu já tinha ido longe demais pra ficar me sentindo a coitadinha e parar com as minhas investigações sobre o ritual. Eu não estava nem começando. E pretendia chegar até o fim.
Disse tudo o que sabia ao diretor. Virava noites conversando com Harry ou lendo o maior numero de livros que eu conseguisse. Voltei toda a minha vida para aquilo. E acabamos chegando num plano. Seria perfeito se tudo desse certo e nos estávamos confiantes que daria.
Descobrimos uma sexta-feira, 13 em janeiro. Também era possível fazer rituais nesse dia e deduzimos que ‘a pessoa’ tentasse me matar novamente nessa data. Então bolamos a seguinte armadilha: Dumbledore liberaria um passeio a Hogsmeade para todos os alunos, mas eu não iria, pois daria uma desculpa de estar doente para ficar no castelo. Como essa ‘pessoa’ devia estar de olho em mim, também ficaria no castelo para me matar. Acontece que em vez de me enfrentar, enfrentaria Tonks, que tomaria poção polissuco para ficar com a minha aparência. Eu estaria no meio de todos em Hogsmede, disfarçada e escondida. Uma ótima idéia.
Então a sexta-feira chegou. Mudei a cor dos meus cabelos e dos meus olhos com um feitiço, me arrumei de um jeito diferente e fui pra Hogsmeade com o coração aos saltos. Todos iam felizes e risonhos pelo caminho, mas eu e Harry estávamos mais apreensivos do que nunca. Rony também sabia do plano (apesar de ainda não falar comigo) e parecia igualmente preocupado. Olhava-me furtivamente de vez em quando, como se a qualquer momento fosse explodir alguma coisa na minha cabeça. Uma pontinha de felicidade cresceu em mim ao perceber que ele ainda se importava apesar de tudo. Ainda poderia haver esperança pra gente?
Eu, ele e Harry fomos para o Três Vassouras e sentamos numa mesa bem escondida. Alguns intrometidos nos olhavam com insistência, talvez tentando descobrir quem era a garota de cabelos e olhos negros que estava sentada com Harry Potter e Rony Weasley. Mas nós não estávamos muito incomodados com isso. Bebíamos nossas cervejas amanteigadas em silencio mortal, quase não sentindo o gosto, com todos nossos pensamentos voltados para o que estava acontecendo dentro da escola.
- Acho que há essa hora já deve ter acontecido tudo o que era pra acontecer – disse ao olhar meu relógio e constatar que nos já estávamos lá há três exatas horas.
Harry concordou silenciosamente com a cabeça. Quando olhei para Rony, ele desviou o olhar rapidamente para a janela.
Eles foram pagar e eu saí para a rua. Uma densa neblina cobria a cidadezinha. Um vento frio passou por mim, fazendo voar meu chapéu. Corri para apanhá-lo e quando levantei o rosto, me deparei com uma pessoa estranha me observando ao longe. Não dava pra ver quem era por causa da neblina, mas deu pra perceber que ela empunhava sua varinha. De repente, todas as peças se encaixaram, eu soube todas as respostas. Porém, era tarde demais. Uma luz verde avançava rapidamente em minha direção.
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