Universo paralelo
Universo paralelo
Gina weasley me encontrou no banheiro, mais tarde. Fiquei feliz em ter sido ela, pois era a única garota a quem eu podia chamar de amiga em Hogwarts.
- Mione, por que você está chorando? – ela perguntou, com uma cara preocupada.
- Nada não, foi só um cisco que entrou no meu olho e...
- Hermione, se você não quer me dizer o que houve, tudo bem, eu entendo, mas por favor não minta pra mim! Eu sei muito bem reconhecer uma pessoa chorando.
- Sabe o que é, Gina... nem eu sei direito porque estou chorando.
- Você gosta do meu irmão, não gosta?
- Você tá louca?! – disse, levantando-me de um salto do chão – Imagina, eu gostar daquele insensível do seu irmão!
- Tudo bem, desculpe! – ela disse, rindo – Enxugue essas lágrimas e venha para a cabine comigo.
- Mas eu não vou atrapalhar? Pensei que você estivesse com o Dino.
- Ah, não! Nós terminamos hoje cedo... – ela disse sorrindo.
- Vocês, o quê?!
- É, ele meio que tava dando em cima de uma garota antes do trem sair, na plataforma, quando eu cheguei e vi tudo. Aí nós discutimos e terminamos. Mas até que eu gostei, esse garoto estava muito mala ultimamente e eu já estava querendo terminar mesmo. E quer saber? Acho que estou afim do Simas. Rolou um clima entre a gente na festinha lá em casa. Só não te contei antes porque estava confusa em relação a ele e o Dino.
- Mas vocês faziam um casal tão perfeitinho... Nunca os vi brigando... Gina!!!!!!! O Simas e o Dino são melhores amigos!!! E você não me disse que o Simas estava ficando com a Cho, nas férias? Cuidado amiga, você pode sair queimada dessa história.
- Pois é, ele e o Dino serem melhores amigos é o grande problema! E o Rony também, né... do jeito que ele é ciumento comigo, vai armar uma tempestade em copo d’água, dizer que eu estou rodando nas mãos de toda a Grifinória! Agora, quanto á Chang, eu tô mais é gostando. Essa garota tem alguma perseguição comigo, Mi! É incrível o modo como ela consegue ficar com todo garoto que eu gosto. Primeiro foi o Harry. Eu nem tive chances com ele, afinal ela já o tinha hipnotizado. Depois o Miguel. Mal nós terminamos e ele começa a sair com quem? Com ela. Agora é a minha vez. Eu vou ganhar o Simas dela. Nem que seja só pra passar o tempo. Nem que saia muito queimada dessa.
- Eu te invejo, sabia? – disse em tom de brincadeira, fazendo-a sorrir – Mas será que tudo não passa de uma grande coincidência? Vocês duas terem gostos iguais pra homens?
- Por Merlim, Mione!!! – ela disse, lançando-me um olhar incrédulo.
- Tá, tudo bem, você tem motivos pra não gostar dela...
- Eu a odeio! Mas tá tranqüilo, eu...
Enquanto ela falava sem parar de planos de vingança pra Cho, eu pensava que disse a ela que a invejava de brincadeira, mas havia uma pontinha de verdade nisso, afinal ela era quase um ano mais nova que eu, já beijara 2 garotos e não tinha nenhuma dificuldade para arranjar namorados. Puxa, quem me dera ter alguém pra passar o tempo!
- Hermione?! Você escutou o que eu disse?
- Anh? Eu... eu... não. O que foi?
- Perguntei se você queria uns sapos de chocolate.
- Não, obrigada.
Nesse momento entrávamos na cabine. Estavam lá: Luna Lovegood, Parvati Patil e Lilá Brown. “Muito estranho isso... Parvati e Lilá sempre desprezaram a Luna... E o que a Gina tanto conversa com elas?”, pensei.
- Olá, Hermione! Junte-se a nós! Estamos falando dos nossos amores impossíveis... – disse, Parvati.
- O meu caso eu já te contei, né... – disse Gina a mim.
- E qual seria o seu, Parvati? – perguntei, fingindo interesse, enquanto sentava.
- Bom, meus pais são muito conservadores e me impediram de namorar esse garoto. Nós nos encontrávamos às escondidas, nas férias, mas mamãe descobriu e quando soube quem ele era, me proibiu de vê-lo só por ele ser como eles chamam vulgarmente de “sangue-ruim”. Você deve conhecê-lo, é Zacarias Smith da Lufa-lufa.
- É... conheço, dos nossos encontros da A.D. – “Mas logo esse nojento?”, pensei. – Mas agora que vocês vão pra Hogwarts não vai haver nenhum problema, né? Quer dizer, sua mãe não tem como saber o que você faz na escola.
- Não teria, se eu não tivesse uma irmã espiã.
- Entendo... E o seu, Luna? Amor impossível? – disse me virando pra ela, que até aquele momento estava a contemplar o teto. Ela olhou pra mim como se tivesse despertado de um sonho e disse:
- É o Neville.
- Neville Longbottom?! Sério?! – perguntei surpresa.
- É... bem sério...
- E por que impossível?
- Porque quando eu falei que gostava dele e que gostaria de ser sua namorada, ele disse que não poderia porque a avó dele sentiria muito ciúme.
- Mas isso é mentira dele!
Ela olhou profundamente nos meus olhos e disse:
- Se ele falou, eu acredito. E além do mais, nós nos beijamos e foi muito sincero. – e tornou a olhar pro teto novamente.
As outras se continham para não rir. Eu não achava a mínima graça. O Neville tinha mentido pra garota e isso não ia ficar assim.
- E você, Lilá? – perguntei.
- Ah, eu não tenho amor impossível.
- Então somos duas solteiras. – eu disse com um sorriso amarelo.
- Na verdade, eu namoro há mais de seis meses. Pensei que você soubesse.
- Ah... – foi o único som que saiu da minha boca. Eu queria cavar um buraco no chão pra enfiar minha cabeça ou então ir chorar no banheiro de novo, mas permaneci ali ouvindo a conversa delas e desejando que algum dia eu pudesse falar sobre garotos também.
Chegando na escola eu grudei na Parvati e na Lilá. Aliás mais na Parvati do que na Lilá, pois esta preferia ficar com seu namorado, que estava no último ano e pelo visto não estava nem um pouco preocupado com os NIEM’s. Assim unimos o útil ao agradável. Eu precisava andar com alguém já que queria evitar o Rony e ficar junto com o Harry não era a melhor maneira de fazer isso. Ela meio que perdera a melhor amiga para o namorado desta. E sabe quando você pensa uma coisa de uma pessoa, mas quando a conhece realmente, percebe que estava totalmente errada? Pois é... já fazia muito tempo que eu achava que a Parvati não passava de uma patricinha chata, mas andando todo dia com ela pude ver que na verdade ela era um doce de pessoa.
Novidades no colégio? Não muitas... só que a nossa nova professora de DCAT era... Nossa, nem pude acreditar quando vi Ninphadora Tonks na mesa dos professores!!!!!!!
Nos primeiros dias de aula notei que Rony queria falar comigo, ficava olhando direto pra na minha direção, mas eu virava-lhe a cara ao menor olhar que ele lançava pra mim. Linda... O que ele quis dizer com isso, naquele dia, na varanda? Só podia estar delirando pra achar alguma beleza em mim. Logo eu, magricela e com esses cabelos que por mais que eu tente, nunca ficam direitos. Com certeza não só ele, como todos os garotos, apreciam muito mais beldades como Fleur Delacour, ou então garotas estúpidas como Padma Patil, o que seria muito pior. Poderia até imaginá-lo casando com uma mulher loira, linda e estúpida. Eu podia até não ser linda, mas pelo menos tinha alguma coisa na cabeça. Porém, ser inteligente não ajudava em nada na hora de arrumar um namorado... namorado... quando eu pensava que tinha 16 e que nunca aconteceu nada, nem um beijo... Nessas horas eu desejava secretamente ser linda e burra, mas apaixonada por alguém. E ter alguém apaixonado por mim.
Linda... Por que eu não conseguia tirar isso que ele disse da minha cabeça? Por que eu não conseguia esquecer o que aconteceu naqueles dez minutos de fim-de-tarde, na casa dele? E por que, Merlim, por que eu não parava de pensar nele?
No fim-de-semana, uma outra pessoa me encostou na parede...
- Você pode até ignorar o Rony, mas a mim você vai explicar direitinho que história é essa sua com o Malfoy e a amizade repentina com a Parvati. – cochichou-me Harry. Passava das oito da noite, quando ele sentou ao meu lado na biblioteca.
Fomos para a sala comunal e sentamos num canto. Rony, do outro lado da sala tentava fingir que não nos observava, sem sucesso.
- Do Malfoy, eu conto. Se você não disser nada pro Rony.
- Ok. Não conto, mas acho que você deveria falar com ele também.
Depois de lhe contar, com detalhes, tudo o que aconteceu, ele disse:
- Mione, cai fora dessa. Esse cara tá armando alguma e coisa boa é que não deve ser. Você se arriscou muito indo a casa dele e...
- Eu sei, Harry. Sei me cuidar, pode deixar. – interrompi.
- E a Parvati? Por que você só vive com ela agora?
- No começo, só pra não andar sozinha...
- E eu sou o quê?? Nada?! – ele disse, irritado.
- Se eu quero evitar o Rony, andar contigo não é uma boa idéia, né. E além do mais a Parvati é bem legal.
- Quer um conselho de amigo?
- Diz...
- Resolve logo esse seu problema com o Rony. Antes que seja tarde.
- Que problema?
- Se você não sabe, não sou eu quem vai falar... Só sei que ele quer conversar com você, e não vai te causar nenhum mal ouvir o que ele tem a dizer, não é? Ah, e pra quem joga no time de quadribol, não é nada difícil arrumar “amigas” bonitas assim como você. – ele disse, e começou a falar logo depois das aulas da Tonks e da suspeita que ele tinha de ela estar em Hogwarts somente para vigiá-lo, afinal ela era auror e não professora. Continuamos conversando durante um tempinho sobre o rumo da A.D., que decidimos abandonar, já que as aulas da Tonks, eram muito boas, apesar de ela ser meio confusa e muito atrapalhada.
Porém, durante todo o tempo que nós conversávamos eu pensava que o Harry só podia estar ficando maluco. Primeiro, por causa daquela mania de perseguição, por achar que ele era a única razão da Tonks estar na escola. Depois porque... afinal que história era aquela de amigas bonitas com o Rony?? Não entendi o que ele quis insinuar, mas sei que isso não me agradou nada.
Antes de irmos dormir ele disse que seria muito bom se eu voltasse a andar com eles, como sempre. Eu achei isso muito gentil e fofo da parte dele. Também sentia falta dos meus melhores amigos. Mas mesmo se eu voltasse a andar com eles, não ia abrir mão da amizade com as garotas. Me sentia tão mais mulher, desde que comecei a falar mais com elas... tinha mudado meu modo de vestir e até de agir ou falar. Com elas podia compartilhar coisas que com Harry ou Rony, não teria coragem de falar nunca. Estava mais feminina e gostava disso. Podia ser porque eu tinha mudado mesmo, porque tinha chegado minha hora de crescer. Hoje, relembrando tudo o que aconteceu, vejo que agora é que estou realmente amadurecendo e que ainda tenho muito o que aprender nessa vida. Que crescer não é somente uma questão de mudança de atitude ou visual, como pensava antigamente. Crescer, acontece na gente, quando nós mudamos de dentro pra fora.
Naquela noite, antes de deitar, não pude me conter e fui olhar-me num pequeno espelho que tenho perto da cama. Virei o rosto de um lado, de outro... Linda... “Ai, Merlim, o que eu estou fazendo?”, pensei e em seguida fui dormir. Impaciente... Ansiosa... Irritada, sem ter porque. Apaixonada, sem nem saber.
No dia seguinte, Harry Potter, meu melhor amigo, me fez cair direitinho numa armadilha. Conseguiu fazer o Rony sentar ao meu lado na aula de Feitiços. Foi assim: eu fui uma das primeiras a chegar na sala. Harry entrou logo depois e sentou ao meu lado. Ficamos conversando uns minutos e a sala foi enchendo. Quando Rony chegou, só tinha um lugar, ao lado do Neville e ele já ia se encaminhando pra lá, mas o Harry foi mais rápido e no segundo seguinte, já estava sentado lá, no lugar que o Rony ia sentar. O único lugar sobrando era o do meu lado. Meu coração acelerava a cada passo que Rony dava em minha direção. Ele sentou e disse ‘oi’, que eu respondi com um tímido aceno de cabeça.
Eu evitava olhá-lo, mas pude perceber que ele não tirou os olhos de mim durante todo o tempo de aula. No final, quando eu arrumava minhas coisas pra sair, ele tocou minha mão, me fazendo parar e olhar pra ele. A sensação que eu tive na hora foi como se uma onda quente envolvesse meu corpo. “Uma coisa, qualquer coisa pra falar e disfarçar que eu me perturbei com esse toque!”, pensava desesperada.
- O que foi? – falei, finalmente.
- É que eu... eu quero conversar contigo.
- Ah, então agora você quer conversar comigo?! – eu disse com a raiva já subindo à cabeça.
- Você anda muito histérica ultimamente, sabia?
- Pois saiba que você tem muito a ver com isso! – eu disse com muito mais raiva. Como ele ousava me chamar de histérica?! Porém vendo a reação dele às minhas palavras me arrependi automaticamente do que disse. Ele sorriu. Não se zangou, nem me respondeu. Apenas sorriu. E apesar de ter achado o sorriso bonito, eu fiquei com mais raiva ainda. Dele. De mim mesma.
Pus-me a arrumar minhas coisas novamente, até que ele me tocou outra vez. Mesma sensação.
- Me encontra as nove, em frente ao quadro da Mulher Gorda.
- Se der, talvez. – eu disse tentando parecer indiferente, mas um pouco mais calma, e já dando as costas pra ele, pra sair da sala. Ele puxou levemente meu braço, olhou nos meus olhos e disse baixinho:
- Por favor.
Eu perdi a fala e o movimento das pernas também. Só depois de alguns segundos o olhando foi que eu tomei consciência do que estava fazendo e saí correndo dali, murmurando qualquer coisa sobre estar atrasada, sem conseguir dar resposta nenhuma a ele.
Pensei nisso o dia todo e concluí que eu estava agindo como uma boba. Não valia a pena ficar comprando briga assim com o Rony, já que a gente brigava naturalmente mesmo. Além do mais eu sentia a falta dele. E já que ele dera o primeiro passo e o mais difícil, de passar por cima do orgulho e vir falar comigo, eu decidi dar uma chance. Passei o resto do dia pensando no que eu ia falar, em todas as possibilidades de resposta dele e decorando frases feitas sobre tudo que eu gostaria de conversar com ele. Treinei com o espelho, com o Bichento e até falar sozinha na hora do almoço eu falei. Garotas são tão previsíveis...
Cinco para as nove, lá estava eu, sentada num murinho que dá pra escada em frente ao quadro da Mulher Gorda. Vi um vulto surgir ao longe. Não era o Rony.
- Você ta sumida, hein menina.
- Tenho mais o que fazer, ao contrário de você. Aliás, você está perdido, Malfoy? Por que eu tenho certeza de que o caminho pras masmorras não é este.
- Ta agressiva hoje, hein... Qual é? TPM? TPM... Tarada Por Malfoy.
Me fez rir. Ele tinha esse poder.
- Cai fora, Draco. Tô esperando uma pessoa.
- Quero te ver mais... Quando?
- Amanhã na aula de Poções, provavelmente.
- Engraçadinha... Você entendeu o que eu quis dizer. No próximo fim-de-semana tem visita a Hogsmeade. Me encontre às 13 hs no Madame Puddifoot, Ok?
- Veremos... – disse, levantando-me e fazendo menção de ir embora.
- Veremos, nada. – ele me puxou pelo braço – Você vai.
- E quem vai me obrigar? Você? – perguntei com um sorriso irônico.
- Talvez. – ele disse sorrindo também.
Ainda sorríamos um para o outro, quando ouvimos alguém gritar ao longe:
- Ô IDIOTA! Tire as suas patas de cima dela! AGORA! – era Rony, que vinha correndo em nossa direção.
- Seu namoradinho. Vindo ao seu socorro, pra te defender do Malfoy malvado. - Draco sussurrou, soltando meu braço.
- Ele não é meu namoradinho.
- Menos mau, então.
- O que esse cara ta fazendo aqui, Hermione? – Rony perguntou ofegante, quando parou ao nosso lado.
- Ele já estava de saída.
- É eu já estou saindo. – Draco disse - Mas não antes de te dar um beijinho de boa-noite, Mi. – e beijou-me a face esquerda. Eu senti meu rosto queimar. Rony avançou pra bater nele. Eu consegui segurá-lo a tempo.
- Mas o quê esse cara quer contigo, Mione?! – ele perguntou, furioso.
- Ele só quer provocar, Rony. Só isso... Pelo menos ele já não me destrata como antes, né.
Conversando com ele, nessa noite, nós meio que fizemos as pazes. De um jeito muito estranho, mas fizemos. Porque nada saiu como eu planejei, como eu ensaiei. Não consegui dizer tudo que eu tinha pra dizer e as respostas dele não foram do jeito que eu pensei. Ele se desculpou por ter me ignorado nas férias e eu contei por alto (ou seja, quase nada) o que estava rolando entre eu e o Malfoy. Só que nós nos tratamos tão friamente... E ele falou como se não fizesse nenhuma questão de voltar a falar comigo. Garotos são tão imprevisíveis... Por isso, quando eu deitei na cama, naquela noite, tinha o rosto molhado.
Me fez chorar. Ele tinha esse poder.
O resto da semana passou rápido. Eu voltara a andar com os garotos e aos poucos eu e Rony voltamos ao normal, mas ainda falava muito com as meninas. E era exatamente isso que eu estava fazendo naquela noite de sexta.
Elas estavam falando sobre garotos de novo. Gina estava reclamando que só beijara Simas uma vez, desde que começaram as aulas. Ele não queria que o Dino soubesse e ela não queria que Rony descobrisse, de modo que só conseguiram ficar a sós uma vez, no banheiro da Murta-que-geme.
- Deve ter sido bem engraçado... – disse Luna, sonhadoramente.
- Seria, se não fosse trágico! – disse Gina.
Logo depois, Parvati começou a lamentar-se por seu amor proibido com Zacarias. Aliás, ela se tornava muito chata quando falava nele. Enquanto ela falava, eu pensava numa forma de fazer não só ela, como Gina, se encontrarem em paz com os garotos. “Tem de ter um jeito de fazer essas garotas se encontrarem em segredo com os seus ‘amados’. – pensava – Mas como?... Peraí... Será que... Não. Melhor não. A não ser que...”
- Parvati Patil! – gritei, interrompendo-a – Me chama de esperta.
- Ta maluca? – ela perguntou, rindo – ES-PER-TA. – disse entre risos.
- Não, não... Me chama de super-esperta.
- SUPER-ESPERTA! – disse subindo mais ainda o tom de voz.
- Obrigada, obrigada. – todas riam. Supunham-me louca, acho. – Acabei de ter uma grande idéia que pode ajudar muito vocês. Mas antes preciso ver se daria mesmo certo. – disse levantando-me – Amanhã, 15hs, Três Vassouras, todas lá, OK? – e saí correndo, sem esperar a resposta.
Naquele sábado eu acordei feliz. Tinha motivos de sobra pra isso. Era dia de visita à Hogsmeade, achara uma solução para parte dos problemas amorosos das minhas amigas e... iria me encontrar com o Draco. Sei que não devia, mas ele possuía algo que me atraía, apesar de eu saber que aquela nossa “amizade” poderia ser perigosa. Parecia que eu estava em um universo paralelo. Nunca tinha me imaginado me dando bem assim com Draco Malfoy. Era muito surreal isso que rolava entre a gente.
Desci cedo para a sala comunal e me surpreendi ao ver Rony acordado.
- Caiu da cama? – perguntei.
- Não. Eu só queria falar contigo a sós.
- Fala.
- É que eu tive uma idéia... talvez você ache boba...
- Me conta e eu te digo o que acho.
- Não. É melhor deixar pra lá... – ele disse hesitante.
- Fala logo, Rony! Começou então termina.
- Eu queria te perguntar... se... vocêiriacomigoàHogsmeade. – ele disse muito rápido.
- Hein??
- Você gostaria de ir comigo a Hogsmeade, hoje? – ele disse ficando muito vermelho.
- Mas se nós vamos sempre juntos! Essa eu não entendi.
- Não! Dessa vez sem o Harry. Só nós dois.
- Como assim? Como se fosse um... – eu disse me aproximando.
- É... como se fosse um... – ele disse, também se aproximando.
- Como se fosse o quê? – interrompeu, Simas, que vinha descendo as escadas do dormitório masculino correndo – Caramba, Rony, aposto que você não adivinha o que acabou de chegar via-coruja pra mim!
- QUE DROGA, SIMAS!!! – Rony gritou, assustando-nos.
- Que houve, cara?! – perguntou, Simas.
- Nada. Esquece! – e saiu, deixando nós dois, eu e o Simas, com cara de bobos.
- Eu atrapalhei alguma coisa? Do que vocês estavam falando?
- Nada... Esquece. – respondi e já ia saindo também, quando ouvi Simas dizer, irritado:
- Qual é o problema com vocês dois?
“Qual era o problema com ele?”, eu também me perguntava. Fiquei encucada pensando no que o Rony tentara me dizer. A impressão que deu é que ele estava querendo marcar um encontro comigo. Será? Procurei-o por todo o castelo, mas só o encontrei mesmo na hora de irmos para Hogsmeade.
O dia estava feio. O céu cinza-chumbo anunciava uma tempestade que podia acontecer a qualquer momento. Mas nós não nos importávamos. A animação era geral, por ter um dia de “folga” em Hogsmeade.
- Então... vamos para o Três Vassouras? – perguntou, Harry.
- Não vai dar. Tenho que encontrar uma pessoa agora. Mas vejo vocês lá mais tarde ou então na escola.
- Com quem você vai se encontrar? –perguntou, Rony.
- Com uma amiga.
- E você tem amigas?
- Meu mundo não gira em torno de você. – respondi, irritada.
- Nós não podemos ir contigo? – ele insistiu.
- Não, Rony! É particular. – disse, voltando-lhe as costas para evitar mais perguntas.
Fui todo o caminho me xingando mentalmente de burra. Eu devia ter ficado com os garotos. Me perdi duas vezes até chegar à maldita casa de chá. Nunca tinha andado por aqueles lados da cidade.
- Atrasada. – disse, mal-humorado. Sorri. Se tinha uma coisa que me deixava momentaneamente feliz, era deixar o Malfoy aborrecido. Sentei na mesa e nós ficamos nos encarando por um tempo sem dizer uma palavra. Ele quebrou o silêncio.
- Não vamos pedir nada? Imagino que você ainda não comeu. Eu estou faminto.
- Tudo bem, mas você paga. Afinal, você é rico e me convidou. – falei, brincando.
- É claro que vou pagar. – levantei as sobrancelhas, num gesto irônico ao ouvi-lo falar – Mas falando assim até parece que você é realmente pobre. Eu vi a sua casa e pobre você não é. Acho que está andando demais com o Weasley. – ele zombou.
- Por falar nisso, por que você insinuou que ele era meu namorado?
- Porque parece. Acho que ele gosta de você. E que você gosta dele.
- Acho que você ta achando demais.
- Vai dizer que não gosta?
- Gosto dele como amiga e imagino que ele também.
- Ah, Hermione Granger... julgava que você fosse mais esperta. Tão inteligente e ao mesmo tempo tão...
- Termine. – disse desafiadora.
- Tão zangada... – disse sorrindo. Sabia que não era isso que ele tencionava falar, mas deixei passar. Ficou observando-me fazer nossos pedidos.
- Que foi? Por que tá me olhando? – perguntei, impaciente.
- Te achei bonita hoje. – ele me desconcertava com aquele jeito direto de ser.
- E eu te achei feio. – que coisa mais criancinha de se dizer! Mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça na hora.
- Mentira! Sei que você me acha um gato.
- HÁ-HÁ-HÁ. Você é que se acha né, gostosão?
- Você é quem ta dizendo...
- Ah, moleque, te odeio.
- Me odeia nada... você me ama.
- Odeio.
- Ama sim, tá caidinha por mim.
- Se enxerga!
Comemos discutindo. Sobre o quê? Não lembro, nem importa agora... esse era o nosso jogo preferido. Já eram quase 15hs, quando lembrei que marquei de encontrar com as meninas no Três Vassouras.
- Tenho que ir embora.
- Mas já?
- Sim.
- Fica mais um pouco. Só mais um pouco. – ele disse, parecendo ansioso.
- Não. Tenho de ir agora. – disse, levantando-me para sair.
- Por favor, Hermione. Não vá agora. – ele pareceu se desesperar um pouco. Me puxou pelo braço.
- Me solta, Malfoy! – disse empurrando-o. Todos prestavam atenção em nossa briga.
- Eu to falando sério! Espera um pouco.
- Não!
- Então eu vou te acompanhar.
- NÃO! Você vai ficar exatamente aí. – e o empurrei, fazendo-o cair sentado no chão. – todos bateram palmas e assoviaram pra mim, fazendo festa. Eu tinha ganhado a “briga”. Saí rápido de lá, com medo de ele me seguir. Que garoto estranho! Ele me assustava às vezes. Por que aquela cena toda, pra não me deixar sair?
Estava pensando em como seria se em vez do Draco eu fosse me encontrar com o Rony. Talvez fosse mais divertido. Talvez eu não estivesse perdida como estava naquele momento.
Acontece que eu entrava por ruas cada vez mais desconhecidas. E escuras. E vazias. Estava começando a ficar com medo, pois tinha um pressentimento muito forte de que iria acontecer uma coisa ruim. Uma sensação de estar sendo seguida. Me xingava de burra e desejava ardentemente encontrar o Rony. Não sei porque mas achei que me sentiria muito mais segura se ele estivesse por perto.
E por que eu não aceitei que o Draco me acompanhasse?!
A sensação de estar sendo seguida aumentou. Andava mais rápido, sem rumo, e sempre olhando pra trás. Mas não havia ninguém. Talvez fosse coisa da minha cabeça. É só podia ser isso. Foi quando ouvi um barulho. Muito baixo, mas como se fosse um ruído de passos.
Olhei pra trás. Ninguém. Me desesperei. Comecei a andar mais rápido. O ruído de passos aumentou.
- Quem está aí? – gritei, e só obtive como resposta o eco da minha própria voz.
Andava de costas e olhando pra todas as direções. Não havia ninguém, mas eu estava sendo seguida! Meu coração acelerado. Meu corpo todo a tremer. O som assustador do vento em meus ouvidos. Foi quando eu esbarrei numa coisa. Não! Era em alguém!
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – nós gritamos ao mesmo tempo, mas paramos assim que nos reconhecemos. Eu estava salva! Era o Harry!
- Ai, Harry... que bom que você está aqui! - eu disse o abraçando.
- O que houve? Você está tremendo!
- Tinha alguém me seguindo. Eu posso jurar que tinha! Cadê o Rony?
- Eu estava o procurando. Ele veio pra esses lados, mas sumiu.
- Vamos embora daqui. Rápido.
Nós voltamos a andar e por um instante eu achei que tudo estava bem. Foi quando ouvi o ruído de passos novamente.
- Você ouviu isso?- nós dois perguntamos ao mesmo tempo. Olhamos pra trás. Vultos encapuzados surgiam ao nosso redor.
- CORRE!!! – gritamos juntos. E começamos a correr o máximo que nossas pernas podiam agüentar. Podíamos ouvir que eles nos perseguiam correndo também.
- Você se lembra de todos os feitiços da A.D.?! – ele me perguntou, ofegante.
- Sim!
- Que bom, porque olha só pra onde a gente está indo!
- Olhei pra frente e só vi a névoa, inicialmente. Depois, forçando a vista, vi que nós estávamos indo direto em direção a um penhasco. E não tinha como dar meia volta.
Paramos com as varinhas em punho só à espera de que eles chegassem. Eu estava morrendo de medo, pois nós estávamos em grande desvantagem. Mas de repente uma onda de coragem percorreu meu corpo, me dando forças. Eu não ia morrer ali. Ia sobreviver. Tinha que sobreviver.
Eles se aproximavam cada vez mais de nós. Mas aí aconteceu uma coisa que me fez ter medo de novo. Harry caiu subitamente.
- O que houve? – eu disse quase chorando, me ajoelhando ao lado dele. – Harry, me responde! – eu o sacudia e olhava pra cima desesperada. Eles já estavam bem perto.
- Minha cicatriz... – foi só o que ele conseguiu dizer, e desmaiou logo depois.
Eu levantei. Eles me cercavam. Eram cinco, vestidos com capas marrons. As lágrimas já corriam soltas pelo meu rosto.
- Afastem-se! – eu gritava – EXPELLIARMUS! – gritei, empunhando a varinha, mas nada aconteceu. Eles formaram uma roda ao meu redor e começaram a falar umas palavras em latim que eu não sabia o que significavam. Eu tentava atingi-los com todos os feitiços que me lembrava, mas não fazia nenhum efeito... Foi quando eu senti como se todas as minhas forças acabassem e caí direto no solo. E a única coisa que eu via naquele momento, em que ainda estava consciente, era a escuridão.
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