Difícil escolha
Hermione Granger
Escrevi num pergaminho. Devia estar terminando um trabalho de Aritmancia para entregar quando voltassem as aulas, mas já passava de onze horas e eu não conseguia pensar.
Na verdade, eu pensava sim. Mas em outras coisas. Coisas que nunca me dei conta que existiam. E eu as aceitava passivamente sem lutar e sem nem me perguntar o porquê.
Porque há coisas que começam e terminam pela metade, ou mesmo antes disso... ou terminam antes mesmo de começar, a gente querendo ou não... Há coisas que começam sem sua permissão, coisas que quando você percebe, já estão lá. Verdades concretas e inegáveis. E também há aquelas coisas que nascem de uma vontade enorme que a gente tem de que aconteça, e quando elas finalmente acontecem, nos vemos perdidos em nossos próprios desejos.
E é perda de tempo procurar o porquê dessas coisas. Não tem como explicar. Pois quando eu vi, já tinha acontecido tanta coisa, que já não dava para ter controle absoluto de tudo.
Não dava mais para dominar meus sentimentos. E meus pensamentos também.
Eu queria não pensar em mais nada para evitar sofrer. Só que já não dava.
E eu tinha que aceitar aquilo tudo, porque assim era a vida. Só teria que mudar a forma de encarar. A pergunta chave não era "por que". A pergunta era "como".
"Como mudar o rumo das coisas?"
Como parar com aquilo de me sentir uma morta-viva? Alguém que deveria ter morrido, mas não morreu por algum motivo obscuro que ninguém queria explicar?
Andei cercando Dumbledore, depois de ser dispensada da ala hospitalar, querendo dizer tudo de uma vez, querendo pedir conselhos, pedir ajuda. Mas ele disse sereno, apesar de meus protestos, que só conversaria comigo quando Draco se recuperasse. Então algumas coisas seriam esclarecidas. Bom, pelo menos era isso que eu esperava.
Nenhum dos outros professores pareciam dispostos a me ouvir também, todos estavam muito ocupados em lançar feitiços de memória para apagar as passagens secretas da cabeça dos alunos. Então, me sentindo muito ignorada e com raiva de todo mundo, fui me esconder atrás das cortinas de minha cama.
Logo eu que tinha tanta coisa pra contar!
...
Hermione Malfoy
Escrevi embaixo. Me lembrei dele deitado, quase desmaiado, sentindo dor. Doía em mim também. Doía saber que fora por minha causa que Draco tinha se sujeitado ao perigo. Isso me fazia sentir ligada a ele de um jeito que eu nunca imaginei. Como se eu fosse responsável. Como se estivesse em dívida.
E eu estava.
Passei o dia todo sentindo uma angústia enorme. Odiava essa sensação. Odiava imaginá-lo sofrendo. Dava uma agonia por dentro, uma vontade de fazer com que tudo o que ele estivesse sentindo de mal, passasse para mim de alguma forma.
Li o que tinha escrito. Brincadeira boba essa de ficar vendo como seria meu nome de casada... Eu só podia estar ficando louca... Me pareceu muito estranho ter "Malfoy" no nome. Então logo risquei.
...
Hermione Weasley
Escrevi logo depois. Lembrei do olhar que ele me deu ao sair da ala hospitalar. Como se nunca mais fosse me ver. Talvez ele não visse. Eu já não era mais a mesma.
Rony não me procurou mais o resto do dia. Eu sabia que isso ia acontecer. Ele era orgulhoso demais assim como eu. Se eu quisesse saber o que ele queria conversar comigo, teria que ir atrás dele. Mas eu não iria.
Talvez eu não quisesse saber.
Talvez eu tivesse medo de ouvir e falar coisas ruins, e mais ainda de serem coisas boas. Acho que não estava preparada para voltar a falar com ele. Eu não queria desculpas falsas, acusações inexistentes... não queria acreditar nele. Não queria voltar ao normal, fingindo que nada aconteceu. Talvez fosse melhor mesmo seguir o odiando. Ele e sua namorada maldita.
Achei aquele nome, Weasley, tão vazio de sentido, que rasguei a folha.
Deitei no sofá, encarando o teto da sala comunal. As aulas tinham sido suspensas. Todos já estavam dormindo, pois no dia seguinte, iriam para suas casas passar as festas de fim de ano. Todos menos eu. Dumbledore achou que eu ficaria mais segura em Hogwarts. Eu achava que não estava segura em lugar algum.
Passei o resto daquele dia escondida no quarto. Queria evitar os olhares curiosos, as perguntas que certamente viriam e as fofocas. Queria evitar a Olívia e suas piadinhas maldosas. Evitar também a censura dos meus melhores amigos, Harry e Gina, que ainda estavam brigados comigo e que brigariam ainda mais se soubessem o motivo inicial da minha amizade com o Draco. Queria evitar aqueles olhos que às vezes traziam paz, às vezes confusão. Os olhos azuis de Ronald Weasley.
E de repente desejei muito e forte que o Draco estivesse são. E que me beijasse daquele jeito que fazia esquecer. Que me dissesse que precisava de mim. Que me passasse alguma força, uma vontade de viver. Porque se existia alguém que realmente precisasse de mim, essa pessoa era Draco Malfoy.
Porém, pensando nisso, me dei conta do quanto o Rony estava longe. E isso dava medo. Era como se uma parte muito importante da minha história tivesse ido embora. Para sempre. Uma história que poderia ser feliz, que poderia ter sido tudo, mas não foi. Que terminou de um jeito triste e precoce demais. Ou melhor, que não terminou (o que fazia ser ainda mais assustador). E logo ele, com aquele jeito de chatear e brigar por tudo, bobo e insensível... Que me beijou tão desajeitado, e mesmo assim tocou meu coração...
Já não havia mais brigas. Nem chateações. Nem aquele olhar que por vezes censurava, por vezes desconcertava.
Nem ninguém me atentando por causa do Draco ou do Vítor, nem pedindo para copiar meus deveres, nem resmungando o quanto eu era chata, nem dizendo que daria o céu pra mim.
E isso incomodava. Como algo entalado na garganta. Como um dever mal feito. Como uma bronca do Snape.
"E daí que o eu e Rony não éramos mais amigos? Melhor assim!" - pensei.
Melhor do que me sentir uma boba por gostar dele. Melhor do que ficar sempre quebrando a cara.
Com o Draco eu era importante, confiante, livre. Com ele eu sorria, eu esquecia. Ele era divertido, lindo, interessante, inteligente, charmoso, irresistível. Naquele momento, era tudo o que eu precisava.
Tudo...
Dei um grande bocejo. Meus olhos estavam quase se fechando. Foi quando Gina e Harry entraram na sala comunal, cochichando entre si. Levaram um susto ao me ver ali, deitada.
- Isso são horas de andar pelo castelo? Já pensaram que o Filch poderia pegar vocês? - perguntei, preocupada.
- Hermione, você NÃO É MAIS MONITORA. - disse Gina, com uma cara aborrecida.
- Eu sei, Gina. Não precisa me lembrar disso. - respondi amuada. Ela ainda não falava direito comigo... Mesmo depois de saber tudo que tinha acontecido.
- Eu preciso conversar sério contigo. - disse Harry para mim.
- Eu também preciso. Com os dois. - disse ao ver que Gina saía. Ela voltou os olhos para mim de um jeito surpreso.
- É muito ruim ficar sem falar com seus melhores amigos, não é? - perguntei fazendo Harry sorrir com o canto da boca e Gina me olhar mais surpresa ainda.
- Se é tão ruim assim, por que você não fala com meu irmão? Por que você não conta mais nada pra gente? - ela perguntou depois de um tempo - Tem idéia de como nós ficamos preocupados contigo? Acho que não, afinal você só pensa em si mesma. E é claro, no Malfoy!
- Talvez eu seja mesmo uma idiota... ou ele seja... eu não sei... É que eu fiquei com tanta raiva do Rony que acabei descarregando em vocês. A gente faz cada besteira! Mas Gina, por favor, vamos parar com essa briga. Eu nunca trocaria vocês por ninguém nesse mundo... Afinal, o que seria das idiotas se elas não andassem juntas?
Um sorriso relutante foi se formando no rosto dela. Até que ela sentou-se ao meu lado.
- Ai, Mione... O que seria de mim, sem você? - e me abraçou - Estou tão aflita com tudo o que houve... Merlim! O que aconteceu ontem?!
Foi como se um enorme peso saísse do meu coração.
- Ah, vem também, Harry! - disse Gina puxando-o para o abraço, sem nem perguntar se ele queria ou não. Ele ficou tão vermelho e atrapalhado que deu pena.
Depois de algum tempo de sorrisos e besteiras, a conversa se tornou séria... Contei sobre o que Draco tinha me revelado, e o modo como ele nos "salvou". Mas dessa parte eles já sabiam alguma coisa, pois o Rony tinha dito.
Daí contei tudo, tudo mesmo. Do Snape, da Tonks, dos livros, do pergaminho, do ritual, dos meus sonhos e até do meu envolvimento com Draco. Tudo o que eles não ficaram sabendo naquele tempo em que ficamos sem nos falar direito.
- Você sobreviveu... assim como eu. - Harry disse pensativo, quando terminei de falar.
- Não foi como você. Eram situações diferentes, Harry. Algo nesse ritual deve ter dado errado. - eu disse.
- Mesmo assim... você sobreviveu. E isso tem que ter algum significado.
Gina, que até então estava calada, perguntou emburrada:
- Então você está mesmo com ele? Mesmo depois disso tudo, dele dizer que queria te matar?
Era incrível que depois de tudo o que eu tinha dito, ela se importasse mais com o fato de eu estar com o Draco.
- É... Não... Não sei! A gente se beija às vezes. Mas só começou agora. Antes não tinha nada a ver. - respondi envergonhada por falar aquelas coisas na frente do Harry. Gina fechou a cara mais ainda.
- E se ele ainda estiver te usando? E se ainda quiser te machucar?
- Ele não quer.
- Como você tem tanta certeza? - ela insistiu. Harry trazia essa mesma pergunta no olhar que lançava a mim.
- Eu estou certa de que ele realmente gosta de mim. Pode ser que continue o mesmo Malfoy de sempre, metido, repugnante e chato, mas mesmo assim, gosta de mim. Ele salvou minha vida e a do Rony também. E se isso não for uma prova de mudança, eu não sei.
Os dois se entreolharam de um jeito esquisito.
- Eu não gosto dele. Nunca vou gostar e sinceramente acho que você e o Rony ainda podem ficar juntos... - começou Harry com uma cara muito feia também.
- Mas eu acho que não. - retruquei. Podia entender o lado deles. Eu e Draco juntos devia ser uma coisa bem difícil de digerir. E ele não era um exemplo de bondade. Mas eu não agüentava mais esconder nada de ninguém. Até porque eu não sabia mentir.
- O caso, Hermione, é que ele não é confiável, já quis te matar e a gente acabou de ouvir uma conversa... Estamos desconfiados de uma coisa que não vai te deixar muito feliz.
- E o que é? - perguntei, ansiosa.
- Achamos que o Malfoy tem a marca negra.
- Impossível. Vocês devem ter ouvido errado. Eu já vi o braço dele e não tem nada! Me conta essa história direito.
- Nós estávamos procurando o Rony, ele sumiu o dia todo... Foi quando passamos na ala hospitalar e ouvimos a Tonks falar: "Com certeza é ele... Draco Malfoy tem a marca, Minerva!". Ora, ela não diria isso à toa. Então, é melhor tomar cuidado. A gente já sabe que ele salvou sua vida, e o Rony mesmo não acreditou quando eu disse, mas eu achei isso muito estranho.
- Isso pode significar muitas coisas, Harry! Mas vou checar. Mal posso esperar pra ele acordar e Dumbledore nos explicar tudo. Eu tenho muito a dizer e perguntar. Principalmente sobre o Snape.
- Nós vamos passar o natal na sede da Ordem, eles vão fazer uma reunião e eu poderei participar... Finalmente! E também vou poder perguntar a Tonks sobre os livros e sobre a viagem dela! - disse Harry, empolgado. Respirei fundo. Ele não tinha ficado tão chateado comigo.
- Por que eu não posso passar o natal lá também? O diretor quer que eu fique aqui, disse que é mais seguro... Mas lá vai estar cheio de bruxos mais velhos e experientes, seria bem seguro... - disse com uma pontinha de inveja deles.
- Pelo menos eles resolveram abrir o jogo com a gente, sem essa de ficar escondendo tudo. - disse Gina.
- Sei não, Gi... Acho que sua mãe não vai te querer envolvida nisso. - eu disse.
- De qualquer jeito, o Harry me conta mesmo... Não é, Harry?
- É... - ele respondeu, corando um pouco.
- Deixa-me fazer uma pergunta a vocês... - comecei com um certo temor - Se eu continuar com o Draco, vocês podem perdoar isso? Ou vão parar de falar comigo de novo?
Eles fecharam a cara novamente.
- Nem quero me meter nessa história. - disse Harry - Mas sei que depois do que aconteceu, não dá mais pra gente ficar desunido. Se vocês morressem ontem, eu não iria me perdoar nunca... Hermione, eu não suporto o Malfoy, mas as únicas pessoas que eu tenho na vida são os Weasleys e você. E eu não quero perder mais ninguém. Só não espere que eu seja amiguinho dele e nem que bata palmas pra vocês juntos. Continuo achando isso ridículo.
- Eu acho que você só pode estar sob efeito de algum encantamento bizarro pra gostar desse garoto horrível. - disse Gina de um jeito irritado - Mas também não quero te perder. E quando passar essa fase ruim de "Malfoy" na sua vida, você vai me dar razão.
- Obrigada. - disse, sorrindo emocionada. Eles ainda gostavam de mim, apesar de tudo, e isso era o mais importante.
- Vou subir. Ainda nem arrumei minha mala! - disse Gina, levantando-se rapidamente - Você vem, Mione?
- Depois... - respondi.
Ela me abraçou mais uma vez e disse:
- Você é estranha.
E foi como se ela dissesse: "Eu não te entendo e você é louca de estar com o Malfoy, mas vamos continuar sendo amigas apesar de tudo". Então ser estranha não era uma coisa tão ruim assim. Isso me deixou mais alegre.
- Me desculpe por ter sido tão nojenta. - eu disse.
- Tudo certo. - ela disse sorrindo - Se fosse comigo que estivessem acontecendo todas essas coisas, acho que agiria bem pior. Boa noite, gente.
- Boa noite. - eu e Harry dissemos juntos. Ele foi acompanhando-a com o olhar até ela sumir de vista. Eu fiquei o encarando.
- Quê foi? - ele perguntou sem jeito, ao ver que eu o olhava.
- Eu acho que a Cho já era mesmo... - respondi, tentando parecer séria.
- Ahn?? O quê? O que você quer dizer com isso, Hermione? - ele perguntou, atrapalhado.
- Nada...
- Ah, agora você vai dizer!
- É o modo como você olha para a Gina. Você está gostando dela, Harry?
- Ficou maluca, garota? Claro que não! A Gina é como se fosse minha irmã!
- Olha, Harry, eu já ouvi esse papo de "irmã" e no fim não era nada disso. Além do mais, eu sei da sua queda por garotas bonitas que jogam quadribol. - disse rindo.
- Pára com isso, Mione. Não tem graça. E eu não gosto da Gi.
- É pena. Vocês formariam um casalzinho lindo.
- Por que você tá falando isso? Ela te disse alguma coisa?
- Não, ela não disse nada. - eu fazia um esforço enorme para prender uma gargalhada.
- Hum... - ele fez, pensativo.
- Mas ela é uma garota e tanto, não é? - perguntei.
- Isso é... Depois de tudo que aconteceu, com o Percy e também com vocês ontem... Agora que Voldemort voltou... E todas essas coisas estranhas... Ela continua com o mesmo sorriso de sempre no rosto, como se tivesse certeza de que tudo vai acabar bem. Como se soubesse de algo muito bom que ninguém sabe... só ela... sorrindo...
- E você não correria o risco dela chorar enquanto a beijasse.
- MIONE!!!!!!
- Ok! Parei!!! Não falo mais nada! - disse tentando segurar o riso, sem sucesso.
- Você está diferente, sabia? - ele disse me olhando de um jeito como se não me visse há décadas, como se a gente não fizesse a maioria das aulas juntos.
- Um diferente bom ou ruim? - perguntei.
- Nenhum dos dois. Só diferente.
Nós ficamos nos olhando em silêncio. Senti-me inexplicavelmente mais feliz por ele ter notado a minha mudança. Era como se depois de muito tempo, alguém reparasse em mim de verdade.
- Olha, Mione, eu vou me informar o máximo que puder, vou falar com a Tonks, pedir algumas dicas, tentar descobrir sobre tudo o que você falou hoje. E quando a gente voltar a se encontrar, depois das férias, vamos bolar um plano, um jeito de te tirar dessa. Você não vai morrer. Eu não vou deixar.
Eu sorri em resposta. Mas não estava tão certa como ele sobre meu futuro. E sinceramente, só não podia, nem queria morrer por causa dos meus pais, pelo Draco e por eles. Me lembrava de contar ao Rony sobre minha curiosidade de aprender rituais e coisas do gênero... Naquele momento, minha vontade era aprender a tirar a alma do corpo para um dia sair... e nunca mais voltar. Se eu pudesse mesmo, esperaria a hora certa e o faria com certeza, só para não trazer preocupações a mais ninguém. Ou então ao contrário disso, eu queria estar em coma ou do jeito que o Draco estava, só para algumas pessoas notarem quanto sou importante.
Desejos estranhos de um coração aflito.
Na manhã seguinte, antes de partirem, Harry, Gina e outros amigos vieram falar comigo para desejar feliz natal, essas coisas... Menos o Rony. Eu não sei porque ainda esperava algo da parte dele.
Com um triste pensamento de que aquele seria o pior natal da minha vida, fui olhar as carruagens que levavam os alunos, desaparecerem no horizonte. Uma lágrima dançava em meus olhos, mas não caiu. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, fitando o chão, antes de decidir voltar para dentro do castelo.
Passei por aquelas enormes portas ainda de cabeça baixa. Pensava em inventar alguma coisa para meus pais, explicando aquele natal em Hogwarts, só para não preocupá-los muito. Quando finalmente levantei os olhos, achei que ia ter um ataque do coração, ou outro desmaio, ou então que iria ficar paralisada para sempre, sem conseguir me mover nunca mais.
Tudo isso porque Rony estava parado na minha frente, a poucos passos de distância. E a menos que eu estivesse tendo alucinações, ele também olhava para mim.
Nós ficamos um tempo nos encarando, sem dizer nada. Milhões de coisas se embaralhavam na minha cabeça. Por que ele não tinha ido com os outros? - me perguntava. Pensei em fingir que não o tinha visto, mas era impossível. Queria desaparecer! Queria que ele desaparecesse... Meu coração acelerou e comecei a sentir uma vergonha imensa. "Que ele não perceba! Que ele não perceba!" - pensava.
Meio que por não suportar mais o silêncio, meio que por uma enorme curiosidade, perguntei:
- O que você está fazendo aqui?
- O mesmo que você. - ele respondeu como se fosse muito óbvio, como se minha pergunta fosse a mais idiota das idiotas.
Isso me fez sentir raiva. E vontade de irritá-lo também.
- Pensei que você fosse passar o natal com sua namoradinha.
- Que namoradinha?
- Como, que namoradinha? A Olívia!
- Ela não é mais minha namorada. - ele disse dando de ombros.
Meu queixo caiu. Meu coração acelerou ainda mais.
- Sério??!!! - perguntei um pouco entusiasmada demais - Mas então por que você não foi para o largo Grimmauld?? - perguntei rápido, logo em seguida, tentando disfarçar e não demonstrar tudo o que estava sentindo e pensando.
Ele hesitou um pouco antes de responder, olhando para a janela mais próxima:
- Porque... porque eu não quis.
- Porque você não quis?! - repeti incrédula.
- É... Eu não quis! Qual é o problema??! - ele exclamou um tanto irritado e vermelho.
Eu balancei a cabeça em negativa e voltei a olhar o chão.
- Nenhum... - disse baixinho. Aquela definitivamente era uma das piores conversas que eu já tivera. Depois de algum tempo sem falarmos nada e sem coragem de nos olharmos, resolvi ir embora.
- Tchau. - disse já andando.
- Hermione! - ele chamou.
- O quê? - perguntei.
- Nada não... - ele disse depois de um instante. Nós continuamos parados. Como se alguma força nos impedisse de sair dali.
- Isso é... estranho. - ele disse enfim.
- É... - foi o único som que saiu da minha boca.
- A gente podia... hum... Se você quiser...
- Conversar?
- É. - ele disse parecendo aliviado.
- Então vamos. - disse decidida.
Quando dei por mim, já estávamos no dormitório masculino. Foi como se nossos pés nos tivessem levado até lá. Eu nunca tinha me sentido constrangida por estar ali. Nunca... até aquele momento.
Sentei na beira da cama de Harry e ele em sua cama. Nenhum dos dois parecia querer ser o primeiro a falar.
- Será que vai fazer sol amanhã também? - ele perguntou olhando para fora.
- Acho que sim... provavelmente. - respondi ainda sem coragem de olhá-lo.
- Vai ser estranho... Um natal sem neve...
- Por que você e a Olívia terminaram? - perguntei rápido e por impulso. Devo ter ficado roxa de vergonha depois.
Ele olhou diretamente para mim. Meu rosto começava a queimar.
- Ela mentiu. Disse que a minha melhor amiga tinha me traído.
A vida é engraçada. Os papéis se invertem. E naquele momento, comecei a me sentir tão acima deles, tão poderosa... Sem mencionar o misto de surpresa e alegria por ele ter finalmente desmascarado aquela falsa.
- Se a garota fosse mesmo sua melhor amiga, você devia ter confiança nela. E não em qualquer uma. - retruquei com o coração aos saltos.
- Acontece que ela não era só minha melhor amiga... - ele começou, muito vermelho também - E quando a gente lida com sentimento, tudo foge do controle.
Eu emudeci. Meu corpo ficou quente.
"Ainda assim você não foi sincera comigo, Hermione! Continuou falando escondida com ele e o que me mata é não saber o porquê!" - ele continuou.
Porque ele é tudo o que você nunca vai ser. Porque ele precisa de mim. Porque me faz sentir viva. - pensei.
- O motivo não importa agora, Rony. Até mesmo porque eu não saberia explicar.
E você não saberia entender... - pensei.
- Um dia você me perguntou o que tinha acontecido com a gente... Desde então isso não me sai da cabeça. E sabe... acho que o problema não é com a gente. O problema é o babaca do Malfoy. - ele disse parecendo estar com muita raiva.
- Não. Ele não é o problema, e você sabe disso. O caso é que você também mentiu. Quando disse que gostava de mim. Quando falou todas aquelas coisas lindas. Quando insinuou que eu era insensível, sendo que o único insensível da história é você. - eu começava a me descontrolar - E eu não quero mais isso pra mim, sabe? Não quero que você me diminua mais... não quero que me deixe confusa, que me faça chorar no banheiro, que me faça passar a noite em claro e no dia seguinte dizer que me odeia, que me deixe pensando que estou errada, quando não estou! Por que você fez aquilo comigo?! Por que fez com que me apaixonasse por você??!
- Porque eu gostava de você...
- E eu ainda não consigo acreditar em como fui burra ao te beijar, ao me dar tanto a uma pessoa que não tem a mínima confiança em mim!!! Que dias depois, aparece na minha frente com uma garota bonita me fazendo sentir um lixo!!! - interrompi, antes que ele falasse qualquer coisa que me fizesse sentir pena dele e de mim mesma.
- É que aconteceu tudo tão rápido! Eu finalmente te beijo e no dia seguinte, me dizem que você está com o Malfoy... Eu não sei!!! Eu não pensei...
- Isso é uma coisa que você realmente não faz... Pensar.
- Ok, me desculpe por existir. Mas, Hermione, tudo o que eu te disse naquela noite era verdade. E ainda é.
Nossos olhares se cruzaram. Eu não pude pensar em mais nada pra dizer. Ele ainda gostava de mim?! E eu? Será que ainda poderia ficar com ele? Depois de tudo o que tinha acontecido entre nós? Depois do que houve entre eu e Draco?
Os olhos dele foram baixando para minha boca e senti meu corpo esquentar mais ainda. Então ele fez uma coisa que eu não esperava. Se inclinou para mim, segurou meus ombros e me roubou um beijo. Tentei afastá-lo, a princípio, e lutar, mas ao sentir o gosto da sua boca novamente na minha, me deixei levar.
Então ele me soltou... eu fiquei paralisada um segundo, o olhando assustada... e no segundo seguinte, desci minha mão com força em sua cara.
- Nem ouse tentar repetir isso. - disse tentando parecer fria, lutando para não chorar.
Andava rápido e sem destino, xingando o Rony baixinho. Depois de muito subir e descer escadas decidi voltar lá e dizer mais algumas verdades a ele. Foi aí que aconteceu a segunda surpresa do dia: Draco surgiu do nada, em uma das curvas dos corredores, bem na minha frente.
- Oh, Merlim...! - exclamei emocionada, me jogando nos braços dele em seguida.
- Queria te fazer uma surpresa. - ele disse ainda abraçado comigo.
- Conseguiu. Como você está? O que fizeram contigo?
- O que não mata, nos torna mais fortes. - ele disse indiferente.
- Você disse que seu pai não te machucaria...
- Acontece que comensais não perdoam traição. Mesmo eu ainda não sendo um deles.
- Ainda? - perguntei confusa.
Ele levantou o pulso da mão direita e passou de leve um dedo nela, revelando o que parecia ser uma pequena tatuagem de caveira.
- Quando eu fosse iniciado a marca aumentaria.
- Então é isso... - disse pensativa, lembrando do que o Harry dissera sobre ele ter a marca.
- Isso o quê? - ele perguntou.
- Tem certeza de que você não é comensal, Malfoy? - perguntei, desconfiada dele.
- Se eu fosse, nunca teriam me deixado permanecer aqui, Granger. - ele respondeu de um jeito aborrecido.
Aquela era uma resposta convincente. E na qual eu não tinha pensado. Realmente, se ele fosse comensal e a professora McGonnagal soubesse, não o teria deixado ficar em Hogwarts.
- Temos que ir à sala de Dumbledore. Ele quer conversar conosco. - falei rápido, torcendo para que ele não tivesse ficado muito chateado comigo.
Minutos mais tarde, nós dois estávamos em frente a Dumbledore, na sala dele. O Rony também estava lá. Me lembrei rapidamente do beijo roubado de alguns instantes atrás. Mas eu estava tão excitada para contar tudo de uma vez e com tantas perguntas na cabeça, que esqueci completamente minhas confusões sentimentais.
- Quis conversar com vocês aqui porque imagino que devem estar com muitas dúvidas. Espero solucionar todas. Porém, antes que perguntem algo, eu gostaria muito de saber o que vocês três estavam fazendo na floresta à noite, quando estão cansados de saber que ela é proibida.
- A culpa foi minha, diretor. - eu disse rapidamente - O Draco e o Rony só foram me procurar. Eu estava caminhando e nem percebi que tinha entrado na floresta. Se alguém merece punição, sou eu.
- A Srta. já teve punições suficientes. E eu não os trouxe aqui para puni-los. Pelo contrário, merecem meus parabéns. Afinal, não é sempre que três estudantes enganam um bando de bruxos mais velhos e experientes. - ele disse nos fazendo sorrir de nervoso. Lembrar daquela noite era ruim demais. Mas eu teria que dizer tudo a Dumbledore, se quisesse ajuda.
- Bom, acho que nós precisamos contar algumas coisas... sobre o que aconteceu naquela noite e antes dela também. - comecei - O senhor deve lembrar que eu fiquei uma semana na ala hospitalar no começo das aulas...
- Permita-me tentar adivinhar - Dumbledore interrompeu - A srta. foi vítima de um plano de Voldemort, uma prática muito antiga e maligna, porém eficiente se feita com a pessoa certa...
- ...que os antepassados chamavam somente de Ritual... - completei admirada, lembrando de um sonho que eu tive e das vozes que ouvi nele.
- Mas você sobreviveu, e eles voltaram para te matar.
- Como o senhor sabe? - perguntei ainda impressionada.
- Do mesmo modo que você soube. - ele disse, lançando um olhar para Draco.
Olhei de um a outro, mais admirada ainda. Então Draco tinha contado tudo a Dumbledore! Quantas surpresas eu ainda teria naquele dia?
- A coisa que mais me intriga é não saber porque eu sobrevivi. - disse.
- Essa questão pode ter duas respostas... Ou você tem um dom muito poderoso que a protegeu, ou algo deu errado nesse ritual.
- Acredito que seja a segunda opção. Eu não possuo nenhum dom, além de meus poderes normais de bruxa. - murmurei - Mas outra coisa que me incomodou desde o início, é não saber quem são as pessoas que fizeram o ritual comigo... Porque eles não eram normais. Não foram atingidos por meus feitiços, fizeram com que o Harry desmaiasse, tinham um ar fantasmagórico e não pareciam comensais.
- Eram espíritos do mal, invocados por alguém para esse fim. - Dumbledore disse. Um friozinho percorreu minha espinha. Rony se mexeu, inquieto na cadeira - O Harry deve ter desmaiado porque sente a presença maligna mais forte. Porém, o mais importante no momento é saber a identidade dessa pessoa que invocou os espíritos. Só ela pode desfazer o ritual. E enquanto ele não for desfeito, você ainda corre sérios riscos, Hermione.
- Diretor, talvez o senhor não me leve muito a sério, mas eu tenho uma suspeita muito forte de que essa pessoa seja o professor Snape. - disse decidida.
Pude ver seus olhos se estreitarem sob os óculos de meia lua e sua boca se abrir num sorriso.
- O prof.º Snape me contou porque lhe tirou a monitoria, Hermione.
- Não falei isso por vingança. - disse ao sentir minhas orelhas queimarem.
- Eu sei. Mas deixe-me explicar o motivo dele estar com aquele pergaminho.
- Por favor. É a nossa maior dúvida. - disse Draco.
- Antes do começo do ano letivo, os bruxos da Ordem da Fênix já sabiam que Voldemort tinha em mente recrutar alunos de Hogwarts de outras escolas bruxas para serem comensais. Um tipo de iniciação. Certo, sr. Malfoy?
Draco assentiu com a cabeça.
"Por causa disso, Ninfadora Tonks veio dar aulas aqui. Ela e Severo estavam trabalhando juntos, tentando encontrar esses iniciados em Hogwarts e impedir qualquer aproximação do Lord aos alunos. Como depois de dois meses, não acharam nenhum indício ou pista, ela foi a Beuxbatons, a convite de Madame Maxime, para investigar por lá também. Snape continuou o trabalho por aqui. Foi aí que ele encontrou aquele panfleto."
"...não está em Beuxbatons o que procuramos. Pra mim está aqui mesmo em Hogwarts." - lembrei do Snape dizendo.
- Dias depois eu descobri um iniciado em Hogwarts, ou melhor, ele se entregou. - Dumbledore disse olhando para o Draco.
- Mas aquele pergaminho não era meu. - disse Draco.
- Eu acredito, sr. Malfoy.
Eu não estava conseguindo engolir aquela história. Snape poderia estar mentindo.
- Tudo bem, isso do pergaminho até que faz sentido, mas o prof.º Snape sabia do ritual antes mesmo do Draco contar ao senhor.
- Ninfadora suspeitou desde o início desse ritual que foi feito contigo. Ela comentou isso comigo e com Severo. Porém nós não tivemos certeza disso logo porque primeiro: a srta. apesar de ficar muito tempo na enfermaria, estava viva e Madame Pomfrey não achou nada de errado ou suspeito em você (- Por falar nisso, ela volta na próxima semana, sr. Malfoy - ele disse muito rápido). Segundo: nem você, nem o Harry nos contaram o que tinha acontecido. Terceiro: a maioria dos comensais estavam presos.
"Mesmo assim não descartamos essa hipótese de ritual" - ele terminou.
Lembrei dos livros e entendi porque a Tonks tinha pegado antes de viajar. Mas aí lembrei também do sumiço daqueles que Draco me emprestara. Porém achei melhor não dizer nada.
- Gostaria de poder ter impedido as coisas de chegarem a esse ponto e evitar essa conversa com vocês. Evitar assusta-los mais do que vocês já estão. Mas agora que o pior aconteceu, só me resta alerta-los e coloca-los a par de tudo para terem chance de se defender quando chegar o momento. Só peço que não saiam por aí caçando comensais, pois quem procura acha.
- O senhor acha que essa onda de calor tem a ver com esse ritual? - Rony perguntou. Era a primeira vez que ele abria a boca.
- É o mais provável. Talvez porque o ritual não foi feito de maneira certa. Quando não se emprega as palavras ou os materiais certos, os rituais podem ter conseqüências graves, surpreendentes e incomuns. Como esse calor, por exemplo.
- Não queria ter participado disso, realmente não queria... - Draco murmurou.
- Quase sempre é preciso errar antes de aprender, sr. Malfoy. - Dumbledore disse de um jeito bondoso. Me senti esquisita. Tive a nítida sensação de que já tinha vivenciado aquela cena.
"Lembrem-se sempre que se deve combater o mal com o bem. A magia negra é totalmente o oposto da branca, enquanto uma está preocupada em curar, a outra está preocupada em ferir e por isso muitas pessoas acham que a magia mais poderosa é a negra, devido aos estragos que a mesma faz, mas estão enganadas. Ela dá a impressão de ser a mais poderosa por causa das grandes desgraças e até a morte de outras pessoas, e isto não existe na magia branca. Mas a branca é capaz de destruir qualquer derivação da negra".- ele disse muito sério.
- Uma última pergunta, diretor. - falei - Eu e o Harry temos tido sonhos estranhos desde o dia do ritual e...
- Sonhos devem ser respeitados e levados a sério. - ele interrompeu - Sonhos são tão importantes quanto a realidade e às vezes eles se misturam. Não tente negar a si mesma, Hermione Granger.
Saí meio confusa da sala dele. O que Dumbledore quis dizer com não tente negar a si mesma?
Andava ao lado do Draco em silêncio mortal, quando Rony, que estava atrás da gente, chamou:
- Hermione... quero falar contigo um instante. - ele disse parecendo com raiva. E eu não estava afim de brigar e nem de ficar a sós com ele depois do que tinha acontecido mais cedo entre nós. Então respondi:
- Depois, Ron... depois...
Olhava o sol se pondo por uma grande janela do salão principal. Alguns poucos alunos estavam ali. Draco estava atrás de mim, eu podia sentir a sua respiração, o seu olhar, a sua mão em meu ombro.
- Estou com tanto medo... - sussurrei. Ele me abraçou forte e nós ficamos um bom tempo assim, juntinhos, sem dizer nada. Já nem estava me importando se o Rony visse ou não. Na verdade, eu queria que ele visse. Naquele momento em que os papéis tinham se invertido e que ele estava atrás de mim, queria fazê-lo sofrer do mesmo modo que ele fez comigo. E ele ainda achava que com aquela meia dúzia de frases eu iria voltar para ele no mesmo instante!!! Ele nem tinha me pedido desculpas!! Estava com muita raiva dele. Muita mesmo. Mas talvez fosse porque ainda sentia o gosto dos lábios dele. Daquele beijo inesperado... E não conseguia parar de pensar nisso.
- Eu vou para casa no ano novo. - Draco disse, de repente.
- Você quer morrer?! - perguntei surpresa e irritada.
- Só não fui para o natal porque ainda estou um pouco fraco. Mais dia, menos dia eu teria que voltar para lá. Mas fica tranqüila, meu pai não estará em casa, com certeza. Ele é fugitivo, lembra?
- É verdade...
- Só não me agrada te deixar sozinha com o Weasley. Vocês voltaram a se falar? - ele perguntou, ciumento.
- Mais ou menos. - respondi.
- Você não vai voltar correndo pra ele, vai?
- Não.
- Acho bom.
Eu sorri, achando graça no ciúme dele. Ele estava tão fofinho naquele dia! Não tinha me maltratado, nem feito nenhum comentário idiota... Estava quieto demais. Talvez pelo fato de ter acabado de sair da ala hospitalar depois daquela noite horrível. Então, por senti-lo mais vulnerável, tive coragem pra tomar a iniciativa...
- O que você acha de irmos comemorar a sua recuperação? - perguntei o abraçando.
- Comemorar? De que jeito? - retrucou. Safado! Ele sabia o jeito que eu queria.
- Fazendo a única coisa que pode nos animar. - respondi.
- Xadrez bruxo? - ele perguntou.
- Não se faça de desentendido. Você sabe muito bem do que eu estou falando.
- Não. Eu não sei. - ele disse friamente. Eu saí do abraço. Meus olhos embaçaram. Será que ele queria mesmo terminar daquele jeito?
Tive vontade de brigar, de chorar, de enchê-lo de perguntas, tudo ao mesmo tempo. Mas engoli tudo e disse:
- Tudo bem. A amizade ainda está aí, a gente muda de assunto.
Ele sorriu, beijou minha boca e disse:
- Sua lenta, eu disse que não sabia porque queria que você falasse!
Eu comecei a rir e o abracei novamente.
- Eu te odeio tanto...
- Eu te odeio mais... - ele disse me beijando logo em seguida.
Nós passamos o resto do dia juntos. Foi maravilhoso, uma noite linda. Eu consegui esquecer tudo naqueles momentos. Do ritual. Dos meus medos. Do Rony. Ao lado dele tudo ficava bem, parecia mais fácil. Nunca imaginei que iria pensar essas coisas de Draco Malfoy... Mas ele me conquistou de um tal jeito, que não me imaginava sem falar com ele de novo. Gostava do jeito que ele me envolvia, sem perguntar se eu queria ou não, e sim me convencendo com um simples toque ou olhar. Ele me carregou pra uma masmorra totalmente desconhecida e escura. Nós conversamos, nos beijamos, brigamos, nos beijamos, rimos e... beijamos. Ele foi menos safado naquela noite, apesar de tentar abrir minha blusa uma vez, parando assim que prometi lançar um feitiço de pernas presas nele.
Fui para o quarto com um grande sorriso no rosto e deitei pensando nele. O dia seguinte era véspera de natal e eu já não achava que seria tão triste assim. Dormi mais otimista, achando que tudo poderia terminar bem. Foi um sono tranqüilo e sem sonhos, como há muito tempo eu não tinha.
Acordei mais tarde que o normal. Tomei um banho e me arrumei rápido com medo de perder o café. Escolhi uma roupa mais bonitinha por causa do dia especial. Em vez das minhas habituais camisetas com calça jeans, pus uma blusinha estampada e saia. Prendi o cabelo de um jeito diferente e corri para o salão principal.
Procurei o Draco na mesa da Sonserina, mas ele não estava lá. O Rony também não estava na mesa da Grifinória, o que era bem estranho, pois ele não perdia as refeições nas férias, dizia que eram bem melhores.
Esqueci do café, e com um pressentimento ruim, fui em direção à sala comunal da Sonserina. Já estava quase lá, quando ouvi gritos entrecortados:
- ...você é patético, Weasley. Cai fora e me poupe de respirar o mesmo ar que...
- ... daqui até você ouvir tudo o que quero dizer...
Rony e Draco de novo! Apressei o passo para tentar evitar a briga. Afinal, os dois eram monitores, e se fossem pegos teriam o mesmo fim que eu. À medida que ia avançando, podia ouvir melhor a "conversa"...
- Ela não é pra você, é melhor parar de enganar ela ou...
- Ou você conta tudo pro Potter? Olhe pra você! Você não é nada e nunca vai ser. Você é lixo.
Avistei-os no fim de um corredor. Rony deu um empurrão em Draco, jogando-o contra a parede. Eu já ia correr e impedi-los de brigar, quando Rony falou:
- Você nunca vai tê-la.
Eu parei. Não consegui dar mais nenhum passo.
Draco deu uma risada. Olhou pro lado e me viu. Eu me aproximei.
- Ela é minha, Weasley. - ele disse apontando para mim.
- Eu quis dizer que ela nunca vai gostar de você. De verdade. - Rony disse muito vermelho, quase da cor de seus cabelos, e me olhou como se me desafiasse.
- Você está por fora... Eu a tenho. Hermione é minha namorada agora. - Draco disse, sorrindo.
Eu congelei. Achei que o Rony fosse tentar matá-lo de novo ou algo do tipo. Mas ele apenas caminhou para mim e perguntou:
- Isso é verdade?
Balancei a cabeça em concordância, sem coragem de olhá-lo, sentindo uma mistura de vergonha e medo invadir minha cabeça. Estava prestes a desabar no choro ali mesmo. Por que era tão difícil dizer aquilo ao Rony? Por que estava sentindo meu coração apertado, prestes a explodir? Por que por um segundo, eu tive vontade de dizer a ele que eu e Draco não tínhamos nada?
- O que você fez é imperdoável... - Rony disse com uma voz rouca e baixa, saindo dali em seguida.
E mais uma vez eu olhei as costas dele se afastando de mim. O tempo parecia estar lento novamente... Percebi que aquelas poderiam ser as últimas palavras trocadas entre nós. E eu não queria isso. Não queria perdê-lo para sempre. Onde morara a raiva e o orgulho, agora havia a imagem de um Rony que sorria, que era meu amigo de verdade. Um Rony que eu não podia esquecer. Não podia e nem queria. Então me senti muito sozinha.. Me deu uma vontade imensa de correr, correr atrás dele e dizer que nada do que Draco disse era verdade, pedir pra ele me perdoar e tentar novamente.
Senti raiva por ter me metido naquela situação. A pior garota do mundo.
Daí olhei para o Draco, tão altivo, tão satisfeito consigo mesmo, sorrindo para mim... Não. Definitivamente eu não poderia mais ficar sem ele. E não era por causa dos beijos que faziam esquecer, ou pelas gostosas conversas, ou mesmo por ele ter salvado a minha vida se expondo ao perigo.
Tinha mais coisas...
Muitas coisas.
Era um gostar diferente. Um diferente que eu não sabia explicar pra mim mesma. E de maneira nenhuma era má a idéia namorá-lo. Então, percebi que também não queria perdê-lo, que sentiria uma falta enorme.
Rony, Draco, eu. O tempo andando devagar... Minha cabeça a mil pensamentos por segundo.
De repente me dei conta de algo terrível: Eu amava os dois.
E pior... teria que escolher.
Naquele momento.
N/A: ai, gent!!! me emocionei com o fim dessa capt! espero fazer o próximo à altura... na verdade, era pra ter posto mt mais coisa nesse capt 12, mas iria fikr mt grande e eu não terminaria nem tão cedo. então decidi dividir em dois capts as minhas idéias... desculpem pela demora, se eu pudesse escrevia em uma semana, depois dos coments lindos q vcs mandaram, mas tive um bloqueio mt grande, ainda mais por causa das minhas provas...
ae, se naum fosse por vcs me cobrarem atualização, esse capt soh vinha em 2006...
agora... sobre a guerra draco x rony, faço minhas, as palavras da Jackeline, que depois de ver o coment da Duda, escreveu isso:
"...do mesmo modo que me excedi falando do Rony, gente vamos manter o respeito pelo que os outros gostam! Se vc não gosta do Draco ou não gosta do Rony diga apenas que não gosta do personagem e pronto sem xingamentos...uma vez me excedi e pedi desculpas, e isso não é legal gente...defenda seu shipper mas não ofenda o personagem pq tem gente que gosta...eu por exemplo me sinto muito chateada quando xingam um personagem que eu gosto (Draco)...portanto controle acima de tudo..."
poxa, duda... bosta desnutrida??? coitado do draco... por favor, vamos evitar esses conflitos nos comentários, hein! qd a jack chamou o rony d idiota, ela se desculpou...
Paulinha Potter....> eh paulinha... tava sumida! hehehe... bom, dpois desse, faltam 4 capts p/ o fim... entaum mt coisa vai acontecer! brigada pelos elogios e pela paciência!
Roberta....> td bem vc não gostar d d/h, tem mt gente q não gosta de r/h tbm... kda um com seu kda um! axo q sou a únik criatura q gosta dos dois... por isso fiz essa fic louk! fico feliz q vc continue acompanhando... e como eu ainda naum sei como ela vai terminar, nada d fikr triste!!! e olha, obrigada VC, por me indicar suas fics, elas saum mt boas, principalmente amores imperfeitos q eu amei!
Val....> qts coments, hein! puxa, obrigada! adorei todos... e vc leu a fic toda em dois dias??? cara, eh mt coisa e pouco tempo! fico mais lisonjeada ainda! quer dizer q vc realmente gostou... apesar do d/h... eh... axo q o rony arrumou mais alguém pra defendê-lo!!! mas apesar d todos os lindos momentos r/h, o rony vacilou com a mione, msm gostando dela d verdade... mesmo agindo com o coração... msm com ciúmes... (e nós sabemos q o rony não eh mt bom em pensar antes d agir, né?)... e eu tinha q mostrar como isso afeta uma garota, já q a fic eh do ponto de vista dela... a coisa boa eh q ele tá tentando se desculpar (do jeito dele)!!! agora cabe à ela decidir se perdoa ou não, se esquece ou não... vai depender do qt ela o amar... vc confia nesse amor??? bom, isso vamos ver nos próxs capts... mas fik tranquila, a olívia não tem mais chance com ele, terminou d vez e mais pra frente vcs vaum saber o pq... mas val, deixa eu dizer q tbm gosto de sua fic... é tristinha, mas as vezes as coisas tristes são belas... depende do modo q a gente conta... e vc conta mt bem... valeu pelos elogios e comentários, espero q vc tenha gostado tbm desse capt!!!
Lunna Granger....> q bom q vc gostou! o draco tá dmais msm, to mt orgulhosa dele! e desculpa mais uma vez pela demora... obrigada por ler!!!
Jacke....> vc ficando feliz eu tbm fico!!! o draco ama msm ela... e como vc pode ver nesse capt ela tbm tá mt confusa em relação à ele, naum eh só atração... quem pensou isso realmente pensou errado... mas o rony continua ali, e com quem ela vai ficar de vez, só no último capt... mas nada d chantagens emocionais, hein, dona Jackeline? duvido q vai fikr mt tempo sem ler fics!!! isso é só pra me fazer sentir "a malvada" da história!!! hehehe... to brincando! e ah, eu to adorando sua fic! foi uma idéia bem original q vc teve, espero q continue logo... e sabe aquilo q eu disse, q o harry naum eh homem pra vc??? eh pq ele é homem pra MIM!!! heheheh... ele é taum lindinho... ^_^
brine....> obrigada pelos coments!!! garota, vc eh mt viciada em r/h!!! =) mas ateh q eh um vício bom, né? eles saum mt fofos!
Rena....> e aí? confundi um poko mais??? rsrs Essa eh a minha intenção!!! (um tanto maligna, naum?) brigada pelo comentário e continue dizendo o q acha q vai acontecer na fic!!!
Mandik....> vc naum tem noção do qt seu comentário me animou!!! puxa, minha fic te fez esquecer dos problemas??? q importante q eu me senti! MT OBRIGADA por todos os elogios, saum coments como o seu q fazem a gent ter mais vontade de escrever, q me incentivam!!!
Duda....> q bom q vc continua lendo a fic!!! eh isso ae, continue na torcida, pq eu ainda não decidi o fim! e duda, as meninas procuram pelos caras malvados e metidos a gostoso, pq td q eh mais difícil e improvável tem seu charme... vc devia saber disso! adorei seu coment, principalmente a parte q vc escreveu: "eu sei q u ron eh u ser mais infantil da face da terra... mas ele merec alguem mais maduru pa ensinar a viver =] " mt fofo, isso!!! (ah, e nda d chamar o draco d bosta desnutrida de novo, tadinho!)
VaNeSsA....> eu fui uma das q naum entendeu!!! naum q tenha achado ruim seu coment, soh naum entendi msm... mas td bem, percebe-se q naum foi sua intenção criar polêmik... eu só fiquei com medo q vcs começassem a se xingar aqui por causa de shipper, o q felizmente naum aconteceu!!! e espero q naum aconteça... mas brigada por ler minha fic e pelos coments!
Hannah Malfoy....> eu sei q eh mais forte q vc, principalmente se for pra defender o Draco!!! = *
Paulinhaaaaa....> q coment fofo! obrigada e continue lendo!
obrigada tbm à Katerine e Bibynha... desculpem se esqueci d alguém!!!
puxa gent, valeu msm por todos esses coments, nunk recebi tantos depois d um capt, sem falar nos votos!!! qd vi ateh me assustei... =) fiquei mt feliz...! mas continuem lendo, votando e comentando, é mto importante pra mim, ainda mais agora q está na reta final... entaum qqr sugestão, crítiks construtivas, dúvidas, opiniões, elogios serão mt bem vindos e levados em conta por mim!!! bjaum a todos!!! (putz, q nota enorme!!! rs)
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